question
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Disponível em https://mir-s3.cf.behance.net.
Acesso em: 29 out. 2021 (adaptado).
Esse cartaz de campanha sugere que
a) os lixões precisam de ampliação.
b) o desperdício degrada o ambiente.
c) os mercados doam alimentos perecíveis.
d) a desnutrição compromete o raciocínio.
e) as residências carecem de refrigeradores.
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Resolução:
Lê-se, no texto:
“Eat your leftovers and keep your perishables in the
fridge – the Earth is counting on it.”
Resposta: B
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No man is an island,
Entire of itself;
Every man is a piece of the continent,
A part of the main.
[...]
Any man’s death diminishes me,
Because I am involved in mankind.
DONNE, J. The Works of John Donne.
Londres John W. Parker, 1839 (fragmento)
Nesse poema, a expressão “No man is an island” ressalta
o(a)
a) medo da morte.
b) ideia do conexão.
c) conceito de solidão.
d) risco de devastação.
e) necessidade do empatia.
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Resolução:
Lê-se, no texto:
“Any man’s death diminishes me,
Because I am involved in mankind.”
Resposta: B
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Things We Carry on the Sea
We carry tears in our eyes: good-bye father, good-bye
[mother
We carry soil in small bags: may home never fade in our
[hearts
We carry carnage of mining, droughts, floods, genocides
We carry dust of our families and neighbors incinerated
[in mushroom clouds
We carry our islands sinking under the sea
We carry our hands, feet, bones, hearts and best minds
[for a new life
We carry diplomas: medicine, engineer, nurse,
[education, math, poetry, even if they mean
[nothing to the other shore
We carry railroads, plantations, laundromats,
[bodegas, taco trucks, farms, factories, nursing
[homes, hospitals, schools, temples... built on
[our ancestors’ backs
We carry old homes along the spine, new dreams in our
[chests
We carry yesterday, today and tomorrow
We’re orphans of the wars forced upon us
We’re refugees of the sea rising from industrial wastes
And we carry our mother tongues
[...]
As we drift... in our rubber boats...from shore...to shore...
[to shore...
PING. W Disponível em: https://poets.org.
Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento).
Ao retratar a trajetória de refugiados, o poema recorre a
imagem de viagem marítima para destacar o(a)
a) risco de choques culturais.
b) impacto do ensino de história.
c) importância da luta ambiental.
d) existéncia de experiências plurais.
e) necessidade de capacitação profissional.
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Resolução:
É possível identificar em todo o poema a pluralidade
das experiências vividas pelos refugiados, como, por
exemplo, no trecho
“We’re refugees of the sea rising from industrial
wastes
And we carry our mother tongues
[...]
As we drift... in our rubber boats...from shore...to shore...
[to shore...”
Resposta: D
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Spanglish
pues estoy creando Spanglish
bi-cultural systems
scientific lexicographical
inter-textual integrations
two expressions
existentially wired
two dominant languages
continentally abrazándose
in colloquial combate
imperio spanglish emerges
sobre territorio bi-lingual
las novelas mexicanas
mixing with radiorocknroll
immigrant/migrant
nasal mispronouncements
hip-hop, street salsa, spanish pop
standard english classroom
with computer technicalities
spanglish is literally perfect
LAVIERA. T. Benedictión: The Complete Poetry of Tato
Laviera Houston: Arte Público Press, 2014 (fragmento).
Nesse poema de Tato Laviera, o eu lirico destaca uma
a) convergência linguístico-cultural.
b) característica histórico-cultural.
c) tendência estilístico-literária.
d) discriminação cultural.
e) censura musical.
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Resolução:
É possível identificar a convergência linguístico-
cultural nos trechos:
“two dominant languages/continentally abrazándose/
in colloquial combate”, “las novelas mexicanas/mixing
with radiorocknroll” e “hip-hop, street salsa, spanish
pop standard english classroom”.
Resposta: A
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A sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI)
aprovou uma mudança histórica e inédita no lema
olímpico, criado em 1894 pelo Barão Pierre de Coubertin
para expressar os valores e a excelência do esporte. Mais
de 120 anos depois, o lema tem sua primeira alteração
para ressaltar a solidariedade e incluir a palavra "juntos":
mais rápido, mais alto, mais forte – juntos. A mudança foi
aprovada por unanimidade pelos membros do COI e
celebrada pelo presidente da entidade.
Disponível em: https://ge.globo.com.
Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).
De acordo com o texto, a alteração do lema olímpico teve
como objetivo a
a) unificação do lema anterior ao atual.
b) aproximação entre o lema olímpico e o COl.
c) junção do lema olímpico com os princípios esportivos.
d) associação entre o lema olímpico e a cooperatividade.
e) vinculação entre o lema olímpico e os eventos
atléticos.
