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Movimento separatista faz plebiscito informal nos três Estados do Sul
A deterioração política e econômica do Brasil e a transferência de recursos financeiros abaixo do desejado pela União podem motivar o surgimento de um novo país, formado pelos três Estados do Sul. Ao menos esses são alguns dos argumentos do movimento O Sul É o Meu o País, que neste sábado (7) fará a segunda edição do Plebisul, com urnas espalhadas por 900 municípios de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?" é a questão que será apresentada aos participantes. A votação do movimento ocorre uma semana após plebiscito separatista da Catalunha (Espanha), que terminou com 90,09% dos votantes favoráveis à independência e 7,87% contrários —o restante votou em branco ou anulou. Índice muito alto? Na primeira edição do Plebisul, em outubro do ano passado, 95,74% dos 616 mil participantes apoiaram a proposta de independência sulista. Neste ano, a expectativa é alcançar entre 1 milhão e 2 milhões de votantes. "O Sul independente tem um grande potencial de ser um país de primeiro mundo. Enquanto estivermos atrelados a Brasília nós não temos esta condição. Nós ficamos no cabresto, como costumamos dizer aqui no Sul", afirmou Anidria Rocha, uma das lideranças do movimento. Os organizadores afirmam que um grupo de mais de 20 mil voluntários estará envolvido com o processo. O movimento existe desde 1992, mas ganhou força nos últimos anos. Segundo ela, o principal motivo é a deterioração da situação política e econômica do Brasil. Outra queixa é sobre a região ficar com um baixo índice dos recursos produzidos. "Apenas 20% dos recursos produzidos na região permanecem nos Estados do Sul, enquanto o restante fica 'encastelado' em Brasília." A integrante do movimento disse saber que o plebiscito não tem valor legal e que o sonho separatista ainda está distante —a maioria dos apoiadores da causa acredita que a conquista da independência levará cerca de dez anos. Apesar disso, neste sábado o grupo também coletará assinaturas com o objetivo de apresentar um projeto de lei de iniciativa popular que propõe a realização de um plebiscito oficial nos três Estados do Sul junto com as eleições de 2018. Docente de ciência política da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Rodrigo Stumpf González disse que o movimento do Sul do Brasil é diferente do observado em outras regiões do mundo, como na própria Espanha (onde atua como professor visitante da Universidade Autônoma de Madri), na Escócia ou no Curdistão. Segundo ele, esses locais foram formados a partir da fusão de comunidades políticas com uma organização, cultura e língua comuns. "Já o Brasil é um país que foi fundado a partir da colonização portuguesa e no qual foram incorporados outros grupos de imigrantes, dentro de uma unidade política nacional que surgiu como um Estado unitário, e onde os Estados da federação têm uma existência posterior." 'POUCA VIABILIDADE' De acordo com González, a conquista da independência do Sul do país é "um projeto com pouquíssima viabilidade" porque é proibida pela Constituição. O primeiro artigo do texto constitucional "estabelece que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e Distrito Federal". No ano passado o grupo tentou realizar o plebiscito no mesmo dia das eleições municipais, mas foi obrigado a alterar a data após uma decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Santa Catarina. Na decisão, o desembargador Cesar Augusto Mimoso Ruiz Abreu alegou que a consulta poderia atrapalhar as eleições. Ele também entendeu a votação como uma tentativa de desmembrar parte do território nacional, o que é considerado um crime com pena que varia de quatro a 12 anos de prisão. O crime citado pelo TRE está previsto na lei 7.170, no artigo 11. Como a data foi alterada, no entanto, para ele não havia nenhum impedimento para o a realização do Plebisul. O plebiscito é realizado, também, num momento em que o Rio Grande do Sul enfrenta grave crise financeira. O Estado anunciou na quarta (4) que vai vender cerca de 49% do capital votante do banco estatal Banrisul. O governo, que enfrenta dificuldades para pagar salários e dívidas, decretou em novembro do ano passado estado de calamidade financeira. O Estado fechou 2016 com resultado primário apontando deficit de R$ 104 milhões, de acordo com o Tesouro Nacional. PULVERIZADO Apesar de estar em estágio mais avançado, O Sul É o Meu o País não é o único grupo separatista existente no Brasil. Pernambuco também tem um movimento organizado, assim como São Paulo, que no ano passado realizou o próprio plebiscito. O Sampadeus, como foi chamado, teve a participação de 48.917 pessoas, das quais 54,2% votaram pela independência de São Paulo. Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, além da região da Amazônia e até mesmo Brasília registram inciativas separatistas. Para González, movimentos desse tipo podem interferir na política nacional, dependendo da capacidade de mobilização de eleitores e da constituição de uma representação no Congresso, a exemplo do que fazem partidos separatistas na Espanha. "Essa é uma possibilidade, que eles venham a conseguir mobilizar eleitores no sentido de criar uma representação parlamentar e, com isso, negociar uma mudança no pacto federativo e na distribuição de recursos, e não necessariamente na conquista de uma independência", disse. Só poderá ir às urnas neste sábado quem tiver mais de 16 anos e for eleitor de um dos três Estados do Sul. O pleito será das 8h às 20h. Os locais de votação estão disponíveis no site sullivre.org.
2017-06-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924981-movimento-separatista-faz-plebiscito-informal-nos-tres-estados-do-sul.shtml
Justiça amplia bloqueio de bens da família Batista, da JBS
O juiz federal Ricardo Leite, de Brasília, ampliou o bloqueio dos bens da família Batista, da JBS. A decisão não informa o valor do aumento do bloqueio, que atinge 21 pessoas físicas e jurídicas, incluindo os delatores Joesley e Wesley Batista, alguns parentes –José Batista Júnior, o Júnior da Friboi– e empresas do grupo. O documento foi assinado em 26 de setembro, mas veio a público nesta sexta-feira (6). "Assim, concordo com a manifestação da autoridade policial, bem como a do procurador da República atuante no feito, de que há necessidade de inclusão de novas pessoas jurídicas e de José Batista Júnior, até porque este foi responsável pela internacionalização da JBS S/A, e nomeado para assumir interinamente a companhia em 2016, após a determinação judicial de afastamento de Joesley e Wesley na operação Greendfield, além de ocupar cadeira no Conselho de Administração", informa a decisão. O juiz atendeu pedido dos investigadores, que apontaram a necessidade de aumentar o bloqueio para cobrir os danos ao erário e, assim, evitar com que "o patrimônio já confiscado seja insuficiente para reparar de modo satisfatório a lesão causada pelas condutas delituosas". TENDÃO DE AQUILES Leite cita a operação Tendão de Aquiles, em que a Polícia Federal apontou que os irmãos Joesley e Wesley continuaram a praticar crimes, "mesmo após terem sido beneficiados pelo acordo de colaboração premiada". O juiz entende que, como "o acordo de colaboração premiada de Joesley e Wesley, segundo noticia a mídia nacional, foi rescindido", a investigação deve prosseguir. A PGR (Procuradoria-Geral da República) rescindiu o acordo, mas o contrato ainda não foi invalidado pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal). O prazo para a defesa se manifestar sobre esse pedido ainda não terminou. "Não há dúvida então que diante dos inúmeros crimes confessados por Joesley, e em razão de ter seu acordo de colaboração rescindido, impõe-se a desconsideração da pessoa jurídica, já que foi expediente de fraude, conforme revelação feita pelo próprio colaborador", escreveu o juiz. O advogado Ticiano Figueiredo, que defende os irmãos Batista, disse que vai recorrer. Segundo ele, há uma liminar anterior liberando os bens dos investigados e, portanto, o juiz não poderia ter concedido o novo bloqueio, "uma vez que a decisão de primeiro grau descumpre o que foi anteriormente decidido pelo desembargador". "Vamos pedir ainda que examinem o fato de uma decisão dessa ter sido tomada com base 'em notícia da mídia nacional', partindo da falsa premissa de que o acordo de colaboração estava rescindido", disse Ticiano.
2017-06-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924938-justica-amplia-bloqueio-de-bens-da-familia-batista-da-jbs.shtml
Desaceleração da Caixa amplia busca por crédito imobiliário em rivais
As consultas por financiamentos para compra da casa própria vêm crescendo a reboque dos sinais de melhora da economia, mas a Caixa Econômica Federal já não é um endereço óbvio para buscar empréstimos. Com a instituição adotando sucessivos apertos nos critérios para enquadramento e se recusando, por enquanto, a repassar cortes da Selic, a procura por crédito imobiliário tem se espraiado para rivais, movimento que deve ganhar força nos próximos trimestres. "Estamos encaminhando clientes para outros bancos, porque na Caixa os recursos secaram", disse a consultora imobiliária Daniele Akamine. Consultada, a Caixa não se pronunciou sobre o assunto. O movimento acontece simultaneamente aos primeiros sinais de reação da demanda. Segundo a Abecip, entidade do setor, o financiamento imobiliário no país em agosto foi o maior desde 2016 na base sequencial. Executivos de banco atribuem a maior parte desse movimento à volta de potenciais tomadores, por estarem menos temerosos de perder o emprego, diante dos sinais do fim da recessão. Mas calculam que também estão atendendo de 30% a 40% dos interessados que não conseguem empréstimo imobiliário na Caixa. Um percentual maior é limitado pelo uso de critérios de aprovação em geral mais rigorosos e pela cobrança de taxas de juros mais elevadas do que na Caixa, que, por ser líder na captação de poupança, tem maior fatia de recursos baratos. Os bancos têm lançado mão de diversas facilidades para tentar aumentar esse aproveitamento. Na média, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil registraram um volume de 30% a 50% maior de simulações de crédito habitacional no mês passado em relação a janeiro. O Santander Brasil, que em julho ofertou taxa de juro a partir de 9,49%, inicialmente por um período de 60 dias, decidiu estender a campanha até dezembro. "Percebemos que o momento está positivo", disse Fabrizio Ianelli, superintendente de crédito imobiliário no banco. Desde que a Selic caiu para um dígito, todos os bancos vêm ofertando financiamento para compra da casa própria com taxas menores. Se a previsão do mercado de que a taxa básica cairá para a faixa de 7% nos próximos meses, na prática o custo para os bancos captarem recursos no mercado ficará muito próximo do oferecido pela poupança, de 70% da Selic mais TR. Mesmo assim, para operações com prazos de 20, 30 anos, casas decimais de diferença na taxa oferecida pelos bancos são o suficiente para que uma prestação não caiba no orçamento de um candidato, que consequentemente tem a proposta recusada. Para tentar resgatar parte desse público, alguns bancos têm elevado o montante financiável. No Itaú, o teto passou de 75% para 80%. "Estamos conseguindo trazer mais gente pra dentro", disse Cristiane Magalhães, diretora de credito imobiliário do banco. "As pessoas não estão mais indo automaticamente para a Caixa." Em outra frente, os bancos vêm multiplicando facilidades para tentar agilizar o processo de aprovação que, pela demora e complexidade, acaba desanimando potenciais mutuários. Uma iniciativa nessa frente tem sido o uso crescente de canais digitais para envio de documentos. Segundo o diretor crédito imobiliário do BB, Edson Cardoso, o tempo médio de aprovação de propostas no banco caiu de 55 para 20 dias do começo do ano para cá, e isso é um dos fatores que tem ajudado o banco a elevar as concessões. "Nosso volume liberado para crédito imobiliário em agosto foi 50% maior do que em março", disse. DESCONCENTRAÇÃO? Líder do mercado com cerca de 70% do financiamento imobiliário do país, a Caixa tem sofrido com uma combinação de fatores, incluindo escassez do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). O banco vem tomando uma série de medidas para tentar elevar sua rentabilidade e abastecer seus níveis de capital organicamente, já que não pode mais contar com injeções bilionárias do controlador, o governo federal, que vive uma crise fiscal. Com a demora na obtenção de recursos devido à lentidão na venda de ativos como a fatia na Caixa Seguridade e o controle do braço de loterias Lotex, restaram ao banco medidas como cortar o repasse de dividendos ao governo, aumentar a arrecadação com aumento das tarifas bancárias e cobrar taxas de juros mais elevadas para obter maiores margens. Em setembro, a Caixa reduziu pela segunda vez o teto para empréstimos para imóveis usados –no máximo, metade do valor– e desistiu de assumir financiamento de outros bancos. Em julho, o banco já tinha avisado que só voltará a operar com a linha pró-cotista, a mais barata do mercado, em 2018. Na prática, isso cortou praticamente à metade o volume mensal de desembolsos do banco, segundo intermediários do mercado imobiliário. A Caixa é apontada por agências de classificação de risco como Fitch e Moody's como o banco mais atrasado nos preparativos para atender a regras de capital mais rigorosas de Basileia III, que entram em vigor integralmente no Brasil em 2019. Com isso, a expectativa de analistas é de que o banco tenha que desacelerar ainda mais as operações de crédito nos próximos anos, sob risco de não ter condições de ter capital suficiente para atender às exigências de capital maiores para crédito. Para evitar uma capitalização do governo, a saída é puxar o freio. "Pelas regras atuais a Caixa ficaria bem, mas com Basileia III crescem as chances de o banco ter que receber uma capitalização", disse o chefe de instituições financeiras da agência Fitch para América Latina, Alejandro Garcia, em entrevista recente à Reuters. Diante desse quadro, a avaliação de executivos dos demais bancos é de que eles vão gradualmente ganhar participação de mercado no financiamento imobiliário nos próximos anos, enquanto a Caixa deve se concentrar mais nos empréstimos para imóveis envolvidos em programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida.
2017-06-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924941-desaceleracao-da-caixa-amplia-busca-por-credito-imobiliario-em-rivais.shtml
EUA têm consciência sobre mudança climática, diz Obama na Argentina
O ex-presidente dos EUA e prêmio Nobel da Paz, Barack Obama, disse nesta sexta-feira (6), em Córdoba, na Argentina, que "apesar de a nova administração em Washington ter uma ideia diferente sobre a mudança climática", os Estados Unidos já se conscientizaram de que é necessário tomar medidas para evitar as consequências desse fenômeno. "Nossas empresas, nossas universidades, nossos jovens já pensam diferente. Portanto tomar atitudes para usar a energia de modo mais inteligente, utilizar mais a energia solar, cortar desperdícios dependem de todos, e nesse caso importa pouco o que um governante diga." Nesse momento, foi muito aplaudido. Obama veio a Córdoba para participar do Fórum de Economia Verde, junto a dois outros prêmios Nobel _os economistas Eric Maskin e Edmund Phelps. No começo de sua fala, Obama afirmou ter levado boas recordações de sua última visita à Argentina, em março de 2016, "quando dancei tango e visitei a Patagônia com minha família". Reforçou que vê muitas coincidências entre a Argentina e os EUA. "Só que vocês ainda conseguem consumir mais carne do que os norte-americanos. Nós temos os caubóis, vocês têm os gaúchos." Emendou elogiando as medidas econômicas do governo de Mauricio Macri, com quem se encontra de modo privado neste sábado (7), em Buenos Aires. Indagado sobre os que negam que o planeta vem esquentando, Obama disse que há muita divulgação de informação errada nos meios de comunicação e nas redes sociais. "Ainda que a internet esteja oferecendo muita informação, hoje cada um lê e ouve aquilo que quer, apenas o que está em sua bolha. Essas pessoas buscam as fontes que dizem aquilo que corresponde às suas opiniões e convicções, e isso não necessariamente quer dizer que estão tendo acesso a informações corretas sobre o que está acontecendo", afirmou. E acrescentou: "Hoje, 99,9% dos cientistas dizem que o planeta está esquentando. E isso leva a algo que aprendemos na escola. Se o planeta esquenta, o gelo derrete, e portanto os oceanos aumentam em volume." Obama disse que quis começar a fazer ativismo para evitar a mudança climática porque sua geração "é a primeira a sentir os efeitos dela, mas a última que poderá de fato fazer alguma coisa para evitar uma catástrofe." E reforçou que faz isso não apenas por ter sido presidente dos EUA, mas por ser pai, "e, talvez, em não muito tempo, seja avô", arrancando aplausos e risadas da audiência. "Nos EUA estamos enfrentando mais furacões, mais inundações do que antes, e isso tem consequências graves, especialmente se ocorrem em lugares ou países com menos estrutura para enfrentar esses desastres. E os furacões, as chuvas só vão ser piores se o planeta esquentar." Disse que seu discurso não é para desestimular "que todos continuem a usar carros, ou telefones, mas fazer isso de modo inteligente. Se cada um fizer sua parte, o problema pode ser combatido". Obama fez, ainda, um apelo para que o Acordo de Paris seja respeitado, apesar de os EUA não terem assinado o tratado. "Eu preferiria que a Casa Branca de hoje tivesse uma opinião forte nesse sentido, de liderar esse movimento para criar soluções contra a mudança climática. Mas, ainda assim, muito pode ser feito pelo resto dos americanos, e pelos outros países."
2017-06-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924986-eua-tem-consciencia-sobre-mudanca-climatica-diz-obama-na-argentina.shtml
Empresas com mais de 29 anos podem ter recursos do FGTS para sacar
Empresas com pelo menos 29 anos podem ter direito a recursos disponíveis em contas antigas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de seus trabalhadores. Essas contas datam do período de 1966 a 1988, quando o trabalhador poderia optar por não participar do FGTS. Quem tomasse a decisão teria direito a estabilidade no emprego após completar 10 anos de empresa e, caso fosse demitido sem justa causa, teria direito a um mês de salário por ano trabalhado na empresa. Quando o trabalhador optava por não participar do fundo, a empresa seguia recolhendo o dinheiro equivalente a contribuição dele, de 8% de seu salário ao mês, guardando-o em uma conta separada chamada individualizada. Ela existia porque, caso o trabalhador decidisse passar para o regime do FGTS em qualquer momento, ele teria direito a esse valor guardado pela empresa em sua conta no fundo, explica o advogado Carlos Eduardo Vianna Cardoso, sócio do Siqueira Castro. Já se o trabalhador saísse da empresa ou completasse os 10 anos necessários para a estabilidade, a empresa poderia reaver o dinheiro da conta individualizada. Com as mudanças trazidas pela Constituição de 1988, a contribuição para o FGTS se tornou obrigatória e o dinheiro das contas vinculadas passou a poder ser requerido pelas empresas. Até hoje, ainda há casos de companhias que não fizeram o saque. O advogado Marcello Luna, do escritório Luna Freire e Oliveira Advogados Associados, alerta sobre o fim do prazo para que as empresas solicitem o recurso em outubro de 2018. Ele diz acreditar que existem muitas companhias em todo o país com créditos a receber, que não o buscam por desconhecimento e falta de divulgação a respeito deste direito. Para obter os recursos, a empresa deve solicitar levantamento junto a Caixa para verificar o saldo nas contas e a quais empregados ele se refere, diz Luna. A seguir, a empresa deve reunir documentos que comprovem a vinculação que os antigos funcionários tinham com ela e apresentá-los a uma Delegacia Regional do Trabalho, explica o advogado. O Sinduscon-Rio (sindicato patronal da construção) está buscando recursos de contas do tipo de 13 funcionários que passaram pela organização. Raul Carvalho, gerente financeiro do sindicato, conta estar na instituição há 28 anos e, felizmente, ter conservado documentos sobre os funcionários do sindicato, o que facilita o processo. "O mais importante não é nem ter o direito, e sim conseguir provar que têm o direito." O Sinduscon-Rio não informa o valor que vem pleiteando. Via sua assessoria de imprensa, a Caixa afirma que cada empregador deve se habilitar junto aos representantes do Ministério do Trabalho para que seja descrito o valor que a empresa pode monitorar. O banco não informou o valor total disponível nas antigas contas individualizadas. Cardoso, do Siqueira Castro, diz acreditar que a maior parte dos valores já foram buscados pelas empresas, mas, quem estiver em dúvida, deve verificar se ainda resta alguma coisa para sua companhia. "Em minha percepção, esse era um assunto que circulava bastante dentro dos departamentos jurídicos e pessoais das empresas. Mas podem ter sobrado alguns depósitos".
2017-06-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924983-empresas-com-mais-de-29-anos-podem-ter-recursos-do-fgts-para-sacar.shtml
Com surto de malária e sem gasolina, milhares deixam interior da Venezuela
Daniel Contreras, 27, treme sob os lençóis e as colchas que lhe cobrem, mesmo sob o calor tropical do interior venezuelano. Uma pequena toalha repousa sobre sua testa na tentativa de baixar a febre que o consome desde que chegou ao hospital universitário Ruiz y Paez, em Ciudad Bolívar, distante quase 600 quilômetros de Caracas, em meados de setembro. Seu rosto tem uma cor amarelada, típica de quem está com as funções hepáticas comprometidas. "Seu caso é grave, os parasitas da malária tomaram conta de seu fígado e sem o tratamento adequado, corre o risco de morrer", diz uma médica do hospital. Ele, como quase todos os 20 homens internados nesta mesma ala, sucumbiram à maior epidemia de malária da história da Venezuela. Só neste ano, estima-se que mais de 500 mil pessoas serão infectadas no país. A história de Daniel se repete de forma incessante no interior da Venezuela, região castigada castigada pela miséria e pela ausência do Estado. O jovem tem dificuldade para falar. Sussurrando, conta que foi contaminado em um garimpo de ouro ilegal, perto da fronteira com o Brasil. Seu pai, David Contreiras, 56, se culpa pela doença do filho. Garimpeiro há mais de 20 anos, foi David quem convenceu Daniel a deixar o último ano da faculdade de Engenharia Civil para se aventurar com ele nos garimpos do quilômetro 88, uma área rica em ouro, criminalidade, drogas, prostituição e, agora, malária, a 200 quilômetros da fronteira com Roraima. "Começamos a ter problemas para comer, o dinheiro não dava", afirma David enquanto acaricia a testa do filho. "Então eu falei para o Daniel, vamos passar esse ano no garimpo, até as coisas melhorarem e depois você termina a faculdade. Mas deu tudo errado", diz ele, que não tem dinheiro para comprar parte do tratamento de malária para o filho, em falta no hospital. Assim como Daniel e David, milhares de venezuelanos estão se embrenhando nas florestas em busca do ouro. Outros tantos, desistiram de viver na região e pegaram a Ruta 10, estrada que liga Ciudad Bolívar a Roraima, imigrando para o Brasil. Desde 2015, quando a crise venezuelana se agravou, mais de 30 mil pessoas fizeram esse caminho. Muitos estão acampados em praças, parques e ruas de Boa Vista, capital de Roraima, esperando uma oportunidade de emprego. Todos têm a certeza de que voltar à Venezuela, agora, não é mais uma opção. Enquanto em Caracas o governo tenta manter um ar de normalidade em meio à crise que atinge o país, no interior há uma sensação de abandono. Apenas a Guarda Nacional Bolivariana —braço das forças armadas responsável pela segurança interna— está presente de forma efetiva na região, controlando as estradas, fazendo o policiamento nas cidades e até mesmo supervisionando a venda de combustível nos postos. "São eles que deveriam distribuir os remédios para a malária, mas há uma falta crônica", afirma a médica Maria Eugênia Pinto, do hospital Ruyz y Paz. "Os tratamentos para malária só são encontrados nos garimpos, nas mãos dos traficantes de medicamentos e custa o valor de um salário mínimo", diz ela. Ciudad Bolívar, o hospital onde Daniel está internado e onde trabalha Maria Eugênia, fica às margens do Orinoco, o maior rio da Venezuela. É em sua bacia que está localizada a maior reserva de petróleo do mundo,com cerca de 75% de todo o óleo venezuelano. Apesar disso, tem sido cada vez mais difícil encontrar gasolina no local. TALIBÃS O governo venezuelano não consegue refinar gasolina suficiente para atender o mercado interno e importa combustível de outros países. Com as reservas internacionais caindo dia a dia e com um severo problema de fluxo de caixa, falta gasolina. Os moradores de Puerto Ordaz, a cerca de 100 quilômetros de Ciudad Bolívar, vivem em uma eterna fila nos postos da cidade. "Eu realmente não consigo entender mais nada, passamos a vida sendo ensinados que nadávamos em petróleo, que o mundo nos ataca por termos as maiores reservas do mundo, mas agora não consigo gasolina para pegar minha filha na escola", dizia o comerciante José Gutierrez em uma manhã da metade de setembro, após passar mais de 18 horas em uma imensa fila esperando para que o posto fosse reabastecido. "E o pior é que temos que agradecer porque ainda chega, de vez em quando. Mas daqui até o Brasil, só com os talibãs", diz. Talibã foi o termo encontrado pelos venezuelanos para batizar os traficantes de gasolina que dominam todo o interior do país. Com os carregamentos cada vez mais escassos, os moradores das áreas mais distantes de Caracas já se acostumaram a viver alijados do sonho de combustível barato, quase gratuito, ainda comum nas regiões centrais do país. Em Caracas, com um dólar é possível comprar quase 30.000 litros de gasolina pura. No interior, a mesma quantidade de dinheiro lhe garante apenas dois litros do combustível. A discrepância de valores dá a dimensão do desequilíbrio econômico pelo qual vive o país. Em Tumeremo, a cidade que marca o início do chamado arco-mineiro, já quase não há gasolina e os talibãs são a única maneira para quem quer sair dali, seja em direção a Caracas ou ao Brasil. Nos postos de gasolina, filas de carros estacionados, sem ninguém, na esperança de que um dia a gasolina volte. "Ficam ai até uma semana, são dos talibãs. Quando chega, compram tudo", diz um morador da cidade. Os talibãs agem livremente, vendendo gasolina em galões de 20 litros de água, mesmo com a presença constante dos militares. Foi nessa cidadezinha suja e barulhenta que a Venezuela registrou, pela primeira vez em 25 anos, um novo caso de difteria, em outubro do ano passado. De lá para cá a doença se espalhou pelo país até ganhar o status de epidemia. Agora, o sarampo também volta a aparecer. No pequeno hospital de Tumeremo, um cartaz explica que não há absolutamente nada. No lado de fora dezenas de venezuelanos esperam para fazer o teste que lhes comprovará que estão com malária. No local, assim como em todo o interior do país, as pílulas para o tratamento da doença não estão disponíveis. Para obtê-las, os pacientes precisam ir até os traficantes de remédios. Em Tumeremo é fácil encontrá-los. Sem serem importunados pelos militares, vendedores de remédios montam bancas no meio da rua. Oferecem de tudo que não se encontra nas farmácias. De pasta de dentes a anticoncepcionais, de remédios para pressão a antibióticos. Todos com ágio mínimo de 2000%. Os remédios para malária, no entanto, não estão expostos. Marco, um dos fornecedores de medicamentos, explica que a demanda por eles está alta demais. "O tratamento está valendo de uma a duas gramas de ouro, não se pode mais deixar à mostra", afirma ele, preocupado com o aumento da criminalidade na região. "Não há mais segurança para nós trabalharmos, está difícil."
2017-06-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924977-com-surto-de-malaria-e-sem-gasolina-milhares-deixam-interior-da-venezuela.shtml
Jornalista da Folha recebe prêmio por matéria sobre Ciência sem Fronteiras
A reportagem "Ciência sem Fronteiras põe só 3,7% dos alunos em instituições 'top', publicada nesta Folha, foi premiada, nesta quinta (5), no Prêmio Estácio de Jornalismo, na categoria jornalismo impresso nacional. Na matéria de junho de 2016, a repórter Sabine Righetti –que escreve para a Folha e é a responsável pelo blog Abecedário – mostrava a pequena quantidade de estudantes brasileiros que tiveram passagem, a partir do programa Ciência sem Fronteiras, por alguma das 25 melhores instituições de ensino superior do mundo, como Harvard (EUA) ou Oxford (Reino Unido). "Queria entender se o programa, afinal, era bom ou não. Falava com gente, falava com o governo e sempre ouvia que 'era cedo para medir os resultados'. Eu poderia me contentar com essa resposta ou poderia ir atrás de uma avaliação. Então resolvi eu mesma avaliar", diz Righetti. A reportagem teve repercussão. Em determinado momento, o presidente da Capes, principal agência de fomento à ciência do país, admitiu que um erro tinha sido cometido. Concorriam na mesma categoria as matérias "Um mestre de 176 medalhas", de Flávia Yuri Oshima, da revista "Época" –que ficou com o Grande Prêmio Estácio; e "A educação fez isto se transformar nisto", de Rodrigo Ratier e Jacqueline Hamine, da "Revista Nova Escola". Neste ano o prêmio teve recorde de inscritos, com 386 trabalhos.
2017-06-10
ciencia
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http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/10/1924924-jornalista-da-folha-recebe-premio-por-materia-sobre-ciencia-sem-fronteiras.shtml
Corte revoga condenação de brasileiro por terrorismo na Ucrânia
A Corte de Apelação de Kiev revogou a condenação do brasileiro Rafael Lusvarghi, acusado de terrorismo por ter lutado ao lado de grupos separatistas na Ucrânia, e ordenou que ele passasse por um novo julgamento. A revogação ocorreu em 17 de agosto, e foi dado um prazo de dois meses para novas investigações, segundo informações do jornal ucraniano "Kyiv Post". O prazo termina neste mês. Durante esse período, o brasileiro permanece detido. A corte acatou os argumentos da defesa de Lusvarghi de que o julgamento original havia se baseado apenas em sua admissão de culpa, sem levar em consideração a coleta de evidências ou sua alegação de que a admissão de culpa havia sido obtida mediante uso de força. O corte considerou ainda que exames médicos deveriam ter sido realizados diante da denúncia de Lusvarghi de ter sido torturado. Lusvarghi foi condenado a 13 anos de prisão. Ele foi preso em outubro de 2016 no aeroporto de Borispol, perto de Kiev, pelo Serviço de Segurança da Ucrânia, que o acusou de formação de grupo terrorista. As autoridades dizem ter apreendido com ele um passaporte estrangeiro, um laptop com conversas com grupos terroristas e uma medalha por combate. O momento da prisão foi filmado pelo Serviço de Segurança. Em junho de 2014, Lusvarghi ficou preso por 45 dias após participar de um protesto em São Paulo contra a Copa do Mundo no Brasil.
2017-06-10
mundo
null
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924955-corte-revoga-condenacao-de-brasileiro-por-terrorismo-na-ucrania.shtml
CBF pretende usar árbitro de vídeo no último final de semana de outubro
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) trabalha com um novo prazo para a implementação do árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro. A ideia agora é que a tecnologia passe a ser utilizada na 31ª rodada da competição, que será realizada nos dias 28, 29 e 30 de outubro. "Esperamos que tudo esteja alinhado até o final de outubro, mas ainda depende de algumas situações. Estamos ainda negociando com empresas, que fornecerão os equipamentos e os operadores para a utilização do árbitro de vídeo", disse o Coronel Marcos Marinho, chefe da comissão de arbitragem da CBF. De acordo com Marinho, a entidade fará um teste offline (sem a comunicação entre o árbitro de vídeo e o de campo) antes da implementação oficial. "Vamos fazer esse teste uma rodada antes de colocar em prática. A ideia é fazer o teste seja nos dez jogos da rodada. Só vamos colocar em prática, quando estiver tudo pronto", afirmou. Desde o último dia 20, a CBF realiza treinamentos para a implementação do sistema para 64 árbitros e assistentes em Águas de Lindoia, interior de São Paulo. Eles foram divididos em quatro grupos, com 16 pessoas -cada turma terá cinco dias. As atividades vão até o dia 11 de outubro. No curso, os árbitros realizam trabalhos teóricos, assistem vídeos ilustrativos e fazem simulações de lances que podem acontecer durante as partidas. Os jogadores que simulam as jogadas são da categoria sub-17 do Brasilis, time que disputa a Série B do Paulista, equivalente à quarta divisão. O desejo de implementar o árbitro de vídeo ainda nesta edição do Campeonato Brasileiro é do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. O cartola tomou a decisão no último dia 18 —um dia após o atacante corintiano Jô marcar com o braço um gol na vitória de sua equipe sobre o Vasco por 1 a 0, no Itaquerão. Segundo Marinho, a ideia do presidente era colocar a tecnologia em prática já na rodada seguinte, marcada para os dias 23, 24 e 25, o que não foi possível. Outra data cogitada para a implementação era a rodada 28, que será realizada nos 14 e 15, o que não acontecerá. FIFA A Fifa permitiu que o Brasil usasse o árbitro de vídeo desde fevereiro de 2016. A ideia inicial da entidade era implementar em agosto do mesmo ano, mas não foi colocado em prática. Em fevereiro de 2017, a CBF anunciou a mudança na programação para 2018 em razão do custo de R$ 20 milhões somente para arcar com aspectos operacionais. Antes do erro no lance de Jô, a CBF já trabalhava com o planejamento para implementar somente em 2019. EXPERIÊNCIAS DE USO DO ÁRBITRO DE VÍDEO > Mundial de Clubes-2016 Realizada no Japão, competição marcou a estreia do árbitro de vídeo > Copa das Confederações A tecnologia foi testada em todos os jogos do torneio do ano passado, na Rússia > Mundial sub-20 O campeonato, realizado na Coreia do Sul entre maio e junho, contou com o sistema em todas as partida > Pernambucano Árbitro de vídeo foi utilizado nas duas partidas da final do Estadual > Libertadores Conmebol decidiu na semana passada usar a tecnologia na semifinal e na final > Alemanha Testes começaram há dois anos. Tecnologia foi implementada oficialmente nesta temporada > França x Espanha Amistoso realizado em março teve a utilização do árbitro de vídeo > Italiano Árbitro de vídeo começou a ser utilizado nesta temporada > Portugal Foi utilizado pela primeira vez na final da Copa de Portugal, realizada entre Benfica x Vitória de Guimarães em maio > Espanha Será testado na edição deste ano da Copa do Rei -
2017-06-10
esporte
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Em novo parecer ao STF, Senado diz que corte não pode afastar parlamentar
O Senado enviou parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) afirmando que não há previsão legal para afastar Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato e nem para impor a ele recolhimento noturno. Sem mencionar diretamente o tucano, a Advocacia-Geral do Senado argumenta que não cabe ao tribunal impor qualquer medida cautelar a parlamentar. O posicionamento é mais duro do que o adotado em junho de 2016, referente à mesma ação, quando a Casa era presidida por Renan Calheiros (PMDB-AL). A manifestação se deu numa ação direta de inconstitucionalidade cujo julgamento está previsto para a próxima quarta-feira (11). A ação –proposta por três partidos– pede que medidas cautelares impostas a parlamentares sejam enviadas em 24 horas para que o Congresso dê seu aval. O caso é acompanhado de perto pelo Congresso e terá impacto direto na situação de Aécio. AFASTAMENTO Denunciado por corrupção passiva e obstrução da Justiça, o tucano está proibido de exercer o mandato de senador e de sair de casa no período da noite. Ele foi gravado pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, a quem pediu R$ 2 milhões. Em parecer anterior, o Senado admitia a possibilidade de cautelares serem impostas a deputados e senadores. Contudo, entendia que afastamento de função pública deveria ser excepcional e submetida ao crivo do Congresso. A peça é endereçada à presidente da corte, Cármen Lúcia, e ao ministro Edson Fachin, relator do caso. "Em tempos de crise, é preciso afirmar a soberania da Constituição, e não reinterpretar para dar vazão a reclames quaisquer", diz o texto. O documento fala ainda em separação dos Poderes. Um dos argumentos usados para dizer que as medidas não são cabíveis é indagar se o Senado poderia impor restrições a um ministro do STF, por exemplo. CONFLITO A imposição de medidas cautelares a Aécio, decidida pela primeira turma do STF, trouxe novo capítulo para uma queda de braço entre Judiciário e Legislativo. Um grupo de senadores defendia que o plenário analisasse e revertesse o caso, sob o argumento de que não há previsão constitucional. Para evitar um embate direto, Eunício articulou uma saída institucional com Cármen Lúcia. Ele decidiu aguardar que o STF conclua o julgamento da ação, o que poderia reverter o caso de Aécio sem que o Senado decidisse descumprir a ordem da Justiça. Ao longo desta semana, contudo, Eunício afirmou que se a corte não reverter as imposições, ele deve pautar o tema ao plenário no próximo dia 17.
2017-06-10
poder
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Ministério Público quer aumento de pena para Lula no caso tríplex
O Ministério Público Federal protocolou nesta sexta-feira (6) no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) parecer que pede o aumento da pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso tríplex. No dia 12 de julho, o juiz Sergio Moro condenou Lula na primeira instância a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Na ação, Lula foi acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras, sendo o tríplex no Guarujá (SP) parte deste valor. O parecer desta sexta-feira pede que cada contrato firmado constitua um ato de corrupção. Assim, de acordo com o entendimento da Procuradoria, Lula deve ser condenado na segunda instância por três crimes de corrupção, e não apenas um. "A cada contrato fechado entre as empreiteiras consorciadas e a Petrobras, que no caso da OAS foram três (Repar e RNEST), o oferecimento e promessa de vantagem se renovam, constituindo crime autônomo", diz o texto. Com este entendimento, o parecer atende apelação da Procuradoria da República do Paraná. A Procuradoria da 4ª Região também aceitou recurso de Lula, que pediu diminuição dos dias-multa estipulados por Moro. Somente pelo crime de corrupção, Moro condenou Lula a seis anos de prisão. Se o TRF atender ao pedido do MPF e, além disso, mantiver a mesma pena de Moro para cada crime de corrupção, o ex-presidente pode ser sentenciado a 18 anos. Somados aos três anos e meio pelo crime de lavagem de dinheiro, a pena de Lula pode chegar a 21 anos e meio de prisão. A tramitação do recurso na segunda instância teve início no dia 23 de agosto. Conforme noticiou a Folha, o processo chegou em tempo recorde ao TRF da 4ª Região. Agora, o relator João Pedro Gebran Neto deverá elaborar documento e proferir seu voto, que será encaminhado para o revisor Leandro Paulsen. Não há prazo determinado. Em seguida, o revisor também irá analisar o processo e elaborar seu voto. Só então o julgamento será pautado. Eventual condenação em segunda instância impediria a candidatura do petista à Presidência em 2018. OUTRO LADO Em nota, a defesa de Lula afirma que o parecer "quer a condenação do ex-presidente Lula sem prova de sua culpa e desprezando a prova de sua inocência". "Não há no parecer, todavia, qualquer indicação de valores provenientes de contratos firmados com a Petrobras que tenham sido direcionados para beneficiar Lula. Na página 54 o trabalho faz referência aos três contratos indicados na denúncia, mas não indica –porque não existe– qualquer fluxo em favor de Lula", diz o texto. Segundo a defesa, do que consta no processo "o único resultado possível é a absolvição do ex-presidente Lula".
2017-06-10
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Morre aos 60 anos o estilista Hervé Léger, criador do vestido bandage
Foi anunciada na manhã desta sexta (6) a morte, aos 60 anos, do estilista francês Hervé Léger. A Federação da Alta-Costura e da Moda de Paris não divulgou a causa oficial da morte do designer, nascido Hervé Peugnet, mas a imprensa francesa noticiou que ele teria sido vítima de um aneurisma cerebral. Sucesso comercial nos anos 1990, quando caiu nas graças de supermodelos e atrizes de Hollywood, Léger é criador do "vestido bandagem", peça costurada justa ao corpo e composta por várias tiras de tecidos. Esteta da alta-costura e um dos mais técnicos de sua geração, ele nasceu em Bapaume, região no norte da França, e trabalhou nas equipes de estilo de marcas como Fendi e Chanel, antes de abrir sua etiqueta homônima em 1985. O estilista Karl Lagerfeld teria sido um conselheiro de Léger na época do lançamento da grife. No auge das vendas, o Léger disse em entrevista que estava confeccionando quase 200 vestidos de alta-costura por ano. MUDANÇA DE NOME Após vender sua marca para o grupo BCBG Max Azria, ele perdeu o direito de usar o nome e passou a desenhar usando o sobrenome Leroux. Entre 2004 e 2006 o designer assumiu a direção criativa da etiqueta Guy Laroche. Entre as inúmeras clientes famosas do estilista estão as modelos Cindy Crawford, Gisele Bündchen e Dita Von Teese. A socialite Kim Kardashian e a rapper Nicki Minaj já posaram em tapetes vermelhos com versões do "vestido bandagem". "Muito triste por ter sido obrigada a me despedir desse gênio", escreveu Von Teese em sua conta no Instagram. "Ele fez o vestido mais lindo que destaca a beleza da mulher, em vez de disfarçá-la." No Brasil, a apresentadora Fernanda Lima usou um "vestido bandagem" dourado do estilista durante um evento realizado na Copa do Mundo, em 2014. O look causou furor na internet e teve sua imagem cortada na transmissão da televisão iraniana porque as autoridades do país persa teriam considerado o decote impróprio demais. À sombra do circo fashionista, Léger é hoje considerado uma espécie de pai do "periguetismo", e sua moda é copiada por grifes como a Lanvin, que no último desfile de verão 2018, durante a semana de moda de Paris, colocou na passarela referências ao estilo fundado pelo estilista. Não haveria curvas voluptuosas na indústria da moda se o designer não tivesse tido a ideia de unir os pontos e encurtar a barra do vestido, abrindo decotes e fendas com as fitas transpassadas pelo corpo. Quanto mais acinturada, mais a peça tinha a marca de Léger. O estilista também foi alvo de redes de fast-fashion, como a C&A, que, em uma coleção assinada por Kim Kardashian, colocou à venda vários modelos inspirados no "vestido bandagem". Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e enterro.