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Resolução:
O acréscimo da palavra “juntos” ao lema do Comitê
Olímpico Internacional teve como objetivo ressaltar a
solidariedade entre os atletas e os povos que eles repre-
sentam.
Resposta: D
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Mais iluminada que outras
Tenho dois seios, estas duas coxas, duas mãos que me
são muito úteis, olhos escuros, estas duas sobrancelhas
que preencho com maquiagem comprada por dezenove e
noventa e orelhas que não aceitam bijuterias. Este corpo
é um corpo faminto, dentado, cruel, capaz e violento.
Movo os braços e multidões correm desesperadas.
Caminho no escuro com o rosto para baixo, pois cada
parte isolada de mim tem sua própria vida e não quero
domá-las. Animal da caatinga. Forte demais. Engolidora
de espadas e espinhos.
Dizem e eu ouvi, mas depois também li, que o estado
do Ceará aboliu a escravidão quatro anos antes do restante
do país. Todos aqueles corpos que eram trazidos com seus
dedos contados, seus calcanhares prontos e seus umbigos
em fogo, todos eles foram interrompidos no porto. Um
homem – dizem e eu ouvi e depois também li – liderou o
levante. E todos esses corpos foram buscar outros
incômodos. Foram ser incomodados.
ARRAES, J. Redemoinho em dia quente. São Paulo:
Alfaguara, 2019.
Nesse texto, os recursos expressivos usados pela
narradora
a) revelam as marcas da violência de raça e de gênero na
construção da identidade.
b) questionam o pioneirismo do estado do Ceará no
enfrentamento à escravidão.
c) reproduzem padrões estéticos em busca da valorização
da autoestima feminina.
d) sugerem uma atmosfera onírica alinhada ao desejo de
resgate da espiritualidade.
e) mimetizam, na paisagem, os corpos transformados
pela violência da escravidão.
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Resolução:
As marcas de violência de raça e de gênero ficam
evidentes na caracterização que a narradora faz de
seu próprio corpo.
Resposta: A
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De quem é esta língua?
Uma pequena editora brasileira, a Urutau, acaba de
lançar em Lisboa uma "antologia antirracista de poetas
estrangeiros em Portugal", com o título Volta para a tua
terra.
O livro denuncia as diversas formas de racismo a que
os imigrantes estão sujeitos. Alguns dos poetas brasileiros
antologiados queixam-se do desdém com que um grande
número de portugueses acolhe o português brasileiro. É
uma queixa frequente.
"Aqui em Portugal eles dizem /– eles dizem – / que
nosso português é errado, que nós não falamos portu-
guês", escreve a poetisa paulista Maria Giulia Pinheiro,
para concluir: "Se a sua linguagem, a lusitana, / ainda
conserva a palavra da opressão / ela não é a mais bonita
do mundo./ Ela é uma das mais violentas".
AGUALUSA, J. E. Disponível em: https://oglobo.globo.com.
Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).
O texto de Agualusa tematiza o preconceito em relação
ao português brasileiro. Com base no trecho citado pelo
autor, infere-se que esse preconceito se deve
a) à dificuldade de consolidação da literatura brasileira
em outros países.
b) aos diferentes graus de instrução formal entre os
falantes de língua portuguesa.
c) à existência de uma língua ideal que alguns falantes
lusitanos creem ser a falada em Portugal.
d) ao intercâmbio cultural que ocorre entre os povos dos
diferentes países de língua portuguesa.
e) à distância territorial entre os falantes do português que
vivem em Portugal e no Brasil.
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Resolução:
O preconceito linguístico sofrido por autores bra-
sileiros em Portugal decorre da visão idealizada de
alguns lusitanos de que a língua não sofre variações
nem geográficas, nem temporais.
Resposta: C
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Na Idade Média, as notícias se propagavam com sur-
preendente eficácia. Segundo uma emérita professora de
Sorbonne, um cavalo era capaz de percorrer 30 qui-
lômetros por dia, mas o tempo podia se acelerar depen-
dendo do interesse da notícia. As ordens mendicantes
tinham um papel importante na disseminação de
informações, assim como os jograis, os peregrinos e os
vagabundos, porque todos eles percorriam grandes
distâncias. As cidades também tinham correios orga-
nizados e selos para lacrar mensagens e tentar certificar a
veracidade das correspondências. Graças a tudo isso, a
circulação de boatos era intensa e politicamente relevante.
Um exemplo clássico de fake news da era medieval é a
história do rei que desaparece na batalha e reaparece
muito depois, idoso e transformado.
Disponível em: www.elpais.com.br. Acesso em: 18 jun. 2018
(adaptado).
A propagação sistemática de informações é um fenômeno
recorrente na história e no desenvolvimento das
sociedades. No texto, a eficácia dessa propagação está
diretamente relacionada ao(à)
a) velocidade de circulação das notícias.
b) nível de letramento da população marginalizada.
c) poder de censura por parte dos serviços públicos.
d) legitimidade da voz dos representantes da nobreza.
e) diversidade dos meios disponíveis em uma época
histórica.