2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924922-morre-aos-60-anos-herve-leger-criador-do-vestido-bandage.shtml
Queimadura de vias aéreas é o maior risco em vítimas de creche em Minas
Em visita ao Hospital João 23, em Belo Horizonte, o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Luciano Chaves, afirmou que a maior preocupação dos médicos em relação às vítimas de incêndio em creche de Janaúba (MG) é com a queimadura de vias respiratórias.   "As queimaduras, além do comprometimento da superfície corporal, tem a gravidade do comprometimento pulmonar. A inalação da fumaça prejudica muito o prognóstico de saúde das crianças", disse. Segundo ele, o comprometimento das vias aéreas tem potencial mais grave. Três crianças de 2, 3 e 5 anos, tiveram queimaduras nas vias aéreas e foram transferidas na manhã desta sexta (6) do hospital João 23 para o hospital Odilon Behrens, ambos em BH. As crianças respiram com a ajuda de aparelhos e estão em estado grave. Há risco de morte, apesar do quadro de saúde estar estabilizado. Chaves informou que o banco de peles da Santa Casa de Porto Alegre tem peles suficientes para 15 crianças e que o material já está bloqueado para ser usado nas vítimas de Janaúba se necessário. A sociedade também ofereceu equipe médica de emergência para reforçar o atendimento no João 23, que é um hospital de referência para o tratamento de queimaduras na América Latina. Chaves veio participar de evento em BH e foi ao hospital prestar solidariedade e apoio científico. "O que vimos no CTI é uma cena muito triste, são crianças que estão todas entubadas, é um quadro realmente grave." DOAÇÃO O hospital João 23 também recebeu nesta manhã uma doação de vinte caixas de curativos de biocelulose para queimaduras. Cada caixa contém 12 películas de 16 cm por 21 cm, quantidade que pode atender as dez pessoas internadas atualmente no hospital –oito são crianças. Segundo a enfermeira Ludmila Ramalho, a empresa responsável pela fabricação dos curativos, chamados de Nexfill, ofereceu a doação ao hospital, que aceitou prontamente. Os curativos são finos como uma folha de seda, são transparentes e de uso único, não é preciso trocá-lo constantemente.
2017-06-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924917-maior-preocupacao-e-com-queimadura-de-vias-aereas-diz-especialista-em-mg.shtml
Zagueiro Rodrigo Caio é convocado para a seleção na vaga de Thiago Silva
O zagueiro Rodrigo Caio, 24, foi convocado nesta sexta-feira (6) por Tite para a seleção brasileira. O jogador são-paulino entrará na vaga de Thiago Silva, 33, lesionado. O zagueiro do PSG não terá condições de atuar diante do Chile, na terça-feira (10), às 20h30, pela última rodada das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo. A partida será realizada no Allianz Parque, em São Paulo. Thiago Silva sofreu uma lesão muscular durante o primeiro tempo do empate da seleção brasileira com a Bolívia por 0 a 0, na quinta-feira, em La Paz. A zaga da seleção contra o Chile será formada por Marquinhos e Miranda. Marquinhos, que vinha atuando como titular, ficou no banco contra a Bolívia.
2017-06-10
esporte
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Turismo de Las Vegas deve se recuperar em meses, dizem analistas
O massacre em Las Vegas afetará o turismo da capital do jogo, mas especialistas concordam em que tudo voltará ao normal em alguns meses. Poucos dias se passaram desde que Stephen Paddock matou 58 pessoas e feriu quase 500, abrindo fogo contra uma multidão que assistia a um festival de música country. A robusta presença policial e mensagens de "Vegas forte" nas fachadas dos prédios lembram o pior tiroteio da história recente dos Estados Unidos. O ataque "deve afetar muito o turismo no curto prazo, enquanto a lembrança se mantiver viva na mente das pessoas", disse à AFP o professor Federico Guerrero, do Departamento de Economia da Universidade de Nevada. Algumas das 43 milhões de pessoas que visitam anualmente a meca do jogo - deixando lá mais de 60 bilhões de dólares - podem, realmente, afirmar que não querem se divertir em um lugar marcado por uma tragédia tão sangrenta, por não se sentirem seguras. Como explicou Neha Singh, da Universidade Politécnica da Califórnia, essas notícias "são devastadoras e entram na mente das pessoas - especialmente no turismo, pois implica um gasto, e há muitas opções". Embora os cassinos tenham câmeras e agentes de segurança por toda a parte, o fato é que Paddock não teve dificuldade para entrar no hotel Mandalay Bay com 47 armas de fogo e se hospedar no 32º andar para executar seu ataque. DESAFIO NA SEGURANÇA Agora, então, o desafio é como reforçar as medidas de segurança sem atrapalhar o ambiente de diversão, já que, como diz o ditado "O que acontece em Vegas fica em Vegas", trata-se de uma cidade banhada a álcool, dinheiro e muita, muita festa. Os especialistas destacaram que a queda no número de visitantes deverá ser sentido no turismo de férias. Seminários e congressos - cerca de 22.000 ao ano - são reservados com um ano de antecedência e não devem ser cancelados, ainda que outros lugares possam ter preferência em futuros eventos. O professor Bjorn Hanson, do Departamento de Turismo da Universidade de Nova York, considera que a queda será sentida por dois, ou três meses, enquanto Michael McCall, da Universidade de Michigan, estima entre seis meses e um ano. De qualquer forma, os especialistas concordam em que, cada vez mais comuns, ataques como este afetam cada vez menos o público em geral. Orlando, onde um homem matou 49 pessoas a tiros em uma boate em 2016, registrou número recorde de turistas nesse mesmo ano. E Paris, alvo de vários ataques terroristas em 2015, também está perto de bater sua marca em termos de ocupação hoteleira este ano, depois de uma queda de 5% em 2016. Las Vegas não deve ser diferente. "LAS VEGAS NÃO PARA" Paul Wurzer e a mulher, Sonia, que chegaram terça-feira a Vegas, comiam na varanda de um restaurante no Strip. Estavam em casa, em Minneapolis, quando viram o ataque no noticiário. "Vão cancelar os voos? Ainda poderemos ir? Ainda queremos ir?", disse Wurzer, contando sobre o que se perguntaram naquele momento. "Depois, pensamos que, talvez, seja o momento mais seguro para ir pela maior presença policial", disse Sonia. "Viemos relaxar", afirmou, acrescentando que a tragédia "não afetou nossos planos". Erick Fulps, que trabalha em uma agência de turismo em Las Vegas, avaliou que "a atividade não caiu tanto". "No dia seguinte [da tragédia] estava agitado, foi um dos mais cheios, depois, sim, caiu um pouco", descreveu o agente de viagens, de 47 anos. "Mas as pessoas continuam fazendo seus tours, se divertindo. Foi trágico o que aconteceu, mas as pessoas continuam seus planos de férias. Las Vegas não para".
2017-06-10
turismo
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'Open bar' de café serve a bebida à vontade por R$ 10 na zona oeste de São Paulo
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO No Unyc há café em várias versões, mas há apenas dois preços: R$ 5 por um copo e R$ 10 pelo direito de tomar a bebida quantas vezes quiser em um dia. "O cliente se serve nas máquinas e prepara do jeito dele. Para mim, não faz diferença se é expresso, cappuccino, se colocou leite ou canela", diz Sidney Vilhena, 33, criador do negócio. De marca própria, o café é cultivado em Pedra Azul (ES), sem agrotóxicos, pelo modelo biodinâmico. As sementes são selecionadas, mas não passam por modificações genéticas. A colheita segue o calendário astrológico. Segundo ele, a posição dos astros no céu indica os momentos para plantar e colher e, assim, gerar frutos melhores. Além do café, o Unyc vende refeições para consumo rápido e com apelo saudável e sustentável. Instalado no térreo de uma torre corporativa na região da av. Engenheiro Luiz Carlos Berrini, o espaço tem sanduíches, sopas, combinados de sushi, sucos prensados a frio e outros alimentos em embalagens para pegar e levar. Ou comer ali mesmo. As receitas são feitas com vegetais naturais, sem conservantes e com produção diária. O excedente é doado a funcionários do prédio. A inspiração vem da Pret-a-Manger, rede com mais de 350 lojas nos EUA e no Reino Unido criada há 30 anos com a ideia de oferecer comida rápida, fresca e sem conservantes. Vilhena tentou trazer a marca ao Brasil, como franquia, mas não conseguiu. Ele fez carreira em bancos de investimento, mas, em 2013, tornou-se pai e repensou a vida, por temer que as longas jornadas o fizessem perder o crescimento da filha. Achou melhor pedir demissão e foi morar em São José dos Campos, no interior paulista. Após alguns meses, ele decidiu retomar a ideia de trabalhar com alimentação saudável e, junto com o amigo e sócio Paulo Cescon, começou a criar o projeto. Os dois foram até Nova York e passaram dias visitando as lojas da Pret e de outras marcas de comida saudável. "Prestávamos atenção do comportamento dos clientes aos detalhes das embalagens", lembra Vilhena. Ao voltar a São Paulo, ele foi atrás dos produtores de orgânicos e viu que o excesso de atravessadores encarece o preço. Então, passou a negociar direto com os agricultores e busca formas para ajudá-los a se manter. O negócio também busca atender à mudanças como o aumento dos locais de co-working e a redução do horário de almoço. O Unyc prepara um app que entregará refeições nas mesas de trabalho, localizadas via GPS. Já outra função permitirá pagar os produtos da gôndola usando o celular. * Unyc. Av. Dr. Chucri Zaidan, 246, Vila Cordeiro. unyc.com.br
2017-06-10
saopaulo
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http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924772-open-bar-de-cafe-serve-a-bebida-a-vontade-por-r-10-na-zona-oeste-de-sao-paulo.shtml
Festival Fora da Casinha reúne shows de artistas independentes neste sábado
A terceira edição do festival Fora da Casinha reúne, neste sábado (6), dez shows em dois palcos no largo da Batata. O evento dá destaque a artistas independentes e terá shows de Mauricio Pereira, Bárbara Eugênia e Tatá Aeroplano, Vitreaux, Giovani Cidreira, Aloizio e a Rede e Bratislava, Ema Stoned, Raça, Glue Trip, Tagore e Negro Leo. Esta é a primeira vez que o Fora da Casinha é gratuito e realizado fora de seu local habitual - a Casa do Mancha, que completa dez anos em 2017. "Com a possibilidade do festival ir pra rua e pegar um público mais abrangente reunimos bandas novas para potencializar a ideia da Casa do Mancha de apresentar novos sons", conta Danilo Leonel, o Mancha. "A diferença [deste ano] é a Casa do Mancha de fato ocupar o espaço público com shows de alta qualidade e de graça para a população." O evento faz parte da programação do Mês da Cultura Independente, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura.
2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924926-festival-fora-da-casinha-reune-shows-de-artistas-independentes-neste-sabado.shtml
'Não existem mãos limpas' para armas nucleares, diz brasileiro da Ican
Cristian Wittmann, 34, único brasileiro a participar do comitê gestor da Ican (Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares), afirma que o prêmio Nobel da Paz para a organização e o tratado internacional que proíbe armamentos nucleares tiveram sucesso em mobilizar a opinião pública e mudar o paradigma de que há nações que podem esse tipo de arsenal e outras que não. "Desde a Guerra Fria fomos educados a aceitar que há alguns países bons o suficiente para ter armas nucleares e outros não", diz ele, que é professor da Universidade Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul, e atua desde 2004 na área de desarmamento humanitário. "Mas não existem 'mãos limpas' para ter essas armas." Wittmann diz que a mudança desse paradigma para que fosse reconhecido o impacto humanitário das bombas nucleares foi a maior dificuldade da campanha. "As armas nucleares foram as últimas armas de destruição em massa a se tornarem ilegais", afirma ele, para quem a mobilização da sociedade civil e a aprovação do tratado internacional tiveram sucesso em reativar o debate em torno das armas nucleares. "Os países [que têm essas armas] não podem mais nos ignorar", diz ele, que alerta que o processo de eliminação das armas nucleares será longo. O especialista diz que o regime de não-proliferação, que vigorou até a assinatura do recente tratado internacional, acabava por fomentar que mais países desejassem ter armamentos nucleares. "O fato de alguns países não abrirem mão das bombas nucleares acabou levando mais nações a terem esse tipo de arma", afirma Wittmann. LIGAÇÃO O brasileiro conta que foi acordado pela ligação de um colega contando sobre o Nobel da Paz. Como seus colegas estão espalhados em vários países do mundo, ele diz que a celebração foi em grupos de mensagens e pelas redes sociais. "É um dia inesquecível", diz ele. Wittmann representa a Rede Latinoamericana de Segurança Humana no comitê gestor da Ican, composto por representantes de dez entidades. Ele faz parte do comitê gestor da Ican desde 2014.
2017-06-10
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924933-nao-existem-maos-limpas-para-armas-nucleares-diz-brasileiro-da-ican.shtml
Reforma política quer controlar a liberdade de expressão na internet
Faz sentido que candidatos tenham a prerrogativa de controlar críticas feitas a eles em período eleitoral? O Congresso Nacional, infelizmente, entende que sim. Acaba de ser aprovado pelo plenário do Senado o PLC nº 110/2017, que reforma a legislação eleitoral. O texto incorpora uma emenda introduzida na madrugada, que altera regras de remoção de conteúdo da internet. Pela nova regra, será possível que candidatos, coligações e partidos políticos notifiquem provedores de aplicação diretamente para pedir a suspensão por tempo indeterminado de publicações que supostamente contenham ofensas, informações falsas e discurso de ódio dirigidas a eles próprios. Há no projeto ao menos três problemas graves. Primeiro, há uma grave indeterminação conceitual. Não há no direito brasileiro uma definição explícita de "discurso de ódio": ao contrário, há um debate complexo em andamento sobre o tema, que abarca posições conflitantes e está hoje em fase apenas inicial. Portanto, o uso do termo de forma aberta abre margem a interpretações distintas, criando insegurança jurídica. Segundo, a proposta confere ao candidato, partido ou coligação o poder de decidir o que constituem "ofensas", "discurso de ódio" e "informações falsas". A mudança vai em sentido contrário à posição bem-sucedida incorporada pelo art. 19 do Marco Civil da Internet, que delega esse papel expressamente ao Poder Judiciário. A regra, vale lembrar, foi conquistada após uma longa rodada de debates entre Estado, mercado e sociedade civil, audiências e consultas públicas e discussões parlamentares democráticas. Terceiro, o projeto de lei não prevê prazo máximo para a suspensão do conteúdo supostamente ilícito, embora imponha que provedores respondam à solicitação no prazo de 24 horas. Na prática, o dispositivo permitiria a remoção permanente de conteúdo online, sem que o exame de legalidade dessa medida passasse pelo crivo do Judiciário. Diante deste quadro, a introdução do art. 57-B, § 6º do projeto de lei criaria, em casos concretos, um instrumento poderoso de controle de informação capaz de gerar restrições significativas à liberdade de expressão. E a Presidência da República, no exercício de suas competências constitucionais, anunciou na manhã desta sexta-feira (6) que vetará a emenda. Alexandre Pacheco da Silva é coordenador do Gepi (Grupo de Ensino e Pesquisa em Inovação); assinam também este texto Ana Paula Camelo, Carlos Augusto Liguori Filho, Stephane Hilda Barbosa Lima e Victor Doering Xavier da Silveira
2017-06-10
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924915-reforma-politica-e-liberdade-de-expressao-na-internet.shtml
Saiba quem são os ganhadores do prêmio Nobel da Paz
O prêmio Nobel da Paz foi concedido pela primeira vez em 1901. Desde então, 104 indivíduos e 24 organizações já foram contemplados. Confira abaixo a lista completa: 2017: Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican) Coalizão formada por 468 organizações da sociedade civil sediadas em 101 países diferentes foi reconhecida por atuar na implementação do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares 2016: Juan Manuel Santos O presidente colombiano foi reconhecido por seu papel na negociação do acordo de paz com as Farc que pôs fim a um conflito de mais de 50 anos 2015: Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia Por sua contribuição decisiva na construção de uma sociedade plural no país 2014: Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi A jovem paquistanesa e o indiano foram premiados pela defesa dos direitos das crianças e à educação 2013: Organização para a Proibição de Armas Químicas Sediada na Holanda, foi premiada por sua defesa da proibição de armas químicas 2012: União Europeia Por mais de seis décadas contribuindo para a promoção da paz e reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa 2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkol Karman As três mulheres foram premiadas pela luta não violenta pela seguranças das mulheres e por seu direito de participação plena em processos de paz 2010: Liu Xiaobo Ativista chinês foi premiado por sua luta longa e não violenta pelos direitos humanos em seu país 2009: Barack Obama O então presidente dos EUA foi reconhecido por reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre as pessoas 2008: Martti Ahtisaari O diplomata e ex-presidente da Finlândia foi premiado por sua atuação por mais de três décadas em resolver conflitos internacionais 2007: Al Gore e Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas dos Estados Unidos Premiados pela disseminação de conhecimento sobre as mudanças climáticas 2006: Muhammad Yunus e Grameen Bank Economista e diretor do Banco Grameen, especializado em micro crédito, pelo esforço de criar desenvolvimento econômico e social para os mais pobres 2005: Agência Internacional de Energia Atômica e Mohamed ElBaradei O diplomata egípcio e a agência da qual foi diretor foram premiados por seu trabalho em prevenir o uso de energia nuclear para fins militares e garantir que seu uso para fins pacíficos seja feito da forma mais segura possível 2004: Wangari Muta Maathai A ativista queniana foi premiada por suas contribuições ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz 2003: Shirin Ebadi Defensora dos direitos das mulheres e das crianças, a advogada e ex-juíza iraniana foi premiada por seu trabalho de promoção dos direitos humanos e da democracia 2002: Jimmy Carter O presidente americano de 1977 a 1981 teve atuação decisiva no Acordo de Camp David e foi reconhecido pelo trabalho de solução pacífica de conflitos internacionais, promoção da democracia e dos direitos humanos 2001: Organização das Nações Unidas e Kofi Annan 2000: Kim Dae-jung 1999: Médicos Sem Fronteiras (MSF) 1998: John Hume e David Trimble 1997: Campanha Internacional para Eliminação de Minas Terrestres e Jody Williams 1996: Carlos Filipe Ximenes Belo e José Ramos-Horta 1995: Joseph Rotblat e Conferências Pugwash sobre Ciências e Negócios Mundiais 1994: Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin 1993: Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk 1992: Rigoberta Menchú Tum 1991: Aung San Suu Kyi 1990: Mikhail Sergeyevich Gorbachev 1989: Tenzin Gyatso, o 14º dalai-lama 1988: Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas 1987: Oscar Arias Sánchez 1986: Elie Wiesel 1985: Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear 1984: Desmond Mpilo Tutu 1983: Lech Walesa 1982: Alva Myrdal e Alfonso García Robles 1981: Alto-Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) 1980: Adolfo Pérez Esquivel 1979: Madre Teresa de Calcutá 1978: Mohamed Anwar al-Sadat e Menachem Begin 1977: Anistia Internacional 1976: Betty Williams e Mairead Corrigan 1975: Andrei Dmitrievich Sakharov 1974: Seán MacBride e Eisaku Sato 1973: Henry A. Kissinger e Le Duc Tho 1972: Não houve laureados 1971: Willy Brandt 1970: Norman E. Borlaug 1969: Organização Internacional do Trabalho (OIT) 1968: René Cassin 1967: Não houve laureados 1966: Não houve laureados 1965: Unicef 1964: Martin Luther King Jr. 1963: Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Liga Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha 1962: Linus Carl Pauling 1961: Dag Hjalmar Agne Carl Hammarskjöld 1960: Albert John Lutuli 1959: Philip J. Noel-Baker 1958: Georges Pire 1957: Lester Bowles Pearson 1956: Não houve laureados 1955: Não houve laureados 1954: Alto-Comissário das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) 1953: George Catlett Marshall 1952: Albert Schweitzer 1951: Léon Jouhaux 1950: Ralph Bunche 1949: Lord (John) Boyd Orr of Brechin 1948: Não houve laureados 1947: Conselho da Sociedade dos Amigos (Quakers) e Comitê Americano da Sociedade dos Amigos (Quakers) 1946: Emily Greene Balch e John Raleigh Mott 1945: Cordell Hull 1944: Comitê Internacional da Cruz Vermelha 1943: Não houve laureados 1942: Não houve laureados 1941: Não houve laureados 1940:Não houve laureados 1939: Não houve laureado 1938: Comitê Internacional Nansen para Refugiados 1937: Robert Cecil 1936: Carlos Saavedra Lamas 1935: Carl von Ossietzky 1934: Arthur Henderson 1933: Ralph Lane 1932: Não houve laureados 1931: Jane Addams e Nicholas Murray Butler 1930: Nathan Söderblom 1929: Frank Billings Kellogg 1928: Não houve laureados 1927: Ferdinand Buisson e Ludwig Quidde 1926: Aristide Briand e Gustav Stresemann 1925: Austen Chamberlain e Charles Gates Dawes 1924: Não houve laureados 1923: Não houve laureados 1922: Fridtjof Nansen 1921: Karl Hjalmar Branting e Christian Lous Lange 1920: Léon Victor Auguste Bourgeois 1919: Thomas Woodrow Wilson 1918: Não houve laureados 1917: Comitê Internacional da Cruz Vermelha 1916: Não houve laureados 1915: Não houve laureados 1914: Não houve laureados 1913: Henri La Fontaine 1912: Elihu Root 1911: Tobias Michael Carel Asser e Alfred Hermann Fried 1910: Gabinete Internacional Permanente para a Paz 1909: Auguste Marie François Beernaert e Estournelles de Constant 1908: Klas Pontus Arnoldson e Fredrik Bajer 1907: Ernesto Teodoro Moneta e Louis Renault 1906: Theodore Roosevelt 1905: Bertha von Suttner 1904: Instituto de Direito Internacional 1903: William Randal Cremer 1902: Élie Ducommun e Charles Albert Gobat 1901: Jean Henry Dunant e Frédéric Passy
2017-06-10
mundo
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Corrida por avião elétrico pode levar 1º modelo ao mercado em 2022
A corrida para desenvolver o primeiro avião de passageiros elétrico e autoguiado se acelerou depois que a Boeing anunciou, nesta quinta (5), planos para adquirir a Aurora Flight Sciences, sua parceira em pesquisas aeronáuticas avançadas, por uma quantia não revelada. A aquisição da pequena empresa sediada na Virgínia surge em momento no qual a Boeing está reforçando seu interesse por futuras tecnologias de aviação. A Aurora Flight Sciences já desenvolveu mais de 30 aeronaves não tripuladas (drones) desde que foi criada, em 1989, e no ano passado conquistou um contrato de US$ 89 milhões da Agência de Pesquisa de Projetos Avançados de defesa (Darpa) norte-americana para desenvolver um avião não tripulado que testará sistemas de propulsão elétrica. O grupo aeroespacial e de defesa norte-americano estabeleceu há alguns meses a Horizon X, uma subsidiária de capital de risco, com o objetivo de investir em inovações disruptivas. Um de seus primeiros investimentos foi na Zunum Aero, uma start-up sediada em Washington cujo objetivo é desenvolver o primeiro avião de passageiros com propulsão híbrida elétrica. A Zunum revelou na quinta alguns detalhes sobre o custo de operação do avião para entre 10 e 12 passageiros que planeja, e que deve começar a voar comercialmente em 2022. Greg Hyslop, vice-presidente de tecnologia da Boeing, disse que o conhecimento especializado da Aurora em veículos não tripulados seria vital para o futuro do setor aeroespacial. "Com a tecnologia amadurecendo muito rápido, a questão será menos o avião que o software do avião", ele disse em entrevista no Facebook Live. Mas vai demorar algum tempo para que aviões completamente autopilotados sejam usados em voos comerciais. Os avanços de curto prazo envolveriam tornar os aviões mais inteligentes, mais seguros e mais eficientes, disse ele. Enquanto isso, a Zunum, que conta com a companhia de aviação econômica JetBlue entre seus investidores, além da Boeing, revelou suas primeiras estimativas de custo operacional para seu projeto de avião híbrido. A companhia tem por meta um custo de US$ 0,05 por assento disponível/quilômetro —um indicador de eficiência empregado pelo setor. De acordo com um relatório da consultoria Oliver Wyman publicado em 2015, isso representaria uma redução de entre 10% e 30% com relação aos custos de operação dos aviões de maior porte operados por empresas de aviação convencionais e econômicas. CETICISMO Ashish Kumar, cofundador e presidente-executivo da Zunum, disse que seus engenheiros haviam aprendido com a indústria automobilística a combinar propulsão elétrica e geradores capazes de estender o alcance do aparelho, o que permitirá que o avião voe por até 1,1 mil quilômetros. Mas alguns especialistas encaram com ceticismo a hipótese de que a operação de aviões híbridos será mais barata, pelo menos inicialmente. "Não vejo uma redução de custos inicial, porque eles ainda terão turbinas acionadas por combustível fóssil", disse Nikhil Sachdeva, da consultoria Roland Berger, que publicou um relatório sobre aviões de propulsão elétrica também nesta quinta. Além disso, o peso e a duração das baterias limitarão o alcance dos aviões de propulsão elétrica. Mas Kumar disse que a duração da carga das baterias estava avançando tão rápido que a Zunum, fundada em 2013, esperava levar ao mercado até 2030 seu primeiro avião comercial elétrico para 50 a 100 passageiros, com alcance de 1,6 mil quilômetros. A empresa quer converter as pessoas que viajam de carro e trem em viajantes aéreos, por meio do uso de aeroportos locais com requisitos de segurança mais modestos, a fim de reduzir o tempo de viagem em percursos de curta e média distância. A Zunum estima que o potencial total do mercado para aviões de substituição e para a conversão de viajantes terrestres ao transporte aéreo pode ser de perto de US$ 3 trilhões. Em abril, ela lançou planos para um avião de 10 a 12 lugares, e passível de ampliação, que funcionaria inicialmente como híbrido mas poderia ser convertido para funcionamento totalmente elétrico quando a tecnologia das baterias assim permitir. A companhia planeja começar a testar um modelo de demonstração em 2019. A Zunum enfrentará severa concorrência, no entanto. O setor aeroespacial começou a encarar com seriedade o potencial da propulsão elétrica, que pode ajudar a cortar as emissões de poluentes e a reduzir o ruído. A Airbus, rival europeia da Boeing, está trabalhando um avião elétrico para voos regionais, tomando por base o programa E-Fan, que a companhia vem desenvolvendo há muito tempo. O valor do investimento da Boeing e JetBlue na Zunum não foi revelado. Tradução de PAULO MIGLIACCI
2017-06-10
mercado
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Temer anuncia que vetará emenda que permite censura nas eleições
O presidente Michel Temer anunciou que vetará a emenda aprovada pelo Congresso que obrigaria sites a suspender, sem decisão judicial, a publicação de conteúdo denunciado como "discurso de ódio, disseminação de informações falsas ou ofensa em desfavor de partido ou candidato". O trecho da censura está na parte da reforma política que trata de propaganda eleitoral na internet por candidatos ou partidos. Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Temer decidiu atender a pedido do deputado Áureo (SD-RJ), autor da polêmica emenda. Mais cedo, Áureo afirmou que seu objetivo era coibir apenas os perfis falsos na internet. Mas que diante do que ele classificou como uma repercussão equivocada de sua proposta, pediu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que recomendasse à Presidência da República o veto. A denúncia do conteúdo poderia ser feita por qualquer usuário de internet ou rede social em canais disponibilizados pelo provedor para esse fim. Segundo especialistas, entretanto, qualquer conteúdo crítico poderia se enquadrar na medida, a critério do denunciante. A suspensão deveria ocorrer, segundo o texto aprovado no Congresso, "até que o provedor certifique-se da identificação pessoal do usuário que a publicou, sem fornecimento de qualquer dado do denunciado ao denunciante, salvo por ordem judicial". A emenda teve grande repercussão, e entidades como como ANJ (Associação Nacional de Jornais), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) criticaram a proposta.
2017-06-10
poder
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Em choque, multidão vai a enterro de criança morta em creche de Minas
Com mais de uma dezena de carros, um ônibus escolar e uma série de motos e bicicletas, o cortejo que levou o pequeno caixão com o corpo de Ana Clara Ferreira Silva, 4, ao cemitério São Lucas, em Janaúba, parou avenidas da cidade de 70 mil habitantes no norte de Minas Gerais. Ela morreu um dia antes, na quinta (5), carbonizada, após o vigia noturno Damião Soares dos Santos, 50, atear fogo em si e em crianças em uma creche municipal no bairro Barbosa, região afastada do centro da cidade, onde falta reboco nas casas e asfalto na rua. Além de Damião e Ana Clara, outras sete pessoas morreram –seis crianças e uma professora. Uma multidão acompanhou o enterro, na manhã desta sexta (6) –familiares, amigos da família e curiosos que queriam ver de perto o resultado do crime que chocou a pacata cidade. Um tio passou mal e precisou ser acudido pela família. Choravam sem parar o pai, Nelson Silva de Jesus, e a mãe, Luana, que voltou de Montes Claros, maior cidade da região, para se despedir da criança. Ela foi à cidade vizinha para acompanhar os outros dois filhos que também estavam na creche, inalaram fumaça precisaram de atendimento médico. Todos passam bem. Ana Clara tinha ainda outros três irmãos. Um deles, gêmeo dela, não estava na creche no dia. "É inexplicável o que aconteceu, não tenho palavras. Ouvi no rádio que tinha fogo lá e na hora pensei nos meus netos. Tinha certeza que alguma coisa tinha acontecido com eles", diz o lavrador Antonio Pereira da Silva, 56, avô que diz que a neta "sempre brincava, gostava de rir, vadiar". Também pelo rádio soube o outro avô, Jovelino da Silva, 61, também lavrador, que vive em Jacaré Grande, distrito da zona rural. "Raiva não sei mas a gente fica nervoso mesmo. Como uma coisa dessas pode acontecer?" Já Cristiane Conceição Rodrigues, 37, sabe definir o sentimento: "Não tem como não sentir ódio de uma pessoa dessas, não tem explicação", diz a tia de Luiz Davi, 4, também morto na tragédia, enquanto ajuda a organizar o velório do menino, na casa em que vivia, no mesmo bairro. Ela vive na capital e conta que ele passava as férias de fim de ano na casa dela. "Pensar que nunca mais vai vou ver aquela criança, que fazia graça, mandava áudio no grupo do WhatsApp da família", diz. O corpo de Ruan Miguel, 4, foi velado a poucas ruas dali. Na sala da casa, velas e dezenas de pessoas se despedindo do menino, que seria enterrado logo depois, também em um pequeno caixão branco. "Um anjinho desses, como podem fazer isso?", questiona, também incrédulo, o tio Paulo Rodrigues Soares, 41. 'CORRIDA CONTRA O TEMPO' A Prefeitura de Janaúba tem feito busca por crianças que estavam na creche no momento do incêndio e não foram atendidas em postos de saúde. Agentes acreditam que o número de feridos pode ser maior do que o já divulgado. "Tinha mais de 80 crianças na creche, estamos fazendo busca ativa, indo de casa em casa. Às vezes a criança está bem, aparentemente, para os pais. Começa a tossir, o nariz sangra, logo tampa a glote e ela pode asfixiar. É muito grave. Pedimos que todos que souberem de crianças que estavam no local, que avisem, precisamos avaliar clinicamente", disse a conselheira tutelar Gabriela Rodrigues Castro. Ela chama a busca de "corrida contra o tempo". "Parece que o mundo tá acabando, não podemos perder tempo. Quanto antes encontrarmos mais crianças, melhor", diz. Janaúba
2017-06-10
cotidiano
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Quadrilha explode carro-forte e troca tiros com polícia no interior de SP
Uma quadrilha explodiu na manhã desta sexta-feira (6) um carro-forte em Piracicaba (a 160 km de São Paulo), numa ação que deixou o trânsito lento na rodovia Luiz de Queiroz por cerca de duas horas. A ação ocorreu às 9h e resultou em dois guardas municipais feridos a tiros na perseguição ao grupo na avenida Saldanha Marinho. Outros quatro vigilantes da Protege, dona do carro-forte, foram encaminhados com ferimentos leves a um hospital. O blindado da empresa de transporte de valores ficou completamente destruído no acostamento da rodovia. Destroços do veículo ficaram espalhados na pista e policiais rodoviários e bombeiros estão no local. De acordo com a polícia, os assaltantes fugiram em dois veículos, que foram achados abandonados no bairro Monte Alegre. Um deles foi queimado pela quadrilha. Não há pistas dos assaltantes e também não se sabe o montante levado pelo grupo. Há exatamente um mês, uma quadrilha explodiu um carro-forte da mesma empresa na rodovia Carlos Tonani, próximo a Jaboticabal (a 342 km de São Paulo). O veículo ficou totalmente destruído e os criminosos -ao menos dez- interceptaram o carro-forte na rodovia. Após troca de tiros, os vigias foram obrigados a descer e o blindado na sequência foi explodido. A Protege informou, por meio se sua assessoria, que está prestando a assistência necessária aos seus funcionários. "A empresa esclarece ainda que está colaborando com as autoridades nas investigações em curso e tem como política não comentar sobre valores transportados", diz trecho de nota.
2017-06-10
cotidiano
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Furacões estão mais frequentes e destruidores este ano?
Harvey, Irma, Maria e, agora, Nate –um furacão atrás do outro nos Estados Unidos e no Caribe. Depois de matar mais de 20 pessoas em Honduras, Costa Rica e Nicarágua, a tempestade Nate deve ganhar força e chegar aos EUA como furacão de categoria 1 na escala Saffir-Simpson, que mede os fenômenos pela intensidade dos ventos e o potencial de destruição. Nate está caminho do Texas e da Flórida, que ainda se recuperam dos estragos provocados por outros dois furacões, Harvey e Irma. Ambos derrubaram casas, provocaram inundações e mataram dezenas de pessoas nos EUA e no Caribe. À espera da tempestade, estado de emergência foi declarado em Nova Orleans, no Estado da Louisiana e em 29 municípios da Flórida. POR QUE TANTO FURACÃO? Não é só impressão. O mundo está tendo mais furacões este ano que o normal. A quantidade e a intensidade das tempestades de grandes proporções registradas este ano estão acima da média anual. A principal causa para o aumento da força desses fenômenos é o aquecimento global, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil. Shuai Wang, pesquisador da Faculdade de Ciências Naturais do Imperial College London, explica que a média anual de furacões no Atlântico é de 6,2, conforme a série histórica de 1968 a 2016 da Agência Norte-Americana de Administração Atmosférica e Oceânica. Em 2017, antes mesmo do término do período de tempestades tropicais, já foram registrados sete furacões, quatro deles de grande proporções –classificados em categorias superiores a 3 na escala Saffir-Simpson. Nate pode ser o oitavo, se cumprir as previsões dos meteorologistas e chegar à escala 1. "Ainda é cedo para sabermos a quantidade de furacões que teremos em 2017. Mas já podemos dizer que tivemos tempestades mais intensas que a média histórica", diz Wang. VÁRIOS FURACÕES, MESMA ROTA Em agosto, o furacão Harvey provocou estragos no Texas, Houston e Louisiana, matando pelo menos 47 pessoas. Pouco depois, entre nos dias 6 e 7 de setembro, o furacão Irma arrasou várias cidades do Caribe e o sul da Flórida, provocando mais de 60 mortes. Numa infeliz coincidência, a mesma região afetada pelo Irma se tornou rota do furacão Maria e, agora, do Nate. Os ventos de até 260 km/h do Maria destelharam casas na ilha de Dominica –até o primeiro-ministro do país teve que ser resgatado da residência oficial. Em sua passagem na quinta e sexta-feira por Costa Rica, Nicarágua e Honduras, o Nate provocou inundações, deslizamentos e danificou casas. Além dos mais de 20 mortos, pelo menos 20 pessoas estão desaparecidas. Na Costa Rica, 400 mil pessoas ficaram sem água corrente e milhares estão em abrigos. ALTAS TEMPERATURAS O meteorologista Bob Henson, do Weather Underground, serviço norte-americano de previsão meteorológica, diz que as altas temperaturas do oceano alcançadas este ano podem ter contribuído para a força das tempestades. "Já alcançamos, antes de terminar o ano, mais tempestades que a média do ano inteiro", disse. Segundo Henson, por causa das mudanças climáticas, a intensidade dos furacões aumentou nas últimas três décadas. O ano de 2005 foi o que mais registrou furacões –15 no total, entre os quais o Katrina, que matou ao menos 1,8 mil pessoas nos Estados Unidos. "Podemos estar tendo furacões mais fortes associados ao fenômeno do aquecimento global. A temperatura da água afeta a intensidade da tempestade, embora não haja evidência de que influencie na quantidade", avaliou. A opinião de que o aquecimento global tem papel relevante na intensidade dos furacões é compartilhada pelo pesquisador Shuai Wang, que prevê tempestades cada vez mais fortes se nada for feito para reverter o aumento da temperatura dos oceanos. "O furacão é como um motor que precisa de combustível. A lógica é que, com a mudança climática, o oceano fica mais quente e gera mais energia para o ciclone, que acaba causando mais estragos quando alcança o continente", explicou. "Os pesquisadores divergem sobre o efeito a longo prazo do aquecimento global. Eu acho que, se a temperatura continuar aumentando, teremos ciclones mais intensos", completou Wang. Lógica parecida serve para desastres causados por excesso de chuvas, as chamadas monções. Para Bob Henson, a intensidade pode ter aumentado por causa do aquecimento solar. "Temperaturas mais altas favorecem a evaporação das águas. O ambiente úmido da atmosfera permite chuvas mais fortes."
2017-06-10
ambiente
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http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/10/1924897-furacoes-estao-mais-frequentes-e-destruidores-este-ano.shtml
'Bingo' enfrenta 91 produções para tentar vaga no Oscar 2018
"Bingo: O Rei das Manhãs" foi o candidato brasileiro escolhido para tentar uma vaga no Oscar 2018 como melhor filme estrangeiro. Contudo, o longa precisa enfrentar um número recorde de 91 produções inscritas para se tornar um dos cinco indicados na categoria. O longa de Daniel Rezende vai competir com a produção da Netflix dirigida por Angelina Jolie, "First They Killed My Father", que representa o Camboja, e o sueco "The Square", de Ruben Ostlund, que venceu o Festival de Cannes deste ano. O vencedor do Urso de Ouro em Berlim também está na disputa: "On Body and Soul", de Ildiko Enyedi, representante da Hungria. Dos 92 filmes, nove serão selecionados para uma lista prévia a ser anunciada no final do ano. Os cinco finalistas serão anunciados em 23 de janeiro de 2018, junto com os indicados nas demais categorias do Oscar. A cerimônia de premiação acontecerá em 4 de março. O filme estrangeiro que levou a estatueta em 2017 foi o iraniano "O Apartamento", de Asghar Farhadi. Em protesto contra as restrições de entrada aos EUA impostas por Trump, o cineasta não viajou aos Estados Unidos para a cerimônia. "Bingo - O Rei das Manhãs" foi escolhido em uma seleção que ainda tinha longas como "Como Nossos Pais", de Laís Bodanzky, "Corpo Elétrico", de Marcelo Caetano, "O Filme da Minha Vida", de Selton Mello, "Gabriel e a Montanha", de Fellipe Barbosa, "João, o Maestro", de Mauro Lima, "Polícia Federal - A Lei É para Todos", de Marcelo Antunez, e "Vazante", de Danhiela Thomas, entre outros.