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Resolução:
O texto do El País apresenta diversas maneiras pelas
quais as notícias circulavam na Idade Média: uma
notícia poderia ser enviada a cavalo, poderia circular
por intermédio de jograis, peregrinos e vagabundos,
e até por correios organizados. Dessa forma,
evidencia-se que a efetividade da propagação de
notícias está ligada à diversidade dos meios existentes
nessa época.
Resposta: E
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Se a interferência de contas falsas em discussões
políticas nas redes sociais já representava um perigo para
os sistemas democráticos, sua sofisticação e maior
semelhança com pessoas reais têm agravado o problema
pelo mundo.
O perigo cresceu porque a tecnologia e os métodos
evoluíram dos robôs, os “bots” — softwares com tarefas
on-line automatizadas —, para os “ciborgues” ou
“trolls”, contas controladas diretamente por humanos
com ajuda de um pouco de automação.
Mas pesquisadores começam agora a observar outros
padrões de comportamento: quando mensagens não são
programadas, sua publicação se concentra só em horários de
trabalho, já que é controlada por pessoas cuja profissão é
exatamente essa, administrar um perfil falso durante o dia.
Outra pista: a pobreza vocabular das mensagens
publicadas por esses perfis. Um funcionário de uma
empresa que supostamente produzia e vendia perfis falsos
explica que às vezes “faltava criatividade” para criar
mensagens distintas controlando tantos perfis falsos ao
mesmo tempo.
GRAGNANI, J. Disponível em: www.bbc.com.
Acesso em: 16 dez. 2017.
De acordo com o texto, a análise de caracteristícas da
linguagem empregada por perfis automatizados contribui
para o(a)
a) controle da atuação dos profissionais de TI.
b) desenvolvimento de tecnologias como os “trolls”.
c) flexibilização dos turnos de trabalho dos controladores.
d) necessidade de regulamentação do funcionamento dos
“bots”.
e) identificação de padrões de disseminação de infor-
mações inverídicas.
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Resolução:
O texto evidencia que as publicações feitas a partir de
contas falsas seguem determinados padrões, como
apontado por pesquisadores. Dentre as características,
pode-se mencionar a publicação em horários de
trabalho e a pobreza vocabular decorrente da falta de
criatividade.
Resposta: E
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Maio foi colorido de amarelo, e o foi porque
mundialmente amarelo é a cor convencionada para as
advertências. No trânsito, essas advertências têm sido
fatais. A estimativa, caso nada seja feito, é a de que se
atinjam assustadoras 2,4 milhões de mortes no trânsito
em 2030 em todo o mundo.
A pressa constante, o sentimento de invencibilidade, a
certeza de invulnerabilidade, a necessidade de poder, a
falta de civilidade, a certeza de impunidade, a ausência
de solidariedade, a inexistência de compaixão e o desres-
peito por si próprio são circunstâncias reais que, não raro,
concorrem para o comportamento violento no trânsito.
O Maio Amarelo, que preconiza a atenção pela vida, é
uma das iniciativas nesse sentido. E é precisamente a
atenção pela vida que está esquecida. Essa atenção, por
certo, requer menos pressa, mais civilidade, limites asse-
gurados, consciência de vulnerabilidade, solidariedade,
compaixão e respeito por si e pelo outro. Reafirmar e
praticar esses princípios e valores talvez seja um caminho
mais seguro e menos violento, que garanta a vida e não
celebre a morte.
Disponível em: http://portaldotransito.com.br.
Acesso em: 11 dez. 2018 (adaptado).
Considerando os procedimentos argumentativos utili-
zados, infere-se que o objetivo desse texto é
a) enumerar as causas determinantes da violência no
trânsito.
b) contextualizar a campanha de advertência no cenário
mundial.
c) divulgar dados numéricos a alarmantes sobre acidentes
de trânsito.
d) sensibilizar o público para a importância de uma
direção responsável.
e) restringir os problemas da violência no trânsito a
aspectos emocionais.
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Resolução:
O texto divulgado no site www.portaldotransito.com.br.
ressalta a importância de refletie sobre ações que
preservem, protejam a vida no que se refere ao
comportamento no trânsito. Ao destacar “pressa
constante, sentimento de invencibilidade, a certeza de
invulnerabilidade”, dentre outras características que
resultam no comportamento violento no trânsito, que
ameaça a vida, o texto busca sensibilizar o público
para a importância de uma direção responsável.