2017-06-10
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924920-bingo-enfrenta-92-producoes-para-tentar-vaga-no-oscar-2018.shtml
Nobel não elimina bombas, mas estimula mobilização social
O lado mais luminoso do Nobel da Paz para a Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares é o fato de ter sido concedido não a um indivíduo mas a um ator coletivo –a sociedade civil organizada– que tende a se tornar cada vez mais atuante e mais importante em um mundo em que os governos e os seus líderes estão quase universalmente com o prestígio em declínio. É claro que a campanha em si merece elogios e apoio. Se armas comuns já provocam infernal sangria, armas nucleares são o elemento mais próximo possível ao apocalipse que os seres humanos inventaram. Mas o mais elementar sentido comum obriga a reconhecer que tem razão Carl Bildt, o ex-premiê sueco, ao dizer, em artigo para o "Project Syndicate", que "ninguém com alguma conexão com a realidade acreditaria seriamente que os governos da China, Israel, Paquistão e Rússia simplesmente abandonarão suas armas nucleares porque a opinião pública voltou-se contra eles". Bildt poderia ter acrescentado que todas as nove potências nucleares do mundo boicotaram o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, assinado em julho nas Nações Unidas e que é o grande estandarte da Campanha agora premiada com o Nobel. Realismo à parte, importa que a Campanha conseguiu envolver 468 organizações da sociedade civil, espalhadas por 101 países. Essa mobilização é, em grande medida, responsável pelo tratado, apoiado por 122 países, assinado por 53 (Brasil inclusive) e já ratificado por três. Ou, posto de outra forma: pode não conseguir eliminar as armas nucleares dos países que já as possuem mas funciona como forte elemento de dissuasão para que os demais as busquem –elemento fortalecido simbolicamente pelo Nobel. O prêmio, aliás, vem em um momento em que armas nucleares são o foco de duas crises, uma já aberta e outra potencial. Há a busca da Coreia do Norte pelas armas atômicas e a ameaça dos Estados Unidos de Trump de atacar o país para evitar que chegue a elas. E há a outra ameaça americana, a de romper o acordo com o Irã em torno de seu programa nuclear, "o que poderia desencadear um segundo impasse nuclear em meio à crise da Coreia do Norte", como escrevem para o "Guardian" Saeed Kamali Dehghan e Jon Henley. Difícil saber se o Nobel deste ano fará com que Irã, Coreia do Norte e Donald Trump moderem suas posições, mas está dado o sinal de que a sociedade civil está mobilizada e ativa em "seu trabalho de atrair a atenção para as consequências humanitárias catastróficas do uso de qualquer arma nuclear", como disse Berit Reiss-Andersen, que lidera o comitê do Nobel, ao explicar a premiação. Já é um passo.
2017-06-10
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Crise econômica influencia poluição em SP
A crise econômica pode ter ajudado a melhorar a poluição na Grande São Paulo em 2015 e 2016. Com mais atividade econômica neste ano, o indicador volta a piorar. Um dos principais poluentes, o ozônio, que se forma com a reação de gases combustíveis de carros com outros químicos no ar, foi um problema menor nos anos de 2015 e 2016 que em 2014. A evolução é a mesma do movimento de veículos em estradas em torno da cidade: queda em 2015 e 2016, aponta a ABCR (associação de concessionárias). Em 2017, há mais fluxo -o índice de agosto é 2,52% maior que o do ano passado. O indicador do ar também se deteriorou: até setembro, foram 30 dias de ozônio em excesso, contra 32 em 2016 inteiro. "Não há razão tecnológica que justifique a variação do poluente, os carros são iguais, a inspeção veicular não voltou. Usou-se menos máquinas", afirma Gabriel Murgel Branco, sócio da consultoria Environmentality. Não se trata de fator preponderante, diz Lúcia Guardani, gerente da Cetesb: "A sensibilidade à economia existe, mas o fator meteorológico é muito importante." Leia a coluna completa aqui. ozonio
2017-06-10
colunas
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http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2017/10/1924895-economia-influencia-poluicao-em-sp.shtml
Engana que o Brasil gosta
O que chama a atenção no caso da prisão de Carlos Arthur Nuzman, o eterno cacique do Comitê Olímpico Brasileiro, não é apenas a corrupção exposta, mas o grau de empulhação que as autoridades —as políticas e as esportivas— conseguem vender para o público, que, por sua vez, a aceita bovinamente. Um pouco de memória: quando o Brasil foi escolhido para ser, sucessivamente, sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a tese vendida pelos dirigentes políticos e esportivos era a de que o país mudara de patamar, estava encaixado entre os grandes do mundo. Não era apenas a nação alegre e musical que o mundo admira mas também uma potência perfeitamente capaz de organizar os dois eventos que mais atenção concitam no planeta. O então presidente Lula, no discurso em que defendeu a candidatura do Rio, disse que havia participado fazia pouco da cúpula do G20, na qual havia sido desenhado "um novo mapa econômico mundial". Completou: "O Brasil conquistou o seu lugar" (nesse suposto novo mundo). Escolhido o Rio, Lula chorou, Sérgio Cabral, então governador do Rio, chorou, a delegação brasileira emocionou-se, Nuzman também chorou. Pena que, como se vê agora, o Brasil não conquistou seus Jogos Olímpicos por ter entrada em um suposto novo mapa-múndi econômico, mas por ter praticado seu ancestral esporte favorito, a corrupção. Comprou os jogos, para ser breve. Como se fosse pouco, a compra dos Jogos abriu a porteira para uma série de obras nas quais, como aparece na investigação em curso, houve o tradicional superfaturamento e as propinas, esquemas em que o prisioneiro Sérgio Cabral ganha medalhas de ouro —mesmo em um país em que elas são mais comuns do que arroz-com-feijão. O povo alegre e musical divertiu-se, no entanto, com a dupla escolha. Desandou a cantar "sou brasileiro/com muito orgulho/com muito amor". Passados apenas oito anos do que Lula chamara de "momento mágico", os dois máximos dirigentes do esporte brasileiro (Nuzman e José Maria Marin, da CBF) estão presos, o que só comprova o óbvio: os caciques do esporte não poderiam ser diferentes dos caciques políticos, uma penca destes também na cadeia ou denunciados ou condenados mas ainda soltos (caso de Lula, por exemplo). O "muito orgulho" da canção foi substituído pela vergonha, mostrou o Datafolha em junho: 47% dos brasileiros entrevistados à época afirmaram ter vergonha de serem brasileiros. Na noite de quinta (5), cruzei nos corredores da ESPN com Juca Kfouri, um Quixote quase solitário na denúncia dos desmandos das cúpulas do esporte. Juca acaba de lançar um livro de memórias cujo título diz tudo: "Confesso que perdi". Disse-lhe: "Ânimo, Juca, você ainda é novo o suficiente para ver um dia um país melhor". E ele: "Nem meus filhos verão. Quem sabe os netos". Que pelo menos os netos, os meus e os dele, não sejam tão facilmente enganados já seria um progresso.
2017-06-10
colunas
clovisrossi
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2017/10/1924891-engana-que-o-brasil-gosta.shtml
Maitê Proença simpatiza com 'Huck presidente' em evento sobre renovação política
Maitê Proença está esperançosa. "São idealistas, né?" A atriz foi nesta sexta-feira (6) ao lançamento do Renova Brasil, um "fundo cívico para a renovação política" que se propõe a bancar cerca de 150 "bolsistas" interessados em disputar eleições. Estima-se que o valor varie entre R$ 5.000 e R$ 8.000, a depender da região do país, espelhando a média paga em "programas de trainees". Na linha de frente dos simpatizantes vêm o apresentador Luciano Huck, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, o publicitário Nizan Guanaes, o empresário Abilio Diniz e o ex-técnico de vôlei Bernardinho. A ideia do Luciano político, aliás, é uma que Maitê "gosta muito". Com seu nome na bolsa de apostas para presidenciável, o global "tem todos os traquejos, é honesto, saberia fazer", afirma a artista. Já sobre um amigo comum dos dois, que por pouco não virou presidente do Brasil em 2014, Maitê Proença prefere silenciar. "É muito ruim falar dos amigos da gente. Na hora em que pisam nos pântanos, a gente tem que se recolher", diz Maitê sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cujo afastamento do cargo após denúncias de corrupção virou fonte de atritos entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal. Mas Maitê não quer falar de Aécio. Aposta suas fichas, agora, em "gente fazedora" que venha da sociedade civil. "Parece ser o caminho que nos sobrou". O empresário Eduardo Mufarej se diz disposto a pavimentar essa via cívica, como diz no Campus Google em São Paulo. Ele apresenta seu Renova Brasil como uma iniciativa capaz de formar quadros hoje excluídos do tabuleiro político "por falta de estrutura". "É como se eles tivessem que escalar um Everest, enquanto o outro está andando de carro na rodovia dos Imigrantes". Escancarado fica o apreço do grupo por certos movimentos (MBL, Acredito, Vem Pra Rua) e partidos (Novo, Rede), que têm seus logos estampados no telão. SUSPENSÃO Antes da apresentação, Mufarej –sócio da Tarpon Investimentos e presidente da Somos Educação S.A.– rebate um pedido de investigação contra seu ainda inativo fundo, feito pelo deputado Jorge Solla (PT-BA) à procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O petista questiona os "reais objetivos" do projeto e defende sua suspensão, por acreditar que ele é uma forma de driblar o veto a doações de empresas a campanhas eleitorais. A proibição, de 2015, partiu do Supremo. Bobagem, diz Mufarej. "Não é financiamento de jeito nenhum. A gente está apresentando hoje o projeto. Achei inusitado que já tem quem queira investigá-lo". O que é o Renova Brasil então, nas palavras de seu idealizador: a formação de lideranças que eventualmente queiram se candidatar. Esta "academia de formação", com funcionamento previsto para o período de janeiro a junho de 2018, contará com "blending learning" (sistema de ensino semipresencial) e matérias eletivas (em campos como segurança pública e educação), segundo o empresário. Será um "coaching" para novos líderes –que precisam ter 21 anos ou mais, ficha limpa e zero mandato nas costas. Uma das candidatas ao processo seletivo para ganhar a Bolsa Eleição é Carla Zambelli, capitã do Nas Ruas, movimento que lutou pelo impeachment de Dilma Rousseff. A neófita eleitoral se filiou dias atrás ao Partido Novo e está de olho na Câmara dos Deputados. "O que tinha para fazer aqui fora já se esgotou", diz, balançado a pulseira de miçangas que formam a bandeira brasileira. QUEM SÃO? Dois jovens concorrentes falaram à plateia no Google, exato um ano antes das eleições de 2018. Com diploma de Yale (relações internacionais), Daniel Oliveira, 29, também é do Novo. Diz ter vindo de "uma realidade muito simples", caçula de 11 irmãos e filho de uma ex-diarista que hoje estuda para o Enem. "Minha mãe ficou mais assustada [com a ambição política] do que quando fui trabalhar com refugiados no Oriente Médio". Alessandra Monteiro, 31, tentou uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo três anos atrás, pelo PSB. Os 16 mil votos não bastaram. Agora na Rede, ela conta que seu despertar político envolve um dia chuvoso em que ficou encharcada num ponto de ônibus sem telhado. "De saltinho", foi "um caos chegar no trabalho" naquelas condições. "Precisava ter teto [na parada]. Nesses momentos, a gente começar a pensar em como a política impacta sua qualidade de vida, sim". Empolgada com o mote "renovação", Maitê Proença discorria sobre a debacle brasileira no café da manhã que antecedeu o evento, à base de pão de queijo, bombinhas de chocolate e suco de caixa. Seja por "falta de conhecimento, preguiça ou conforto", a sociedade civil não pode se eximir da responsabilidade, diz. "A gente não sabe votar, a gente que botou essa gente lá. A culpa é nossa! A gente colocou essa gente ali!"
2017-06-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924901-maite-proenca-simpatiza-com-huck-presidente-em-evento-sobre-renovacao-politica.shtml
Planalto discute vetar emenda que cria censura sem aval da Justiça
Após a constatação de problemas no projeto da reforma política aprovado na quinta-feira (5) pelo Congresso, o Palácio do Planalto discute na manhã desta sexta-feira (6) se fará vetos parciais ao texto ou se o manterá como veio do Legislativo. Entre os pontos mais polêmicos está uma emenda que abre brecha para censura a mensagens em redes sociais sem a necessidade de autorização da Justiça. Outra questão que está sendo discutida é a revogação de um artigo de uma lei em vigor que limitou a possibilidade de candidatos injetarem livremente recursos em suas campanhas. Pelo texto, cada político poderia doar a si próprio a mesma quantidade que qualquer cidadão comum, ou seja, de até dez salários mínimos (R$ 9.690,00). O presidente Michel Temer está conversando com os presidentes da Câmara - Rodrigo Maia (DEM-RJ) - e do Senado - Eunício Oliveira (PMDB-CE) - para encontrar uma saída para o assunto. Também estão sendo consultadas lideranças partidárias e técnicos jurídicos do Planalto. Temer tem até esta sexta-feira (6) para sancionar e publicar no Diário Oficial o novo projeto. O texto tem de estar em vigor até sábado (7) para ter validade para as eleições de 2018. O deputado Áureo (SD-RJ), autor da emenda que pode censurar comentários em redes sociais, afirmou que seu objetivo era coibir apenas os perfis falsos na internet. Mas que diante do que ele classificou como uma repercussão equivocada de de sua proposta, pediu a Maia que recomendasse à Presidência da República o veto. Segundo ele, não há pressa e a proposta pode ser discutida em outro projeto de lei. Entidades como ANJ (Associação Nacional de Jornais), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) criticaram a emenda. Pelo texto aprovado, a medida obrigará sites a suspender, sem decisão judicial, a publicação de conteúdo denunciado como "discurso de ódio, disseminação de informações falsas ou ofensa em desfavor de partido ou candidato". A denúncia poderá ser feita por qualquer usuário de internet ou rede social. AUTOFINANCIAMENTO Ao aprovar às pressas um projeto que coloca fim à discussão da reforma política no Congresso, senadores não perceberam que o texto aprovado pode por fim ao autofinanciamento. Eles retiraram um artigo no texto aprovado pela Câmara que estabelecia teto de até R$ 200 mil para o dinheiro que o candidato pode usar em sua campanha. Ao fazer isso, eles deixaram no texto aprovado um outro artigo que revoga a permissão de autofinanciamento, inscrita em uma lei de 1997, em vigor atualmente. A revogação fazia menção apenas ao artigo e ao número da lei, não ao tema, o que pode ter contribuído para a confusão. Uma saída possível para o impasse é Temer vetar o artigo que revoga o autofinanciamento. Se essa for a escolha do Palácio do Planalto, será criado outro problema. No mesmo trecho são revogados artigos de outra lei, aprovada em 2015, que prevê limites para gastos de campanha. Ou seja, se houver veto a todo esse trecho ficarão valendo duas regras distintas que limitam gastos de campanha. O relator do projeto no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE), reconhece que houve distração durante a análise do projeto. Mas vê a possibilidade de o texto entrar em vigor como está e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) regulamentar a doação de candidatos às próprias campanhas. Já Eunício não vê problemas no projeto. "Doação é uma coisa e autofinanciamento é outra muito diferente", afirma. O peemedebista defendeu ainda que Temer vete outros pontos do projeto, como o que gerou margem para censura na internet.
2017-06-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924900-planalto-discute-vetar-emenda-que-cria-censura-sem-aval-da-justica.shtml
Chico Buarque anuncia turnê nacional do disco 'Caravanas'
O cantor Chico Buarque anunciou nas redes sociais que inicia em dezembro a turnê nacional do disco "Caravanas", lançado em agosto deste ano. "Caravanas" é o 23º álbum solo de estúdio do artista, o primeiro após seis anos do lançamento de "Chico", de 2011. A primeira apresentação será no dia 13 de dezembro no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Depois, a turnê segue para temporada de três semanas no Rio de Janeiro, entre os dias 4 a 21 de janeiro de 2018, no Vivo Rio. Após o carnaval, "Caravanas" desembarca em São Paulo para quatro semanas de apresentações no Tom Brasil, de 1 a 11 de março e de 22 de março a 1 de abril. A turnê deve se estender ainda para outras capitais, que serão anunciadas em breve. As vendas para o show de Belo Horizonte começam na próxima quarta-feira (11) pelo site www.ingressorapido.com.br. Os ingressos para os shows no Rio de Janeiro estarão disponíveis a partir de 13 de outubro no site www.vivorio.com.br e, para São Paulo, em 18 de outubro nos sites www.grupotombrasil.com.br e www.ingressorapido.com.br. Os preços dos ingressos variam entre R$ 200 e R$ 490, com direito à meia-entrada. Confira o anúncio oficial: chico
2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924893-chico-buarque-anuncia-turne-nacional-do-disco-caravanas.shtml
O inusitado currículo do Nobel de Química, que faz graça com a própria dislexia
O biofísico suíço Jacques Dubochet ganhou na quarta-feira (4) o Prêmio Nobel de Química de 2017 juntamente com os cientistas Joachim Frank e Richard Henderson. A Academia Real de Ciências da Suécia agraciou o trio por "desenvolver a criomicroscopia eletrônica para a determinação estrutural em alta resolução de biomoléculas em soluções". O novo método envolve o congelamento rápido das biomoléculas, preservando sua estrutura natural. O desenvolvimento da tecnologia tem um enorme potencial de aplicação na medicina, uma vez que permite visualizar detalhes das biomoléculas em cada parte das células e, a partir daí, desenvolver novos tratamentos. No entanto, essa descoberta não é a única pela qual Dubochet, professor aposentado da Universidade de Lausanne, na Suíça, pode se orgulhar. 'PAIS OTIMISTAS' De acordo com seu curriculum vitae, disponível no site da instituição, sua primeira grande conquista foi aos 6 anos. "1946: parei de temer a escuridão, porque o sol volta a sair. Foi Copérnico quem explicou isso", diz o currículo, de apenas 240 palavras. Ele destaca ainda o início de sua carreira como cientista experimental entre 1948 e 1955 (ou seja, dos seus 6 a 13 anos), quando brincava "com facas, agulhas, cordas e fósforos". O bem humorado currículo do cientista, além de ser invejável, tem um ar de mistério: não revela o dia do seu nascimento. Em vez disso, traz uma observação: "concebido por pais otimistas", em outubro de 1941. PRIMEIRO DISLÉXICO OFICIAL Sem alarde, Dubochet lista seus cargos em várias instituições científicas, como a presidência do departamento de biologia em Lausanne, conquistada em 1998. Também cita a conclusão de sua tese de biofísica nas Universidades de Genebra e da Basileia, em 1973, destacando tudo o que aprendeu com seu professor Eduard Kellenberger, que lhe "ensinou biofísica, responsabilidade ética e [o significado] de uma amizade duradoura". Além de seus pontos fortes, Dubochet apresenta com orgulho suas fraquezas. "1955: primeiro disléxico oficial do cantão de Vaud. Isso possibilitou ser ruim em tudo... e entender aqueles que tinham dificuldades", diz o currículo. A última frase faz referência a sua vida pessoal. "Casado, dois filhos (grandes). Interesses: interdisciplinaridade, socialização, política (esquerda), montanha e natureza." Se você está prestes a atualizar seu currículo, talvez não seja uma boa ideia copiar o modelo do cientista suíço, a menos que você também tenha um Nobel.
2017-06-10
ciencia
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http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/10/1924856-o-inusitado-curriculo-do-nobel-de-quimica-que-faz-graca-com-a-propria-dislexia.shtml
Parlamento catalão estuda se reunir na terça para declarar independência
Adiando ainda mais a polêmica declaração de independência, o presidente catalão, Carles Puigdemont, se propôs a comparecer ao Parlamento regional na próxima terça-feira (10). Era até então esperado que ele o fizesse um dia antes, na segunda-feira (9). A reunião foi confirmada pelos legisladores e está agendada para as 18h locais (13h em Brasília). Puigdemont pode aproveitar a oportunidade para declarar a separação total da Catalunha, hoje um território espanhol com alguma autonomia, incluindo uma polícia. O pedido de adiar a sessão está relacionado a uma decisão do Tribunal Constitucional, que na véspera havia suspendido de maneira cautelar o plenário de segunda. Essa mesma corte havia também vetado o próprio plebiscito separatista do dia 1º, o que não foi cumprido pelas autoridades catalãs. A consulta contou com 2,2 milhões de votos, o equivalente a 42% do eleitorado local, e teve aprovação de 90%. O resultado definitivo do voto foi divulgado nesta sexta (06). A declaração unilateral de independência, se ocorrer na semana que vem, levará a crise espanhola a seu ápice. O governo central em Madri não vai reconhecer a separação catalã. Tampouco o fará a União Europeia, bloco do qual uma Catalunha independente ficaria de fora. O presidente regional Puigdemont pode ser detido pelo Estado espanhol e responder a uma série de acusações, incluindo uso irregular de fundos públicos, como aqueles empregados em seu plebiscito. O projeto separatista, no entanto, tem sofrido uma série de golpes nestes dias. Bancos e empresas, por exemplo, anunciaram que vão deixar a Catalunha. Nesta sexta-feira (6), o CaixaBank, terceiro maior banco da Espanha, decidiu mudar sua sede da Catalunha para Valencia. Antes dele, o banco Sabadell já tinha anunciado que se mudaria para Alicante. Na sexta-feira, a gigante companhia de energia Gas Natural Fenosa anunciou sua transferência a Madri. Outro revés foi a declaração do ex-presidente catalão Artur Mas ao jornal "Financial Times" de que a Catalunha não está preparada para a "independência real". "Para ser independente há algumas coisas que ainda não temos", afirmou, no que foi recebido como um choque. DESCULPAS A consulta popular de 1º de outubro foi marcada pelo desafio separatista e pela resposta repressiva da polícia espanhola. Quase 900 pessoas foram feridas, segundo o governo catalão, um número já contestado pelas autoridades em Madri. O delegado do governo central na Catalunha, Enric Millo, lamentou os incidentes e se desculpou nesta sexta-feira (6) pelas consequências da atividade policial no plebiscito. Mas ele responsabilizou, por outro lado, a administração catalã por ter insistindo em uma consulta popular considerada ilegal. "Isso teria sido evitado se o presidente catalão tivesse pedido que as pessoas não ocupassem os colégios", Millo disse em entrevista à TV3. A polícia enfrentou barreiras em 13 dos 2.315 pontos de votação, ele afirmou. A Polícia Nacional, que atua em todo o território espanhol, e a Guarda Civil, com atribuições militares, foram enviadas por Madri à Catalunha para impedir o plebiscito de 1º de outubro. Elas substituíram a polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra. O governo espanhol considera que essa força deixou de cumprir suas ordens e agiu com interesse político, permitindo o voto. O chefe dos Mossos, Josep Lluís Trapero, compareceu na sexta-feira à Audiência Nacional para uma primeira declaração sobre a acusação de sublevação. Ele nega. Em paralelo, grupos contrários à separação da Catalunha estão organizando demonstrações em massa para o próximo domingo (8) em Barcelona. A marcha foi convocada pela Sociedade Civil Catalã, organização favorável à permanência na Espanha. Entre os convidados confirmados está o escritor peruano Mario Vargas Llosa ("Pantaleão e as Visitadoras"), Nobel de Literatura.
2017-06-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924878-parlamento-catalao-estuda-se-reunir-na-terca-para-declarar-independencia.shtml
COI afasta Nuzman de funções e suspende o Comitê Olímpico do Brasil
O Comitê Executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciou nesta sexta-feira (6) que Carlos Arthur Nuzman, preso nesta quinta-feira (5) pela Polícia Federal, foi suspenso de suas funções na entidade. Nuzman era membro honorario do COI e integrava a comissão de coordenação para os Jogos de Tóquio-2020. Além disso, o comitê internacional suspendeu o Comitê Olímpico Brasileiro. Com a punição, o COB está impedido de receber pagamentos e subsídios repassados pelo COI. O comitê nacional também perde seus direitos como filiado ao COI, como fazer parte de associações de comitês olímpicos nacionais. Apesar disso, o COI ressaltou que os atletas brasileiros não serão prejudicados. O país poderá enviar delegação para os Jogos Olímpicos de Inverno, que ocorrerão em fevereiro próximo, em PyeongChang, na Coreia do Sul, e outros eventos. Bolsas escolares a atletas do país, geralmente concedidas por meio do programa Solidariedade Olímpica, também estão mantidas. O COI repassou, em 2016, US$ 540 milhões aos seus 206 comitês olímpicos nacionais associados, segundo seu relatório anual do último ano. Se o valor fosse dividido igualitariamente, cada comitê nacional receberia pouco mais de R$ 8 milhões. As sanções, que são provisórias, passam a vigorar de imediato. Elas só serão derrubadas um vez que a liderança do COB apresente um plano de governança que satisfaça o comitê executivo do COI. Liderado por seu presidente, o alemão Thomas Bach, o comitê executivo do COI acatou recomendação da comissão de ética da entidade, deliberada nesta sexta-feira (6). O chefe da comissão, o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, expressou que Nuzman ainda tem direito a defesa, mas diante da gravidade dos fatos é urgente que o COI tome uma posição. Em respeito à regra 59 da Carta Olímpica, ele sugeriu que o COI retirasse Nuzman dos cargos que ocupava, o que foi acatado. RIO-2016 Na mesma nota divulgada, o COI afirmou que encerrou toda e qualquer obrigação com o Comitê Organizador dos Jogos do Rio, do qual Nuzman é presidente, em dezembro de 2016. E que todas as cooperações financeiras até mesmo excederam o que era combinado. Assim, o COI não dará qualquer assistência ao Rio-2016, que hoje ainda tem uma dívida de quase R$ 130 milhões a saldar com fornecedores, consumidores e ex-funcionários. "O COI decide suspender provisoriamente todas as relações com o Rio-2016", disse o comunicado. A suspensão pode ser revista caso problemas de governança do Comitê Organizador Rio-2016 satisfaçam a cúpula do COI. Entretanto, dificilmente a dívida dos organizadores será quitada, uma vez que a prefeitura do Rio, o governo do Estado e a União têm se recusado a repassar recursos. HABEAS CORPUS Na noite desta sexta (6), a defesa de Nuzman protocolou no Tribunal Regional Federal da 2ª Região pedido de habeas corpus e de anulação da operação que levou à prisão do dirigente do COB. Na petição, os advogados do cartola afirmam que as investigações permitiram a "participação abusiva de autoridades francesas" –que deram origem às suspeitas sobre Nuzman no Brasil e que houve divergências entre o Ministério Público e a PF na operação. A defesa do dirigente diz ainda que ele nunca exerceu cargo público e que a suposta compra de votos para o Rio envolveria apenas entidades privadas", um episódio, segundo os advogados, "longevo, ocorrido há cerca de oito anos". *
2017-06-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924882-coi-afasta-nuzman-de-funcoes-e-suspende-o-comite-olimpico-do-brasil.shtml
UE decide sobretaxar aço laminado a quente do Brasil por dumping
A União Europeia (UE) decidiu sobretaxar o aço laminado a quente do Brasil, Irã, Rússia e Ucrânia, após queixa de siderúrgicas europeias de que o produto usado para construção e maquinários estava sendo vendido a preços excessivamente baixos. A UE cobrará uma tarifa antidumping de € 17,60 a € 96,50 (R$ 64,60 a R$ 354) por tonelada a partir de sábado (7), informou o diário oficial do bloco na sexta-feira. A Comissão Europeia inicialmente havia proposto estabelecer um preço mínimo —de € 472,27 por tonelada—, mas revisou a proposta depois de não receber o apoio de países membros da UE. Entre as empresas sujeitas à sobretaxa estão as unidades brasileiras de ArcelorMittal e Aperam, que também produzem na Europa, a Companhia Siderúrgica Nacional, Usiminas e Gerdau —com taxas entre € 53,40 e € 63 por tonelada. O aço iraniano estará sujeito a uma taxa de € 57,50 por tonelada e a ucraniana Metinvest Group à cobrança de € 60,50. As taxas para os produtores russos variaram entre € 17,60 para a PAO Severstal, € 53,30 para a Novolipetsk Steel e € 96,50 por tonelada para a MMK. A Comissão também encerrou sua investigação sobre as importações de aço da Sérvia sem propor medidas.
2017-06-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924876-ue-decide-sobretaxar-aco-laminado-a-quente-do-brasil-por-dumping.shtml
Rocinha tem duas mortes e adolescente baleada em confronto
A favela da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio, foi palco de novos confrontos na madrugada desta sexta-feira (6). Ao menos duas pessoas morreram uma adolescente foi baleada dentro de casa em tiroteios entre polícia e traficantes. A despeito da saída das Forças Armadas da comunidade no último dia 29, traficantes continuam no local. A polícia militar continua na favela com grande com 550 homens, que fazem operações diárias para tentar capturar traficantes escondidos na comunidade. A adolescente atingida foi socorrida ao hospital e submetida a uma drenagem no tórax. Ela se encontra em observação. A polícia não divulgou a identidade dos suspeitos mortos. Em 12 de setembro, a facção ADA (Amigo dos Amigos), que domina a Rocinha, rachou, dando início a uma guerra entre traficantes. Grupo ligado ao então chefe da quadrilha na favela, Rogério Avelino, o Rogério 157, conseguiram frustrar tentativa de invasão de um grupo ordenado pelo antigo chefe, oAntônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em Rondônia. Rogério 157 era braço direito de Nem quando ele foi preso, em 2011, mas se recusou a devolver o controle das bocas de fumo do morro, que estão entre as mais rentáveis da cidade. A polícia interviu na guerra e no dia 17 cerca de mil homens das Forças Armadas ocuparam o morro. Após uma semana de operação, as tropas federais deixaram a Rocinha e a polícia militar aumentou o efetivo no local. Há a suspeita que após o racha no tráfico local, o grupo de Rogério 157 estaria sendo sondado para mudar para o Comando Vermelho, a maior facção do Rio. Enquanto a suspeita não é confirmada, o que se sabe ao menos é que há dois grupos rivais que aguardam o fim do cerco policial para voltar a tentar tomar o controle da comunidade. Confrontos pontuais têm ocorrido no local. A secretaria municipal de Educação fechou escolas da Rocinha com receio de tiroteios. FORÇAS ARMADAS Apesar de ter deixado a Rocinha, as Forças Armadas continuam no Rio e mantém operações com o objetivo de reduzir o poder de fogo do tráfico. Nesta sexta-feira, a polícia do Rio e as Forças Armadas fizeram desde a madrugada uma mega operação no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte do Rio. O objetivo é cumprir 31 mandados de prisão contra suspeitos de integrarem o tráfico de drogas no local. Ao menos 12 pessoas haviam sido presas e apreendida quantidade ainda não divulgada de drogas. Segundo a secretaria estadual de Segurança Pública do Rio, ao menos seis dos presos participaram da tentativa frustrada de invasão da Rocinha no mês passado. A ação contou com cerca de mil homens, entre militares das Forças Armadas, agentes da Força Nacional, policiais militares e civis. A operação tem apoio de helicópteros e de veículos blindados. Agentes da UPP do Morro dos Macacos investigaram por três meses a atuação dos traficantes de drogas do local. A Polícia Civil identificou 31 homens que tiveram mandado de prisão expedidos pela Justiça. A investigação teria apontado que homens da favela teriam tido papel importante durante a guerra do tráfico na Rocinha. O Morro dos Macacos seria a segunda maior favela dominada pela facção ADA (Amigo dos Amigos), a mesma que controlava a Rocinha, antes de seus líderes racharem. Um dos chefes teria sido aliado de Rogério Avelino, o Rogério 157, comandante do tráfico da Rocinha. Agora, contudo, ele estaria alinhado com seu rival, Antônio Bonfim Lopes, o Nem. A polícia suspeita que bandidos do Morro dos Macacos estariam planejando uma nova tentativa de invasão da Rocinha.
2017-06-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924873-policias-civil-e-militar-cumprem-mandados-de-prisao-em-favela-do-rio.shtml
Entenda do que a Argentina precisa para evitar vexame e ir à Copa
Com 17 partidas disputadas, apenas 16 gols marcados e 25 pontos conquistados, a Argentina chega à última rodada das Eliminatórias com uma campanha péssima e risco real de ficar de fora da Copa do Mundo pela primeira vez desde 1970. No jogo decisivo, na próxima terça-feira (10), Messi e companhia visitam o eliminado Equador em Quito. Entenda os cenários que eliminam ou classificam os argentinos: Para conquistar a vaga direta à Copa Se vencer Para terminar entre os quatro primeiros colocados das Eliminatórias e carimbar a vaga direta ao Mundial, a Argentina não depende mais só de si. Tem que vencer o Equador e torcer por um dos seguintes cenários: derrota ou empate do Chile diante do Brasil, no Allianz Parque; empate entre Peru e Colômbia; ou vitória do Peru sobre a Colômbia por uma diferença de gols menor que a da vitória argentina. Se empatar Já se empatar com o Equador, a Argentina ainda pode conquistar a vaga direta. Neste caso, dependeria de uma vitória do Brasil sobre o Chile por dois ou mais gols, aliada a uma vitória da Colômbia sobre o Peru (ou uma vitória do Peru sobre a Colômbia por dois ou mais gols de diferença). Além disso, o Paraguai não pode vencer a eliminada Venezuela em casa. Se perder Caso perca, a Argentina não tem como conquistar a vaga direta. Para ir à repescagem Se vencer A Argentina pode ainda terminar na quinta colocação, o que a mandaria para a repescagem contra a Nova Zelândia, campeã da Oceania, por uma vaga na Copa. Para isso acontecer, basta vencer o Equador. A vitória em Quito, na pior das hipóteses, joga os argentinos para a repescagem. Se empatar Já se empatar com os equatorianos, a Argentina precisa novamente torcer por resultados favoráveis em outros jogos. Dependeria da combinação de dois dos seguintes quatro cenários: derrota do Chile por dois ou mais gols contra o Brasil; vitória da Colômbia sobre o Peru; vitória do Peru por dois ou mais gols de diferença contra a Colômbia; tropeço do Paraguai contra a Venezuela. Se perder Mesmo se perder em Quito, a Argentina ainda pode ir à repescagem, mas a combinação é bem mais improvável. Para isso, o Peru precisa perder da Colômbia por uma diferença de gols superior à da derrota argentina para o Equador, e o Paraguai novamente tem que tropeçar em casa contra a Venezuela. *O primeiro critério de desempate nas Eliminatórias é o saldo de gols, e não o número de vitórias.
2017-06-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924874-entenda-do-que-a-argentina-precisa-para-evitar-vexame-e-ir-a-copa.shtml
Inflação sobe 0,16% em setembro puxada por alta do preço da gasolina
O aumento do preços dos combustíveis levou a uma alta de 0,16% da inflação em setembro, quase o dobro do esperado por analistas. O IPCA, a inflação oficial do país, subiu 0,16% em setembro, após alta de 0,19% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (6). O índice acumula alta de 1,78% no ano —menor resultado registrado pelo IBGE desde 1998 para o mês de setembro. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA ficou em 2,54%. Analistas ouvidos pela Bloomberg esperavam uma alta de 0,09% em setembro e de 2,47% no acumulado em 12 meses. A expectativa do mercado é que a inflação em 2017 fique abaixo do piso da meta. A projeção de economistas ouvidos pelo Banco Central é que o IPCA termine o ano em 2,95%. Se isso ocorrer, será a primeira vez que o BC terá que justificar uma inflação abaixo da meta, atualmente fixada em 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. "Ainda há o risco de a inflação terminar o ano abaixo do piso da meta... O dado do IPCA de setembro não altera o cenário prospectivo de inflação, rodando abaixo do centro da meta por um longo tempo", afirmou o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno. Inflação - Variação do IPCA, em % COMBUSTÍVEIS De acordo com o IBGE, o litro da gasolina ficou em média 2,22% mais caro em setembro na comparação com agosto. O instituto atribui a alta a mudanças na política de preços dos combustíveis, que passaram a ser reajustados com maior frequência pela Petrobras. Em setembro, a empresa promoveu altas expressivas no preço da gasolina em função da alta nas cotações internacionais decorrente do impacto da passagem da tempestade Harvey pelos Estados Unidos, que reduziu temporariamente a capacidade de refino do país. Foi observada uma alta de 0,79% nas despesas com transporte de modo geral. ALIMENTOS E HABITAÇÃO Os alimentos e bebidas registraram a quinta queda consecutiva na pesquisa (-0,41%), embora a taxa tenha desacelerado em relação a agosto, quando o recuo foi de 1,07%. "A safra do primeiro semestre foi o aspecto determinante para a diminuição no valor dos alimentos", afirma o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves. As maiores altas entre os alimentos foram as carnes (que passaram de -1,75% em agosto para 1,25% em setembro) e as frutas (de -2,57% em agosto para 1,74% em setembro). O preço do tomate, antes vilão da inflação, caiu 11,01%. Outro grupo cujos preços caíram em setembro foi o de habitação (-0,12%), puxada principalmente pela redução das despesas com energia elétrica, com a entrada em vigor da bandeira amarela em 1º de setembro. Segundo Gonçalves, a cobrança do quilowatt-hora dos domicílios foi reduzida em R$ 0,01. Por outro lado, a elevação do preço do gás de botijão de 13 kg levou a um aumento de 4,81% do item no IPCA. Com a Reuters
2017-06-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924872-inflacao-sobe-016-em-setembro-alimentos-caem-pelo-5-mes-seguido.shtml
Uma visão moderna e de longo prazo para os biocombustíveis
No setor de combustíveis líquidos, o Brasil está diante de duas opções: resignar-se à condição de importador estrutural, construindo mais terminais portuários para viabilizar a compra externa de estimados 24 bilhões de litros de gasolina e 28 bilhões de litros de diesel por ano em 2025, com dispêndio anual de 20 bilhões de dólares, a preços atuais; ou criar condições que viabilizem a retomada do interesse no investimento privado em biocombustíveis, consolidando a sua transição da economia do carbono para a sustentável. Por esse motivo, e considerando também que não há tempo hábil para se construírem novas refinarias de petróleo, o país está diante do desafio de criar uma regulação que revitalize o estratégico setor de biocombustíveis e da oportunidade de reafirmar o compromisso assumido no Acordo do Clima de Paris, fazendo parte da Plataforma Bio Future, lançada pelo Brasil e mais 19 nações na COP22 (Conferência das Partes sobre Mudança do Clima), promovida pelas ONU, em Marrakech, no Marrocos, em novembro de 2016. Com isso, as metas de emissão de carbono seriam atendidas com uma atividade consagrada em nosso território, ao mesmo tempo em que se promoveria desenvolvimento econômico no interior. A intenção do governo brasileiro é ter o detalhamento e números para apresentar na próxima COP23, em Bonn (Alemanha). As diretrizes dessa regulação, denominada RenovaBio, foram recomendadas recentemente pelo Conselho Nacional de Política Energética e aprovadas pela Presidência da República em 30 de junho. É proposta moderna e inovadora, que tem como ponto de partida a atual participação dos biocombustíveis na matriz energética e a premissa de que cresça ao longo do tempo, em harmonia com os demais combustíveis. O objetivo da RenovaBio é induzir ganhos de eficiência energética na produção e no uso de biocombustíveis e reconhecer a sua capacidade de promover descarbonização. Com essa medida, e sem subsídios, será criada em definitivo uma previsão sobre o seu mercado futuro, induzindo, estimulando e viabilizando maior competitividade, menores custos e preços mais baixos para os consumidores. Na área ambiental, os automóveis flex, quando abastecidos com etanol, já emitem menos gases do efeito estufa, em gramas de CO2 equivalente por quilômetro, do que o carro elétrico europeu projetado para 2040 (eletricidade de fonte fóssil). Esta é, intrinsecamente, uma conquista avassaladora. Com a introdução de tecnologias já disponíveis no setor automotivo, será possível reduzir significativamente o consumo energético dos atuais veículos flex e diminuir ainda mais suas emissões. Essa tendência deve intensificar-se com a introdução dos híbridos flex, capazes de utilizar etanol, e de carros equipados com células a combustível movidos a etanol. O mesmo efeito será obtido com a expansão, nos transportes, do uso do biodiesel, do biometano e do bioquerosene. A estratégia de desenvolver o mercado de biocombustíveis acelerará importantes setores a ele relacionados, como o de automóveis e autopeças, de máquinas e implementos, químico e de fertilizantes. A renda gerada no interior tem impulsionado vários polos de crescimento em todos os Estados onde a atividade está presente, contribuindo de maneira expressiva para a arrecadação de tributos e menores investimentos em infraestrutura. É valor que se gera e se mantém circulando na economia, em vez de ir embora na importação de combustíveis fósseis, que geram poluição local e aquecimento global. O incentivo aos biocombustíveis representa oportunidades históricas de aliar as políticas de desenvolvimento agroindustrial e energética e de recuperar o setor da cana-de-açúcar, que sofreu enormes prejuízos nos últimos nove anos, advindos de políticas equivocadas de subsídio de preço e redução de tributos à gasolina, na direção contrária do que preconizam todos os países comprometidos com o controle do aquecimento global. O Brasil tem uma vocação reconhecida na produção agroindustrial, e o nosso setor de biocombustíveis é motivo de elogio de estadistas e especialistas de todo o mundo. O governo federal toma uma medida acertada ao definir como meta a criação de bases sustentáveis para o seu desenvolvimento, sem sobressaltos, na direção de maior eficiência e menores custos para a sociedade no longo prazo. A decisão ocorre no momento propício em que a Única (União da Indústria de Cana-de-açúcar), representando o setor canavieiro, e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) firmam compromisso para desenvolver soluções conjuntas destinadas ao fomento dos biocombustíveis e da engenharia automotiva nacional e que o presidente da Petrobras anuncia apoio ao seu desenvolvimento. Com a energia renovável que vem da terra, nosso país ampliará muito a sua contribuição para a luta global contra as mudanças do clima e dará um novo e consistente passo para gerar investimentos, emprego e renda. JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e membro da Academia Nacional de Agricultura PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2017-06-10
opiniao
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http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1924745-uma-visao-moderna-e-de-longo-prazo-para-os-biocombustiveis.shtml
Quanto os planos de saúde devem ao SUS?
O último cálculo estava em quase R$ 4,5 bilhões! Mas que dívida é esta? Reza a lenda (sim, porque algumas leis no Brasil viram lenda) que, segundo o artigo 196 de nossa Constituição, "a saúde é um direito de todos e um dever do Estado". E mais, no artigo 199, "a assistência à saúde é livre à iniciativa privada". Ou seja, apesar de ser dever do Estado, todos aqueles que quiserem, ou puderem, poderão comprar saúde da livre iniciativa. Em nenhum momento estes dois artigos entram em conflito! O cidadão brasileiro, se quiser e tiver condições econômicas para tal, terá o direito de cuidar de sua saúde pelo sistema público e pelo privado (suplementar). Entretanto (e o Brasil é o país dos "entretantos") o parágrafo 2 do artigo 199 é claro: é vedada a destinação de recursos públicos para auxílio ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. E daí? O que se entende por isso? Pode ser considerada subvenção pública às instituições privadas quando um cidadão, que tem direito às duas formas de atendimento, for atendido por um hospital público em regime de emergência? A gestão pública entende que sim! A privada (planos de saúde), não! O custo desse atendimento assumido pelo Estado deve ser ressarcido pelo plano de saúde, ao qual o cidadão já paga, assim como também paga à previdência? Ou será que esse valor será devido ao próprio cidadão pela operadora, que ao vender o contrato também é a responsável por esse tipo de atendimento? A minha opinião como médico e como cidadão é esta: o credor dessa dívida é o cidadão! Neste caso, o paciente que, ao ser atendido em um hospital público, em vez de um do seu plano de saúde, na grande maioria das vezes, o faz não por opção, mas sim por falta dela, numa condição de emergência ou mesmo de acesso naquela área ou naquele momento. É difícil aceitar a justificativa declarada por alguns "gestores" públicos que o ressarcimento ao SUS reinjetaria esse valor no sistema público, gerando um melhor atendimento. Bem sabemos (ou melhor, mal sabemos) o que é feito com as verbas que já são especificamente destinadas para esse fim. Mas, queiramos ou não, esta querela dura anos. Os tribunais e os advogados pugnam em ações que se perdem no tempo. Os planos de saúde, muito bem organizados e possuidores de um verdadeiro exército de competentes advogados, conseguem postergar eternamente o pagamento, e esta dívida que logicamente existe, e é legítima, não beneficia nem o Estado e muito menos o cidadão! Para se ter uma ideia, somente no ano de 2016 a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), a quem compete fazer esta cobrança dos planos de saúde, cobrou R$ 1,65 bilhão referentes a este ressarcimento, não tendo recebido nem 6% deste total. E então? O que fazer? Como acabar com esta celeuma jurídica? A dívida existe? Parece que não há dúvidas! O credor é o cidadão? Também penso que moralmente seja inquestionável. Então por que este cidadão, além de tudo, é duplamente punido? Punido quando já foi obrigado a optar por um serviço de saúde alternativo em virtude das deficiências já exaustivamente conhecidas por todos, sobre a incompetência e a inoperância do Estado na área de saúde (e também nas outras). Punido quando anualmente a ANS permite reajustes extorsivos, muito além de sua capacidade econômica, quando é obrigado a recontratualizar o seu plano. As operadoras de planos de saúde se justificam usando três argumentos (além de outros), mas estes sempre aparecem para reajustar seus planos acima da inflação: o aumento da sinistralidade que significa o número de vezes que o plano é utilizado pelos usuários; a variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH) que, alegam, é sempre acima da inflação geral; e o envelhecimento populacional de suas carteiras, o que obviamente obriga a uma maior utilização. Todas essas alegações são questionáveis em seus impactos e, em nome da transparência, devem ser discutidas em outra oportunidade, mas entendendo-as como válidas, como entende a ANS, se revertermos o valor devido pelos planos de saúde ao Estado (hoje por volta de R$ 4,5 bilhões) para dentro do próprio sistema suplementar, isto, por si só, terá um efeito muito positivo, impactando em vários níveis a chamada "sinistralidade", já que este valor que deixou de ser dispendido pode ser reinvestido no próprio sistema, diminuindo seu custo e consequentemente seu preço para os seus usuários. Os reajustes anuais serão necessariamente mais baixos. E vejam bem, instituindo-se com isso apenas a justiça que todos queremos e esperamos, a verdadeira, ética e moral. A este mecanismo damos o nome de "anti-sinistralidade"! Assim, estamos lançando o desafio para aqueles que realmente ainda sonham e acreditam em um sistema de saúde mais equânime, mais eficiente e menos assimétrico. EMILIO CESAR ZILLI é diretor da AMB (Associação Médica Brasileira) e principal interlocutor da entidade com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2017-06-10
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O ex-jogador de vôlei que virou 'rei do sonho olímpico' e acabou preso com ouro para 2.388 medalhas
De terno, gravata e com a elegância que sempre lhe foi peculiar nos últimos 22 anos à frente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman deixou sua casa na quinta-feira acompanhado por agentes da Polícia Federal e levado para a sede do órgão no Rio de Janeiro, onde ficará preso pelos próximos cinco dias. O homem que comanda o esporte brasileiro há mais de duas décadas sempre teve orgulho de dizer que, por isso, "não recebia um centavo". No entanto, no pedido de prisão, o Ministério Público diz que, nos últimos 10 anos, Nuzman teve um "crescimento patrimonial de 457%". A investigação revelou, inclusive, que ele mantinha 16 quilos de barras de ouro depositadas na Suíça. Os 16 quilos seriam suficientes para a produção de 2.388 medalhas de ouro como as distribuídas nos Jogos do Rio – cada uma tinha, segundo o COB, cerca de 6,7 gramas de ouro. "As declarações de imposto de renda de Carlos Nuzman não registram remuneração recebida do Comitê Olímpico Brasileiro ou do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos 2016. Por outro lado, Nuzman justifica a origem de seu patrimônio a partir do recebimento de valores de pessoas físicas e do exterior. Contudo não há explicações sobre quem efetivamente lhe remunerou", afirma o MPF. A prisão temporária de Nuzman foi decretada como parte da Operação "Unfair Play", que investiga a suposta compra de votos de dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI) na eleição que escolheu o Rio de Janeiro para se tornar sede da Olimpíada de 2016. A defesa do presidente do COB ainda não se manifestou oficialmente sobre a prisão. REINADO Carlos Arthur Nuzman começou sua carreira no esporte dentro de quadra. Jogou vôlei até os 31 anos, quando decidiu entrar para o mundo dos dirigentes e se candidatou para o comando da Federação de Vôlei do Rio de Janeiro. Daí para a Presidência da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) foram mais dois anos e foi nela, a partir de 1975, que começou a construir seu "reinado" no esporte. Sob seu comando, o vôlei foi transformado em uma modalidade atrativa e rentável e sua gestão passou a ser vista como "modelo" no país. E foi ali que seu estilo veio à tona – uma mescla de autoritarismo com articulação política, segundo pessoas ligadas ao esporte ouvidas pela reportagem. A BBC Brasil conversou com ex-atletas do vôlei que atuaram entre 1975 e 1995, durante a vitoriosa "era Nuzman", e todos elogiaram o lado "gestor" do presidente. Muitos atribuem a ele a profissionalização da modalidade e o descrevem como gestor "fora da curva" comparado aos de outras confederações. Foi Nuzman que conseguiu o primeiro patrocinador oficial da seleção brasileira – e por causa dele, veio seu primeiro episódio polêmico no comando do esporte. Em 1984, depois de ter sido considerada a melhor levantadora dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, Jacqueline foi surpreendida com um súbito corte em sua convocação para a seleção brasileira. A decisão de excluí-la do time, no entanto, não foi técnica. Foi um pedido – no caso, uma ordem de Nuzman – que veio por conta de um questionamento da jogadora a uma decisão do presidente. "Nessa época, houve um patrocínio que a CBV conseguiu para as duas camisas da seleção, a feminina e masculina. Mas só quem recebia verba era o masculino. E aí eu fui perguntar para ele por que havia essa diferença. Ele não respondeu e logo depois acabou me cortando", contou Jackie à BBC Brasil. Diante da falta de resposta, Jacqueline optou por utilizar o uniforme da seleção do avesso, para não exibir um patrocínio pelo qual não recebia. Mas isso só durou um dia – no seguinte, ela foi cortada da seleção. "Isso virou um grande conflito. Fiquei conhecida como uma atleta rebelde, não foi uma coisa boa pra mim", disse. Como bom político que sempre foi, segundo os ex-atletas ouvidos pela BBC, Nuzman conseguia sair por cima das situações e "blindar" sua confederação das notícias negativas. A repercussão desse caso, por exemplo, deixou Jacqueline como a fama de atleta "indisciplinada" e manteve a imagem do presidente como "bom gestor". "Na época, eu fiquei muito doente, fiquei mal. Perdi o chão. Minha vida era jogar vôlei." AUTORITARISMO Alguns anos depois, Jacqueline e Nuzman se "reencontraram" no esporte. Ele como presidente do COB, ela como atleta do vôlei de praia. A jogadora foi morar nos Estados Unidos, onde descobriu a modalidade, que se tornou olímpica em 1996. Para poder competir representando o Brasil nos Jogos de Atlanta, precisou recorrer a Nuzman. "Ele [Nuzman] fez eu escrever uma carta dizendo que nunca mais voltaria para os Estados Unidos. Para jogar, ele me fez assinar um documento dizendo que eu ficaria no Brasil de vez. Eu assinei a bendita carta, voltei e venci." Jacqueline conquistou o ouro no vôlei de praia ao lado de Sandra e recebeu a medalha justamente das mãos de Nuzman. No entanto, ela não deixou de figurar na lista de seus "desafetos" e não foi convidada para nenhum evento dos Jogos do Rio no ano passado. "Quando soube que eu não seria convidada para abertura dos Jogos (sua parceira Sandra, foi convidada para carregar a bandeira dos anéis olímpicos na cerimônia), me veio uma sensação muito estranha. Trinta anos depois, eu sofri o mesmo corte. Mas é isso, eu não faço parte dessa turma", afirmou. Outros atletas do vôlei também reclamam do autoritarismo de Nuzman no comando da CBV. Em seu livro Pelas Minhas Mãos , a ex-jogadora Ana Moser conta que, nos Jogos Olímpicos de 1992, quando a seleção masculina conquistou o ouro, Nuzman fez questão de dar uma bronca categórica nas mulheres do time pelo "decepcionante" quarto lugar. "Ele esculachou a gente, disse que o quarto lugar era um vexame. Esses sermões já eram conhecidos por nós", afirmou a ex-atleta. Por sua postura contestadora dentro e fora das quadras – como presidente da ONG Atletas pelo Brasil, ela luta por maior transparência e democracia no esporte –, Ana Moser também virou "persona non grata" nas esferas do COB e foi ignorada pelos eventos olímpicos do Rio. Segundo fontes ouvidas pela BBC, o "estilo" Nuzman conseguiu manter um ambiente de silêncio entre os atletas, que temiam represálias. PODER Em 1995, Nuzman chegou à presidência do COB, cargo que manteve por mais de duas décadas, sendo reeleito seis vezes – em muitas ocasiões, foi candidato único. A falta de oposição tem menos a ver com a eficiência de sua gestão na entidade e mais com o poder que acumulou e com estratégias que adotou para se manter no cargo – o termo "estrategista" para descrevê-lo foi quase unânime entre as pessoas ouvidas pela BBC Brasil. Uma delas menciona o estatuto criado pelo presidente no COB que dificulta bastante o surgimento de qualquer candidato de oposição. "Ele fechou de tal maneira que ninguém consegue se candidatar." O presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, por exemplo, foi um dos que tentou enfrentar Nuzman nas urnas. "Esse estatuto do COB é fora de todos os princípios de governança. Ele exige que a chapa tenha pelo menos 10 confederações apoiando, que você tenha pelo menos 5 anos na presidência de uma entidade e que você apresente a chapa até 30 de abril do ano da eleição, quando o pleito só acontece no segundo semestre", explicou Azevedo em entrevista à ESPN no ano passado. "Então isso significa que você e seus apoiadores ficam ali quase 8 meses sujeitos a todo tipo de represália." O COB detém grande poder de influência sobre as confederações esportivas do país. No Brasil, uma das principais fontes de investimento no esporte é a Lei Agnelo Piva sancionada em 2001, que determina que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro – e é ele quem repassa a verba às outras confederações. 'POLITICAGEM' Logo em seus primeiros anos na gestão do COB, Nuzman indicou que queria que o Rio de Janeiro fosse sede de Olimpíada. Em 1997, ele levou a candidatura da cidade ao COI (para os Jogos de 2004) pela primeira vez- e acabou eliminado na primeira fase. Na segunda tentativa, para os Jogos de 2012, a campanha também não deu certo – a escolhida foi Londres. Mas segundo as fontes ouvidas pela BBC Brasil, esse tempo teria dado ao presidente do COB a chance de entender a política de agrados que poderia ajudá-lo a emplacar uma candidatura. Assim, entraram em cena jantares e eventos com a presença de ícones brasileiros, como o escritor Paulo Coelho e o ex-jogador e "Rei do Futebol" Pelé, oferecidos a presidentes de Confederações vinculadas ao COI. Na investigação da Operação "Unfair Play", a polícia federal cita o pagamento de suposta propina a pelo menos um dos dirigentes – Papa Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo e com direito à voto na eleição para sede da Olimpíada. Pessoas do esporte que já tiveram de lidar com o presidente do COB ressaltaram muito sua "articulação política" e atribuíram a ela suas conquistas no Comitê – tanto para vencer as eleições, quanto para ganhar a candidatura do Rio. Quando o Rio finalmente foi escolhido para sediar uma Olimpíada, em 2009, Nuzman recebeu boa parte do crédito pela façanha, e acumulou o cargo de presidente do Rio-2016, o comitê organizador do evento. Muitos dirigentes questionavam a atuação de Nuzman e o "conflito de interesses", que chegou a ser alertado também pelo Tribunal de Contas da União por causa do acúmulo de funções. "Ele assinava contratos com ele mesmo", disse o presidente da Confederação do Tênis de Mesa, Alaor Azevedo. À época, por meio de nota do Comitê Organizador, o órgão negou que houvesse conflito de interesses. E AGORA? Em 22 anos no COB – e há 42 trabalhando com gestão do esporte no Brasil –, Nuzman colecionou algumas desavenças, mas soube "se blindar" delas com o poder que acumulou. Muitos atletas evitaram fazer críticas, muitos dirigentes preferiram se aliar a ele em vez de tentar mudar a situação. Por causa disso, poucos acreditam em mudanças no esporte brasileiro após a prisão de Nuzman. Bebeto de Freitas, por exemplo, técnico da primeira medalha olímpica do vôlei sob a tutela do então presidente da CBV, virou desafeto dele após alguns desentendimentos dentro da confederação e hoje diz que o "sistema" que rege o esporte brasileiro é o mesmo, ainda que um dos líderes dele esteja preso. "Pelo poder que sempre teve, ele impedia que as pessoas falassem. Então enquanto os fracos não se unirem pra derrubar o cara que se acha mais forte, nada vai acontecer. Ele foi preso hoje, mas o esporte do Brasil é a mesma coisa, o mesmo sistema, as mesmas federações", afirmou à BBC Brasil. "É o sistema que dá o poder. O esporte é muito rico, só quem não é são os atletas", finalizou Jacqueline, outra desafeta do presidente. A reportagem tentou contato com pessoas que trabalharam ao lado de Nuzman no COB, mas não obteve sucesso. A entidade não se pronunciou sobre a prisão, mas confirmou que o vice-presidente da entidade, Paulo Wanderley Teixeira, assumirá o posto na ausência do presidente.
2017-06-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924867-o-ex-jogador-de-volei-que-virou-rei-do-sonho-olimpico-e-acabou-preso-com-ouro-para-2388-medalhas.shtml
STF manda Senado reanalisar projeto que muda regras de telecomunicações
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quinta-feira (5) que o Senado analise imediatamente projeto de lei que muda as regras de telecomunicações e que ainda não foi sancionado pelo presidente Michel Temer. Em fevereiro, o colega Luís Roberto Barroso decidiu em caráter liminar (provisório) que o Senado deveria retomar as discussões. A decisão contrariou a vontade de Temer e do então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). O Senado, no entanto, não analisou o caso. Agora, a decisão de Moraes é definitiva. "Conforme reconhece a própria autoridade coatora, os três recursos foram interpostos, mas, todavia, não houve nenhuma decisão formal sobre as irresignações, encontrando- se em mesa para deliberação sobre o recebimento ou indeferimento", escreveu Moraes. O texto já havia sido aprovado de forma conclusiva em comissões, sem passar pelo plenário da Casa, e remetido à Casa Civil para ser sancionado. Mas, após forte repercussão negativa, o Senado pediu a devolução do projeto -o que ainda não havia sido feito pela pasta. O pedido de liminar foi feito por um grupo de senadores da oposição, liderado por Lindbergh Farias (PT-RJ) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM). O ministro cita o número de assinaturas em recursos para que o Senado rediscuta o assunto –19, em três recursos diferentes, ou pouco menos de um quarto do total de senadores– e pendência de "análise dos requisitos formais" na análise do projeto. CONTROVÉRSIA O projeto permite que os contratos de concessão da telefonia fixa, único serviço prestado atualmente em regime público, sejam transformados em simples termos de autorização. Se assim for definido, a telefonia fixa funcionará como os demais serviços -celular, internet e TV paga- hoje prestados em regime privado. No regime privado, as teles não têm obrigação de levar o serviço em locais que dão prejuízo. Com o projeto, elas teriam essa liberdade na telefonia fixa somente nos locais onde já existe competição. Nos demais municípios, as regras de investimento e cobertura seriam definidas e monitoradas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), como funciona nos contratos de concessão. Outra mudança controversa é a possibilidade de que as operadoras que aceitarem migrar de concessão para autorização incorporem os bens usados na prestação do serviço de telefonia fixa. Esses bens seriam devolvidos à União ao término dos contratos de concessão, em 2025. A oposição diz que esse patrimônio (edifícios, centrais de telefonia e de dados, cabos, entre outros) vale cerca de R$ 100 bilhões. A Anatel vai calcular esse valor, mas estima-se que o total do patrimônio chegue a algo em torno de R$ 20 bilhões, considerando a depreciação desde a privatização, há quase duas décadas. Os críticos do projeto também questionam a renovação automática das autorizações. Caberá à Anatel decidir se haverá algum tipo de óbice à renovação dessas licenças. Somente nesse caso uma nova licitação será definida. O governo se defende dizendo que nada será dado de graça às teles. Elas terão de pagar pela renovação, reinvestir o valor incorporado dos bens na expansão da internet em áreas carentes como parte de um plano nacional de internet que será lançado assim que o projeto for sancionado pelo presidente Temer. Os senadores de oposição afirmam que não é possível permitir essas mudanças sem que haja mecanismos previamente definidos pelo projeto que garantam o cumprimento das novas regras.
2017-06-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924875-stf-manda-senado-reanalisar-projeto-que-muda-regras-de-telecomunicacoes.shtml
Documento mapeia iniciativas sustentáveis na indústria da moda
A indústria do vestuário tem 75 milhões de trabalhadores no mundo e acumula outro grande número: o de casos de exploração. Na contramão dessas empresas que compõe a "lista suja" estão 20 iniciativas que buscam produzir moda de forma justa e sustentável. Elas aparecem numa espécie de "lista limpa", o Mapeamento de Inovação Sociais, feito pelo Instituto C&A, ligado à varejista, e pela Ashoka, parceiros do Prêmio Empreendedor Social. Dessas organizações, três são brasileiras. E atacam o problema em diferentes frentes: uma investiga e denuncia casos de trabalho análogo à escravidão por meio do jornalismo, outra atua no desenvolvimento de uma agricultura sem uso de agroquímico e a terceira costura todos os agentes da cadeia com renda compartilhada entre todos. A primeira ideia nasceu em 2001, quando o jornalista Leonardo Sakamoto, um dos protagonistas do "Diálogos Transformadores - Trabalho e Imigração na Indústria da Moda", fundou a ONG Repórter Brasil. De lá pra cá, a organização está na linha de frente do jornalismo investigativo sobre as cadeias de fornecimento sujas. Ela verifica as condições das fábricas e dos fornecedores das grandes marcas para compreender o impacto do trabalho forçado em produtos disponíveis para o consumidor. Depois, divulga as informações, pressionando governos e empresas a coibir esse tipo de prática. A atuação do jornalista foi uma das responsáveis pelo governo federal voltar a divulgar, em março, sua "lista suja" após dois anos de falta de transparência no setor. Outro modelo de inovação, o Centro Ecológico, fundado pelo empreendedor social Laércio Meirelles, vem, desde 1985, enfrentando o desafio da indústria da moda de aumentar o uso de algodão orgânico. O Brasil é o quinto maior produtor de algodão, mas, embora tenha produzido 1,2 milhão de toneladas de plumas em 2016, apenas 22 toneladas foram de fibras orgânicas. A ONG, além de incentivar pequenos produtores a plantar sem uso de veneno, os ensina a buscar mercado para o produto. Faz também a certificação –uma exigência legal– desse algodão, com participação dos próprios agricultores. Já a Justa Trama une todos os atores da cadeira, do trabalhador rural à costureira, em um modelo oposto ao padrão do setor. São 35 cooperativas que co-administram o negócio, tomam decisões de gestão e recebem rendimentos iguais, desde 2005. Criado por Nelsa Nespolo, essa opção assegura que os trabalhadores sejam mais bem remunerados do que em outras fábricas têxteis. Os salários mais elevados, no entanto, não implicam em preços finais mais altos. Os produtos da Justa Trama têm preço inferior ao da maioria dos seus concorrentes no Brasil. O Mapeamento de Inovações Sociais faz parte de uma iniciativa global chamada "Tecendo Mudança", que discute os desafios do setor da moda para um futuro sustentável.
2017-06-10
empreendedorsocial
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http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2017/10/1909746-documento-mapeia-iniciativas-sustentaveis-na-industria-da-moda.shtml
Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares vence Nobel da Paz
A Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares recebeu nesta sexta-feira (6) o Nobel da Paz. Respondendo pela sigla Ican, essa coalizão da sociedade civil promove a implementação do tratado internacional que proíbe esses armamentos. Há 468 organizações envolvidas em 101 países diferentes. O prêmio coincide com a crescente preocupação em relação ao programa nuclear da Coreia do Norte, ao qual o governo americano tem respondido com ameaças belicosas. O anúncio também se emaranha nas discussões sobre o acordo nuclear com o Irã, que os Estados Unidos têm criticado durante a Presidência de Donald Trump. Berit Reiss-Andersen, que lidera o comitê do Nobel, afirmou durante o anúncio que o prêmio foi decidido como reconhecimento de "seu trabalho em atrair atenção às consequências humanitárias catastróficas do uso de qualquer arma nuclear". O Nobel da Paz é acompanhado de uma recompensa equivalente a US$ 1,1 milhão (R$ 3,4 milhões). Em 2016, o vencedor do prêmio foi o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelas negociações de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na tentativa de encerrar os 52 anos de um conflito que já deixou mais de 250 mil vítimas. Houve para este ano 318 nomeações, entre elas 215 indivíduos e 103 organizações. O nome desses nomeados, no entanto, é mantido em segredo durante 50 anos. Os favoritos deste ano incluíam os voluntários sírios da organização Defesa Civil, a ACNUR (Agência das Nações Unidas para os Refugiados), o papa Francisco e o jornalista turco Can Dündar. IRÃ Os esforços internacionais contra armamentos nucleares eram favoritos ao Nobel da Paz. Mas se esperava que o prêmio fosse entregue ao chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e à chefe de política externa europeia, Federica Mogherini. Eles estiveram por trás do acordo nuclear internacional com o Irã —hoje criticado por Trump. Mas o comitê anunciou o prêmio, em um gesto inesperado, à campanha do Ican, que foi em parte responsável por criar o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares. O site do Ican estava aparentemente sobrecarregado nos minutos após o anúncio. O Ican foi criado em 2007, na Austrália, e hoje tem sede na Suíça. Essa campanha é liderada por Beatrice Fihn. Uma de suas inspirações foi a campanha que levou à proibição do uso das minas terrestres em 1997. Fihn afirmou ter recebido um telefonema minutos antes do anúncio do prêmio e pensou, que fosse um trote. O troféu, disse, "envia uma mensagem a todos os Estados com armas nucleares de que é um comportamento inaceitável". "Nós não podemos ameaçar de maneira indiscriminada o assassinato de centenas de milhares de civis em nome da segurança. Não é assim que se constrói a segurança". A agência de notícias Reuters lhe pediu que comentasse a premiação, no contexto das disputas nucleares entre EUA e Coreia do Norte. "Armas nucleares são ilegais. Ameaçar usá-las é ilegal. Ter armas nucleares é ilegal, e precisam parar." Uma semana antes, em um comentário publicado em uma rede social, Fihn havia chamado o presidente americano de "idiota". O orçamento anual do Ican é de cerca de US$ 1 milhão, quase o equivalente ao próprio valor dado pelo Nobel da Paz. O completo desarmamento nuclear do mundo, porém, é um objetivo distante. Há hoje cerca de 15 mil dessas armas, segundo estimativas. ARMAS NUCLEARES O Tratado para a Proibição de Armas Nucleares foi estabelecido em julho deste ano nas Nações Unidas, com o boicote das nove potências nucleares do mundo —incluindo a China, a França, os Estados Unidos e a Rússia. O texto foi apoiado por 122 países após meses de negociações. O acordo foi assinado em 20 de setembro por líderes internacionais, incluindo o presidente do Brasil, Michel Temer. Ao menos 53 nações já assinaram o texto e três delas o ratificaram: Guiana, Tailândia e o Vaticano. - Confira os ganhadores dos últimos anos 2016 Juan Manuel Santos O presidente colombiano foi reconhecido por seu papel na negociação do acordo de paz com as Farc que pôs fim a um conflito de mais de 50 anos 2015 Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia Por sua contribuição decisiva na construção de uma sociedade plural no país 2014 Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi A jovem paquistanesa e o indiano foram premiados pela defesa dos direitos das crianças e à educação 2013 Organização para a Proibição de Armas Químicas Sediada na Holanda, foi premiada por sua defesa da proibição de armas químicas 2012 União Europeia Por mais de seis décadas contribuindo para a promoção da paz e reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa 2011 Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkol Karman As três mulheres foram premiadas pela luta não violenta pela seguranças das mulheres e por seu direito de participação plena em processos de paz 2010 Liu Xiaobo Ativista chinês foi premiado por sua luta longa e não violenta pelos direitos humanos em seu país 2009 Barack Obama O então presidente dos EUA foi reconhecido por reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre as pessoas 2008 Martti Ahtisaari O diplomata e ex-presidente da Finlândia foi premiado por sua atuação por mais de três décadas em resolver conflitos internacionais 2007 Al Gore e Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas dos Estados Unidos Premiados pela disseminação de conhecimento sobre as mudanças climáticas 2006 Muhammad Yunus e Grameen Bank Economista e diretor do Banco Grameen, especializado em micro crédito, pelo esforço de criar desenvolvimento econômico e social para os mais pobres 2005 Agência Internacional de Energia Atômica e Mohamed ElBaradei O diplomata egípcio e a agência da qual foi diretor foram premiados pelo trabalho de prevenção do uso de energia nuclear para fins militares e de garantia que seu uso para fins pacíficos fosse feito da forma mais segura possível 2004 Wangari Muta Maathai A ativista queniana foi premiada por suas contribuições ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz 2003 Shirin Ebadi Defensora dos direitos das mulheres e das crianças, a advogada e ex-juíza iraniana foi premiada por seu trabalho de promoção dos direitos humanos e da democracia 2002 Jimmy Carter O presidente americano de 1977 a 1981 teve atuação decisiva no Acordo de Camp David e foi reconhecido pelo trabalho de solução pacífica de conflitos internacionais, promoção da democracia e dos direitos humanos
2017-06-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924850-campanha-internacional-para-abolir-armas-nucleares-e-a-vencedora-do-nobel-da-paz-deste-ano.shtml
Jazz Sinfônica interpreta 'Garota de Ipanema' e mais clássicos da MPB
DE SÃO PAULO Neste sábado (8), a Orquestra Jazz Sinfônica faz apresentação única e gratuita no Teatro Paulo Eiró, na zona sul da cidade. Com o maestro Fábio Prado à frente, os músicos da big band apresentam repertório de canções brasileiras, com versões orquestradas para clássicos como "Garota de Ipanema", de Tom Jobim, e "Choro de Gafieira", de Pixinguinha. A big band é composta por piano, bateria, baixo, guitarra, cinco saxofones, quatro trombones, quatro trompetes e uma tuba. Teatro Paulo Eiró. Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, região sul, tel. 5546-0446. Sáb. (8): 11h. Livre. GRÁTIS
2017-06-10
saopaulo
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http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924591-jazz-sinfonica-interpreta-garota-de-ipanema-e-mais-classicos-da-mpb.shtml
Mais uma criança morre após incêndio em creche em MG; número chega a 7
Autoridades da polícia e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informaram nesta sexta-feira (6) que sete crianças morreram em um incêndio nesta quinta (5) uma creche em Janaúba (554 km de Belo Horizonte). O fogo foi provocado por Damião Soares dos Santos, 50, vigia da creche, que morreu no incêndio. Uma professora, Heley de Abreu Silva Batista, 43, também morreu após ter 90% do corpo queimado na tentativa de salvar as crianças. Até o início da manhã de sexta, havia confirmação da morte de cinco crianças. A sexta perda veio durante a tarde. Cecília Davina Gonçalves Dias, de 4 anos, que chegou a ser reanimada durante a madrugada após sofrer paradas cardíacas, não resistiu. Em seguida, Yasmin Medeiros Sabino, de 4 anos, também morreu na tarde desta sexta-feira. Ambas estavam internadas em Montes Claros, no norte de Minas. As demais crianças que morreram tinham quatro anos de idade -Juan Pablo Cruz dos Santos, Luiz Davi Carlos Rodrigues, Ruan Miguel Soares Silva, Ana Clara Ferreira Silva e Renan Nicolas dos Santos Silva. O Corpo de Bombeiros desmobilizou o posto de comando em Janaúba no início da noite, já que não há mais necessidade de transferir vítimas. As aeronaves permanecem em prontidão caso haja alteração no quadro de saúde dos feridos. Havia cerca de 60 crianças no Centro Municipal Infantil "Gente Inocente" na manhã de quinta, quando o vigia arremessou gasolina em várias crianças e em si mesmo e ateou fogo em seguida. Um total de oito aeronaves foi mobilizada para o atendimento às vítimas —três da Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros, duas dotadas de UTI móvel e três particulares, de empresários da região FERIDOS Entre quinta e sexta, 13 pessoas –11 delas crianças – foram transportadas em aeronaves para o Hospital João 23, em Belo Horizonte, que é referência no tratamento de queimaduras. Quatro crianças chegaram por volta das 19h30 de quinta. Outras quatro, por volta de 1h da manhã; e mais três chegaram às 7h15 de sexta. Duas professoras da creche, de 63 e 42 anos, chegaram a BH por volta das 11h. Todos os internados estão em estado grave. Durante a manhã, três crianças foram transferidas do Hospital João 23 ao Hospital Odilon Behrens, também em BH. Outras duas crianças, inicialmente atendidas no João 23, foram levadas para o Hospital João Paulo 2º, um anexo direcionado para o tratamento pediátrico. Todas as cinco sofreram queimaduras nas vias respiratórias, mas não na pele. Há 14 crianças, com idades entre 1 e 6 anos, recebendo tratamento em Montes Claros. Duas adultas de 23 e 51 anos também são atendidas na cidade. No Hospital Regional de Janaúba, 12 crianças permanecem internadas. Janaúba MARCAS Três crianças e as duas professoras passaram por cirurgia no Hospital João 23 devido a queimaduras de pele e permanecem internadas. Segundo Marcos Mafra, coordenador da unidade de queimados do hospital, o tratamento é prolongado, com duração de semanas ou meses. "Ao longo desse tratamento serão feitas várias cirurgias e, havendo necessidade de usar substitutos temporários de pele, que podem ser peles artificiais ou de cadáveres, serão utilizadas", disse o cirurgião plástico. O banco de peles da Santa Casa de Porto Alegre já reservou seu estoque para as vítimas de Janaúba, se necessário. A pele de cadáveres é usada de forma temporária, até que seja possível realizar um enxerto com pele de uma região sadia da própria vítima. Mafra afirma que as crianças terão a marca do incêndio para sempre. "A pele nunca mais volta a ser uma pele de aparência normal. O que a gente tenta fazer, dentro da evolução da medicina e da cirurgia plástica, é proporcionar o melhor resultado possível. Evitar que a pessoa tenha perda de funções é o mais importante." Também estão internadas no João 23 outras três crianças, que tiveram queimaduras nas vias respiratórias e intoxicação por inalação de fumaça. Todas as vítimas atendidas no hospital respiram com ajuda de aparelho e foram entubadas. O quadro de saúde é grave. RESPIRAÇÃO As três crianças transferidas para o Hospital Odilon Behrens respiram com a ajuda de aparelhos e estão em estado grave. Há risco de morte, apesar do quadro de saúde estar estabilizado. Marcos Evangelista, gerente da pediatria do hospital, informou que as crianças tiveram as vias respiratórias lesionadas por inalação da fumaça quente, mas não sofreram intoxicação. Elas estão sedadas no centro de tratamento intensivo. As crianças, de 2, 3 e 5 anos, não tiveram queimaduras na pele. Alunas da creche em Janaúba, elas foram resgatadas pelos pais durante o incêndio e chegaram a ir para a casa. Mais tarde, ao apresentarem sintomas como tosse, foram hospitalizadas e entubadas na cidade do norte de Minas, antes de serem transferidas a BH. O médico não soube precisar quanto tempo deve durar o tratamento e se as crianças terão sequelas, mas disse que espera que tenham alta "dentro de dias". Segundo Evangelista, o atendimento ainda em Janaúba foi essencial. Os pais haviam recebido a orientação de levar os filhos aos hospitais ao menor sinal de problemas respiratórios. Parentes das crianças receberam atendimento psicológico e de assistência social no hospital, que é referência em pediatria. Dois leitos da unidade de terapia intensiva da pediatria ainda estão disponíveis, caso seja necessário. INVESTIGAÇÃO Segundo o Corpo de Bombeiro o prédio em que a creche municipal Gente Inocente estava funcionando não possuía extintores, saídas de emergência e sinalização de emergência. O prédio também não tinha alvará dos bombeiros. Em nota, o Ministério Público de Minas Gerais disse que instaurou inquérito para investigar se o prédio possuía segurança estrutural, plano de fuga e estratégia de combate à incêndios.