Resposta: D
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
Ainda daquela vez pude constatar a bizarrice dos
costumes que constituíam as leis mais ou menos
constantes do seu mundo: ao me aproximar, verifiquei
que o Sr. Timóteo, gordo e suado, trajava um vestido de
franjas e lantejoulas que pertencera a sua mãe. O corpete
descia-lhe excessivamente justo na cintura, e aqui e ali
rebentava através da costura um pouco da carne
aprisionada, esgarçando a fazenda e tornando o prazer de
vestir-se daquele modo uma autêntica espécie de suplício.
Movia-se ele com lentidão, meneando todas as suas franjas
e abanando-se vigorosamente com um desses leques de
madeira de sândalo, o que o envolvia numa enjoativa onda
de perfume. Não sei direito o que colocara sobre a cabeça,
assemelhava-se mais a um turbante ou a um chapéu sem
abas de onde saíam vigorosas mechas de cabelos alourados.
Como era costume seu também, trazia o rosto pintado — e
para isto, bem como para suas vestimentas, apoderara-se
de todo o guarda-roupa deixado por sua mãe, também em
sua época famosa pela extravagância com que se vestia —
o que sem dúvida fazia sobressair-lhe o nariz enorme, tão
característico da família Meneses.
CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. São Paulo:
Círculo do Livro, s.d.
Pela voz de uma empregada da casa, a descrição de um dos
membros da família exemplifica a renovação da ficção
urbana nos anos 1950, aqui observada na
a) opção por termos e expressões de sentido ambíguo.
b) crítica social inspirada pelo convívio com os patrões.
c) descrição impressionista do fetiche do personagem.
d) presença de um foco narrativo de caráter impreciso.
e) ambiência de mistério das relações entre familiares.
|
Resolução:
No excerto apresentado, a narradora descreve as vesti-
mentas de Timotéo e os efeitos por elas desencadeados
de modo peculiar, como em “Rebentava... um pouco de
carne aprisionada”, “tornando o prazer... uma
autêntica fonte de suplício”, “o que o envolvia numa
enjoativa onda de perfume”. Observa-se então a
importância do olhar da narradora e a caracterização
singular do personagem, sobretudo relacionada ao
fetiche de Timóteo ao utilizar as antigas roupas da mãe.
Resposta: C
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Girassol da madrugada
Teu dedo curioso me segue lento no rosto
Os sulcos, as sombras machucadas por onde a vida passou.
Que silêncio, prenda minha... Que desvio triunfal da verdade,
Que círculos vagarosos na lagoa em que uma asa
[gratuita roçou...
Tive quatro amores eternos...
O primeiro era moça donzela,
O segundo... eclipse, boi que fala, cataclisma,
O terceiro era a rica senhora,
O quarto és tu... E eu afinal me repousei dos meus cuidados
ANDRADE, M. Poesias completas. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2013 (fragmento).
Perante o outro, o eu lírico revela, na força das memórias
evocadas, a
a) vergonha das marcas provocadas pela passagem do
tempo.
b) indecisão em face das possibilidades afetivas do
presente.
c) serenidade sedimentada pela entrega pacífica ao
desejo.
d) frustração causada pela vontade de retorno ao passado.
e) disponibilidade para a exploração do prazer efêmero.
|
Resolução:
O eu lírico afirma ter vivido três amores antes de
encontrar seu último amor “eterno”. Assim, as
experiências passadas sustentam a tranquilidade
dessa nova vivência. As memórias evocadas, portanto,
tornam pacífica a entrega ao desejo.
Resposta: C
|
Dão Lalalão
Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém
precisava urgente de querer vir por escutar a novela do
rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e, retornado
ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros,
Assim estavam jantando, vinham os do povoado rece-
ber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já tinham
ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ali no
Ão, na véspera, o caminhão de um comprador de galinhas
e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que carregava um rádio
pequeno, de pilhas, armara um fio no arame da cerca...
Mas queriam escutar outra vez, por confirmação. — “A
estória é estável de boa, mal que acompridada: taca e não
rende...” – explicava o Zuz ao Dalberto.
Soropita começou a recontar o capítulo da novela. Sem
trabalho, se recordava das palavras, até com clareza —
disso se admirava. Contava com prazer de demorar,
encher a sala com o poder de outros altos personagens.
Tomar a atenção de todos, pudesse contar aquilo noite
adiante. Era preciso trazer luz, nem uns enxergavam mais
os outros; quando alguém ria, ria de muito longe. O
capítulo da novela estava terminando.
ROSA, J. G. Noites do sertão (Corpo de baile).
São Paulo: Global, 2021.
Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoado
por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita deve-se
ao(à)
a) qualidade do som do rádio.
b) estabilidade do enredo contado.
c) ineditismo do capítulo da novela.
d) jeito singular de falar aos ouvintes.
e) dificuldade de compreensão da história.
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Resolução:
O gosto dos moradores do povoado por ouvir a novela
de rádio recontada por Soropita deve-se ao jeito
singular de falar aos ouvintes, pois recontava a
história pessoalmente com prazer e demorando-se
mais no enredo. Assim, tomava a atenção de todos.