2017-06-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924859-crianca-e-reanimada-apos-incendio-em-creche-em-mg-outras-cinco-morreram.shtml
Incêndio destrói armazém de plástico e resina em Sumaré, no interior de SP
Um incêndio de grandes proporções atinge, nesta sexta-feira (6), uma empresa que armazena plástico e resina na região do Residencial Portal Bordon, em Sumaré (118 km de São Paulo). Não há informações de feridos. O fogo começou por volta das 3h na avenida Fuad Assef Maluf. No local, está armazenada grande quantidade de material combustível como plásticos e resinas, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Ao menos 62 homens e 16 viaturas estão no local combatendo o fogo, que foi controlado por volta das 11h40. Brigadas de incêndio de outras empresas também estão no local ajudando. As chamas estavam tão altas por volta das 6h30 que os motoristas que trafegavam pela rodovia Anhanguera podiam vê-las, segundo o Corpo de Bombeiros. Segundo informações dos bombeiros, dois dos três galpões da empresa – que tinha cerca de 10 mil m² – já foram destruídos pelas chamas. Incêndio
2017-06-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924851-incendio-de-grande-proporcao-atinge-empresa-em-sumare-sp.shtml
Evangélicos apostam nas redes sociais para amplificar mensagem da religião
RESUMO Especialistas de dentro e de fora de congregações evangélicas estudam o valor da internet como amplificador da mensagem religiosa. Para alguns, o impacto das redes sociais se compara ao da prensa tipográfica à época de Lutero. Para outros, se a web expande o alcance da pregação, ela não substitui a experiência presencial. * "Como Jesus usaria as redes sociais?" A Igreja Universal do Reino de Deus tem seus palpites. "Talvez Ele postasse fotos da multidão reunida ao Seu redor, Seus milagres e até citasse as parábolas que já lemos no Novo Testamento." A indagação está posta no site do império religioso do bispo Edir Macedo. Já na partida o artigo reconhece: "Pode ser difícil imaginar o Senhor com um tablet nas mãos ou 'on-line' no WhatsApp". O desafio não é só deles. Há hoje uma gama de especialistas, de dentro e de fora das congregações evangélicas, debruçada sobre o valor da internet como amplificador para a mensagem religiosa. "Muitos crentes têm descrito a rede como um presente de Deus para as novas missões evangelizadoras do século 21. Denominações, agora, até treinam missionários on-line, mesmo as mais tradicionais", diz à Folha Heidi Campbell, editora de "Digital Religion: Understanding Religious Practice in New Media Worlds" (Routledge, religião digital: compreendendo a prática religiosa no mundo das mídias sociais). Evangelho, na acepção grega da palavra, significa "boas novas" —o contrário do que Martinho Lutero (1483-1546) representou para a Igreja Católica do século 16. Há 500 anos, o monge fraturou o pilar da cristandade ao pregar suas 95 teses na porta da Igreja de Todos os Santos de Wittenberg (Alemanha), no dia 31 de outubro de 1517. As mais ruidosas fustigavam o balcão de indulgências que unia pecadores endinheirados a um Vaticano ganancioso e corrupto. Quem quer dinheiro? O papa da época sem dúvida queria. A certa altura, comprar o perdão para um único deslize abocanhava até 1,5% da renda anual de um contemporâneo de Lutero, como apontou "Quanta Grana Realmente Havia no Xadrez das Indulgências?", artigo divulgado no "Sixteenth Century Journal", periódico acadêmico da Truman State University. "Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão completa da pena e da culpa, mesmo sem cartas de indulgência", cravou Lutero, responsável por deslanchar um cisma que rachou a doutrina cristã entre católicos e protestantes. EXPANSÃO FÍSICA Espelhando a passagem bíblica "crescei e multiplicai-vos", a Reforma Protestante se contrapôs à vocação centralizadora da Igreja Católica, sob guarida de um único líder, o papa. Hoje são milhares de templos, cada qual com seu pastor, num mundo onde 12% da população se declara protestante (no Brasil são 30%), dos primeiros luteranos aos neopentecostais contemporâneos. "Muito antes do Twitter, Lutero foi um pioneiro da mídia", diz o título de uma reportagem do jornal "The New York Times" em que o alemão é lembrado por "uma das campanhas de comunicação mais bem-sucedidas da história". Para espalhar sua mensagem, ele se valia de pinturas (como as de seu amigo pintor Lucas Cranach, também afeito a nus renascentistas), músicas (seu hino "Castelo Forte É Nosso Deus" é considerado a "Marselhesa da Reforma") e panfletos de oito a 16 páginas, distribuídos em várias cidades com ajuda da prensa tipográfica criada por Johannes Gutenberg décadas antes. "Na época, a invenção da imprensa teve um impacto muito semelhante ao da internet e das redes sociais hoje. E ele teve a percepção de usar essa nova mídia para divulgar suas ideias. Alguns autores chegam a dizer que o sucesso da Reforma foi também pelo uso da imprensa", afirma Luis Mauro Sá Martino, autor de "The Mediatization of Religion" (Routledge, a midiatização da religião). Mas que futuro tem o papel hoje? "Desde os anos 1990, vemos igrejas experimentando o fenômeno da e-Vangelização. Nos últimos anos, tem-se usado o termo 'religião digital'. Jesus tem seu próprio Facebook, Buda tuíta e você pode baixar uma variedade de aplicativos no celular que o ajudam a rezar em direção a Meca", diz Heidi Campbell. EXPANSÃO DIGITAL Edir Macedo que o diga. Há dez anos, o bispo inaugurou seu blog, que acumula mais de 4.000 posts. Entre os campeões de audiência, textos como "A Auxiliar que Todo Homem Quer", sobre como Deus "não fez simplesmente uma mulher para o homem", e sim uma "auxiliadora idônea", e "Tatuagem É de Deus?" ("duvido que alguém selado com o Espírito Santo queira ser tatuado!"). Em 2014, Macedo estreou no Instagram com uma foto em que a esposa, Ester, faz as unhas dele. A Universal não detém o monopólio evangelizador na web brasileira. Do FaceGlória ao DNA Gospel, clones do Facebook trocam botões de "curtir" por "amém" e filtram conteúdos considerados impróprios a seu público, como beijo gay. Silas Malafaia lidera a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, uma igreja com milhares de membros que se torna nanica perto de gigantes como a Universal (1,8 milhão de fiéis, segundo o Censo de 2010). Com 1,4 milhão de seguidores no Twitter, porém, o pastor carioca agiganta o alcance de discursos como "a imprensa se dobra às mentiras do ativismo gay". Canais de YouTube voltados sobretudo a jovens evangélicos ganham nomes como "Crente que É Gente" (do slogan "sem a graça de Deus não tem graça") e "Bíblia Freestyle", do pastor Robinho, adepto do piercing no septo do nariz. O "Desconfinados" lembra um "Porta dos Fundos" que abraçou Jesus, com paródias como "Justin Bieber Gospel" —que substitui o refrão "I was like baby, baby, baby, oooh" chorado pelo cantor por "agora eu sou crente, crente, crente, ôôô". "Minha maior prioridade é levar Jesus às pessoas, e a evangelização faz parte disso", diz a youtuber Fabíola Melo, 24, famosa pelo vídeo "Frases que uma Garota Cristã Nunca Deveria Falar" ("Tá vendo o Paulo? Ele é até bonitinho, mas na hora de matar o Golias Fraquíssimo!"). Joanna LaFleur, mestre em estudos teológicos no canadense Wycliffe College, vê vantagens na abordagem virtual. "Muitas pessoas jamais aceitariam um convite de um amigo evangélico para ir à igreja. Contudo, clicariam num vídeo atraente com mensagem cristã. Alguém que nem cogita ir à igreja em tempos de crise talvez descubra um grupo cristão para luto se buscar 'serviços funerários' no Google", afirma LaFleur, que no Twitter elenca sua trinca de paixões: "Igreja, café e iPhone". "E a beleza da era digital, ao contrário de tantas tecnologias do passado, é que o capital inicial é bem baixo. Blogs e contas em redes sociais podem ser de graça ou custar poucos dólares anuais." Nem tanto ao céu, nem tanto à web. Para Magali Cunha, professora da Universidade Metodista e especialista em religião e mídia, "a experiência sensorial presencial, para além de ver e ouvir, garante o compromisso comunitário —tocar, ajoelhar, respirar, comer. As transmissões de cultos só permitem o ver e o ouvir, fora serem passíveis de dispersão. Portanto, a experiência ritualística da fé perde com as transmissões on-line". Várias igrejas até incentivam o engajamento virtual. Mas, da porta do templo para dentro, a fé é off-line. Na réplica do Templo de Salomão que a Universal ergueu em São Paulo, todos os fiéis são instruídos a deixar o celular no guarda-volumes. O desobediente é denunciado por um detector na entrada. 'NETIQUETA' A jornalista Elis Amâncio, convertida em 2003, escreveu um guia de "netiqueta" (etiqueta na internet) para denominações brasileiras. "Mídias Sociais na Igreja" (e-book gratuito em www.elisamancio.com) é pleno de citações bíblicas reinterpretadas para tempos digitais, como "siga-me" (Mateus 8:22), versão "vintage" do botão "follow" (seguir) do Twitter. Para líderes pouco familiarizados com o potencial de viralizar —para o bem ou para o mal— um conteúdo, falta semancol e sobra amadorismo, segundo Amâncio. "Imagine a seguinte cena: um cidadão passa em frente a uma igreja. Ao chegar em casa, quer saber mais sobre ela, os horários das reuniões etc. Aí descobre que a igreja tem apenas uma página no Facebook. Ao entrar nela, encontra como foto de perfil o pastor na praia. Detalhe: com roupas de banho." A experiência que a autora narra em seu e-book é pessoal. O ideal é que o pastor sempre se pergunte se "Jesus publicaria isso em meu lugar", aconselha Amâncio, professora de mídias no Centro de Treinamento Ministerial Diante do Trono. É da banda Diante do Trono, ligada à mineira Igreja Batista da Lagoinha, que vem a pastora Ana Paula Valadão —bom exemplo de como evangélicos tiram vantagem da rede para reforçar modelos de comportamento, diz Karina Bellotti, estudiosa de evangélicos e mídia da Universidade Federal do Paraná. Em 2016, Valadão manifestou no Instagram sua "#santaindignação" com campanha unissex da C&A que mostrava casais vestindo peças do par. Propondo boicote, acusou a loja de provocar "para ver até onde a sociedade aceita passivamente a imposição da ideologia de gênero". "As mídias sociais oferecem um fórum de discussões sobre assuntos externos à comunidade religiosa, que serve para contrapor opiniões, fortalecer posições políticas, morais, éticas etc.", diz Bellotti. "Houve mobilização grande entre cristãos em repúdio à exposição do Santander [Queermuseu, com obras vistas como apologia da pedofilia e da zoofilia]", exemplifica. Se no princípio era o verbo, como prega um dos mais poderosos motes bíblicos, as redes revitalizaram a pregação cristã, diz Amâncio. "Nos dias de hoje, o 'ide, por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura' (Marcos 16:15) fica ainda mais possível considerando o alcance da internet." ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, 30, é repórter da Folha. EDUARDO MOURA, 27, é jornalista.
2017-06-10
ilustrissima
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/10/1924706-evangelicos-apostam-nas-redes-sociais-para-amplificar-mensagem-da-religiao.shtml
Governo catarinense é condenado a indenizar homem agredido por PMs
O governo de Santa Catarina foi condenado a pagar uma indenização por danos morais de R$ 40 mil a um homem que teve que remover um testículo após ser agredido por policiais militares. O TJ- SC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) confirmou nesta quinta-feira (5) a sentença. O caso, classificada pelo TJ-SC como abuso de autoridade, ocorreu em abril de 2010, em Santo Amaro da Imperatriz (Grande Florianópolis). Na ocasião, o homem teria sido abordado por policiais e agredido com um chute na região da virilha. A vítima foi submetida a uma cirurgia para retirada do testículo esquerdo, comprometido por falta de vascularização. O relator da ação, o desembargador Francisco Oliveira Neto, considerou que "a conduta do policial foi excessiva e injustificada". Neto tomou como base o depoimento de testemunhas da agressão que disseram que chegou a "urrar" de dor. O Estado negou responsabilidade na agressão e culpou a vítima. Segundo a defesa, o homem se mostrou "alterado e agressivo quando foi abordado". Durante o julgamento, a defesa também levantou a hipótese de que a lesão pode ter ocorrido antes da chegada dos policiais, em uma briga na qual a vítima teria se envolvido.
2017-06-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924849-estado-e-condenado-a-indenizar-homem-agredido-por-policiais-em-sc.shtml
Na Argentina, Obama encontra Macri e tem agenda política carregada
O ex-presidente dos EUA e prêmio Nobel da Paz, Barack Obama, chega nesta sexta-feira pela manhã (6) a Córdoba, a segunda cidade mais importante da Argentina, para encerrar a Cúpula de Economia Verde, evento que reúne mais de 300 empresários e formadores de opinião para discutir energias renováveis e mudança climática. Obama é um dos três prêmios Nobel que integram a programação —os outros dois são os economistas Eric Maskin e Edmund Phelps. Após a palestra, ele viaja a Buenos Aires, onde será assediado por políticos de ambos os flancos. Na mesma noite, será o principal convidado de um jantar que reunirá os mais importantes empresários do país e políticos tanto do governo –como o chefe de gabinete da Presidência, Marcos Peña, e o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta— como da oposição, representados por governadores peronistas. No sábado (7), Obama terá um encontro privado e informal com o presidente Mauricio Macri, com quem travou amizade desde sua visita ao país, em março de 2016, quando ainda ocupava a Casa Branca. Naquela ocasião, Obama e Michelle dançaram tango e passearam com as filhas por Bariloche acompanhados do mandatário argentino, de sua mulher, Juliana Awada, e da filha do casal, Antonia. Veja vídeo Para o sábado, está previsto que Obama, que desta vez viaja sem a família, visite o líder argentino na Quinta de Olivos, residência oficial da Presidência. Dali, a dupla seguirá para uma das propriedades dos Macri no campo, onde pode disputar uma partida de golfe ou de tênis. Entre os líderes latino-americanos, Macri é o que tem hoje as melhores relações com os EUA. Além da visita de Obama, que impulsionou investimentos e promoveu a abertura de arquivos relacionados à última ditadura militar (1976-1983) que se encontravam sob sigilo em Washington, Macri recebeu recentemente o atual vice-presidente americano, Mike Pence. Em abril, Macri viajou a Washington para encontrar Donald Trump, a quem conhece há mais de 20 anos por causa de negócios imobiliários.
2017-06-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924831-na-argentina-obama-encontra-macri-e-tem-agenda-politica-carregada.shtml
Com programação gratuita em Paraty, festival Mimo homenageia mulheres
Em seu 14º ano e sua quinta edição em Paraty, o festival Mimo promove uma programação gratuita apenas com mulheres no elenco. Entre as atrações, estão a flautista Andrea Ernest Dias e a violonista Elodie Bouny, que dão início ao evento na tarde desta sexta (6), e a cantora portuguesa Teresa Salgueiro, que encerra a edição no domingo (8) à noite. Um dos grandes destaques do fim de semana é a malinesa Oumou Sangaré, ícone do wassoulou, estilo musical derivado do folclore do país africano. Cantora e compositora, Sangaré também é reconhecida como ativista pelos direitos das mulheres. Além das diferentes nacionalidades, a diversidade se reforça com a inclusão de artistas transexuais. As Bahias e a Cozinha Mineira e Liniker e os Caramelows se apresentam na noite de abertura. "Acho que essa seleção se soma ao momento que estamos vivendo, com restrições postas à mesa sobre o papel da mulher e do gênero", diz a produtora Lu Araújo. Para ela, o segmento musical ainda é muito masculinizado. "Há poucas mulheres em evidência e elas quase sempre estão vinculadas às suas sexualidades, tendo que usar o corpo, a dança e o 'sex appeal'. Fiquei com vontade de fazer isso sem levantar uma grande bandeira". A programação, diz Araújo, é uma "homenagem singela, mas firme" às mulheres do mercado artístico. Essencialmente musical, o Mimo ainda inclui workshops, oficinas e sessões de cinema entre as 30 atrações, distribuídas em palcos ao ar livre e igrejas históricas. Itinerante, o festival teve início na cidade portuguesa de Amarante e já passou também pelas brasileiras Ouro Preto e Tiradentes. Depois de sua edição em Paraty, seguirá para o Rio de Janeiro e Olinda em novembro. Para realizar a programação anual, a organização captou R$ 8 milhões por meio de parcerias com prefeituras de cidades históricas sedes das edições, Lei Rouanet e patrocínio direto de empresas. Araújo afirma que o orçamento é apertado, mas suficiente. Em 2015, precisaram cancelar a passagem por Olinda por falta de recursos. "Foi uma medida prudente e conseguimos voltar em 2016". * MIMO FESTIVAL QUANDO de sex. (6) até dom. (8) ONDE diversos pontos de Paraty (consultar programação em mimofestival.com/brasil/paraty ) QUANTO grátis
2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924642-com-programacao-gratuita-em-paraty-festival-mimo-homenageia-mulheres.shtml
'Loira Fantasma' assombra vítimas em estradas e festas de SP e PR
Lendas urbanas fizeram parte da história do "Notícias Populares" e por vezes seus personagens estamparam as manchetes do jornal. Uma delas, a "Loira do Banheiro", também conhecida como "Loira do Algodão" ou "Loira Fantasma", fez diversas aparições entre os anos de 1975 e 1976, e não só nos toaletes, mas também em estradas, pontos de ônibus e festas. E o personagem vai além das facetas presentes nas lendas norte-americanas de "Bloody Mary" ou nas regras para evocar o espírito da mulher repleta de algodão na boca e no nariz, que envolviam dar descarga três vezes, chutar o vaso sanitário e proferir xingamentos. Os relatos mais marcantes da "Loira Fantasma" começaram em junho de 1975, quando motoristas de táxis e caminhoneiros passaram a sofrer com as assombrações da garota pelas ruas e estradas de Curitiba (PR). Isso levou o "NP" a enviar dois repórteres à capital paranaense para acompanhar os casos da suposta dama sobrenatural. Lá, encontraram o taxista Wilmar Siqueira (na época com 26 anos), que afirmou: "Eu fui estrangulado pela 'Loira Fantasma'". O condutor contou à reportagem que há algumas noites, por volta das 23h30, ao voltar de uma corrida, avistou uma linda garota loira, a qual ele prestou serviço. Assim que a bela entrou no carro, pediu para que Wilmar fosse até o cemitério Abranches. Sem estranhar nada, ele seguiu o trajeto em alta velocidade, mas aí tomou o primeiro susto: ao olhar para o retrovisor, viu que a mulher havia desaparecido. Com medo, freou o carro bruscamente. Após tentar convencer-se de que tudo teria sido fruto de sua imaginação, o motorista retomou o caminho rumo ao centro da cidade, porém, instantes depois, novo sobressalto. A garota tocou o seu ombro e disse: "Por que você está com medo?". Uma vez mais, porém, ao olhar para trás, percebeu que não conduzia ninguém. O taxista, então, encontrou policiais no caminho, e estes o conduziram até a delegacia, onde contou sua versão dos fatos. Foi convencido a voltar ao local, acompanhado dos guardas, para que então pudesse ser solucionado o estranho caso. Sozinho em seu automóvel (a polícia espiava à distância), o assustado homem foi até a frente do cemitério e, de repente, sentiu duas mãos geladas em seu pescoço tentando estrangulá-lo. Após perceber algo de errado no táxi, os policiais Cunha e Artigas se aproximaram e ordenaram que a loira saísse do veículo. Ao esboçar uma reação, a garota foi alvejada com três tiros, sendo um deles na cabeça. De acordo com os guardas e o rapaz, após ser abatida, a moça levantou-se gargalhando e desapareceu no meio da escuridão. O espanto tomou conta de todos e deixou um mistério no ar... No dia seguinte, os repórteres do "NP" encontraram-se com Diamond Lazzali, dono de uma funerária de Curitiba e restaurador de cadáveres. De acordo com ele, no dia 12 de janeiro de 1975, uma loira muito linda, de aproximadamente 35 anos, fora atropelada e morta na avenida República Argentina. O atropelador fugira do local, deixando a vítima agonizar até a morte. Diamond informou que a mulher se chamava Cláudia Regina, mas que ninguém reclamou o corpo. Segundo ele, o documento de identidade da vítima era da cidade de São Paulo. O mais intrigante do relato do restaurador, porém, foi ele ter declarado que conversou por três vezes com o espírito e que, inclusive, foi amaldiçoado em uma das oportunidades. "Você está incumbido de descobrir quem me atropelou, do contrário, irei atormentá-lo pelo resto da vida", reproduziu o dono da funerária, imitando a fala da visão quimérica. Dias após a maldição, os negócios começaram a ir de mal a pior e a sua saúde degringolou. O mesmo acontecia com o taxista estrangulado pelo fantasma, que ficou sem emprego por ninguém mais querer andar em seu carro. O "NP" ainda localizou outra vítima da loira, o caminhoneiro Érico Quadros Dwuilli (48), que havia saído de Florianópolis (SC) com o seu caminhão carregado de soja rumo a Goiás. Era noite quando ele decidiu fazer uma parada na capital paranaense para descansar, porém, antes de chegar, avistou uma belíssima garota pedindo carona na estrada. Gentil, resolveu ajudá-la. Parou o caminhão um pouco à frente de onde ela se encontrava e a esperou... Quando notou que a mulher não vinha, desceu do caminhão e viu que a mesma não se encontrava mais lá. Ao voltar à cabine, tomou um susto: a dama estava sentada lá dentro. Durante a carona, a mulher proferiu a mesma ameaça feita ao dono da funerária e, depois, desapareceu. Em pânico, o caminhoneiro começou a rezar. Em seguida, uma moradora da região onde o taxista Wilmar fora estrangulado pela "Loira Fantasma" afirmou ter escutado os tiros e visto o táxi e duas viaturas da polícia. Segundo ela, um corpo foi tirado do carro e colocado no mato, mas tentou desmistificar o caso: "A única loira que vi por aqui é a mulher do Abílio, mas posso adiantar que o cabelo dela é oxigenado, ela não é tão bonita assim e sei até algumas coisinhas sobre ela". Depois da fama adquirida no Sul do país, a "Loira Fantasma" só voltou às manchetes do "Notícias Populares" em 1976, quando o jornal publicou no dia 30 de maio: "Mulher Fantasma dançou no baile a noite toda", relatando que a musa fantasmagórica havia sido vista em um baile no salão do Cobraseixos, em Osasco (SP). O local estava cheio, com quase 2.500 pessoas, quando um rapaz convidou a moça para ir à pista de dança. Ao retirar o capuz que cobria a cabeça da sua companhia, porém, o jovem viu que chumaços de algodão tampavam boca e narinas da mulher. Apavorado, ele desmaiou e foi hospitalizado em estado de choque. O moço, que era bancário, voltou a trabalhar logo após ter recebido alta dos médicos. Mas, segundo os colegas de serviço, ele nunca mais foi o mesmo. E o baque parece ter sido tão forte que ele morreu logo depois. Tal como Osasco, São Bernardo do Campo também foi palco de acontecimentos estranhos envolvendo a suposta assombração. No início da madrugada do dia 6 de agosto de 1976, na Estrada do Alvarenga, bairro do Jardim Telma, o estudante Alfredo Aparecido deu carona em seu Corcel verde-claro a uma jovem que estava sozinha em um ponto de ônibus. Ao perguntar onde a garota morava, ouviu: "Onde não mora ninguém". Imediatamente, Alfredo retrucou: "Pois bem, eu também moro lá". E assim partiram. Conversa vai, conversa vem, a moça pediu que ele parasse o carro: "Moro por aqui, não quero que você se aproxime da minha casa". O estudante aproveitou-se da situação e colocou o seu braço sobre o encosto do banco onde ela estava, mas, neste momento, foram interpelados por integrantes da Rota-115, que queriam verificar se estava tudo bem. Os policiais alertaram ao casal sobre o perigo de estarem parados ali aquela hora da noite e foram embora. Novamente sozinhos, os dois se beijaram, mas inexplicavelmente ela disse que tinha que ir embora e, num piscar de olhos, desapareceu. Assustado, Alfredo começou a gritar por socorro no meio da estrada escura. Os policiais, ainda em ronda pela região, avistaram o rapaz e o levaram à delegacia, mas, após ouvir a história, o delegado Nivaldo Homo não conseguiu uma maneira de registrar a ocorrência, apesar de ter se comprometido a investigar. Enquanto esse caso aguardava solução, a "loira" voltou, desta vez nos banheiros de colégio. Durante o mês de agosto, estudantes de escolas da capital paulista se viram cara a cara com a morta, como o jovem Marquinhos (14), aluno de um colégio estadual do bairro Parada Inglesa (zona norte). Uma chamada na capa do "NP" do dia 16 trouxe a seguinte frase: "Eu vi a loira da boca branca". Porém já não era a mesma "pessoa" que teria pegado carona no carro do estudante Alfredo, no último dia 6. A moça daquela madrugada era a senhorita Mirtes Teotônio, que cansada da repercussão da história, procurou o rapaz e, com ele, apresentou-se à polícia para esclarecer tudo. No depoimento dado a policiais da Rota-115, a jovem disse ter fugido do Corcel por achar que o rapaz fosse tarado. Com o caso solucionado, em 18 de agosto, o jornal estampou: "Eu nunca fui a 'Loira Fantasma'". Na entrevista, Mirtes disse que soubera de tudo pela imprensa e que o mal-entendido trouxera consequências desastrosas para a sua vida pessoal e profissional. Solucionado este mistério, ainda ficaram lacunas dos outros casos a serem preenchidas. Os motoristas de Curitiba e o restaurador de corpos teriam mesmo visto a "Loira Fantasma"? De quem era o corpo que foi visto sendo retirado do carro do taxista? Quem seria a misteriosa "Loira do Banheiro" descrita por Marquinhos e tantos outros alunos de SP? Essas dúvidas sobre o que é real e o que é imaginação talvez nunca sejam sanadas.
2017-06-10
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null
http://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/2017/10/1900093-loira-fantasma-assombra-vitimas-em-estradas-e-festas-de-sp-e-pr.shtml
A boca dos ricos
Num conto de F. Scott Fitzgerald chamado "O Rapaz Rico", o narrador diz: "Deixem-me dizer-vos uma coisa sobre os ricos. Eles são diferentes de nós." De acordo com uma lenda, Hemingway terá comentado: "É. Eles têm mais dinheiro." O sarcasmo de Hemingway justifica-se, mas a observação de Fitzgerald é verdadeira. O erro dele foi não fundamentar aquela suspeita, que assim passa por platitude. Os leitores habituais desta coluna já perceberam, os quatro, que eu sou parecido com Scott Fitzgerald, tirando ser capaz de raciocínios mais sofisticados e possuir recursos estilísticos superiores. Vou demonstrá-lo hoje mais uma vez. De fato, os ricos são diferentes de nós. A diferença manifesta-se sobretudo no que eles fazem com a boca. Ricos, tenho constatado, não abrem muito a boca –exceto metaforicamente. Talvez esse seja o seu traço mais característico: mantêm os lábios comprimidos, como se tivessem engolido o cofre com as joias da mãe. Riem com cuidado, ao passo que pobre ri com a boca toda. É irônico que gente com menos dentes os exiba com mais gosto do que pessoas que bons dentistas dotaram de uma dentição completa. O escritor português Almeida Garrett, uma vez, desabafou: "Há umas certas boquinhas gravezinhas e espremidinhas pela doutorice que são a mais aborrecidinha coisa". Não estava a pensar nos ricos, mas podia. Outra ironia: os ricos mantêm a boca fechada também perante a comida. Sempre que sou convidado para comer em casa de gente rica, eu janto antes de sair. Caso contrário, já sei que vou passar fome. Se almoço com gente pobre é o contrário: já sei que depois não janto. Porque ainda estarei a digerir a feijoada, a bebida, mais do que uma sobremesa. Se como num casebre, numa aldeia, sou forçado a comer; se janto num bom apartamento, na cidade, obrigam-me a jejuar. Na aldeia há pão, enchidos cortados com uma navalha, queijo e uma pipa de vinho. Na cidade há um prato nu com sete feijões e um risco de molho sobre meia fatia de carne. Quando eu descubro com que garfo se come aquilo, o mordomo já levou. Os restos do meu prato, quando a refeição termina na aldeia, são mais fartos do que o conteúdo do prato quando a refeição começa na cidade. Fico de boca aberta com isso.
2017-06-10
colunas
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http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ricardo-araujo-pereira/2017/10/1924636-a-boca-dos-ricos.shtml
'Esperando Godot' é o exemplo mais bem acabado de um teatro realista
Quando "Esperando Godot", de Samuel Beckett, foi encenada pela primeira vez em Paris, Jean Anouilh escreveu: "Uma adaptação para music hall dos 'Pensées' de Pascal, interpretados pelos clowns de Fratellini". A descrição parecia ao menos ter o mérito da confissão de desnorteio diante do choque. No entanto, ela acabava por iluminar algo que, de fato, fornecia um eixo de entrada nesta peça de Beckett que retorna agora às livrarias brasileiras (e que tempo melhor para retornar do que exatamente agora?) em uma edição e tradução cuidadosas de Fábio de Souza Andrade (Companhia das Letras, 185 págs.). O lugar impossível que "Esperando Godot" ocupava, entre um music hall e os mundos em desabamento dos "Pensées", de Pascal, trazia as marcas de uma decisão. Não haveria nada mais equivocado do que sublinhar o pretenso caráter "absurdo" do teatro de Beckett nesta história da espera de Vladimir e Estragon por alguém que nunca virá. Para ser "absurdo", ele deveria estar longe do real, o que não é o caso. "Esperando Godot" é o exemplo mais bem acabado de um teatro realista não apenas por expor o caráter atualmente arruinado da linguagem que socialmente se impõe a nós. Uma linguagem que só por meio da mais brutal violência pode nos fazer ainda confiar nas relações de causalidade, na certeza produzida pelo efeito que segue a causa, na recognição produzida pela memória, na continuidade narrativa com sua orientação de ação pelas noções de necessidade e desenvolvimento. Ou seja, ele não é realista apenas por denunciar a falsidade do acordo em torno de uma metafísica que pulsa na gramática de nossa linguagem ordinária. "Esperando Godot" é realista porque expõe o tipo de desabamento que ocorre quando o real se torna possível. É realista por descrever como se respira pela primeira vez. Em dado momento da peça, Vladimir e Estragon entabulam um diálogo. "Vamos tratar de conversar com calma, já que calados não conseguimos ficar", diz Estragon. Segue-se então a tentativa de uma conversa meio reflexiva, meio filosófica sobre folhas mortas. Ela termina sem muito sucesso, o que leva Vladimir a pedir angustiado que eles digam alguma coisa, o que está longe de ser fácil agora. No que se segue um diálogo sintomático entre os dois. Diz Vladimir: "Só temos que recomeçar"/ "É, não parece muito complicado", diz Estragon/ Vladimir: "O primeiro passo é o mais difícil"/ Estragon: "Podemos começar de qualquer parte"/ Vladimir: "Podemos, mas temos que decidir"/ Estragon: "É mesmo". De fato, o primeiro passo é sempre o mais difícil quando se descobre que podemos começar de qualquer parte. Mas que maneira melhor de mostrar que se pode começar de qualquer parte do que fazer como Beckett e colocar em circulação a brutalidade de um humor que zomba de toda espera e de toda hermenêutica, que faz troça de toda forma de garantia de orientação da conduta? Humor que mostra a desorientação do senso comum diante do desabamento de todo um mundo. Mas talvez fosse o caso de meditar sobre exatamente isso, a saber, o que pode significar ver a forma do mundo desabar com humor? Não com desespero, já que, na peça, até mesmo a tentativa de se enforcar termina em um número de clown no qual a corda arrebenta e as calçam caem. Na verdade, trata-se de ver o mundo desabar com humor, o que não poderia ser outra coisa que a expressão de uma estranha confiança que anima não exatamente os personagens de Beckett, mas sua escrita. A confiança de que, no meio do que aparece para nós como caos (mas um caos que não é apenas o fantasma que criamos para alimentar a nostalgia da ordem; ao contrário, caos que é a liberação da experiência em relação a suas formas prévias), aparece também sempre a primeira respiração. Por isso, depois de descobrir que podemos começar de qualquer parte, ainda é necessário decidir. Isso, os personagens de "Esperando Godot" não fazem. Pois eles estão presos em uma espera que é apenas certa forma de defesa. Mas porque Beckett nunca de fato se desesperou com uma decisão, porque a decisão já estava sempre lá, seu humor é a forma suprema de quem diz: "Só mais um esforço, pois ouçam como já se respira no caos".
2017-06-10
colunas
vladimirsafatle
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/10/1924637-esperando-godot-e-o-exemplo-mais-bem-acabado-de-um-teatro-realista.shtml
Rodoanel Norte exigirá um aporte de R$ 582 milhões de vencedora
O trecho norte do Rodoanel Mário Covas demandará um investimento de R$ 581,6 milhões durante os 30 anos de concessão. O critério para definir o vencedor da disputa será o maior valor de outorga. O lance mínimo será estipulado em R$ 462,3 milhões, de acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo). O Rodoanel Norte terá 47,6 quilômetros de extensão e vai integrar os trechos leste, operado pela SPMar, do grupo Bertin, e oeste, sob concessão da CCR. O trajeto é considerado um dos mais atrativos para a iniciativa privada por ter uma ligação de quase quatro quilômetros com o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. A previsão é que a obra seja entregue pela Dersa (empresa estadual de desenvolvimento rodoviário) no ano que vem -o leilão ocorrerá antes disso, em 10 de janeiro. "O resultado das últimas licitações mostra que o modelo adotado neste ano em São Paulo foi bem aceito pelo mercado", afirma Giovanni Pengue Filho, diretor-geral da Artesp. Assim como as outras rodovias licitadas pelo governo em 2017, o edital do trecho norte do Rodoanel permite a participação de fundos de investimento. Em março, a proposta do Pátria arrematou o lote de rodovias no centro-oeste paulista por R$ 917,2 milhões. Constam também no edital instrumentos de proteção cambial e a obrigatoriedade de desconto de 5% nos pedágios pagos pelos usuários que utilizem meio eletrônico. R$ 462,3 MILHÕES será o lance mínimo aceito no leilão do dia 10 de janeiro 47,6 KM é a extensão do trecho, que passará por São Paulo, Arujá e Guarulhos 180 KM é a extensão total dos quatro trechos da rodovia * Improdutividade brasileira A produtividade da indústria brasileira é quase quatro vezes menor que a dos Estados Unidos, segundo a Abimaq (associação brasileira do setor de máquinas). O Brasil também fica atrás de outros mercados, como Argentina e México, ao se analisar a razão entre a receita líquida da indústria e o número de pessoas empregadas. O único país tido como menos produtivo em relação aos fabricantes nacionais é a China, afirma Mario Bernardini, diretor da Abimaq. "Mesmo que as empresas brasileiras sejam mais produtivas, elas são menos competitivas que as chinesas quando comparamos o preço das exportações. Isso por diversos motivos, como o câmbio." Embora tenha uma média baixa, a eficiência das empresas nacionais varia de acordo com o seu tamanho. "Quem puxa a produtividade para baixo no país são as empresas pequenas, em grande parte por causa da dificuldade de acessar máquinas mais modernas", afirma. * * Economia e quantidade e carros influenciam poluição em SP ozonio A crise econômica pode ter ajudado a melhorar a poluição na Grande São Paulo em 2015 e 2016. Com mais atividade econômica neste ano, o indicador volta a piorar. Um dos principais poluentes, o ozônio, que se forma com a reação de gases combustíveis de carros com outros químicos no ar, foi um problema menor nos anos de 2015 e 2016 que em 2014. A evolução é a mesma do movimento de veículos em estradas em torno da cidade: queda em 2015 e 2016, aponta a ABCR (associação de concessionárias). Em 2017, há mais fluxo -o índice de agosto é 2,52% maior que o do ano passado. O indicador do ar também se deteriorou: até setembro, foram 30 dias de ozônio em excesso, contra 32 em 2016 inteiro. "Não há razão tecnológica que justifique a variação do poluente, os carros são iguais, a inspeção veicular não voltou. Usou-se menos máquinas", afirma Gabriel Murgel Branco, sócio da consultoria Environmentality. Não se trata de fator preponderante, diz Lúcia Guardani, gerente da Cetesb: "A sensibilidade à economia existe, mas o fator meteorológico é muito importante." * Melhor idade A Prevent Senior, operadora de saúde paulista direcionada ao público acima dos 49 anos, planeja iniciar sua operação em outras regiões do país no próximo ano. A ideia inicial era abrir unidades em outras capitais já em 2017, mas o plano foi postergado devido à crise, segundo o sócio Fernando Parrillo. O valor reservado para o projeto, de até R$ 100 milhões, foi investido em aquisições e na expansão da rede de atendimento em São Paulo. A previsão para 2018 é que o valor aportado seja maior que o deste ano. "A demanda voltou a se aquecer, e devemos chegar a outros Estados", afirma o executivo. A empresa, que não oferece planos corporativos, prevê um crescimento de 15% a 22% da receita neste ano. O projeto em tramitação no Congresso para permitir o reajuste dos preços de planos após os 60 anos não afetará a empresa, diz ele. "Nosso modelo de negócios prevê apenas reajustes pela inflação, mesmo para clientes abaixo dessa idade." R$ 2 bilhões foi a receita no ano passado 50 são as unidades de atendimento da rede da Prevent Senior * Vento Furnas vai investir R$ 5 milhões em um túnel de vento para avaliar os efeitos do movimento do ar nos sistemas de geração de energia eólica. Desde 2008, a subsidiária da Eletrobras investiu R$ 251 milhões em inovação. Baixos... O setor de private equity foi um dos que mais sofreram retração no mercado de fusões e aquisições até setembro, aponta a consultoria TTR. O total de transações caiu 16%, enquanto em venture capital houve queda de 8%. ...e altos O mercado como um todo teve alta de 4%. No cenário de private equity, o segmento imobiliário foi o que mais cresceu, com alta de 50%, seguido pelo de saúde, higiene e estética (33%). * Hora do café com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA, IGOR UTSUMI e LETÍCIA NAÍSA
2017-06-10
colunas
mercadoaberto
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2017/10/1924746-rodoanel-norte-exigira-um-aporte-de-r-582-milhoes-de-vencedora.shtml
Vídeo ensina a usar simulador do Tesouro Direto; veja
O Tesouro colocou no ar um simulador que permite ao investidor calcular em quanto tempo ele consegue atingir uma meta financeira aplicando em títulos públicos. O serviço também compara o retorno oferecido com o de alternativas populares na renda fixa. A plataforma aponta também o título mais adequado para atingir o objetivo estipulado, como explica a repórter Tássia Kastner neste vídeo da série Folhainvest, produzido pela "TV Folha".
2017-06-10
tv
mercado
http://www1.folha.uol.com.br/tv/mercado/2017/10/1924712-aprenda-a-usar-o-simulador-do-tesouro-direto.shtml
Petrobras anuncia que vai 'dar um beijo' no mercado e privatizar BR
Em entrevista ao Financial Times, agora sobre a aceleração do plano de privatizar a BR Distribuidora, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, diz que, "se o mercado sorri para nós, podemos ir até lá e dar um beijo nele".
2017-06-10
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http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2017/10/1924761-petrobras-anuncia-que-vai-dar-um-beijo-no-mercado-e-privatizar-br.shtml
Gryner fez carreira na Globo e filme da Copa-94 antes de se aliar a Nuzman
Nos últimos 22 anos, Leonardo Gryner, 64, tornou-se o típico fiel escudeiro de Carlos Arthur Nuzman, 75. Onde quer que o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) se encaminhasse, no país ou no exterior, tinha ao seu lado o conterrâneo. Também foi assim na campanha e na realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (5), os cariocas mantiveram-se unidos em um desfecho menos glorioso. Foram presos operação da Polícia Federal e dividirão cela em presídio na zona norte do Rio. A trajetória dos dois se fortaleceu no início da década de 1980, enquanto Nuzman ganhava relevo na presidência da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e Gryner ascendia na hierarquia das Organizações Globo. O cartola e a rede viam no vôlei um produto interessante –parceria que se consolidou nas décadas seguintes– e a aproximação foi rápida. Em 1983, Gryner chegou ao posto de diretor de esportes do canal. Esteve à frente de negociação de direitos de transmissão de megaeventos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e reformulou e criou programas. No início dos anos 1990, passou a diretor de marketing esportivo, cargo em que permaneceu por um ano. Depois, ainda atuou como consultor da FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Na época, Nuzman, que era vice-presidente do COB, articulava para se tornar o mandatário da entidade. Viu em Gryner, já um velho conhecido e tido como discreto e eficiente, um bom nome para assumir suas operações de marketing. Assim, em 1995, enquanto o cartola comemorava a vitória na eleição, seu braço-direito era contratado para encabeçar a entidade. Não sem antes protagonizar um fato curioso. Formado em matemática e pós-graduado em administração esportiva, mas fã de cinema, o executivo aproveitou sua experiência em televisão para atuar como produtor no documentário "Todos Os Corações do Mundo", filme oficial da Copa do Mundo de 1994, nos EUA. PROJETOS PARALELOS Nos anos subsequentes ao seu ingresso no COB, Gryner abriu ao menos duas empresas de promoções, marketing e eventos esportivos. Uma delas, em parceria com Nuzman, foi a Olympo Marketing e Licenciamento, criada para prestar serviços ao COB, o Comitê Organizador do Pan Rio-2007 e a candidatura do Rio para os Jogos Olímpicos de 2012. Em consulta ao site da Receita Federal, é possível ver que a empresa está inativa há quase dois anos. Se a candidatura para a Olimpíada de 2012 não deu certo, para a de 2016 Nuzman indicou Gryner inicialmente para diretor-geral. Depois, já durante o processo de preparação, destacou-o para a direção de operações, posição que ocupou até o evento, em 2016. O diretor-geral foi o empresário Sidney Levy. Nuzman e Gryner agora devem dividir cela com outros dois detentos na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, no Rio. *
2017-06-10
esporte
null
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924723-gryner-fez-carreira-na-globo-e-filme-da-copa-94-antes-de-se-aliar-a-nuzman.shtml
Não basta estar na escola, é preciso garantir que todos aprendam
Na última semana, dois importantes relatórios foram divulgados, ambos abordando o que vem sendo chamado de crise global de aprendizagem: o World Development Report de 2018, do Banco Mundial, e o texto da consultoria McKinsey sobre fatores que influenciam o sucesso escolar na América Latina. Em ambos o Brasil não aparece bem na fita. O relatório do Banco Mundial celebra o fato de que o acesso à educação vem se expandindo muito nos anos recentes. Ao mesmo tempo, porém, alerta que escolarização e aprendizagem não são sinônimos e que, dada a precariedade do ensino em boa parte dos países em desenvolvimento, perde-se uma oportunidade de desenvolvimento e comete-se uma grande injustiça com as crianças e jovens. De alguma maneira, os sistemas escolares não se prepararam para acolher e educar uma miríade de alunos que finalmente tiveram acesso à educação. Mesmo depois de vários anos na escola, diz o relatório, milhões de crianças não sabem ler, escrever ou dominam uma aritmética elementar e, com isso, muitos alunos chegam à idade adulta sem as competências mais básicas para a vida. O Brasil, um dos últimos colocados no Pisa, um teste internacional de educação, é certamente exemplo do que é mencionado no relatório. Em 1930, contávamos com apenas 21,5% das crianças na educação primária, quase empatados com a Coreia, hoje um dos melhores sistemas na avaliação organizada pela OCDE. Nós, por outro lado, temos progressos muito pequenos em aprendizagem e ainda não conseguimos garantir que a maior parte dos nossos jovens tenha acesso ao ensino médio. Para os que têm, uma triste realidade: o Ideb, índice que mede a qualidade da etapa, está estagnado em 3,7 (numa escala de 0 a 10). O relatório da McKinsey acaba fornecendo um receituário para enfrentar o problema, com base em meticulosa análise dos dados fornecidos por questionários preenchidos por ocasião da aplicação do exame. Nele, aparecem como possibilidades de intervenção adequada o investimento na motivação do aluno, melhorias nas práticas do professor em sala de aula, seja por meio de aprimoramentos na formação inicial ou na formação em serviço, melhor uso da tecnologia, especialmente para apoiar a atuação dos mestres e ampliação da jornada escolar, ou, na impossibilidade de fazê-lo, no melhor uso do tempo pedagógico, focando a instrução. Segundo pesquisa de Barbara Bruns e Javier Luque, o Brasil não apenas tem uma carga horária bem menor que a dos países com bons sistemas educacionais como gasta mal o pouco tempo de aula. Sem resolver essas questões, continuaremos patinando em educação e —dizem os dois relatórios— em desenvolvimento.
2017-06-10
colunas
claudia-costin
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudia-costin/2017/10/1924780-nao-basta-estar-na-escola-e-preciso-garantir-que-todos-aprendam.shtml
Trump tira de transgêneros proteção contra discriminação no trabalho
Em mais um capítulo dos esforços do governo de Donald Trump para reverter as medidas de direitos civis implementadas pelo antecessor, Barack Obama, o secretário da Justiça, Jeff Sessions, anunciou que os transgêneros perderão a proteção contra a discriminação em locais de trabalho. Num documento enviado na quinta (5) a advogados, Sessions reverteu uma determinação de três anos atrás, segundo a qual a Lei dos Direitos Civis, de 1964, que criminaliza a discriminação com base no sexo de uma pessoa, protegeria também os transgêneros. Para Sessions, a palavra "sexo", como está na lei, significa "biologicamente homem ou mulher", ou seja, não veda a "discriminação contra a identidade de gênero". Essa decisão, segundo Sessions, vale para casos que já estejam em curso na Justiça. Até aqui, ao menos cinco tribunais haviam interpretado que a Lei dos Direitos Civis também se aplicava, desde o governo Obama, à proteção da identidade de gênero. Há três meses, o Departamento de Justiça emitiu um parecer dizendo que a Lei de Direitos Civis não barra a discriminação contra a orientação sexual do trabalhador. No centro da discussão está a interpretação da palavra "sexo" no código. A Suprema Corte não determinou ainda se o termo contempla a identidade de gênero e a orientação sexual, para além do sexo biológico. Desde a eleição de Trump à Casa Branca, o Departamento de Justiça vem revertendo uma série de proteções aos direitos civis, muitas vezes em casos em que o governo é parte no processo. Em julho, o presidente anunciou que transgêneros seriam banidos das Forças Armadas, desfazendo outra decisão de Obama. Trump também se esforça para dificultar a implementação e manutenção de programas de ação afirmativa, que tentam garantir o acesso de minorias à universidade. Além disso, o republicano vem cortando orçamentos e contingentes de funcionários de departamentos responsáveis pela fiscalização do respeito a direitos de trabalhadores em várias agências. Outra briga comprada por seu partido envolve o direito ao aborto, legalizado nos EUA. Republicanos aprovaram nesta semana na Câmara a proibição à interrupção da gravidez depois da 20ª semana. Enquanto isso, planos de saúde vêm restringindo a cobertura ao procedimento. O desmonte também ocorre no plano internacional. Trump quer o fim do acordo nuclear com o Irã, que ele chamou de "vergonhoso" para os EUA.
2017-06-10
mundo
null
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924843-trump-tira-de-transgeneros-protecao-contra-discriminacao-no-trabalho.shtml
Disputa por contrato para iluminação pública se acirra em São Paulo
O contrato emergencial para a iluminação pública de São Paulo que a prefeitura fechou sábado (30) com a atual prestadora do serviço, a FM Rodrigues, já provoca reações de concorrentes no setor. A Conecta, que faz construção e manutenção de redes de energia e iluminação, protocolou na segunda (2) um pedido para que a prefeitura informe qual foi o critério que levou à seleção da FM. Francisco Scattaregi, advogado da empresa, diz que a Conecta queria ser consultada para participar do contrato de emergência. "Ela daria desconto de 5% só para começar a negociar, mas a prefeitura nunca chama", diz. Em nota, a prefeitura justifica que a FM Rodrigues foi contratada em caráter emergencial para evitar descontinuidade no serviço. "Por estar prestando o serviço, a empresa tem mão de obra contratada, equipamentos, estoque de material, especificidades que garantem a prestação dos serviços sem que haja intercorrências que possam resultar em prejuízo à população", diz a nota. Segundo a prefeitura, o pedido de vista do processo feito pela Conecta foi enviado ao Ilume (Departamento de Iluminação Pública). Para a FM Rodrigues, o questionamento da concorrência é "disputa comercial". Em um consórcio chamado SP Luz, formado com a empresa Alumini, a FM Rodrigues foi escolhida na licitação de 2011 para a iluminação da cidade. Já houve renovação em 2015. A Alumini, porém, teve a participação rescindida neste ano porque subcontratou outras duas empresas num modelo considerado vedado pelo edital. A FM ficou conduzindo a operação. A Alumini nega qualquer irregularidade na subcontratação e se queixa de ter sido a única excluída, enquanto a FM permaneceu no contrato. "A subcontratação foi para serviços que não eram objeto principal do contrato", diz a Alumini, em nota. "A prefeitura, em claro favorecimento à FM Rodrigues, decidiu excluir só a Alumini da prestação", diz ela. Em setembro, o Tribunal de Justiça de SP reconheceu que a FM tinha responsabilidade solidária nesta subcontratação. A defesa da FM diz que as empresas já vinham atuando separadamente. Outra queixa sobre o contrato emergencial vem da Abilux (associação da indústria). Para Marco Poli, diretor da entidade, também não está claro quais serão os critérios para aprovação dos fornecedores de luminárias. Segundo a prefeitura, essa homologação será feita pelo Ilume. A FM Rodrigues pode vencer outra disputa: a concorrência pela PPP da iluminação de São Paulo –um contrato de mais de R$ 7 bilhões cujo atraso levou à renovação emergencial. Hoje, só há dois competidores: um deles é o consórcio FM Rodrigues, em que a FM é parceira da Consladel –empresa integrante do consórcio que ganhou lotes nos últimos contratos da manutenção de semáforo na cidade. O outro é o consórcio Walks, que tem WTorre e a Quaatro, controladora da Alumini. Mas enfrenta dificuldades porque a Alumni foi considerada inidônea para firmar contrato público após envolvimento na Lava Jato. Colaborou FABRÍCIO LOBEL, de São Paulo
2017-06-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924812-disputa-por-contrato-para-iluminacao-publica-se-acirra-em-sao-paulo.shtml
Em boa forma, The National volta à sensação de claustrofobia
SLEEP WELL BEAST (muito bom) ARTISTA The National LANÇAMENTO 4AD QUANTO cerca de R$ 36 no site da Amazon * Nos sete álbuns lançados pela banda norte-americana The National nos últimos 17 anos, Matt Berninger cultivou a imagem de atormentado e misantropo. O quinteto é formado por duplas de irmãos instrumentistas –Scott e Bryan Devendorf e Aaron e Bryce Dessner–, enquanto o solitário Berninger, segundo os companheiros, é um apadrinhado de todos eles. Berninger é conhecido também por beber e esquecer letras. Em um show no Rio, em 2011, dividiu vinho com a plateia do Circo Voador. Em 2015, depois de um episódio constrangedor nos EUA, passou a usar teleprompter. A bebedeira, diz, é para lidar com a ansiedade no palco. PARANOIA É também a sensação de inadequação a força-motriz das letras de Berninger e da cadência do indie rock downtempo do National. Em "Sleep Well Beast", que dá sequência aos aclamados "Trouble Will Find Me" (2013) e "High Violet" (2010), os músicos tratam de sentimentos de isolamento, paranoia e nostalgia: "Não é culpa de ninguém, só não temos nada mais a dizer", ecoa "Guilty Party". É charme. Há muito a ser dito a respeito de "Sleep Well Beast", a começar pela introdução de elementos eletrônicos emprestados dos alemães do Mouse on Mars. Em "Walk It Back", enquanto Berninger avisa "esquece, nada do que eu mudo muda alguma coisa", o quinteto flerta de maneira inédita com o synthpop. A faixa ainda emenda uma declaração atribuída a Karl Rove, ex-assessor do ex-presidente americano George W. Bush, a quem a banda já dirigiu palavras pouco amistosas nas redes: "Somos um império agora e, quando agimos, criamos nossa própria realidade", registra a faixa. A pegada eletrônica de "I'll Still Destroy You" vai em outra direção: "Tenho amigos indefesos e mau gosto para bebidas", suspira Berninger a respeito de outro tema recorrente em seu trabalho: álcool, drogas e ressaca moral. A narrativa segue em "Carin At The Liquor Store", que leva o nome de sua mulher e coautora de algumas letras. Todas as marcas que National construiu com mais consistência desde "Alligator" (2005), seu terceiro álbum, estão na nova obra em sua melhor forma: a batida característica de Bryan Devendorf em "Day I Die", candidata a hit; o crescendo de "The System Only Dreams In Total Darkness"; a claustrofobia noventista de "Turtleneck". A cabana que ilustra a capa de "Sleep Well Beast" também encerra a estética claustrofóbica da obra. A casa no interior do Estado de Nova York é o atual ponto de encontro da banda, que hoje se distribui por Cincinatti, sua cidade-natal, Los Angeles, Nova York, Copenhagen e Paris. Ali o quinteto compõe, grava, briga e faz as pazes. * Ouça no deezer
2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924577-em-boa-forma-banda-retorna-a-sensacao-de-claustrofobia.shtml
Controle de armas
SÃO PAULO - Se os EUA tivessem leis mais razoáveis de acesso a armas, a tragédia de Las Vegas teria sido evitada? Pergunta errada. Existem excelentes razões para regular rigidamente o comércio de armas, mas não penso que coibir terrorismo ou massacres como o desta semana, que envolvem planejamento metódico, esteja entre as melhores. É que ataques dessa magnitude até podem ser facilitados por vazios regulatórios, mas, desde que o perpetrador não seja um despreparado completo, não dependem deles para materializar-se. Se você tem dúvidas, basta olhar para o que acontece do outro lado do Atlântico, a Europa, onde as leis de acesso a armas tendem a ser bastante rigorosas. Isso não tem impedido terroristas com diferentes níveis de profissionalização de perpetrar atentados, seja conseguindo fuzis no mercado negro, seja recorrendo a outros meios de matar. Até carros e caminhões se revelaram ferramentas extremamente eficientes. Uma legislação que restrinja ao menos um pouco mais a aquisição de armas pelos norte-americanos é importante para prevenir um número muito maior de crimes menos midiáticos (tipicamente conflitos interpessoais que saem de controle) e, principalmente, suicídios e acidentes. A turma da bala adora levantar histórias de pessoas que, por estar armadas, impediram roubos e chacinas. Fantasiam até um mundo em que haja tantos "cidadãos de bem" armados, que ninguém ousaria sair da linha. Decida você mesmo se isso é uma utopia ou uma distopia. Não duvido de que existam casos assim. Mas, no mundo real, as estatísticas contam outra história. Metanálises como a conduzida por Andrew Anglemyer mostram que possuir uma arma em casa raramente evita assaltos, mas aumenta três vezes as chances de alguém na residência suicidar-se e duas as de tornar-se vítima de homicídio. Impulsividade é a palavra-chave aqui.
2017-06-10
colunas
helioschwartsman
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2017/10/1924750-controle-de-armas.shtml
Prisão de Nuzman encerra a era dos super-cartolas no esporte
A prisão de Carlos Arthur Nuzman, nesta quinta-feira (5), encerra uma era no esporte brasileiro, a dos supercartolas. Assim, como João Havelange no futebol, Nuzman concentrou mais poder no esporte olímpico nacional do que qualquer outro. Em 42 anos, liderou a revolução no vôlei, tornando-o o segundo maior esporte do país, e, no COB (Comitê Olímpico do Brasil), tornou a entidade mais rica e estruturada, mas fracassou na promessa de tornar o Brasil uma potência olímpica. Ainda que continue à frente do COB após sua estada na prisão, seu poder foi abalado de forma definitiva, e seu modelo centralizador, comprometido. E esse modelo só não acabou ainda por sua recusa em deixar no poder. Se o ícone dos supercartolas foi João Havelange, Nuzman foi seu melhor discípulo. Se Havelange ficou 40 anos entre a presidência da CBF (1958-1975) e Fifa (1975-1998), Nuzman está há 42 entre a presidência da CBV (1975-1995) e do COB (desde 1995). Nuzman aprendeu com Havelange a multiplicar o volume de dinheiro no esporte, atraindo investidores. E fazer desse dinheiro alavanca para o sucesso esportivo. E a usar as duas coisas como instrumento de poder. Na área esportiva, a trajetória de Nuzman se divide em duas partes: o sucesso estrondoso no vôlei e a quebra de expectativas no COB. Na CBV, pegou um país com pouca tradição no vôlei e o organizou para se tornar a principal potência do planeta. Com ele, o Brasil ganhou a prata nos Jogos de Los Angeles-1984 e o ouro em Barcelona-1992. O vôlei feminino, quase inexistente quando assumiu, também teve um grande crescimento, que continuou após sua ida para o COB. Desde o começo, Nuzman concentrou os esforços nas seleções. Dizia que, com uma seleção vitoriosa, surgem ídolos e eles estimulam a prática do esporte. Se, para o esporte, as vantagens se mostraram controversas –no vôlei deu muito certo, em outras modalidades não–, para os dirigentes elas têm sido evidentes, pois o dinheiro, logo, o poder, se concentra nas mãos deles. Além da seleção, Nuzman dotou a CBV de um modelo de gestão de negócios. Foi atrás de patrocinadores, de mídia, pôs o vôlei na TV, fez um jogo no Maracanã contra a maior seleção do mundo na época, a URSS (nem a chuva forte impediu a partida), e pôs o vôlei no Brasil no mapa mundial do esporte. Vieram as medalhas e tudo parecia sorrir. Mas, quando foi para o COB, em 1995, Nuzman encontrou barreiras. Os presidentes de confederação não aceitaram de imediato seu modelo de gestão e principalmente sua maneira impositiva. Nuzman corrigiu essa rota com sua habilidade política. Em 2002, o Congresso aprovou lei dando parte do dinheiro das loterias para o esporte olímpico, a Lei Piva. Nessa lei, o COB –ele– concentrava todo o dinheiro e distribuía por critérios que criava, mudava e quase sempre seguia. Com isso, pensava que poderia atacar outra questão: superar o fracasso dos Jogos Olímpicos de 2000, quando o Brasil voltou sem nenhum ouro em 12 medalhas. Se sua imagem como cartola estava ligada ao sucesso esportivo, Sydney foi um grande arranhão. Com a Lei Piva, tudo poderia ser diferente. Mas o Brasil continuou a patinar nas Olimpíadas. Com ou sem medalhas, Nuzman passou a pôr cada vez mais energia em seu grande sonho: organizar os Jogos Olímpicos no Rio. Conseguiu em 2009. A roda de poder, prestígio e dinheiro seguia girando. Mas Nuzman nunca descuidou das brechas. Na Rio-16, pela primeira vez em várias Olimpíadas o presidente do comitê olímpico também foi presidente do Comitê Organizador. Ao mesmo tempo que comandava o esporte com mão-de-ferro e gerenciava os negócios do COB com o amigo Leonardo Gryner, seu parceiro desde os primeiros tempos na CBV, Nuzman se ocupava em ficar longe de encrencas. Em público, sempre se parecia um cavalheiro confiante, o idealista do Brasil potência olímpica (e antes disso potência do vôlei). Enquanto Ricardo Teixeira, ex-genro de Havelange com quem tinha uma relação de altos e baixos, sofria com CPIs e denúncias e uma imprensa querendo pegá-lo no pulo, Nuzman conseguiu manter-se fora do noticiário negativo. Mesmo quando surgiram problemas e mais problemas nos Jogos Olímpicos. Aos poucos, começou a preparar sua saída de cena -se iria voltar atrás, ninguém sabe. Até que os franceses começaram a investigar se ele tinha mesmo conseguido tantos votos para a Rio-16 com aquele famoso point-point de 2009. *
2017-06-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924762-prisao-de-nuzman-encerra-a-era-dos-super-cartolas-no-esporte.shtml
Antes da Rio-16, Nuzman regularizou R$ 3,8 mi com lei de repatriação
Dois anos antes do início dos Jogos Olímpicos, Carlos Arthur Nuzman regularizou R$ 3,8 milhões ocultados das autoridades fiscais brasileiras no exterior. O cartola aderiu ao programa de regularização de ativos no exterior. Ela tem sido criticada por abrir brecha para a legalização de dinheiro com origem ilegal. No seu Imposto de Renda de 2015, o dirigente informou que era dono de cem ações de uma companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Segundo o documento, a empresa era proprietária de um apartamento em Nova York e tinha patrimônio líquido de US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 4,5 milhões atuais). No documento, o dirigente não deixa claro se era dono do apartamento em Manhattan. Outros investigados na Operação Lava Jato usaram a mesma estratégia para legalizar bens no exterior, como os empresários Marco Antônio de Luca, Jacob Barata e o doleiro Renato Chebar. Ele afirmou em delação premiada ser "laranja" de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio. BARRAS DE OURO Nuzman também ocultou das autoridades federais 16 barras de ouro mantidas num cofre na Suíça. Elas valem R$ 1,5 milhão e só foram declaradas à Receita Federal –por meio de uma declaração de retificação –após Nuzman ser intimado a depor na Operação "Unfair Play", em setembro. Relatório da Receita mostra também que o patrimônio de Nuzman dobrou entre 2013 e 2014, início do ciclo olímpico dos Jogos no Rio. Os dados revelam que o dirigente disse à Receita ter R$ 8,4 milhões em bens em 2014, o dobro dos R$ 4,2 milhões declarados no ano anterior. Em 2015, Nuzman informou às autoridades ter R$ 9,1 milhões em patrimônio, que foi reduzido ano passado para R$ 7,3 milhões –sem considerar R$ 1,8 milhão adicionados na declaração retificada. A Procuradoria afirma que as declarações de imposto de renda de Nuzman não registram remuneração do comitê organizador da Olimpíada. O dirigente justifica o crescimento patrimonial apenas com recebimentos de pessoas físicas e do exterior, sem outras informações. "Enquanto atletas olímpicos buscavam a sua medalha de ouro, dirigentes guardavam suas barras de ouro na Suíça", disse a procuradora Fabiana Schneider. A alteração na declaração às autoridades fiscais foi interpretada como uma tentativa de obstruir as investigações. "Toda a receita dele está compatível com seus ganhos, declarada no seu imposto de renda. Essa é uma discussão de mérito, que pouco tem a ver com uma prisão sem a formalização de um processo", disse Nélio Machado, advogado de Nuzman. *
2017-06-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924832-antes-da-rio-16-nuzman-regularizou-r-38-mi-com-de-lei-de-repatriacao.shtml
Assombraremos com luta armada entre pedófilos e defensores da família
A esquerda já tentou a luta armada segundo os dogmas expressos nos mais variados manuais. Nunca deu certo. O mais perto a que chegamos foi a Guerrilha do Araguaia, com o resultado conhecido. A população brasileira, na sua maioria ao menos, não se viu representada por seus métodos sanguinários. Durante a ditadura, a extrema direita também se organizou para "limpar a sociedade", pondo em prática seus próprios meios de resolução de conflitos: eliminar o adversário. Se eu fosse resumir, seria mais ou menos assim: esquerdistas matam "em nome do povo", e seus assassinos anônimos são apenas o braço armado de uma suposta consciência coletiva. Já a extrema direta tem uma visão miliciana do processo: tentam ser menos a expressão de uma coletividade do que a sua polícia informal. Daí que seja recorrente, nesses grupamentos, a ideia da "autodefesa". Pois é... A dar crédito a certas palavras, parece que, mais uma vez, vamos assombrar o mundo. A luta armada será travada entre pedófilos e defensores da pedofilia e seus adversários. Não está em manual nenhum. Mas não desconfio de nossa capacidade de assombrar o mundo. Temos a maior pororoca do planeta e um Supremo que ignora o "ato jurídico perfeito" e a "coisa julgada", como fez na votação sobre o Ficha Limpa. Um grupo de deputados foi ao encontro de Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura. Mandam-me um vídeo que registra o encontro. O porta-voz da turma é o deputado e pastor da Assembleia de Deus Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Na conversa com o ministro, ele tenta, a todo custo, arrancar do interlocutor a afirmação de que ocorreu um crime no MAM. Sá Leitão anui, o que é evidente e eu mesmo já afirmei isso em todos os meios em que trabalho, que o Estatuto da Criança e do Adolescente foi desrespeitado. Mas deixa claro o óbvio: é sua opinião pessoal. Numa democracia de direito, o Poder Executivo não determina o que é crime. Isso cabe à Justiça, segundo leis e códigos aprovados pelo Legislativo. Não se trata, e nunca se tratou, de ser favorável a que crianças convivam com adultos nus ou de ser contrário. Essa é a falsa questão do moralismo tacanho. À democracia, ao menos àquela que defendo há décadas, cabe modular as várias demandas segundo valores que atendem a toda coletividade, não a grupos específicos de pressão. E qual é o modo de fazê-lo? Sá Leitão disse a coisa certa: defende que a classificação indicativa se estenda também às exposições e que as pessoas que se consideram agravadas recorram à Justiça. Mas o deputado Sóstenes queria mais. Afirmou: "Nós estamos à beira de termos um problema, e gente sendo ferida, ou até morta, por falta de uma resposta ao 'time' da velocidade da Internet. Porque tudo isso só está acontecendo, e quero aqui fazer registro da visita do Yan, que representa o MBL, que foi quem mais nos ajudou a despertar (...). O que custa uma nota pra gente poder ajudar a tranquilizar as nossas bases (...)? E eu estou aqui como parlamentar me eximindo da responsabilidade e transferindo ao ministro. Porque, se acontecer um problema amanhã, eu não quero ser responsável. (...)" Trata-se de uma fala inaceitável. Sei o que escrevi quando um representante da CUT, em encontro com a ex-presidente Dilma, ameaçou o país com a reação armada caso houvesse o impeachment. Então seus simpatizantes estão dispostos a morrer e a matar —suponho que no combate à pedofilia e em defesa dos valores da família—, e a responsabilidade caberá ao ministro caso este não faça o que eles reivindicam? A democracia rejeita o dirigismo cultural, típico de regimes socialistas e fascistas. Pode fazer o que faz o Ministério da Cultura: defender a regulamentação e instar que cada Poder cumpra o que é de sua competência. Até porque, já está claro, essa questão está virando, de um lado, pretexto para o mantra "Fora Temer" —vejam lá "ozartista" da Paula Lavigne. E, de outro, para o "Cuidado, Temer! Não se esqueça da denúncia.
2017-06-10
colunas
reinaldoazevedo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldoazevedo/2017/10/1924801-assombraremos-o-mundo-com-a-luta-armada-entre-pedofilos-e-defensores-da-familia.shtml
Pesquisa aponta que medo do crime ampara saída salvacionista no Brasil
O medo é mau conselheiro, diz o ditado. E a insegurança que sempre caminha com ele, indica a história, tende a encorpar o apoio social a teses e medidas autoritárias na busca pela ordem. De acordo com a pesquisa "Medo da Violência e Apoio ao Autoritarismo no Brasil", o país não foge à regra: quanto mais amedrontada a população, maior a sua propensão a apoiar o autoritarismo —que, vale lembrar, manifesta-se à direita e à esquerda. Produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estudo explorou o grau de medo da população brasileira a partir 16 situações de violência ou vulnerabilidade. O resultado foi um índice em que zero é a ausência de medo e 1 é o medo de sofrer todos os tipos de violência descritos aos entrevistados. Numa média de 0,68, têm-se que mesmo os 25% dos brasileiros que menos sentem medo obtiveram índice de 0,5, enquanto aqueles 25% que mais sentem medo da violência atingiram 0,94. Ou seja, não há no país quem não tenha medo razoável. "O medo é estruturante das relações sociais. E, numa conjuntura de muitos crimes e desemprego, as pessoas se sentem inseguras e ameaçadas", explica o sociólogo Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP. "O conservadorismo aparece quando elas não confiam que as instituições e políticas vigentes possam lhes trazer segurança." CRIME E CASTIGO No Brasil, essa combinação é dramática. O país é recordista em homicídios, com cerca de 60 mil casos por ano, e apresenta altos índices de criminalidade violenta. A confiança nas instituições também vai mal: apenas 25% da população confia na polícia; 29%, no Judiciário; 11%, na Presidência da República e 10%, no Congresso, segundo levantamento de 2016 da FGV. Nesse contexto, parece natural a queda no apoio à democracia detectada em setembro por pesquisa Datafolha. A noção de que a democracia é sempre melhor que outras formas de governo obteve no mês passado a concordância de 56% dos eleitores. Já em dezembro de 2014, a afirmação era apoiada por 66% dos entrevistados. Mas o ineditismo da pesquisa sobre medo e autoritarismo exige cautelas. Não é possível, por exemplo, estabelecer relação causal do apoio ao autoritarismo com a crise política e econômica. "O indicador de 8,1 de apoio a posições autoritárias é alto", avalia o cientista social Fernando Abrucio. "Mas as principais análises históricas do país, desde Sérgio Buarque de Holanda, apontam para nossa forte tendência autoritária." FREUD EXPLICA A psicóloga social Maria José Tonelli, professora da FGV, lembra que Sigmund Freud (1856-1939) estudou os mecanismos do medo e da adesão a figuras autoritárias. Segundo ele, a organização social implicaria numa troca: o indivíduo abre mão da liberdade total para receber proteção do Estado. "Essa proteção diminui o impacto do medo na constituição dos sujeitos", explica Tonelli. "Mas, quando o pacto social deixa de proteger os indivíduos e garantir suas necessidades, eles passam a buscar soluções aparentemente mágicas. É aí que ocorre a adesão a teses totalitárias, sem a mediação da racionalidade", diz. Ela crê que essa é uma hipótese para a eleição de Donald Trump nos EUA. MAIS RICOS TÊM MENOR ADESÃO À AGENDA DE DIREITOS Além do Índice de Propensão ao Apoio a Posições Autoritárias, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública procurou aferir, em sentido oposto, a propensão dos brasileiros ao reconhecimento de uma agenda de direitos civis, humanos e sociais. Foram elaborados dez enunciados distribuídos em cinco categorias: gênero (papel do feminismo e da população LGBT); raça (racismo e políticas para mitigá-lo); pobreza e desigualdade; laicidade do Estado; e condições prisionais. Os enunciados foram submetidos aos entrevistados pelo Datafolha. O índice de apoio à agenda de direitos obtido foi de 7,83 —menor que a média de apoio a posições autoritárias (8,1). Em contraste com o Índice de Propensão ao Apoio a Posições Autoritárias, que se mostrou mais elevado nas classes D/E, o Índice de Propensão ao Apoio à Agenda de Direitos é menos forte entre pessoas da classe A. Entre aqueles com renda superior a dez salários mínimos, estrato da classe A, o apoio aos enunciados sobre adoção por casais gays (51%), cotas raciais (59%) e condições prisionais (62%) foi menor que a média. "Enquanto os pobres querem mais direitos, os ricos veem os direitos com moderação porque têm certo medo da mobilidade social", avalia o cientista social Fernando Abrucio. Para o sociólogo Sérgio Adorno, o fato de alguns temas terem alta aceitação indica uma cultura política que aposta no conservadorismo mas também acena para mudanças. O estudo detectou que cada um dos grupos citados nos enunciados (mulheres, gays, negros etc.) apresentou comportamentos distintos, numa fragmentação identitária voltada para agendas específicas, sem constituir uma frente ampla por direitos. A metodologia de medição do apoio aos direitos, segundo os responsáveis pelo estudo, não é tão consistente quanto a utilizada na mensuração das tendências autoritárias. O índice deve ser tomado como tentativa "contrafactual".
2017-06-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924785-pesquisa-aponta-que-medo-do-crime-ampara-saida-salvacionista-no-brasil.shtml
Subjetividade pode levar qualquer postagem a ser denunciada
São surpreendentes os meandros do processo legislativo brasileiro. No bojo da reforma política aprovada a toque de caixa para que surta efeito já nas próximas eleições, um dispositivo chama especial atenção pelo caráter nada republicano. Trata-se de uma previsão que autoriza a remoção sumária, da internet, de comentários tidos por ofensivos, ou de informações tidas por falsas, feitas a respeito de partidos políticos e candidatos. É imperativo que o presidente da República vete o dispositivo. A previsão, inserida no capítulo denominado "Propaganda na Internet" (artigo 57B, parágrafo 6º.), é de difícil compreensão, o que talvez não tenha sido à toa. A nova pérola legislativa obriga que os aplicativos e as redes sociais suspendam, mediante denúncia de qualquer usuário, e independente de ordem judicial, comentários ou postagens que sejam consideradas como discurso de ódio, ofensivas ou disseminadoras de informações falsas a respeito de partidos políticos ou candidatos. Cria, assim, verdadeira caça às bruxas. As causas que ensejam a denúncia são tão vagas que praticamente qualquer conteúdo crítico pode nelas se enquadrar, a critério do denunciante. A subjetividade do que pode ser considerado ofensivo e a dificuldade de apuração do que é falso permitem que, potencialmente, qualquer postagem seja denunciada como irregular. Não bastasse, uma vez excluído, o conteúdo só poderá ser novamente disponibilizado se o aplicativo ou a rede social certificar-se da identificação pessoal do usuário que o publicou. Pergunta-se: como poderá o provedor certificar-se da identificação do autor do conteúdo? A resposta é simples: não poderá. Para identificar o autor do conteúdo, um aplicativo depende da obtenção de dados que não estão em seu poder e cujo sigilo é garantido. O sistema jurídico exige autorização judicial para o acesso a tais dados. Isso significa que o conteúdo não voltará a ser disponibilizado em prazo razoável, especialmente considerando o processo eleitoral. Trata-se de censura —e não há outro vocábulo que possa classificar a aberração. O engenhoso mecanismo desconsidera as garantias legais: suspende-se um conteúdo, com base em ilações, e exige-se uma série de providências que, na prática, inviabilizam sua republicação. Certamente não se defende que postagens ofensivas, falsas ou odiosas fiquem impunes. A sistemática legal já prevê meios para identificação da autoria de conteúdos postados na internet, mediante ordem judicial, sendo inexplicável a desconsideração dos procedimentos já existentes. E tudo isso para proteger a "honra" de políticos e partidos em período eleitoral. A suspensão da veiculação de um conteúdo, seja na internet, no cinema, em museus ou em mídia impressa, mesmo com ordem judicial, já é grave e gera diversos questionamentos. Mas a obrigatoriedade de que aplicativos ou redes sociais retirem qualquer conteúdo denunciado como falso, ofensivo ou odioso, sem que o teor seja submetido a uma análise judicial a respeito da sua licitude, fere a liberdade de expressão e a manifestação do pensamento. Fere a Constituição Federal e o Marco Civil da Internet que, com tanto cuidado, protegeu a dinâmica da internet, como espaço de livre circulação de ideias. TAÍS GASPARIAN e MÔNICA GALVÃO são advogadas sócias do Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo, Gasparian-Advogados, que presta serviços para a Folha.
2017-06-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924767-subjetividade-pode-levar-qualquer-postagem-a-ser-denunciada.shtml
Lirio Parisotto quer transformar casa de Edemar Cid Ferreira em museu
DOU-LHE UMA O empresário Lirio Parisotto, ex de Luiza Brunet, está interessado na casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, dono do falido Banco Santos. A ideia dele é montar no espaço, que foi projetado por Ruy Ohtake, uma espécie de museu memorabilia, voltado para os trabalhos de atores, músicos e esportistas populares do Brasil. DOU-LHE DUAS Duas coisas, porém, deixaram Parisotto preocupado: o estado de conservação da casa e o fato de estar situada em uma zona estritamente residencial. DOU-LHE TRÊS O imóvel está avaliado em R$ 77,9 milhões e vai a leilão pela segunda vez, em novembro. Na primeira, não atraiu interessados. Leia a coluna completa aqui.