Resposta: D
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As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro,
consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018,
são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes
raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de
peças, os esqueletos com as respostas para perguntas que
ainda não haviam sido respondidas — ou sequer feitas —
por pesquisadores brasileiros. E o incêndio pode ter
calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais,
de línguas que não existem mais no mundo.
O acervo do local continha gravações de conversas,
cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas,
muitas feitas durante a década de 1960 com antigos
gravadores de rolo e que ainda não haviam sido
digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já
extintas sem falantes originais ainda vivos. “A esperança é
que outras instituições tenham registros dessas línguas’, diz
a linguista Marília Facó Soares. A pesquisadora, que
trabalha com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia
brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei que
fazer novas viagens de campo para recompor meus
arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de
nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta.
Disponível em: https://brasil.elpais.com.
Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).
A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu
Nacional tem impacto potencializado, uma vez que
a) exige a retomada das pesquisas por especialistas de
diferentes áreas.
b) representa danos irreparáveis à memória e à identidade
nacionais.
c) impossibilita o surgimento de novas pesquisas na área.
d) resulta na extinção da cultura de povos originários.
e) inviabiliza o estudo da língua do povo Tikuna.
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Resolução:
O incêndio no Museu Nacional causou perdas
irrecuperáveis à memória e à identidade brasileira.
Essa perda é exemplificada nos trechos: “o incêndio
pode ter calado para sempre palavras e cantos
indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais
no mundo” e “Alguns dos registros abordavam
línguas já extintas, sem falantes originais ainda vivos”.
Resposta: B
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Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes
diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol
também significam a mesma coisa. O que muda é só o
hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece
com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela seja
a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil,
existem sinais que variam em relação à região, à idade e
até ao gênero de quem se comunica. A cor verde, por
exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná
e São Paulo. São os regionalismos na língua de sinais.
Essas variações são um dos temas da disciplina Linguís-
tica na língua de sinais, oferecida pela Universidade
Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre.
“Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é universal,
o que não é verdade”, explica a professora e chefe do
Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas
da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre
variação em relação à localização geográfica, à faixa etária
e até ao gênero dos usuários” completa a especialista.
Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar
lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de
“cerveja” é feito com um giro do punho como uma meia-
volta. Em Minas, a bebida é citada quando os dedos in-
dicador e médio batem no lado do rosto. Também
ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer al-
terações decorrentes dos costumes da geração que o
utiliza.
Disponível em: www.educacao.sp.gov.br. Acesso em 1 nov.
2021 (adaptado)
Nesse texto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
a) passa por fenômenos de variação linguística como
qualquer outra língua.
b) apresenta variações regionais, assumindo novo sentido
para algumas palavras.
c) sofre mudança estrutural motivada pelo uso de sinais
diferentes para algumas palavras.
d) diferencia-se em todo o Brasil, desenvolvendo cada
região a sua própria língua de sinais.
e) é ininteligível para parte dos usuários em razão das
mudanças de sinais motivadas geograficamente.
|
Resolução:
Segundo a especialista, a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) não é uma língua sem variação de signo, ou
seja, sofre mudança dos que se comunicam em relação
à região, à idade e até ao gênero. Os diferentes sinais
para a cor verde ou cerveja comprovam essa variação.
Resposta: A
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
Como é bom reencontrar os leitores da Revista da Cultura
por meio de uma publicação com outro visual, conteúdo
de qualidade e interesses ampliados! ]cultura[, este nome
simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois
colchetes voltados para fora. E não é por acaso: são sinais
abertos, receptivos, propícios à circulação de ideias. O
DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, por
longos anos montamos nossas edições com assuntos
saídos das estantes de uma grande livraria – e assim
continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes...
nunca será difícil montar a pauta da revista porque os
livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê.
HERZ, P. ]cultura[ n. 1. jun. 2018 (adaptado).
O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista
atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(à)
a) perfil de público-alvo, constituído por leitores exi-
gentes e especializados em leitura acadêmica.
b) propósito do editor, chamando a atenção para o rigor
normativo nos textos da revista.
c) exclusividade na seleção temática, direcionada para a
área das ciências humanas.
d) identidade da revista, voltada para a recepção e a
promoção de ideias circulantes em livros.
e) padrão editorial dos artigos, organizados em torno de
uma proposta de design inovador.
|
Resolução:
O artigo inicia-se reconhecendo que leitores aprecia-
dores da revista acompanham as suas publicações,
cuja identidade tem sido construída a partir de uma
visão inovadora, exemplificada pelo uso diferenciado
dos colchetes, símbolos de abertura, “propícios à cir-
culação de ideias” que circulam em livros.
Resposta: D
|
TEXTO I
Alegria, alegria
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?