2017-06-10
colunas
monicabergamo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/10/1924724-lirio-parisotto-quer-transformar-casa-de-edemar-cid-ferreira-em-museu.shtml
Copo pela metade
Para aperfeiçoamentos pontuais, um sensível retrocesso. Assim se pode resumir o resultado da reforma política, após as derradeiras votações na Câmara dos Deputados e no Senado. No capítulo dos avanços, registrem-se duas medidas destinadas a diminuir a influência de partidos sem representatividade. A primeira institui gradualmente uma cláusula de desempenho (ou de barreira), estipulando uma porcentagem mínima de votos válidos nas eleições para deputados federais, distribuídos em pelo menos um terço dos Estados, para que uma agremiação política desfrute de plenas prerrogativas legais. Há hoje inconcebíveis 35 legendas registradas, 25 delas com representantes na Câmara. A segunda extingue, a partir de 2020, em eleições para deputados e vereadores, as coligações partidárias —mecanismo que assegura a legendas minúsculas a possibilidade de ver eleitos seus candidatos, além de promover a constituição de alianças sem nenhuma coerência ideológica ou programática. Num lance surpreendente, o Congresso aprovou o fim da propaganda partidária nas redes de rádio e televisão —aquela conhecida e irritante rotina estendida ao longo do ano, que não se confunde com o horário reservado aos candidatos em períodos eleitorais. Abortou-se, felizmente, a ideia de liberar o telemarketing eleitoral, que deixaria o eleitor brasileiro exposto a telefonemas políticos das 9 às 20h, de segunda a sábado. Entretanto o principal objetivo de toda a reforma —com o qual concordaram as lideranças de partidos tão díspares quanto o DEM, o PC do B, o PMDB e o PT— foi impor aos contribuintes uma conta de cerca de R$ 2 bilhões para que os políticos brasileiros financiem suas campanhas; estas já contavam com algo em torno de R$ 1 bilhão do Fundo Partidário. Essa investida contra os cofres públicos é a consequência, plenamente evitável, da proibição a que empresas contribuam com candidaturas e partidos. Se associado a regras de transparência e a limites rígidos de gastos, o financiamento privado, e ademais voluntário, não teria por que ser extinto. Anuncia-se, entretanto, um máximo de gastos permitidos a cada candidatura, o que é positivo. No pleito presidencial, promete-se teto de R$ 70 milhões no primeiro turno; nas últimas eleições, a chapa vitoriosa gastou R$ 384 milhões, só considerando dados oficiais. De mais esdrúxulo, uma emenda obriga sites a retirar temporariamente conteúdos políticos da internet a partir de mera denúncia de usuário, sem necessidade de ordem judicial. Não parece crível que tal disparate possa prosperar. [email protected]
2017-06-10
opiniao
null
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1924755-copo-pela-metade.shtml
Quadrinhos
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2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924718-quadrinhos.shtml
Tendência para o autoritarismo é alta no Brasil, diz estudo
Os brasileiros têm alta propensão a apoiar teses autoritárias e essa tendência é reforçada pelo quadro ameaçador da segurança pública do país, que registra cerca de 60 mil mortes intencionais por ano e tem 50 milhões de adultos que declaram ter conhecido ao menos uma pessoa que foi assassinada. Esta é uma das conclusões do estudo "Medo da Violência e Autoritarismo no Brasil", realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma entidade sem fins lucrativos, que elaborou no país um inédito Índice de Propensão ao Apoio de Posições Autoritárias. Com base em pesquisa encomendada ao instituto Datafolha, a medição indica que, numa escala de zero a dez, a sociedade brasileira atinge o elevado índice de 8,1 na propensão a endossar posições autoritárias. A constatação mostra-se mais relevante quando os brasileiros começam a se preparar para a corrida eleitoral do próximo ano, num contexto político e social instável, em tese propício a aventuras populistas e autoritárias. "Estamos sob ataque de grupos que professam sua fé na violência como forma de governar e de, paradoxalmente, pacificar a sociedade, em uma espécie de vendeta moral e política que parece cada vez mais ganhar adeptos", diz Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP, para quem a ideia de que vivemos numa "terra devastada" favorece a exploração de supostas saídas de "cunho salvacionista". Um dos nomes que se apresentam com essas características no cenário da disputa presidencial é o deputado Jair Bolsonaro (PSC), que na pesquisa Datafolha de intenção de voto, publicada no último domingo, oscilou entre 15% e 19% nos diversos cenários propostos pelo instituto. As reais possibilidades de Bolsonaro, contudo, precisam ser relativizadas, tratando-se de sondagem realizada a um ano da data do pleito. Mauro Paulino, diretor do Datafolha, avalia que o potencial eleitoral do pré-candidato "só poderá ser confirmado no próximo ano, quando as demais candidaturas estiverem definidas, e em especial depois do início da propaganda eleitoral nos veículos de comunicação". POBRES E JOVENS O índice proposto pelo FBSP foi elaborado com base em tentativas de medição de tendências autoritárias na tradição das ciências sociais e da psicologia social. Tomou-se como referência inicial a escala psicométrica criada pelo sociólogo e filósofo alemão Theodor Adorno (1903-1969), no pós-Guerra, época em que trabalhou com um grupo de psicólogos sociais na Universidade da Califórnia, em Berkeley, com o objetivo de mensurar tendências antidemocráticas implícitas na personalidade de indivíduos. Numa versão mais sintética que a do alemão, o FBSP propôs 17 enunciados que foram submetidos a 2.087 entrevistados numa amostra representativa da população com 16 anos ou mais, em 130 municípios, entre os dias 7 e 11 de março deste ano. Os enunciados se filiam a três categorias: "submissão à autoridade", "agressividade autoritária" e "convencionalismo". A que apresentou médias de propensão ao autoritarismo mais altas foi a primeira —"submissão à autoridade". O resultado pode ser relacionado a traços reconhecíveis da cultura política do país, como o prestígio de lideranças fortes e personalistas —à direita, mas também à esquerda, como ressalta Fernando Abrucio, professor da FGV. Na busca de um "salvador da pátria", a população poderia vê-lo no ex-presidente Lula (PT), "que tem um histórico de políticas sociais", ou em Bolsonaro. "Se isso leva à vitória eleitoral, é complicado dizer, porque há outras variáveis em jogo." A pesquisa foi decupada em algumas variáveis, como faixa etária, escolaridade, regiões, cor da pele, população dos municípios e classe social dos entrevistados. Verificou-se que a tendência autoritária é mais acentuada entre os menos escolarizados, os de menor renda, os mais velhos, os pardos, aqueles que habitam municípios menos populosos e os que vivem no Nordeste. Na curva etária, chama a atenção que a faixa de 16 a 24 anos se mostre mais inclinada ao autoritarismo do que as duas subsequentes (25 a 34 e 35 a 44 anos). Para Sérgio de Lima, tal inclinação justificaria o esforço nas redes sociais de grupos de jovens conservadores para exercer influência nas eleições de 2018. Quanto a classes e regiões, a maior adesão entre os de menor renda e no Nordeste sugere "um pedido de socorro". Os pobres estariam frustrados com recuos sociais e seriam mais reféns do medo da violência. ESPECIALISTAS COMENTAM ESTUDO Os índices do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Datafolha serão apresentados nesta sexta (6), a partir das 15h30, no auditório do Instituto Unibanco (rua Padre João Manuel, 40). O evento é só para convidados. Renato Sérgio de Lima, secretário-geral do fórum, e Fernando Abrucio (FGV), entre outros, analisarão os dados. A pesquisa está disponível no site www.forumseguranca.org.br. * COMO FOI FEITA A PESQUISA O índice foi construído pelo grau de concordância dos entrevistados frente às afirmações: Convencionalismo 7,36 ‣ "A maioria de nossos problemas sociais estaria resolvida se pudéssemos nos livrar das pessoas imorais, dos marginais e dos pervertidos" ‣ "Se falássemos menos e trabalhássemos mais, todos estaríamos melhor" ‣ "Deve-se castigar sempre todo insulto à nossa honra" ‣ "Os crimes sexuais tais como o estupro ou ataques a crianças merecem mais que prisão; quem comete esses crimes deveria receber punição física publicamente ou receber um castigo pior" ‣ "Os homossexuais são quase criminosos e deveriam receber um castigo severo" ‣ "Às vezes, os jovens têm ideias rebeldes que, com os anos, deverão superar para acalmar os seus pensamentos" ‣ "Hoje em dia, as pessoas se intrometem cada vez mais em assuntos que deveriam ser somente pessoais e privados" Submissão a autoridades 8,08 ‣ "A ciência tem o seu lugar, mas há muitas coisas importantes que a mente humana jamais poderá compreender" ‣ "Os homens podem ser divididos em duas classes definidas: os fracos e os fortes" ‣ "Um indivíduo de más maneiras, maus costumes e má educação dificilmente pode fazer amizade com pessoas decentes" ‣ "Todos devemos ter fé absoluta em um poder sobrenatural, cujas decisões devemos acatar" ‣ "Pobreza é consequência da falta de vontade de trabalhar" Agressividade autoritária 6,50 ‣ "O que este país necessita, principalmente, antes de leis ou planos políticos, é de alguns líderes valentes, incansáveis e dedicados em quem o povo possa depositar a sua fé" ‣ "A obediência e o respeito à autoridade são as principais virtudes que devemos ensinar às nossas crianças" ‣ "Não há nada pior do que uma pessoa que não sente profundo amor, gratidão e respeito por seus pais" ‣ "Nenhuma pessoa decente, normal e em seu são juízo pensaria em ofender um amigo ou parente próximo" ‣ "O policial é um guerreiro de Deus para impor a ordem e proteger as pessoas de bem"
2017-06-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924781-tendencia-para-o-autoritarismo-e-alta-no-brasil-diz-estudo.shtml
'Prioridades do Congresso são claras', diz leitor sobre fundo partidário
REFORMA POLÍTICA A Câmara aprovou o fundo partidário de R$ 2 bilhões. Se o povo não se manifesta, então é sinal de que concorda. Parabéns mais uma vez ao povo, que prefere ficar em casa vendo novela e futebol em vez de lutar por um país melhor. Quem cala consente. LUCIANO VETTORAZZO (São José do Rio Preto, SP) * Não tem problema. Vou continuar trabalhando e pagando impostos para isso. Que maravilha! DALTON M. CHICON (Florianópolis, SC) * Esses são nossos representantes. Bilhões para um fundo partidário e o que nos interessa —saúde, segurança e educação— está em frangalhos. As prioridades do Congresso são claras. REINALDO CUNHA (Passo Fundo, RS) - DENÚNCIA CONTRA TEMER Ilegal e imoral é o bando de chacais que golpeou a democracia, roubou R$ 570 milhões em propinas e sangra os cofres públicos para não perder o poder usurpado. FLÁVIA V. HARTMANN (Brasília, DF) * A denúncia contra Temer deveria ser suspensa pela Câmara. Sua aceitação só vai provocar um imbróglio político sem necessidade. Seria trocar seis por meia dúzia e causar instabilidade política. Só as eleições para darão um final democrático para a péssima chapa presidencial eleita em 2014. No campo econômico, o governo vai bem, tendo conseguido descascar o abacaxi deixado de herança. Sendo isso o mais importante, o resto vamos levando. REINNER CARLOS DE OLIVEIRA (Araçatuba, SP) - CORRUPÇÃO NO COB Nuzman é um tubarão que já deveria ter sido engaiolado desde os Jogos Panamericanos. Nuzman torrou R$ 3 bilhões até o final do Pan, envolto em suspeitas de desvios de toda a ordem. Era só o aperitivo para a farra que viria, a Olimpíada. JOSÉ MARIA LEAL PAES (Belém, PA) * É óbvio que o governo federal sabia perfeitamente dessa mutreta quando tudo ocorreu. A Copa do Mundo não foi diferente. PETER JANOS WECHSLER (São Paulo, SP) * Triste fim de carreira para Nuzman. Sempre foi rico e não tinha a menor necessidade de ingressar nesse caminho do crime para obter mais poder e prestígio. Cria de Havelange, deslumbrou-se com os holofotes e se tornou íntimo de Sérgio Cabral, governador responsável pelo sepultamento do Rio de Janeiro. O legado dos Jogos hoje são escombros imprestáveis, mas os responsáveis se escondem ou estão presos. Eles não esperavam por essa. VICTOR CLAUDIO (São Paulo, SP) - CANDIDATURA SEM PARTIDO O ministro do STF Gilmar Mendes critica as possíveis candidaturas de pessoas sem partido. Ministro, o que não pode é juiz com partido, não concorda? PAULO FERREIRA (São Paulo, SP) * O eleitor também tem direito de se candidatar sem precisar entrar na panelinha dos partidos. Os membros do STF deveriam ser escolhidos por escrutínio popular, com mandato de, no máximo, oito anos. ANTONIO F. DA COSTA NETO (Belo Horizonte, MG) * Se aprovadas as candidaturas independentes, o sistema político atual implode. Porém a "corte brasileira" lutará com unhas e dentes contra essas candidaturas. A "corte" que mantemos com nossos suados impostos. ROGÉRIO DE MENDONÇA LIMA (Goiânia, GO) - DISTRIBUIÇÃO DE RENDA O ministro Osmar Terra diz, sobre transferência de renda, que "vamos continuar dando o peixe, mas ensinando a pescar". É necessário dizer que também é preciso deixar chegar ao rio. Sem isso, não há como pescar. MÁRIO NOGUEIRA NETO (Ponta Grossa, PR) - POLÊMICA NA ARTE Sobre o texto da essencial Mônica Bergamo sobre o MAM, além do desprezível oportunismo eleitoreiro do prefeito João Doria, acho que dá para dizer que quem enxerga lascívia, pecado e, principalmente, sujeira sexual em tudo —até em um homem com o órgão sexual inerte— é que é o lascivo, o pecaminoso. Por favor, não transformem o MAM no Museu do Atraso Medieval! ANÍSIO FRANCO CÂMARA (São Paulo, SP) * Lamento a coluna de Marco Aurélio Canônico por criticar o prefeito Marcelo Crivella por vetar a mostra "Queermuseu" no MAR, do Rio. O prefeito está de parabéns por vetar essa exposição que tenta expor e difundir, em nome da liberdade de expressão, uma pedofilia camuflada de arte. Mas claro que a Folha e seus colunistas iriam ficar contra o prefeito, afinal ele é um "conservador nos costumes". GUILHERME NEVES (São Paulo, SP) - REFORMA PROTESTANTE Parabéns à Folha pela excelente reportagem sobre os 500 anos da Reforma Protestante. Com a bela foto da igreja do Castelo, a repórter descreve interessantes detalhes da casa-museu, uma visita obrigatória para quem passa pela pequena e graciosa Wittenberg. Nessa mesma casa, acontece a festa em comemoração ao casamento de Martinho Lutero e Catarina de Bora, recordando o 13 de junho de 1525, com flores, músicas e iguarias para uma comemoração inesquecível. ANTÔNIO LUIZ AMADESI GOMES (Jundiaí, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para [email protected]
2017-06-10
paineldoleitor
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http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2017/10/1924787-prioridades-do-congresso-sao-claras-diz-leitor-sobre-fundo-partidario.shtml
A onda do Nobel
Quem estiver em busca de extrair lições do trio de prêmios Nobel na área de ciências naturais deste ano enfrentará alguma dificuldade. A dispersão, mais uma vez, foi a marca das láureas de 2017. O prêmio de Medicina, anunciado na segunda-feira (2), contemplou um clássico estudo de ciência básica. Os americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young foram agraciados pelas descobertas de mecanismos moleculares dos ritmos circadianos. Desvendar as engrenagens do "relógio biológico", por assim dizer, não teve ainda aplicação notável em medicina. No entanto, representa um conhecimento basilar sobre a alternância regular de sono e vigília que governa boa parte dos ritmos biológicos. Tampouco se pode esperar que a confirmação da existência de ondas gravitacionais —objeto do Nobel de Física apresentado na terça-feira (3) resulte logo em inovações estrondosas nos campos tecnológico e industrial. Há algo de entusiasmante, entretanto, na capacidade humana de comprovar com experimentos uma ideia desenvolvida um século atrás por ninguém menos que Albert Einstein. E que experimentos. Rainer Weiss, Kip Thorne e Barry Barish, todos atuantes nos EUA, foram decisivos para pôr de pé o Ligo (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser, na abreviação em inglês). A máquina tem dois túneis perpendiculares de 4 km, pelos quais correm raios laser de alta precisão. Os feixes servem para detectar as perturbações do espaço-tempo causadas por objetos maciços em movimento, como buracos negros, que foram previstas por Einstein. Dois desses observatórios foram construídos nos Estados Unidos, um no Estado da Louisiana e outro no de Washington. A Fundação Nacional de Ciência dos EUA investiu US$ 1,1 bilhão no Ligo, valor que não parece tão alto quando se trata da "descoberta que abalou o mundo", como se expressou a Academia Real Sueca de Ciências ao anunciar o prêmio. Bem mais próxima do campo da inovação foi a láurea de Química, conferida ao suíço Jacques Dubochet, ao alemão Joachim Frank e ao escocês Richard Henderson. Eles desenvolveram a criomicroscopia eletrônica, que está revolucionando o estudo de moléculas cruciais para processos biológicos. Antes inabordáveis por métodos cristalográficos tradicionais, sua compreensão decerto levará ao desenvolvimento de novos fármacos. Há, sim, algo de comum aos três Nobel deste ano: básica ou aplicada, premiou-se a melhor ciência. [email protected]
2017-06-10
opiniao
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http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1924756-a-onda-do-nobel.shtml
O ministro e os homens de bem
BRASÍLIA - O caso do homem nu no Museu de Arte Moderna foi um presente para a bancada dos homens de bem. Desde a semana passada, políticos que surfam a onda conservadora se esforçam para tirar uma casquinha do episódio. Depois dos prefeitos de São Paulo e do Rio, chegou a vez dos deputados federais. Na terça-feira, dois deles defenderam tortura e "porrada" nos envolvidos na performance. "Bando de safados, bando de vagabundos, bando de traidores da moral da família brasileira! Tem que ir para a porrada com esses canalhas!", esbravejou João Rodrigues (PSD-SC). O deputado é o mesmo que foi flagrado vendo fotos e vídeos pornográficos no plenário em 2015. Questionado, ele culpou amigos que "mandam muita sacanagem" para seu celular. Depois foi a vez de Laerte Bessa (PR-DF), dublê de deputado e delegado. "Se aquele vagabundo fosse fazer aquela exposição lá no Goiás, ele ia levar uma 'taca' que ele nunca mais ia querer ser artista", ameaçou. Ele aproveitou para exaltar instrumentos de tortura. "Direitos humanos é um porrete de pau de guatambu que a gente usou muitos anos em delegacia de polícia", ironizou. Em abril, a Justiça condenou Bessa por chamar o governador do Distrito Federal de "frouxo" e "maconheiro". Na quarta, o deputado Pastor Eurico (PHS-PE) encontrou outro judas para malhar na tribuna. Ele atacou uma exposição de fotografias no Museu da República, em Brasília. "Está aqui: nudez! As crianças estão lá. Cadê os defensores das crianças? Isso é cultura? Isso é arte? Até que ponto estamos chegando?", discursou. A arte e a nudez sempre foram alvos fáceis para os moralistas de ocasião. A novidade é a existência de um ministro da Cultura disposto a alimentar as feras. Em reunião com a bancada evangélica, Sérgio Sá Leitão endossou as críticas ao MAM e prometeu incluir um artigo na lei Rouanet para atender aos pastores. Ver o MinC se curvar ao obscurantismo parece demais até para o Brasil de 2017.
2017-06-10
colunas
bernardomellofranco
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/bernardomellofranco/2017/10/1924774-o-ministro-e-os-homens-de-bem.shtml
Leilão de bens de Cabral deve pagar blindados da polícia
RIO DE JANEIRO - Faz dois meses que o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, colocou à disposição da Secretaria de Segurança 46 veículos blindados. Por falta de dinheiro para adaptá-los às necessidades policiais, continuam fora das ruas. Os blindados eram carros-fortes que estavam a serviço de transportadora de valores usada como "banco clandestino" por operadores do esquema de Sérgio Cabral, de acordo com delatores. Os veículos estavam enferrujando e sendo saqueados na sede da Trans-Expert, na zona portuária. O galpão está abandonado desde que a empresa foi impedida de funcionar. A Secretaria de Segurança pediu à Justiça que o dinheiro arrecadado com o leilão de bens do grupo de Cabral pague a adaptação e manutenção dos carros. Para 17 blindados, precisaria de R$ 2 milhões. Os demais em condições de uso seriam usados pela Secretaria de Administração Penitenciária ou cedidos à Polícia de Minas Gerais. O banco clandestino é um dos aspectos mais espetaculares da corrupção fluminense. Por meio dele, corruptos e corruptores movimentavam grandes quantidades de dinheiro. Padrões de segurança não eram o forte da transportadora. Em junho de 2015, na manutenção da porta de aço do cofre principal, um funcionário teria deixado o maçarico ligado, provocando incêndio que queimou mais de R$ 100 milhões, segundo advogado ouviu de um dos donos da empresa. Emails apreendidos mostram integrantes do esquema de Cabral discutindo ressarcimento de dinheiro queimado no incêndio. Dois bancos e até a Federação de Futebol do Rio perderam dinheiro armazenado ali. Os investigadores se surpreenderam com a transformação da transportadora em depósito de milhões de reais, em razão dos riscos inerentes. Queimar dinheiro não é metáfora na bandalheira dos anos cabralinos.
2017-06-10
colunas
plinio-fraga
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/plinio-fraga/2017/10/1924744-leilao-de-bens-de-cabral-deve-pagar-blindados-da-policia.shtml
Venda cresce, e estoque da indústria de máquina agrícola está ajustado
Após a intensa queda de vendas de máquinas agrícolas há dois anos, as indústrias repensaram a forma de produção. Ajustaram a produção às vendas, evitando carregar estoques elevados. A estratégia deu certo. A produção continua com bom desempenho neste ano, superando em 20% a de igual período de 2016, mas os estoques são pequenos. Foram produzidos 35 mil tratores neste ano, 20% mais do que de janeiro a setembro de 2016. As vendas internas no atacado e as exportações já somam, todavia, 34,9 mil unidades. O setor tem atualmente poucas unidades não comercializadas. O mesmo ocorre com as colheitadeiras, cuja produção atingiu 3.859 unidades neste ano. Vendas a concessionárias e exportações somam 3.461. Essa estratégia de trabalhar com estoques mínimos e controlados exige uma atenção redobrada da indústria. Se houver uma recuperação rápida do mercado, o setor terá dificuldade para repor produto. Além de olhar para o mercado brasileiro, a indústria tem de atender Argentina, Peru, Colômbia e Paraguai. O Brasil vem de uma supersafra de grãos, produção que poderá se repetir em 2018. E a expansão da produção ocorre também nos países vizinhos, que cada vez mais demandam máquinas. A indústria brasileira obtém um aumento paulatino nas exportações. Neste ano, as vendas externas de máquinas agrícolas já superam em 39% as de igual período do ano passado. Bom para os trabalhadores do setor, uma vez que o quadro de funcionários do segmento supera em 18% o de setembro de 2016, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (5) pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). A produção acumulada de tratores supera em 11% a de igual período de 2016, e a de colheitadeiras, em 3%. Já a de colhedora de cana tem queda de 18%. * Grãos - A produção de cereais da União Europeia será de 301 milhões de toneladas neste ano, 1,3% acima da de 2016. Apesar do crescimento, fica abaixo dos 331 milhões atingidos em 2014. Destaque - O trigo é o maior destaque na produção, atingindo 142 milhões de toneladas. Milho vem a seguir com 59 milhões. França - A liderança na produção de grãos é da França, cujo montante será de 68 milhões de toneladas. A Alemanha, segundo maior produtor, terá 46 milhões. Oleaginosas - A União Europeia deverá produzir ainda 40 milhões de toneladas de oleaginosas, bem acima dos 31 milhões de 2016. Alta - Os preços dos grãos se recuperaram no mês passado, devido às perspectivas de estoques menores, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Limites - A paridade entre estoques e consumo, porém, continua elevada, o que deverá limitar um avanço adicional dos preços, segundo analistas do Itaú.
2017-06-10
colunas
vaivem
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2017/10/1924840-venda-cresce-e-estoque-da-industria-de-maquina-agricola-esta-ajustado.shtml
Aviso
Excepcionalmente nesta sexta a coluna não é publicada.
2017-06-10
colunas
pedropassos
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/pedropassos/2017/10/1924819-aviso.shtml
Atriz Andréa Beltrão vê ecos da era Trump em 'Antígona'
Quando montou "Antígona" em 2016, espetáculo que celebrava seus 40 anos de carreira, Andréa Beltrão, 54, buscava sair da zona de conforto. "Queria uma grande complicação e consegui", diz à Folha. "Uma coisa que ou me enterrasse ou me desse asas novas. Por enquanto estou voando por aí com elas." Andréa faz novo pouso do monólogo, o primeiro de sua carreira, a partir desta sexta (6), em mais uma temporada paulistana da montagem. Dirigida por Amir Haddad, ela se alterna entre uma explanação, quase numa conversa com o público, e uma interpretação da tragédia de Sófocles, em tradução de Millôr Fernandes, morto em 2012. Antes de adentrar o drama de Antígona, a atriz faz um passeio pelo histórico da mitologia grega. "Tem uma imensa quantidade de nomes que atravessa a história. Os mitos eram as novelas dos gregos, eles conheciam todos aqueles personagens", conta. Num exercício de tentar resumir a história dos Labdácidas, a dinastia da qual faz parte a protagonista, lembrou-se de Bob Dylan no clipe de "Subterranean Homesick Blues", em que o músico mostra cartazes com palavras da música, acompanhando a canção. Dali nasceu o cenário da montagem: um painel com folhas expondo os prenomes dos integrantes da família, como numa árvore genealógica. É uma apresentação mais didática da história e que busca uma transição fluida entre a narração a interpretação –contida– dos personagens. "As melhores vezes é quando eu consigo fazer mais natural possível." O PORQUÊ Já fazia 20 anos que Andréa namorava a tragédia de Antígona, jovem que confronta o tirano governante Creonte para conseguir enterrar o próprio irmão. Mas, quando decidiu montá-lo, era porque falava "o que eu queria dizer, mas não sabia explicar o porquê". "Quando iniciei o processo, a situação política não estava assim, não tinha impeachment, não tinha [o presidente americano Donald] Trump." Andréa lembrava de início das histórias como a da doméstica Marli Pereira Soares, que em 1979 denunciou policiais pelo assassinato do irmão em Belford Roxo (RJ), de Clarice Herzog (viúva do jornalista Vladmir Herzog, morto na ditadura) e da estilista Zuzu Angel (cujo filho Stuart Angel Jones desapareceu durante o mesmo regime militar). Mas a peça acabou por reverberar o cenário político atual, afirma. "Hoje Trump é o maior Creonte que a gente tem hoje. O [presidente Michel] Temer é fichinha perto dele, é um sub-Creonte." Segundo a atriz, durante a temporada da peça, que passou por cidades como Rio, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, é grande a reação do público. "Sempre que o Creonte fala: 'Não vou cair na frente de uma mulher', as pessoas reagem. No Poeirinha [Rio], um espectador gritou um 'fora, Temer'. Eu fiquei na minha, não podia dar muita pista, mas achei legal ele poder dizer o que ele queria. Qualquer opinião é bem-vinda." * ANTÍGONA QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 17h; até 5/11 ONDE Teatro Raul Cortez, r. Dr. Plínio Barreto, 285, tel. (11) 3254-1631 QUANTO R$ 80 CLASSIFICAÇÃO 12 anos
2017-06-10
ilustrada
null
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924578-atriz-andrea-beltrao-ve-ecos-da-era-trump-em-antigona.shtml
Letícia Sabatella interpreta Edith Piaf em peça com ares de cabaré
Aimar Labaki queria contestar o imaginário popular das figuras de Bertolt Brecht (1898-1956) e Edith Piaf (1915-63) quando escreveu "A Vida em Vermelho". "A gente tem a ideia do Brecht politizado e da Piaf romântica. Mas eles não cabem nessa caricatura." O espetáculo, que estreia nesta sexta-feira (6) no Sesc Santo André, no ABC paulista, e depois segue temporada na unidade de Santo Amaro, em São Paulo, cria um encontro entre figuras clownescas inspiradas na cantora francesa e no dramaturgo alemão. Edith e Bertoldo, interpretados pelo casal Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto. Além das figuras fictícias, os atores emulam personagens que passearam pelas carreiras dos artistas e costuram na trama referências a personalidades do teatro brasileiro, como Plínio Marcos (1935-99). Num palco que mescla referências aos cabarés francês e germânico, a dupla faz uma espécie de competição musical. "Eles tentam defender o personagem de que gostam mais e acabam mostrando um contraponto entre o racional de Brecht e o emocional de Piaf", diz Sabatella. CONTRAPONTO Em "A Vida em Vermelho", o casal de intérpretes, acompanhado no palco de três músicos, interpreta o cancioneiro de Brecht (como "Balada de Mackie Messer", da "Ópera dos Três Vinténs") e Piaf ("Padam, Padam", "Milord"), além de músicas que tangem o universo dos artistas. Cria-se um contraponto entre os repertórios, o de Brecht mais duro, o de Piaf mais "adocicado", diz o diretor Bruno Perillo. Para Labaki, a polifonia é uma forma amenizar o momento político e social. "Tem-se usado muito pouco a razão e pensado com o estômago. Sentir é legítimo, pensar é legítimo também." * A VIDA EM VERMELHO QUANDO sex., às 21h, sáb., às 20h, dom., às 19h; até 22/10 (Sesc Santo André). Sex., às 21h, sáb., às 20h, dom., às 18h; de 10 a 27/11 (Sesc Santo Amaro) ONDE Sesc Santo André, r. Tamarutaca, 302, tel. (11) 4469-1311. Sesc Santo Amaro, r. Amador Bueno, 505, tel. (11) 5541-4000 QUANTO R$ 9 a R$ 30 CLASSIFICAÇÃO 12 anos
2017-06-10
ilustrada
null
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924580-leticia-sabatella-interpreta-edith-piaf-em-peca-com-ares-de-cabare.shtml
Aviso
Excepcionalmente, a coluna não será publicada nesta sexta-feira (6).
2017-06-10
colunas
patriciacamposmello
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/patriciacamposmello/2017/10/1924845-aviso.shtml
Abaixo assinado contra a censura
Bred Pinto, Xana, Asterisco, Teta, Xibiu, Capô de Fusca, Mandioca, Vara, Benga, Bacurinha, Xota, Perereca, Tronco, Brioco, Barrigudinha, Cacete, Membro, Manjubinha, Buceta, Manjubão, Xulipa, Pica, Peitoquinha, Fiofó, Dita- Cuja, Pichoca, Vagina, Greta, Pinto, Piroca, Buça, Cona, Xavasca, Cu, Glande, Pingola, Bingolim, Bráulio, Pirarucu, Cabeluda, Xibiu, Zona do Agrião, Piupiu, Linguiça, Barbada, Aranha, Gurizão, Perseguida, Metido, Rosca, Catatau, Piça, Dengoso, Traseiro, Grandes Lábios, Olhota, Saco, Bacurinha, Safada, Jeba, Ursa Maior, Durango, Pimba, Pepeu, Aneloide, Redondo, Amiguinha, Rego, Bate-palma, Fedegoso, Rola, Abre-alas, Ardido, Mama, Estandarte, Edí, Toba, Quentinha, Bibelô, Peru, Cipó, Grego, Biqueta, Aneloide, Seu Rugoso, Furunculo, Pingola, Maminha, Seu Orifício, Retaguarda, Anilha, Pombinha, Beringela, Seio, Lindinha, Roleta, Semi-ereto, Bacurinha, Tulambe, Proxaska, Bandida, Boca banguela, Benedita, Siliconada, Preciosa, Dona Aureola, Rabiola, Ardida, Bozó, Pênis, Dona Gruta, Bronha, Xoxota, Raba, Pepino, Jereba, Boce Ta bem?, Curió, Barroca, Cajado, Peitola, Assadinha, Testa-larga, Bufador, Belinguéu, Almofadinha, Pinto, Concha, Salpicão, Rulinha, Triângulo, Picole, Vulva, Suadinha, Chapuleta, Birosca, Guerreira, Ânus, Careca, Babona, Rabo, Transada, Zoinho, Saradão, Prechereca, Gulosinha, rodela, Perestroika, Loló, Assoviador, Pirocão, Jurumba, Batcaverna, Coluna-do-Meio, Lado B, Bicho-peludo, E o bambú?, Baratinha, Abrigo, Sapeca, Porra, Beicinha, Talo, Socador, Pastel de pelo, Ariranha, Pinguelo, Cabaça, Oráculo, Xinxa, Rabicó, Repartida, Rodela, Pisca-pisca, Nabo, Pau, Furiquete, Bebete, Tora, Picasso, Boneca, Cheio-de-veia, Zueiro, Manjolo, Xulapinha, Alexandre, o grande, Xoroca, Binbadeira, Anfitriã, Pau-mole, ABCeta, Rozeta, Bastão, Porta dos Fundos, Mijão, Bigorna, Furículo, Reto, Brejereba, Suprema, Cabeção, Caceta, Chulapa, Santinha, Croquete, Djeba, Seu Posegeme, Forévis, Topetuda, Dito-cujo, Giromba, Hulk, Pororoca, Pica das galáxias, Rolândia, Jamanta, Jequitibá, Magaiver, Manjuba, Trator, sulanha, Pussy, Arrochadinha, Amigão, Prexureca, Pessegueiro, Poderosa, Sheilinha, Palmitão, Beicinho-rosado, Pikashu, Xororó, Vergalhão, Tronzoba, Predadora, Toco, Saroba, Rojão, Passaralho, Pirombeta, Clementina, Abençoada, Abacurel, Aconchega, Beiçolinha, Bolacha da Nona, Xuxa, Xoxonha, Vitaminada, Tunel do Tempo, Heroina, Tchuchuca.
2017-06-10
colunas
tatibernardi
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/tatibernardi/2017/10/1924820-abaixo-assinado-contra-a-censura.shtml
Antes de prisão, Nuzman reuniu chefes de confederações para 'tranquilizá-los'
Na última quinta-feira (28), Carlos Arthur Nuzman recebeu os presidentes de quase 30 confederações esportivas na sede do COB (Comitê Olímpico do Brasil), no Rio. Além de falar sobre divisão de recursos da Lei Piva, pauta principal do encontro, queria transmitir um recado. Após ser intimado a depor e ter seus passaportes apreendidos pela Polícia Federal no início de setembro, disse que era tempo de retomada. Por mais de uma hora, falou aos pares sobre a suspeita de esquema da Rio-2016. Tentou esclarecer aspectos que considerava dúbios e reforçar seus argumentos de defesa. Expressou que queria tranquilizar a todos. A "tranquilidade" não durou uma semana. Ao ser preso pela mesma Polícia Federal nesta quinta (5), abriu um vácuo de poder no COB que pode durar os cinco dias de detenção temporária estabelecida pela Justiça. Ou mais. O clima dentro do comitê olímpico é de ansiedade em relação aos rumos futuros. A Folha apurou que não há movimentação entre dirigentes para que seja convocada uma assembleia extraordinária ou qualquer outra reunião para discutir a situação da cúpula do COB. Portanto, por ora, a tarefa de administrar a entidade nestes dias cabe ao vice-presidente Paulo Wanderley, como rege o estatuto –na linha sucessória, o próximo é o secretário-geral Sérgio Lobo. Potiguar radicado na capixaba Vitória e que ganhou projeção ao presidir a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) por 16 anos, Wanderley já responde pelo COB na ausência do mandatário em viagens ou compromissos. Nuzman chamou Wanderley para sua chapa no início de 2016. A estratégia era fazer um processo de transição para que o ex-comandante do judô nacional assumisse o comitê em 2020, data da próxima eleição presidencial. Com um aliado forte –em seu mandato, o judô do Brasil ganhou 12 medalhas olímpicas e 30 em Mundiais–, Nuzman poderia se concentrar no encerramento do Comitê Organizador dos Jogos do Rio, que ainda tem dívida superior a R$ 120 milhões, e na candidatura para a chefia da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana). A primeira parte do projeto deu certo. Sem adversários, Wanderley e Nuzman venceram a eleição para o COB, em outubro do ano passado. Porém, dali em diante os planos foram frustrados. Nuzman perdeu a eleição para a Odepa e virou alvo de investigação da Polícia Federal que culminou em sua prisão nesta quinta-feira. EXIGENTE Ex-técnico de judô que foi responsável pela equipe masculina nos Jogos de Barcelona, em 1992, Wanderley é conhecido pelo estilo exigente que o marcou na CBJ. Em seus 16 anos na capitania da confederação, teve como pior momento o Mundial de Roterdã, em 2009, quando o Brasil saiu sem pódios. Ainda na Holanda, esbravejou e distribuiu reprimendas à comissão técnica e atletas. Desde então, o judô brasileiro não mais deixou uma competição de primeira linha sem ao menos uma medalha. No COB, ele tem adotado até o momento um estilo mais contido e discreto, como coadjuvante de Nuzman. Em 2015, Wanderley foi retirado da presidência da Confederação Pan-Americana de Judô por seus pares. Os cartolas alegaram que o brasileiro tentava concentrar poder e não fazia consulta prévia para tomar decisões. Por causa disso, também tiraram o Pan-Americano da modalidade que seria disputado no Brasil, em abril deste ano, antes dos Jogos. O evento acabou por ser realizado em Cuba. Wanderley tentou, sem sucesso, reaver os seus cargos por meio de apelação na Corte Arbitral do Esporte. *
2017-06-10
esporte
null
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1924743-antes-de-prisao-nuzman-reuniu-chefes-de-confederacoes-para-tranquiliza-los.shtml
Venda de veículos para frotistas e empresas anima montadoras
EDUARDO SODRÉ DE COLUNISTA DA FOLHA O setor de vendas diretas das montadoras tem trabalhado bastante. A participação nos emplacamentos desse tipo de negócio (comercialização de veículos a frotistas e demais empresas) passou de 33% para 39,4% no acumulado de 2017 (janeiro a setembro) em relação ao mesmo período de 2016. Enquanto a comercialização no varejo caiu 2,3% nos primeiros nove meses do ano, as vendas diretas subiram 28,6%. O cálculo feito pela Fenabrave (entidade que reúne os revendedores de automóveis) leva em consideração carros de passeio e veículos comerciais leves. De acordo com representantes da Anfavea (associação de montadoras), essa oscilação é típica de períodos de recuperação, quando há bases baixas para comparação- em 2016, as vendas e a produção regrediram aos mesmos patamares de 2006. Contudo, mostra que há certa estabilidade nas vendas no varejo, que ainda não reagiu. A constatação é comprovada por pesquisa feita pela J.D. Power em parceria com o banco Itaú. O levantamento ouviu 6.700 consumidores que acessaram o portal iCarros, que pertence ao banco. Desses, 22% se disseram interessados em adquirir um modelo novo, enquanto os outros 78% afirmaram buscar um usado. Em 2016, o número de interessados em um carro zero-quilômetro era de 24%. "O mercado automobilístico está se recuperando, já atingimos o fundo do poço. As entrevistas nos permitem dizer que essa questão percentual de interesse de compra tende a ser mantida", diz Fabio Braga, diretor da J.D. Power do Brasil. As montadoras aguardam ansiosas que essa intenção se converta efetivamente em emplacamentos para pessoas físicas. Porém, isso depende da retomada do crédito: a pesquisa mostra que 68% dos consumidores ouvidos precisarão pegar dinheiro em banco para comprar um veículo. Ao vender carros para frotas, as fabricantes abrem mão de margens de lucro mais polpudas. Contudo, a medida tornou-se necessária para reduzir estoques e possibilitar a retomada das vendas. A indústria aposta que dias melhores virão mesmo em 2018, com crescimento do varejo. Muitos dos carros repassados por venda direta retornam ao mercado como usados cerca de um ano depois. É o que ocorre com os automóveis vendidos a locadoras. Algumas fabricantes pensam em soluções para essa questão. O grupo PSA Peugeot Citroën trabalha em um modelo de recompra, em que os automóveis voltariam como seminovos às concessionárias e seriam revendidos ainda com garantia vigente. Apesar de a venda no varejo ainda não ser satisfatória, as montadoras estão otimistas com os dados de produção. PRODUÇÃO EM ALTA A fabricação de veículos no Brasil cresceu 27% entre janeiro e setembro de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Anfavea. Foram produzidas 1,98 milhão de unidades no período, entre carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. Na comparação com agosto, houve queda de 9,2% na fabricação de autos. A oscilação é normal, segundo a associação de montadoras. As vendas internas chegaram a 199 mil unidades em setembro. Houve queda de 8% na comparação com agosto, mas crescimento de 24,5% sobre setembro de 2016 -que foi o pior mês de vendas no ano passado. O estoque é suficiente para atender a 33 dias de vendas, número considerado adequado pela Anfavea.
2017-06-10
sobretudo
rodas
http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/rodas/2017/10/1924846-venda-de-veiculos-para-frotistas-e-empresas-anima-montadoras.shtml
Sabesp planeja instalar mini-hidrelétricas em canos de água
A Sabesp quer aproveitar a pressão hidráulica dos canos de água para reduzir seus gastos com energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, que chegam a R$ 500 milhões por ano. O plano é instalar "mini-hidrelétricas" em 200 pontos do sistema de saneamento da cidade. A energia será transmitida para a Eletropaulo, em troca de abatimento de 3,2% dos gastos da Sabesp (R$ 16 milhões). A distribuidora já está de acordo com a ideia. A empresa procura um investidor do mercado de energia para patrocinar as obras. "O negócio da Sabesp não é energia, é claro, então estamos estudando uma sociedade com alguma empresa do setor", diz o superintendente Aurélio Fiorindo, responsável pelo projeto. Enquanto isso, a empresa está montando um "piloto" em Barueri, na Grande São Paulo, que deve começar a funcionar no início de 2018. A fornecedora do equipamento, de custo aproximado de R$ 200 mil, é a alemã KSB, que já participou de projetos de mini-hidrelétricas no sistema de saneamento na Europa. Há dois anos, foi instalado um sistema parecido nos canos de Portland (EUA). No Brasil, a ideia é inédita e se torna possível porque a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) editou, em 2015, uma resolução permitindo instalar sistemas pequenos de geração de energia sem necessidade de assinar contratos com o órgão. Somente em Barueri, a Sabesp estima economizar R$ 300 mil por ano, o suficiente para suprir o consumo de 450 casas com três moradores. COMO FUNCIONA É possível gerar energia a partir dos canos porque, ao entrar em reservatórios ou estações de tratamento, muitas vezes a água chega com mais pressão do que o necessário. "O sistema leva a água até o ponto mais alto do relevo. Na maioria dos pontos mais baixos, há energia [hidráulica] excedente", diz Fiorindo. Essa pressão de água será transformada em eletricidade com turbinas, com a mesma tecnologia de uma hidrelétrica comum, mas em pequena escala. Com os 200 pontos construídos, devem ser gerados 28 mil MWh anuais, segundo a empresa. A Aneel permite "microgeração" de energia de até 75 kW, desde que seja de fonte renovável ou sustentável, e introduz regras para a compensação de energia elétrica. Em acordo com a distribuidora, qualquer consumidor pode participar de uma compensação, e o crédito deve ser utilizado em até 60 meses. A Sabesp gasta energia principalmente com estações de tratamento e para bombear água dos reservatórios para casas e estabelecimentos.
2017-06-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1924814-sabesp-planeja-instalar-mini-hidreletricas-em-canos-de-agua.shtml
Polícia procura motociclista que pode ter atingido 400 km/h na Anhanguera
A Polícia Rodoviária Estadual identificou o suposto condutor de uma moto esportiva que aparece em um vídeo trafegando a 400 km/h na rodovia Anhanguera, em Louveira (a 71 km de SP). Segundo a polícia, o vídeo foi publicado em 20 de setembro. Ele mostra o velocímetro de uma Kawasaki Ninja H2 que teria ultrapassado 400 km/h em um trecho da rodovia onde a velocidade máxima permitida é de 100 km/h. Embora o marcador da moto registrasse 299 km/h, limite oficial do veículo, um dispositivo alternativo na moto mostraria a velocidade real. Em outro vídeo, dois homens mostram a moto passando em velocidade alta. Em outro momento da filmagem, o piloto já está com a dupla e conversa sobre a "aventura". Segundo a polícia, depois da repercussão do caso, policiais descobriram o nome de um homem que deve ser o condutor da motocicleta. A equipe de investigação estava tentando localizá-lo. O delegado Marco Lucchesi disse que foi instaurado inquérito policial. O motociclista pode ter a habilitação suspensa. Vídeo mostra motociclista a 400 km/h
2017-06-10
cotidiano
null
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924839-policia-procura-motociclista-que-chegou-a-400-kmh-na-anhanguera.shtml
Acuado nos EUA, Facebook tenta reagir; imprensa vê confiança saltar
O Facebook publicou anúncios de página inteira nos primeiros cadernos de "New York Times" (acima), "Wall Street Journal" e "Washington Post", entre outros, prometendo "combater qualquer tentativa de interferir com eleições ou engajamento cívico" na plataforma. E aceitou o convite da Comissão de Inteligência do Senado dos EUA, para depoimento no dia 1º de novembro, sobre os anúncios russos que veiculou durante a campanha de 2016. Segundo o site "Axios", executivos do Facebook saíram a campo para uma "ofensiva" de contatos com políticos e a imprensa. Entre eles, a diretora de Operações, Sheryl Sandberg, a chefe da iniciativa de jornalismo criada pela rede social, a ex-âncora da CNN Campbell Brown, e a recém-contratada coordenadora para transparência, a ex-ombudsman do "NYT" Liz Spayd. Ao fundo, a agência Reuters divulgou pesquisa que encomendou ao Ipsos mostrando que a confiança dos americanos na imprensa cresceu de 39% em novembro de 2016 para 48% em setembro de 2017. 'NEXT FRONTIER' O Poynter, instituto que se dedica a questões de jornalismo, afirma que o WhatsApp pode ser "a próxima fronteira para fake news". O serviço de mensagens comprado pelo Facebook, menos popular nos Estados Unidos, mas forte na América Latina e em outras regiões, acaba de alcançar 1 bilhão de usuários no mundo. Usando exemplos de Brasil e Catalunha, o Poynter diz que ainda se busca uma forma de identificar e combater a proliferação de notícias falsas na plataforma. QUANTO? No "NYT", "Obama, no Brasil, oferece bordão familiar", contra a polarização política, "para plateia corporativa". Ele nem sequer "mencionou Trump". E sua assessoria "declinou dizer o quanto ele recebeu".
2017-06-10
colunas
nelsondesa
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2017/10/1924758-acuado-nos-eua-facebook-tenta-reagir-imprensa-ve-confianca-saltar.shtml
Outros animais têm o sentido do número, mas só a humanidade conta
No grande clássico "Número, a linguagem da ciência", publicado pela primeira vez em 1930, o historiador da matemática Tobias Dantzig (1884 - 1956) conta o seguinte episódio. Um proprietário estava determinado a matar um corvo que fizera o ninho numa torre da sua casa. O problema é que de cada vez que entrava na torre o pássaro fugia, ficava observando e só voltava depois que o homem saía da torre. O dono recorreu a um estratagema: entraram dois homens juntos na torre e só saiu um. Mas o pássaro não se deixou enganar: só voltou ao ninho depois que o segundo homem saiu. Nos dias seguintes repetiram o truque, sucessivamente com dois, três e até quatro homens, mas sempre sem sucesso. Finalmente, entraram cinco homens na torre e saíram quatro. Dessa vez deu certo: incapaz de distinguir entre quatro e cinco o corvo voltou ao ninho. Existem outras evidências de que algumas espécies de animais têm um "sentido do número". Dantzig também menciona um inseto, a vespa solitária, que põe os ovos em células individuais nas quais armazena, para cada ovo, lagartas vivas que servirão de alimento ao recém-nascido. O que é notável é que o número de lagartas em cada célula é sempre exatamente o mesmo, embora varie segundo a espécie da vespa: algumas espécies colocam 5 lagartas em cada célula, outras 12, algumas chegam a colocar 24. Como é que a vespa faz? Mais incrível ainda, existe uma espécie em que o macho é bem menor que a fêmea. De algum modo, a mãe adivinha se nascerá um macho ou uma fêmea e coloca 10 lagartas para os ovos femininos e apenas 5 para os masculinos. Há outros exemplos, mas o sentido do número parece mesmo estar restrito a algumas espécies de aves e de insetos. É surpreendente que nunca tenha sido observado em mamíferos, nem sequer nos primatas superiores, com exceção dos humanos. Aliás, a maioria de nós também não consegue distinguir números maiores do que quatro "no olho", ou seja, sem contar. A técnica da contagem é a grande descoberta da humanidade para lidar com os números de modo muito mais potente do que qualquer outra espécie. Ninguém sabe quando começamos a contar, como nem por quê. Nem sequer sabemos se começamos a contar com números cardinais (um, dois, três...) ou ordinais (primeiro, segundo, terceiro...). A primeira teoria é a mais popular entre os especialistas. Motivada por necessidades práticas, a humanidade teria sido levada a representar certos objetos (ovelhas, pessoas, mercadorias) por meio de outros objetos (pedras, entalhes em pedaços de madeira, nós em cordas). Até o dia, que provavelmente se repetiu em inúmeros locais e civilizações, em que alguém percebeu que existe algo em comum entre "três ovelhas" e "três pedras", que é o conceito abstrato de "três". Nesse dia nasceu o conceito de número. Algumas línguas preservam vestígios do período anterior. Por exemplo, no idioma das ilhas Fiji a palavra para 10 é "koro" se estivermos falando de cocos e "bolo" se o assunto for barcos. E o povo Tauade da Nova Guiné usa palavras diferentes para falar de pares de machos, pares de fêmeas e pares mistos. Talvez seja por isso também que, em português, falemos de "alcateia de lobos", mas nunca de "alcateia de ovelhas". Mais recentemente, alguns antropólogos têm sugerido que a principal motivação para a descoberta da contagem teria sido a realização de certos rituais religiosos, que precisam ser executados em ordem bem definida. Isso teria conduzido a humanidade, inicialmente, a contar em números ordinais. Seja como for, está claro que a descoberta da técnica da contagem foi difícil e complexa. O fato de termos duas mãos, dois olhos etc. certamente facilitou o acesso ao conceito abstrato de número 2 (o 1 é um caso à parte: os próprios gregos da era clássica não consideravam 1 um número!). Mas o passo seguinte é muito mais recente do que se poderia imaginar. Na língua dos sumérios, o povo da Mesopotâmia que inventou a escrita cinco mil anos atrás, a palavra "es" significa tanto "três" quanto "muitos". Certas línguas africanas que sobreviveram até os nossos dias têm palavras apenas para "um", "dois" e "muitos". A palavra inglesa "thrice" pode significar "três vezes" ou "muitos". Em francês, a semelhança entre "trois", três, e "très", muito, também pode ser um indício semelhante de um estágio primitivo da técnica da contagem. Os nativos das ilhas do estreito de Torres, próximo da Austrália, foram um passo adiante: "urapun" significa 1, "okosa" significa 2 e então "okosa-urapun" é 3 e "okosa-okosa" é 4. Certas línguas da Amazônia brasileira, da África e da Austrália usam construções idênticas. O famoso matemático e economista americano David Gale (1921-2008) conta a seguinte história em um de seus artigos, que afirma ser verdadeira –e eu acredito. Era uma vez uma menininha de três anos chamada Clara, que tinha acabado de aprender a contar. Ela conseguia contar as cadeiras da sala e os degraus da escada. Um dia o pai decidiu testá-la. "Filha, aqui estão quatro pirulitos para você". Mas só entregou três. Clara pegou os pirulitos e contou obediente: "Um, dois, quatro". Mas então, confusa: "Cadê o terceiro, papai?"