VELOSO, C. Alegria, alegria. Rio de Janeiro: Polygram,
1990 (fragmento).
TEXTO II
Anjos tronchos
Uns anjos tronchos do Vale do Silício
Desses que vivem no escuro em plena luz
Disseram vai ser virtuoso no vício
Das telas dos azuis mais do que azuis
Agora a minha história é um denso algoritmo
Que vende venda a vendedores reais
Neurônios meus ganharam novo outro ritmo
E mais, e mais, e mais, e mais, e mais
VELOSO, C. Meu coco. Rio de Janeiro: Sony, 2021
(fragmento).
Embora oriundas de momentos históricos diferentes,
essas letras de canção têm em comum a
a) referência às cores como elemento de crítica a hábitos
contemporâneos.
b) percepção da profusão de informações gerada pela
tecnologia.
c) contraposição entre os vícios e as virtudes da vida
moderna.
d) busca constante pela liberdade de expressão individual.
e) crítica à finalidade comercial das notícias.
|
Resolução:
As letras das canções “Alegria, alegria” e “Anjos
tronchos”, ambas de autoria de Caetano Veloso,
abordam criticamente a influência da tecnologia na
profusão de informações no mundo moderno. Esse
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
fenômeno evidencia-se, no texto 1, em “O sol nas
bancas de revista” “Eu vou / Por entre fotos e nomes
/ Os olhos cheios de cores” e no texto 2, em “Agora
minha história é um denso algoritmo / Que vende
venda a vendedores reais”.
Resposta: B
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“São tantas formas de matar um preto
Que para alguns sua morte é justificada
Devia tá fazendo coisa errada
Se não era bandido, um dia ia ser
Por ser PRETO sua morte é defendida
O PRETO sempre merece morrer”.
A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum
Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará,
preparando jovens — em quase sua totalidade negros —
para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo
estrutural no país.
É a partir da arte que Baticum consegue envolver a
juventude em um projeto de fortalecimento dessa
população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus
com temáticas que discutem os problemas sociais. Não
por acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e
prosas é a violência. De acordo com o mais recente Atlas
da violência, em 2019, os negros representaram 77% das
vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil
habitantes, a maioria deles jovens.
O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes
mais chance de ser morto do que um branco, o que
justifica o movimento de resistência crescente no Brasil.
MENDONÇA. F. Disponível em: www.cartacapital.com.br.
Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).
O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem o
objetivo de
a) ressaltar a importância da poesia para denunciar a
morte de negros, que cresce a cada dia.
b) destacar o crescimento exponencial da temática do
preconceito na produção literária no Brasil.
c) demonstrar o incremento no quantitativo de expressões
artísticas na discussão de problemas sociais.
d) evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os
negros são vítimas em potencial da violência.
e) salientar o aumento da participação de jovens nos
movimentos de resistência na área da cultura.
|
Resolução:
O uso da citação da estrofe do poeta Baticum Pro-
letário, no início do texto, bem como a apresentação
dos dados estatísticos, ao longo dele, objetivam
evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os
negros são potencial e majoritariamente vítimas da
violência no Brasil.
Resposta: D
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
No princípio era o verbo. A frase que abre o primeiro
capítulo do Evangelho de João e remete à criação do
mundo, assim como também faz o Gênesis, é a mais
famosa da Bíblia. A ideia de que o mundo é criado pela
palavra, porém, é tão estruturante que está presente em
outras religiões, para muito além das fundadas no cristia-
nismo. Como humanos, a linguagem é o mundo que
habitamos. Basta tentar imaginar um mundo em que não
podemos usar palavras para dizer de nós e dos outros para
compreender o que isso significa. Ou um mundo em que
aquilo que você diz não é entendido pelo outro, e o que o
outro diz não é entendido por você.
O que acontece então quando a palavra é destruída e,
com ela, a linguagem?
Durante séculos, em diferentes sociedades e línguas,
é importante lembrar, a linguagem serviu — e ainda serve
— para manter privilégios de grupos de poder e deixar
todos os outros de fora. Quem entende linguagem de
advogados, juízes e promotores, linguagem de médicos,
linguagem de burocratas, linguagem de cientistas? A
maior parte da população foi submetida à violência de
propositalmente ser impedida de compreender a lingua-
gem daqueles que determinam seus destinos.
Se o princípio é o verbo, o fim pode ser o silenciamento.
Mesmo que ele seja cheio de gritos entre aqueles que já não
têm linguagem comum para compreender uns aos outros.
BRUM, E. Disponível em: https://brasil.elpais.com.
Acesso em: 5 nov. 2021.