2017-06-10
colunas
marceloviana
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloviana/2017/10/1924740-outros-animais-tem-o-sentido-do-numero-mas-so-a-humanidade-conta.shtml
Cunha diz que delação de Funaro tem fatos que ele relatou ao MPF
Nas ameaças que faz de "acabar" com a delação de Lúcio Funaro, o ex-deputado Eduardo Cunha afirma ter como provar que fatos relatados por ele ao Ministério Público Federal quando negociava acordo de colaboração acabaram enxertados na delação do doleiro. SÓ EU SEI Cunha fez o relato a interlocutores na prisão. Ele diz que teria citado, de propósito, fatos dos quais Funaro não teria conhecimento. E que depois apareceram na delação do operador. Essa seria a prova de que o doleiro teria sido usado como "cavalo" pelo ex-procurador geral Rodrigo Janot. NÃO ATENDE O advogado de Cunha, Délio Lins e Silva, não foi encontrado para comentar. MONTANHA RUSSA O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, levou a família para passear na Disney. NO MESMO LUGAR Daiello, que tirou férias, deve voltar a Brasília em de dez dias. O plano do ministro da Justiça, Torquato Jardim, é que ele siga no cargo ainda por um bom tempo. AO PÓ VOLTARÁS A reaproximação de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) com Michel Temer divide a ala do PSDB que é próxima do governador paulista. Parlamentares como Ricardo Tripoli (PSDB-SP) já disseram a ele que a iniciativa é desnecessária já que, em 2018, o governo Temer, na opinião deles, vai "virar pó". CONTROLE REMOTO Luiz Marinho (PT-SP) será o protagonista dos comerciais que o PT de SP começa a veicular nesta sexta (6). Pré-candidato a governador, o ex-prefeito de São Bernardo aparecerá na tela ao lado de Lula. VISITA O premiado cineasta americano Gus Van Sant virá a SP em novembro. Ele será o homenageado da 25ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que também exibirá filmes do diretor. - GANÂNCIA Bianca Bin vive a protagonista da novela "O Outro Lado do Paraíso", que estreia na Globo no dia 23; sua personagem, Clara, é isolada em uma clínica psiquiátrica pela sogra, que quer criar um garimpo em suas terras - LEI DO SILÊNCIO O celebrado flautista brasileiro Toninho Carrasqueira está sendo processado por um casal de vizinhos que se diz incomodado com o barulho do instrumento quando o músico e professor da USP toca em sua própria casa. TODO OUVIDOS Carrasqueira foi a uma audiência, na quinta-feira (5), para depor no processo. O casal quer que ele pague cerca de R$ 40 mil de indenização. Outros vizinhos apoiaram o músico. DOU-LHE UMA O empresário Lirio Parisotto, ex de Luiza Brunet, está interessado na casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, dono do falido Banco Santos. A ideia dele é montar no espaço, que foi projetado por Ruy Ohtake, uma espécie de museu memorabilia, voltado para os trabalhos de atores, músicos e esportistas populares do Brasil. DOU-LHE DUAS Duas coisas, porém, deixaram Parisotto preocupado: o estado de conservação da casa e o fato de estar situada em uma zona estritamente residencial. DOU-LHE TRÊS O imóvel está avaliado em R$ 77,9 milhões e vai a leilão pela segunda vez, em novembro. Na primeira, não atraiu interessados. PALCO A atriz Bárbara Paz quer adquirir os direitos para realizar uma peça de teatro do livro "Só Garotos", de Patti Smith. A obra autobiográfica retrata a amizade entre Patti e o fotógrafo americano Robert Mapplethorpe. Segundo Bárbara, a autora está aguardando a estreia de uma série televisiva sobre a história para vender os direitos para outras produções. - CORAÇÃO ABERTO A cantora Zizi Possi estreou o espetáculo "À Flor da Pele", dirigido por seu irmão José Possi Neto. As atrizes Regina Duarte e Lúcia Veríssimo e a cantora Luiza Possi, filha de Zizi, estiveram no show, realizado no Teatro Cetip, em São Paulo, na quarta (4). - CURTO-CIRCUITO Fabrício Carpinejar faz palestra nesta sexta (6) na série Em Primeira Pessoa, do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Às 19h30. O hospital Sírio-Libanês ministra curso a alunos de dermatologia. Sexta (6) e sábado (7). Alceu Valença faz show nesta sexta (6) e sábado (7). Às 22h, na Casa Natura Musical. Arrigo Barnabé interpreta Lupicínio Rodrigues. Nesta sexta (6), às 21h, na Tupi or not Tupi. com BRUNA NARCIZO, BRUNO B. SORAGGI e JOÃO CARNEIRO
2017-06-10
colunas
monicabergamo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/10/1924594-cunha-diz-que-delacao-de-funaro-tem-fatos-que-ele-relatou-ao-mpf.shtml
O que vai sobrar de Temer
O governo de Michel Temer está na UTI ou em estado terminal? A pergunta não é retórica nem se refere à decisão do Congresso que pode afastar o presidente. A capacidade restante de Temer de aprovar leis pode definir até o funcionamento mínimo da administração federal no ano que vem. Para alguns otimistas, seria possível mesmo deixar algumas melhoras para o governo que assume em 2019. Mais recentemente, houve presságios de novas derrotas, porém. O Congresso sapateou sobre o governo na vergonhosa votação do Refis. Não se arrumaram os trocados para remendar as contas federais do ano que vem. Na prática, apenas houve antecipação de renúncia orçamentária. Isto é, vai entrar menos dinheiro nos anos seguintes. Embora ainda seja improvável a decapitação de Temer na votação da denúncia da Procuradoria-Geral, parlamentares debandam. Quanto mais se aproxima a eleição de 2018, mais Temer parece pestilento, o que apenas o PSDB parece não perceber, além de tolerar os miasmas do morto-vivo da casa, Aécio Neves. No entanto, o principado que funciona dentro do governo, mais ou menos a equipe econômica, ainda parece operacional. É um protetorado de certa elite econômica mais ilustrada e com alguma força política, que quer levar adiante um dos projetos que motivaram a deposição de Dilma Rousseff, a reforma liberal. Apesar de todo o tumulto desde o grampo de Temer, de 17 de maio, passaram projetos como a reforma trabalhista, em julho, e o fim paulatino dos juros barateados do BNDES, em setembro, por exemplo. Em tese, que se viu furada, poderia haver oposição forte a tais projetos, por parte de centrais sindicais e do nacional-empresismo. Não houve. É verdade que tais projetos já estavam na marca do pênalti, faltando pouco para o gol. A reforma da Previdência já estava avariada em abril, quando Renan Calheiros fazia campanha para derrubá-la, expressando de modo oportunista a oposição disseminada no Congresso. A greve geral do fim de abril e o grampo de Temer avariaram de vez a nau da reforma. O Congresso deve votar a denúncia de Temer no final deste outubro. Até o recesso, sobrarão menos de dois meses. Uma parte do tempo será empregada para a catação de trocados, um aumentozinho de impostos e congelamento de reajustes de servidores federais, brigas que os parlamentares não estão por ora animados a comprar. O principado dos economistas oficiais deve mandar ao Congresso algumas reformas microeconômicas que talvez até passem, no crédito e no setor elétrico. Os parlamentares em geral ignoram o assunto ou não enxergam dinheiro a ganhar ou votos a perder com coisas desse tipo. A maior oposição vem de dentro do governismo. O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, quer barrar o enxugamento do banco, entre outros ataques à equipe econômica. Parlamentares governistas querem barrar privatizações, como a da Eletrobras. Sem dinheiros do pacotinho fiscal de agosto e do BNDES, entre outros, aumenta o risco de paralisia da administração em 2018. O Congresso só volta a funcionar depois do Carnaval de 2018, no final de fevereiro. Em abril, estarão nas ruas os candidatos a assumir um governo quebrado em 2019. Parecem não ligar muito.
2017-06-10
colunas
viniciustorres
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2017/10/1924808-o-que-vai-sobrar-de-temer.shtml
Políticas de sofrimento
Há gente que sofre calada e sozinha. Há outros que tornam sua insatisfação fonte e origem para a transformação de si ou do mundo. Há ainda aqueles que, no desprezo por seu próprio mal-estar, dedicam-se a explorar o sofrimento alheio. Não faz muito que o Brasil constituiu uma nova valência política para o sofrimento, deslocando seu circuito de afetos do medo e da inveja, típicos da cultura de condomínio, para o ódio e a intolerância. O investimento na indiferença e na individualização do sofrimento é agora colhido na forma da violência. Reagimos a isso empobrecendo nossa imaginação política, apelando por mais e melhores leis, por instituições mais fortes e mais duras ou ainda por líderes melhores e mais poderosos. Há outra resposta possível. Trata-se de advogar uma política menor, que começasse no cotidiano miúdo da recuperação da escuta e da fala e que seja capaz de reinventar a experiência da intimidade como partilha do desconhecido. Um retorno dessa paixão pela ignorância criadora tem como tarefa reverter a ascensão do novo irracionalismo brasileiro e sua alergia de arte, cultura e debate intelectual. Contra a soberba dos convictos e a guerra das identidades que fermentam um fundamentalismo à brasileira é preciso uma retomada do comum. Descobrir que o mais íntimo está fora de nós. Lembrar que nossa identidade não é o último capital humano que nos resta. Suspender a equação que nos faz pensar que o Estado é o dono do espaço público, assim como o mercado é a única lei dos espaços privados. Entre o desabrigo de um e a precarização do outro é necessária uma nova política para o sofrimento. Ela começa pelo reconhecimento do comum e da intimidade. Diante do imperativo de felicidade e do conformismo de uma vida em estado de risco, exceção e sobrevivência, é preciso levar mais a sério o potencial transformativo dos que sofrem. Reconhecer o fragmento de verdade que existe nas contradições de nossos desejos. Podemos nos manter indiferentes diante da sua depressão, da sua hiperatividade, da sua anorexia. Desde que ela não aconteça na sua família, na sua escola ou na sua empresa. Desde que ela não atinja quem você ama, daí então perceberemos como o sofrimento nos faz comuns. Esquecemos de ser "comuns" uns aos outros porque agora todos somos "alguém". Alguém especial, diferenciado e cheio de talentos. Todos com exceção dos invisíveis e dos zumbis. Todos com exceção das mulheres seviciadas nos ônibus, dos marrons, gays, negros de periferia, craqueiros, desempregados, vítimas do Estado, jovens suicidas, vítimas do mercado, portadores de neurodiversidades, ribeirinhos desalojados por construções de hidroelétricas. Pensando bem, todos nós podemos entrar nesta lista. Como dizia Lacan, o universal são as exceções. Mas o sofrimento não torna ninguém pior ou melhor por si mesmo. Ele não é desculpa nem mérito. Consumidos por uma lógica judicialista, para a qual tudo é contrato e propriedade, só conhecemos vítimas e carrascos, senhores e escravos. Nós nos tornamos revolucionários indignados, purificadores de almas, alheias e próprias. Mães de Whatsapp perseguindo filhos alheios. Pais protegendo seus filhos da nudez artística. Filhos para os quais todo o mal vem de fora. Todos unidos em torno da ideia de que a contrariedade é injustiça contra o consumidor. Nossos pacientes queixam-se cada vez mais da rarefação da intimidade, da ausência da experiência comum, seja no amor, seja na política. Entre sofrer calado, sozinho e em pílulas ou se reunir ao coro dos descontentes, indignados e purificadores, precisamos de outra política para o sofrimento. Escolher o que fazer com seu sofrimento é uma escolha ética e também política. CHRISTIAN INGO LENZ DUNKER, psicanalista e professor-titular do Instituto de Psicologia da USP, é autor de "Reinvenção da Intimidade: políticas do sofrimento cotidiano" (editora Ubu) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2017-06-10
opiniao
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http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1924752-politicas-de-sofrimento.shtml
Vai demorar, mas religiões cairão em desuso, diz historiador da ciência
Pode levar séculos, mas as religiões vão cair em desuso. A predição é de Michael Shermer, historiador da ciência e escritor americano que fundou a Sociedade dos Céticos nos EUA. "Em países europeus, onde há bons sistemas de proteção social, eles não precisam de religião. Essa é uma das razões por que os percentuais de religiosos são bem mais baixos lá do que em países americanos, incluindo a América do Sul", diz Shermer. O escritor esteve em São Paulo para participar do 1º Seminário Internacional Scientific American Ciência e Sociedade e conversou com a Folha sobre os desafios de disseminação da cultura científica no momento atual, permeado por "fake news" e ataques à ciência. Otimista, Shermer acredita que o momento atual seja um caso típico de "três passos à frente, dois atrás", mas se preocupa com o fenômeno das "bolhas" de isolamento criadas pelas redes sociais. "Somos xenofóbicos e você pode classificar pessoas em qualquer categoria que quiser, não apenas cor da pele ou gênero, mas partido político, ideologia, crenças religiosas." E como se elevar acima da cacofonia da internet e vencer a noção errônea de que a ciência é apenas uma "narrativa", uma "versão" dos fatos? Para ele, o segredo está na educação infantil. "Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só os fatos da ciência, mas como os cientistas pensam sobre as coisas." * Folha - Como o sr. vê o cenário da divulgação científica? Há dificuldades ou é uma impressão criada pelas redes sociais? Michael Shermer - As duas coisas. Quer dizer, há mais ataques à ciência e à verdade, há mais "fake news", fatos alternativos, clickbait [caça cliques], todo esse lixo na internet, mas, por outro lado, nós todos podemos ter nossas páginas web, nossos próprios canais no YouTube, podemos fazer nossos filmes, programas de TV, blogs, podcasts e assim por diante. Então é como as publicações de papel, que cortam para os dois lados. Ela imprime Shakespeare e imprime "Mein Kampf" [autobiografia de Hitler]. Tudo que podemos fazer é seguir adiante e bolar ferramentas melhores de comunicação. Outro problema é o fato de as empresas de redes sociais, como o Facebook, terem algoritmos que o alimentam com notícias baseadas no que você já está buscando, então sua bolha vai ficando cada vez pior, mesmo que você não se esforce para isso. Você tem de ativamente procurar e ler pontos de vista contraditórios. Mas as pessoas não fazem isso. Não fazem. Acho que uma solução é alguém bolar um aplicativo –provavelmente alguém já fez– que contorne isso e envie automaticamente para você informações que são de algum outro jornal com o qual você não concorda. Não seria uma forma limitada de contornar? A maioria das pessoas não ficaria irritada? Está certo. O que fazer quanto a isso? Então, eu não sei. Isso o preocupa? Sabemos por estudos de cientistas políticos que os partidos estão ficando mais extremados, estão se afastando do centro. Quer dizer, os eleitores indecisos, aquele grupo do centro está ficando menor, enquanto esquerda e direita estão ficando maiores e se afastando. E isso, em parte, é alimentado pela bolha. Isso me preocupa, porque a mente humana é projetada para fazer isso. Somos muito xenofóbicos e você pode dividir, classificar pessoas em qualquer categoria que quiser, não apenas cor da pele ou gênero, mas partido político, ideologia, crenças religiosas. Parece que a maioria das pessoas vê a ciência como uma narrativa, mais uma versão, e não algo que você teste e deixe a natureza arbitrar. Acho que a resolução disso começa com educação primária. Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só os fatos da ciência, mas como cientistas pensam sobre as coisas. Que não há certezas. Há hipóteses provisórias que testamos e progredimos e temos modelos cada vez melhores de como o mundo funciona, mas é um processo contínuo. É mais como um modo de pensar sobre o mundo e abordar questões. É disso que se trata o pensamento crítico. Nós ensinamos como pensar, não ensinamos o que pensar. Mudando de assunto para a ameaça nuclear, ainda não nos livramos dela, como podemos ver no noticiário. Há bem menos armas nucleares agora do que quando elas atingiram o pico, em 1987. Havia, acho, cerca de 70 mil armas nucleares no mundo inteiro. São cerca de 10 mil agora. Então tivemos algo como uma redução de 80%. Isso é bastante. Mas teríamos de chegar abaixo de mil para impedir a extinção da nossa espécie ou outra grande catástrofe. Trump tuitou dizendo que Clinton, Bush e Obama fracassaram com a Coreia do Norte, e que ele não ia fracassar. Eles não falharam. Nada aconteceu e isso é sucesso. Nós não queremos que esse cara faça nada, então é só apertar as sanções econômicas e é assim que funciona. Não houve guerras, então na verdade está funcionando. Mas também há o argumento de que a Coreia do Norte é um perigo crescente. Sim, talvez sim, porque Kim Jong-un desenvolveu mísseis. Pode ser que os queira para defesa. Para que seria? Ele realmente os usaria? Duvido. Ele não é um doido religioso. Eu ficaria mais preocupado se o Estado Islâmico pegasse uma arma nuclear, porque esses caras, eles querem morrer, eles acham que vão para o céu, eles realmente acreditam nesse papo de doido. O sr. já foi religioso e se tornou ateu. Como lidou com essa grande mudança? Eu não fui criado com religião. Foi uma experiência pela qual eu passei com meus colegas no ensino médio, mas fiz isso por sete anos e levava a sério. E fico feliz de ter feito isso, porque eu realmente entendo a mentalidade religiosa. Em uma bolha, como uma escola religiosa, cercado por colegas de religião, há um escudo em torno de você protegendo-o de ideias de fora. Quando eu abandonei minha religião, foi meio que "tanto faz". Acho que meus amigos e minha família ficaram aliviados, porque parei de pregar para eles. Evangélico, sabe como é, a coisa toda é sobre evangelizar, contar às pessoas sobre Jesus para salvar as almas deles. Acho que eu era chato. Mas agora entendo isso, por que eles fazem aquilo. Eles sentem que têm de fazer. O sr. acha que a religião ainda tem uma função na sociedade? Claro, no passado foi importante para criar coesão social, mas atualmente... Em países europeus, onde há bons sistemas de proteção social e tudo mais, eles não precisam de religião. Essa é uma das razões por que os percentuais de religiosos são bem mais baixos lá do que em países americanos, incluindo a América do Sul. Visito catedrais na Europa e elas estão vazias ou fechadas. Eles as alugam para festas ou as usam como museus de arte –o que é ótimo, porque são construções bonitas. É um sinal de que a religião está declinando, porque não precisamos dela para explicar o mundo. A ciência faz isso. Você não precisa dela para cuidar dos pobres, o governo e instituições de caridade estão fazendo isso. Prevejo que não vá acontecer logo, mas em séculos acho que a religião vai cair em desuso. E isso é uma coisa boa? É uma coisa boa. É, porque ela é repleta de bagagem, isso não é bom para a sociedade. A crença no sobrenatural e a na vida após a morte não é boa. Eu não acho, quer dizer, eu entendo por que pode confortar, quando há um ente querido morrendo e há a promessa de uma vida após a morte. Entendo isso. Mas a ideia de bancar um pós-vida pode levar você a perder o aqui e o agora. Agora é a hora de tentar fazer o mundo melhor.
2017-06-10
ciencia
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http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/10/1924738-vai-demorar-mas-religioes-cairao-em-desuso-diz-historiador-da-ciencia.shtml
Governo utiliza folga de caixa para 'comprar' deputados
A recuperação da economia continua em marcha lenta, mas já parece suficiente para ajudar o governo Michel Temer na "compra" de apoio parlamentar para barrar as denúncias de corrupção. Duas semanas atrás o governo liberou R$ 13 bilhões de recursos que estavam reservados para a meta fiscal, ganhando uma folga para aprovar emendas de deputados. Agora parece ter jogado a toalha na queda de braço com o Congresso sobre o Refis, novo programa de parcelamento de dívidas tributárias aprovado pelo Senado, que seguiu para a sanção presidencial. Quando editou a medida provisória, a equipe econômica calculava arrecadar R$ 13 bilhões com o Refis, mas reduziu esse número para R$ 8,8 bilhões na última revisão orçamentária. Com as reduções de multas e juros mais generosas aplicadas pelos parlamentares, não deve chegar nem a isso. Pouca gente séria hoje arrisca uma previsão, mas isso deixou de incomodar o governo, que foi surpreendido por notícias favoráveis. A arrecadação teve um salto de 10,8% em agosto em relação ao ano anterior, já refletindo o aumento da carga tributária sobre os combustíveis e a recuperação da economia. Além disso, a concessão das usinas da Cemig e o leilão dos blocos do pré-sal renderam mais que o esperado. O economista Braúlio Borges, da LCA Consultoria, calcula um deficit de R$ 155 bilhões neste ano, portanto, abaixo da meta de R$ 159 bilhões, sem contar com um centavo do desidratado programa de parcelamento de tributos. "O Refis se tornou muito mais importante para o governo negociar apoio no Congresso do que para a arrecadação." Evidentemente qualquer folga orçamentária em um país desigual e carente de infraestrutura como o Brasil seria mais bem utilizada em outros fins do que na "compra" de apoio parlamentar para manter Temer no poder. Além disso, a política miúda esconde um debate muito mais importante sobre o Refis. Sucessivos parcelamentos tributários desde o início deste século —praticamente um Refis a cada dois anos— vêm incentivando as empresas a não acertar suas dívidas com o governo. Por outro lado, as pesadas penalidades impostas pela Receita transformam débitos em atraso em contas impagáveis se não houver algum alívio. Matéria desta Folha mostrou que multas e juros chegam a representar 70% de uma dívida tributária após dez anos de atraso. A situação hoje é um perde-perde: perdem as empresas, que sem regularizar suas dívidas têm dificuldades para se financiar e conseguir clientes, e perde a União, que não recebe o que é devido.
2017-06-10
colunas
raquellandim
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/raquellandim/2017/10/1924788-governo-utiliza-folga-de-caixa-para-comprar-deputados.shtml
Combate à violência na escola exige verdade
"Por que estudantes agridem professores?". Essa pergunta não é fácil de responder. Se a solução fosse simples, a violência não seria realidade em tantas escolas em todo o Brasil. Especialistas têm se debruçado sobre o tema em todo o mundo. De tantas propostas, tenho a certeza de uma: a verdade não pode faltar. Em artigo publicado nesta Folha, Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), elenca fatos e números equivocados para justificar uma suposição errônea. A sindicalista diz que este jornal publicou reportagem em 17 de setembro sobre agressão a professores nas escolas da rede estadual. Não foi. A reportagem da Folha abordava professores de todas as redes públicas paulistas, e, sim, a maior delas, a estadual. Pode parecer um lapso, mas essa percepção muda ao lermos os demais despropósitos colocados no papel. Que fique claro: não há nenhuma decisão da Justiça para que o governo do Estado reconduza professores mediadores à sua função, como Maria aponta. São Paulo criou esse programa de modo pioneiro no Brasil e investe nele. "Estado dobra número de mediadores de conflito em escolas, escreveu a Folha em 26 de setembro. A partir deste mês, as 5.000 escolas estaduais terão pelo menos um educador com esta função. E em 1.795 delas haverá um segundo educador com o mesmo objetivo. Hoje, os vice-diretores de 2.300 escolas já são os responsáveis pela prevenção e mediação de provocações, bullying e, infelizmente, agressões físicas. A Secretaria da Educação formará os vice-diretores das 5.000 unidades. Os demais 1.795 profissionais serão professores que, igualmente, serão capacitados (hoje são 1.200 professores-mediadores na rede). O programa passará de 3.500 para 6.795 educadores. Outra novidade é a criação de critério para a escolha das escolas com dois profissionais, mesclando vulnerabilidade social e notificação de casos de violência à secretaria. Foram cruzados dados do Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) e do Registro de Ocorrência Escolar (ROE). As 1.795 escolas com dois profissionais estão em áreas mais vulneráveis e registraram ao menos um caso no ROE nos últimos três anos. A secretaria quer incentivar a atualização constante do sistema para que se conheça, de maneira mais completa, o quadro de violência na rede. Hoje, o ROE mostra queda de violência nas escolas, mas queremos que ele seja mais fidedigno. A mediação via educadores é a panaceia contra a violência? Não! Não se pode colocar nas costas de um educador a responsabilidade única por um problema social. Violência acontece dentro de escolas, mas também fora delas, e muitas vezes, dentro da própria casa. O governo do Estado trabalha o tema de maneira múltipla. O programa Escola da Família abre as portas às comunidades locais em 2.300 unidades, todo fim de semana, com atividades culturais e esportivas. No início de 2016, a secretaria estabeleceu que as eleições de grêmios estudantis deveriam ser prioridade no projeto Gestão Democrática de Educação. Hoje há grêmios em 92% das escolas estaduais, e São Paulo cumpre o art. 9, meta 19, do PNE (Plano Nacional de Educação), com o projeto Gestão Democrática. Uma parceria da secretaria com a Polícia Militar garante o programa de Ronda Escolar pelo Estado. A violência em escolas é assunto sério e, por isso, maior que a luta política na qual parece estar sendo manejada. Deve ser tratada sem outro viés que não seja o educacional. Agressão —contra professor, aluno ou qualquer cidadão— é inaceitável. WILSON LEVY é chefe de gabinete da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2017-06-10
opiniao
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http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1924760-combate-a-violencia-na-escola-exige-verdade.shtml
Balé da Cidade de SP estreia 'Anatomia 01', espetáculo sobre autoritarismo
No prólogo de "Anatomia 01", que o Balé da Cidade estreou nesta quinta-feira (5) no Theatro Municipal de São Paulo, um bailarino lê "instruções de comportamento" à plateia: quem pode fazer o quê, ordens, proibições. "Vou acrescentar ao texto: se alguém quiser ficar nu, está proibido", diz à Folha o diretor do grupo, Ismael Ivo. O acréscimo alude à polêmica com um artista nu em uma performance no MAM paulista. "Estamos em um momento de extremos, em que certos grupos querem impor valores e controlar a expressão artística. A arte é e precisa ser transgressora", diz. "Anatomia 01", da coreógrafa americana Francesca Harper, chega aos extremos contemporâneos a partir de pinceladas na história das relações de gênero e poder e nas transformações da dança. Ela é a primeira coreógrafa internacional convidada por Ivo desde que ele assumiu a direção do balé, e a primeira mulher a criar para a companhia em seis anos. Eles se conheceram na companhia de Alvin Ailey, em Nova York. Filha de Denise Jefferson, diretora da Ailey por 26 anos, Harper atuou no Dance Theater of Harlem, foi primeira-bailarina do Balé de Frankfurt, trabalhou com o estilista Issey Miyake e cantou e interpretou em musicais da Broadway e Off-Broadway. Parte de uma família de militante de direitos civis, ela tem um interesse especial na pesquisar a situação sociopolítica atual. "Investigo a humanidade e a falta de humanidade, a empatia ou o fracasso das relações pessoais", diz. Os temas são desenvolvidos em "Anatomia 01" de diversas formas. O texto do prólogo, que ela mesma escreveu, joga à plateia no clima absurdo do discurso autoritário. A seguir, bailarinas dançam nas pontas, ao som de Bach, com música ao vivo da Orquestra Sinfônica Municipal regida por Luís Gustavo Petri. "Há o choque das ideias totalitárias e, depois, momentos de beleza. O que vamos escolher?", pergunta. Harper adora Bach e também balé com sapatilhas de ponta, algo que o elenco do Balé da Cidade, grupo de dança contemporânea, não fazia há anos. Na coreografia de Harper, servem para pontilhar momentos históricos, como a dança da corte de Luis 14, e as relações de gênero. * ANATOMIA 01 QUANDO de 5/10 a 15/10, às 20h; dom,. 15/10, às 17h ONDE Theatro Municipal de São Paulo, pça. Ramos de Azevedo, s/n, tel. (11) 3053-2090 QUANTO de R$ 20 a R$ 40 CLASSIFICAÇÃO 12 anos
2017-06-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1924579-bale-da-cidade-de-sp-estreia-espetaculo-sobre-autoritarismo.shtml
Advogados de Lula montam equipe para produzir vídeos para redes sociais
Invariavelmente insatisfeita com o espaço ocupado na imprensa, a assessoria jurídica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agora sua própria estrutura de comunicação. Desde maio, uma equipe de sete profissionais –incluindo roteirista, produtor e câmera– produz vídeos dedicados à defesa de Lula, direcionados sobretudo às redes sociais. Acomodada no 18º andar do edifício onde funciona o escritório Teixeira Martins, nos Jardins, a equipe alimenta as páginas "A Verdade de Lula" no Facebook e as do casal de advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins. Valeska é filha do advogado Roberto Teixeira, um dos amigos mais próximos do ex-presidente. Um fotógrafo/cinegrafista acompanha os advogados de Lula nas viagens para produção de imagens e declarações, a exemplo dos depoimentos prestados pelo ex-presidente ao juiz Sergio Moro na cidade de Curitiba. Os vídeos têm duração média de dois a cinco minutos e são produzidos em geral ao ritmo de um por dia. Têm linguagem que se aproxima da publicidade, com um locutor de voz grave rebatendo pontos das acusações contra o petista, além do uso de imagens de depoimentos e alguns grafismos. Em parte deles, a estrela é o próprio Zanin: de pé, olhando para a câmera, ele comenta pontos do processo. Mas já postou vídeos mais improvisados, feitos com celular, de dentro de um carro. O casal de advogados também apresentou uma série sobre "lawfare", tese jurídica abraçada pela defesa de Lula que aponta o uso da lei para perseguição política. Nos vídeos sobre "lawfare", há inspiração da estética de seriados policiais da TV americana, com vinheta de abertura e divisão em episódios. A maioria dos filmetes tem entre 5.000 e 20 mil visualizações, mas há picos de 200 mil em alguns casos. Para pôr de pé essa estrutura, o escritório contratou a empresa Somos3, inicialmente para um período experimental de três meses. A coordenação é da jornalista mineira Tatiana Chiari, que já foi repórter da revista "Veja" e da Rede Record, além de diretora da agência de comunicação FSB. Atualmente, sua empresa presta serviços pontuais a outras agências, como a Máquina Cohn & Wolfe, por exemplo. O foco são as redes sociais, mas vídeos de Zanin já foram encaminhados a emissoras como resposta a reportagens. NO EXTERIOR O escritório não informou quanto custa a estrutura. Além da equipe que cuida dos vídeos, os advogados contam também com um assessor de imprensa. Já para fazer a comunicação fora do Brasil, foi contratada uma empresa de relações públicas inglesa, a BLJ London. Em seu site, a empresa afirma se dedicar à administração de crises e a dar "conselhos estratégicos discretos". Diz ainda criar programas personalizados de comunicação e relações públicas. "Administramos reputações", afirma a companhia. A BLJ London lista entre seus clientes a The Walt Disney Company e o Principado de Mônaco. Sócio-gerente da empresa e CEO para Oriente Médio e Asia da BLJ World Wide, John Watts esteve no Brasil, em 10 de maio, para acompanhar o depoimento do ex-presidente a Moro. Sua contratação ocorreu por intermédio do advogado britânico Geoffrey Robertson, encarregado da defesa de Lula no exterior. TENDÊNCIA Procurado, o advogado Cristiano Zanin afirmou, em nota, que o "aprimoramento da área de comunicação é uma tendência mundial e uma necessidade dos escritórios de advocacia". "Nosso escritório segue essa tendência. Para isso, temos prestadores de serviço sem exclusividade que nos auxiliam na área", afirma. Sobre a atuação da defesa no exterior, Zanin diz que "Geoffrey Robertson é um dos maiores especialistas no mundo na área de direitos humanos". "E o nosso escritório trabalha com muita honra em causas com esse profissional", afirma.
2017-06-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924828-advogados-de-lula-montam-equipe-para-produzir-videos-para-redes-sociais.shtml
No Brasil, opinião autoritária sobre segurança é histórica
Uma das ameaças no horizonte das eleições de 2018 é um espectro do conservadorismo e de radicalismos autoritários, traduzidos no discurso de alguns candidatos, especialmente no tocante à segurança pública. A pesquisa apresentada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Datafolha procura mensurar essa possibilidade. No livro "What We Say, What We Do" (o que dizemos, o que fazemos), de 1973, Irwin Deutscher trata da discrepância entre o que as pessoas dizem publicamente e como elas se comportam em situações reais. O uso da concordância com frases de apoio a uma agenda de direitos civis, da mesma forma que a propensão a posições autoritárias, deve ser lido a partir da dissonância entre sentimentos e atos. Uma coisa não se traduz necessariamente na outra. De qualquer maneira, os resultados são consistentes com o que esperamos de entrevistados numa pesquisa desse gênero : quanto menor a escolaridade, maior a propensão a posições autoritárias; quanto menor a faixa socioeconômica, maior o autoritarismo; mais medo, maior apoio a posições autoritárias. Contudo, precisaríamos saber mais acerca dos fatores mais determinantes e que podem se traduzir num comportamento eleitoral. O que, de fato, determina o grau de autoritarismo? Em que medida? A segunda dimensão, mais ampla, refere se a um certo ceticismo institucional prevalecente em análises políticas. Em virtude da crise política e do descrédito dos políticos, acredita se que os partidos e suas máquinas não vão funcionar mais como mecanismos de mobilização. Isso ensejaria o surgimento de candidaturas extravagantes, especialmente à direita. É difícil sustentar essa afirmação sem restrições, mesmo porque, apesar de tudo, nossas instituições estão funcionando, a despeito da grave crise política e econômica. Mesmo em relação à opinião pública, não há sinais claros de que ela tenha andado numa ou noutra direção. Talvez esteja no reduto autoritário e tradicionalista onde sempre esteve, quando se trata de buscar soluções para a segurança pública. Daí que conservadorismo e exotismo continuarão existindo em grau elevado. É esse sentimento que sustenta a lacuna histórica e a ausência profunda de projetos de segurança pública no Brasil, mas isso não surgiu agora. É histórico. CLAUDIO BEATO é coordenador do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da UFMG e professor visitante da Universidade de Columbia (EUA)
2017-06-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924796-no-brasil-opiniao-autoritaria-sobre-seguranca-e-historica.shtml
'Berçário' do rio São Francisco seca e deixa três milhões de peixes mortos
A cena é dantesca. No leito seco da Lagoa Itaparica, a maior lagoa marginal do rio São Francisco, peixes e mais peixes mortos estendem-se pelo chão. Barcos e canoas encalhadas compõem o cenário do que antes era um grande espelho d'água onde nadavam surubins, curimatãs e dourados. Com 2.200 hectares de extensão, a lagoa fica dentro de uma área de proteção ambiental entre os municípios de Xique-xique e Gentio do Ouro, na região norte do Estado da Bahia. É alimentada por pequenas nascentes da região e pelas águas do São Francisco que chegam por um canal de cerca de 20 km. Em quatro décadas, a lagoa secou apenas quatro vezes. A penúltima delas foi em 2015. A última há duas semanas, quando deixou um rastro de cerca de três milhões de peixes mortos, segundo cálculo inicial do Ibama. "É um desastre ecológico", resume Anivaldo de Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Por ter águas tranquilas, mornas e protegidas, o lago é considerado um dos principais "berçários" do Velho Chico. Ali, reproduzem-se grande parte das espécies nativas de peixes do rio, desde o tradicional surubim até o pirá, hoje considerado praticamente extinto na região do médio São Francisco. "Os peixes desovam, os filhotes ficam lá crescendo e um ano depois seguem para o rio em grande quantidade. Com a lagoa seca esse ciclo é interrompido", afirma Vanderlei Pinheiro, engenheiro de pesca e analista ambiental do Ibama. Desta forma, o impacto não ficará restrito às 2.000 famílias de ribeirinhos que vivem em torno da lagoa. Todo o trecho do rio desde Minas Gerais até a barragem de Sobradinho, próximo a Juazeiro, na Bahia, será afetado. DEVASTAÇÃO A seca da lagoa é resultado de uma confluência de problemas hídricos e climáticos. O assoreamento é o mais visível: o lago que chegou a ter até seis metros de profundidade nos últimos anos não tem mais do que um metro. A devastação da vegetação nativa que deu lugar a pastos onde são criados porcos também fez a terra ceder em diversos pontos. O problema é potencializado pela baixa vazão do rio São Francisco e pela seca de seis anos consecutivos que atinge a região Nordeste. Na região de Xique-xique não chove há seis meses, cenário que fez aumentar a evaporação do espelho d'água da Lagoa Itaparica. Em condições normais, a lagoa tem uma evaporação de 2.400 milímetros de água por ano. Mas recebe apenas 600 milímetros de chuva. Sem a contribuição de água do rio São Francisco, a conta não fecha. Além da degradação das margens da lagoa e do canal que a abastece, a pesca predatória também é um dos mais graves problemas enfrentados por Itaparica. Por ser uma região de reprodução, é proibido o uso de redes de arrasto. Mesmo assim, a região foi por anos alvo de empresários do ramo pesqueiro que arrendavam terras no entorno da lagoa para produção em larga escala. "Eles praticamente coavam a lagoa", afirma Pinheiro, do Ibama. Segundo ele, o ideal é que a lagoa atenda apenas a pesca de subsistência dos ribeirinhos. SOS LAGOA Diante da seca da Lagoa Itaparica e mortandade de milhões de peixes, um plano de ação emergencial foi definido para tentar reverter o quadro. Batizado de "SOS Lagoa Itaparica", inclui Ministério Público, comitê de bacia, prefeituras e órgãos federais e estaduais. Estão previstas ações de monitoramento da lagoa, além de fiscalização e mapeamento dos impactos causados à população ribeirinha. O Ibama propôs ações de recuperação da vegetação e desassoreamento do canal que abastece a lagoa. As restrições orçamentárias, contudo, seguem sendo um obstáculo para concretizar os projetos. AÇÃO IMEDIATA Sem uma ação imediata, dizem os especialistas, estará comprometido o futuro da lagoa e do próprio rio São Francisco, que vive uma de suas principais crises hídricas de sua história. "A seca da lagoa é grave, mas é apenas um sintoma, uma consequência de um problema muito maior", diz a promotora Luciana Khoury, do Núcleo do Rio São Francisco do Ministério Público do Estado da Bahia. Ednaldo Campos, do comitê de bacia do São Francisco, cobra urgência nas ações de revitalização: "Se não agirmos rápido, eventos como a seca da lagoa serão cada vez mais recorrentes e traumáticos".
2017-06-10
cotidiano
null
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1924835-bercario-do-rio-sao-francisco-seca-e-deixa-tres-milhoes-de-peixes-mortos.shtml
Aviso
Excepcionalmente, a colunista não escreve nesta sexta-feira (6).
2017-06-10
colunas
maragama
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/maragama/2017/10/1924842-aviso.shtml