Nesse texto, a estratégia usada para convencer o leitor de
que uma grande parcela da população não compreende a
linguagem daqueles que detêm o poder foi
a) revelar a origem religiosa da linguagem.
b) questionar o temor sobre o futuro da linguagem.
c) descrever a relação entre sociedade e linguagem
d) apresentar as consequências do esfacelamento da
linguagem.
e) criticar o obstáculo promovido pelos usos especializa-
dos da linguagem.
|
Resolução:
A estratégia argumentativa utilizada pela autora do
texto é a crítica àquilo que ela considera um obstáculo,
promovido pelos usos especializados da linguagem por
parte daqueles que detêm o poder. Dessa forma, uma
grande parcela da população é submetida, segundo a
autora, a uma violência, pois é “impedida de
compreender a linguagem daqueles que determinam
seus destinos”.
Resposta: E
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal
do Ceará desenvolveu um dicionário para traduzir
sintomas de doenças da linguagem popular para os termos
médicos. Defruço, chanha e piloura, por exemplo, podem
ser termos conhecidos para muitos, mas, durante uma
consulta médica, o desconhecimento pode significar um
diagnóstico errado.
“Isso é um registro histórico e pode ser muito útil para
estudos dessas comunidades, na abordagem médica delas.
É de certa forma pioneiro no Brasil e, sem dúvida, um
instrumento de trabalho importante, porque a comunica-
ção é fundamental na relação médico-paciente”, avalia o
reitor da instituição.
Disponível em: https://g1.globo.com.
Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).
Ao registrarem usos regionais de termos da área médica,
Pesquisadores
a) apontaram erros motivados pelo desconhecimento da
variedade linguística local.
b) explicaram problemas provocados pela incapacidade
de comunicação.
c) descobriram novos sintomas de doenças existentes na
comunidade.
d) propiciaram melhor compreensão dos sintomas dos
pacientes.
e) divulgaram um novo rol de doenças características da
localidade.
|
Resolução:
De acordo com o texto, pesquisadores da Universidade
Federal do Ceará criaram um dicionário com termos
regionais que auxilia a comunicação entre médicos e
pacientes, uma vez que a falta de conhecimento dessas
palavras pelos médicos pode levar a um diagnóstico
incorreto.
Resposta: D
|
Alguém muito recentemente cortara o mato, que na
época das chuvas crescia e rodeava a casa da mãe de
Ponciá Vicêncio e de Luandi. Havia também vestígios de
que a terra fora revolvida, como se ali fosse plantar uma
pequena roça. Luandi sorriu. A mãe devia estar bastante
forte, pois ainda labutava a terra. Cantou alto uma cantiga
que aprendera com o pai, quando eles trabalhavam na
terra dos brancos. Era uma canção que os negros mais
velhos ensinavam aos mais novos. Eles diziam ser uma
cantiga de voltar, que os homens, lá na África, entoavam
sempre, quando estavam regressando da pesca, da caça
ou de algum lugar. O pai de Luandi, no dia em que queria
agradar à mulher, costumava entoar aquela cantiga ao se
aproximar de casa. Luandi não entendia as palavras do
canto; sabia, porém, que era uma língua que alguns
negros falavam ainda, principalmente os velhos. Era uma
cantiga alegre. Luandi, além de cantar, acompanhava o
ritmo batendo com as palmas das mãos em um atabaque
imaginário. Estava de regresso à terra. Voltava em casa.
Chegava cantando, dançando a doce e vitoriosa cantiga
de regressar.
EVARISTO, C. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro:
Pallas, 2018.
A leitura do texto permite reconhecer a “cantiga de voltar’
como patrimônio linguístico que
a) representa a memória de uma língua africana extinta.
b) exalta a rotina executada por jovens afrodescendentes.
c) preserva a ancestralidade africana por meio da tradição
oral.
d) resgata a musicalidade africana por meio de palavras
inteligíveis.
e) remonta à tristeza dos negros mais velhos com saudade
da África.
|
Resolução:
Segundo o texto, as “cantigas de voltar” eram ensina-
das pelos negros mais velhos aos mais novos, por meio
da tradição oral. Essas canções eram originalmente,
entoadas no retorno de “homens lá na África” ao seu
lar. Elas expressam, portanto, a preservação da “an-
cestralidade africana”.
Resposta: C
|
TEXTO I
Zapeei os canais, como há dezenas de anos faço, e pá:
parei num que exibia um episódio daquela velha família
do futuro, Os Jetsons.
Nesse episódio em particular, a Jane Jetson, esposa do
George, tratava de dirigir aquele veículo voador deles.
Meu queixo foi caindo à medida que as piadinhas machis-
tas sobre mulheres dirigirem foram se acumulando.
Impressionante! Que futuro careta aqueles roteiristas
imaginavam! Seriam incapazes de projetar algo melhor, e
não apenas em termos de tecnologias, robôs e carros
voadores? Será que nossa máxima visão de futuro só
atinge as coisas, e jamais as pessoas? Como a Jane, uma
mulher de 33 anos no desenho, poderia ser o que foram as
minhas bisavós? O futuro, naquele desenho, se esqueceu
de ser melhor nas relações entre as pessoas. Aliás… tão
parecido com a vida.
Fiquei de cara, como dizemos aqui, ou como dizíamos
na minha adolescência, pobre adolescência, aprendendo,
sem querer e sem muita defesa, um futuro tão besta
quanto o passado.
RIBEIRO, A. E. Disponível em: www.rascunho.com br.
Acesso em: 21 out. 2021 (adaptado)
TEXTO II
Masculino e feminino são campos escorregadios que
só se definem por oposição, sempre incompleta, um do
outro. São formações imaginárias que buscam produzir
uma diferença radical e complementar onde só existem,
de fato, mínimas diferenças. O resto é questão de estilo.
Até pelo menos a segunda metade do século 19, o divisor
de águas era claro: os homens ocupavam o espaço
público. As mulheres tratavam da vida privada. Privada
de quê? De visibilidade, diria Hannah Arendt. De
visibilidade pública. Do que as mulheres estiveram
privadas até o século 20 foi de presença pública manifesta
não em imagem, mas em palavra. A palavra feminina,
reservada ao espaço doméstico, não produzia diferença
na vida social.
KHEL. M. R. Disponível em: https://alias.estadao.com.br.
Acesso em 19 out. 2021 (adaptado)
A representação da mulher apresentada no Texto I pode
ser explicada pelo Texto II no que diz respeito à(às)
a) censura a formas de expressão femininas.
b) ausência da figura feminina na vida pública.
c) construções imaginárias cristalizadas na sociedade.
d) limitações inerentes às figuras femininas e masculinas.
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
e) dificuldade na atribuição de papéis masculinos e
femininos.
|
Resolução:
No texto II, evidencia-se que, por estar ausente do
espaço público, a imagem do feminino foi cristalizada,
ligando-a apenas ao âmbito doméstico. Essa repre-
sentação, perpetuada por gerações, é questionada no
texto I que aponta o machismo nas piadinhas feitas
sobre a personagem Jane Jetson, ao dirigir um veículo
voador em um cenário futurístico.
Resposta: C
|
Disponível em: www.defensoriapublica.mt.gov.br. Acesso
em: 29 out. 2021 (adaptado)
Esse anúncio publicitário, veiculado durante o contexto
da pandemia de covid-19, tem por finalidade
a) divulgar o canal telefônico de atendimento a casos de
violência contra a mulher.
b) informar sobre a atuação de uma entidade defensora
da mulher vítima de violência.
c) evidenciar o trabalho da Defensoria Pública em relação
ao problema do abuso contra a mulher.
d) alertar a sociedade sobre o aumento da violência contra
a mulher em decorrência do coronavírus.
e) incentivar o público feminino a denunciar crimes de
violência contra a mulher durante o período de
isolamento.
|
Resolução:
O texto verbal e o não verbal que compõem o cartaz
colocam as mulheres no cerne da mensagem contra a
violência de gênero, por meio da imagem das três
mulheres e da hastag (#JuntasSomosMaisFortes) por
exemplo. Portanto, trata-se de incentivar o público
feminino a denunciar crimes de violência contra elas.
Resposta: E
|
Passado muito tempo, resolvi tentar falar, porque
estava sozinha me embrenhando na mesma vereda que
Donana costumava entrar. Ainda recordo da palavra que
escolhi: arado. Me deleitava vendo meu pai conduzindo
o arado velho da fazenda carregado pelo boi, rasgando a
terra para depois lançar grãos de arroz em torrões marrons
e vermelhos revolvidos. Gostava do som redondo, fácil e
ruidoso que tinha ao ser enunciado. “Vou trabalhar no
arado.” “Vou arar a terra.” “Seria bom ter um arado novo,
esse arado tá troncho e velho.” O som que deixou minha
boca era uma aberração, uma desordem, como se no lugar
do pedaço perdido da língua tivesse um ovo quente. Era
um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal
forma a deixá-la infértil, destruída, dilacerada.
VIEIRA JR.; I. Torto arado. São Paulo: Todavia, 2019.
Com a perda de parte da língua na infância, a narradora
tenta voltar a falar. Essa tentativa revela uma experiência
que
a) reflete o olhar do pai sobre as etapas do plantio.
b) metaforiza a linguagem como ferramenta de lavoura.
c) explicita, na busca pela palavra, o medo da solidão.
d) confirma a frustração da narradora com relação à terra.
e) sugere, na ausência da linguagem, a estagnação do
tempo.
|
Resolução:
Assim como o arado torto dilacera a terra, a língua
cortada dilacera a palavra. A narradora se sente um
arado torto porque não consegue pronunciar a pala-
vra “arado”.
Resposta: B
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A escravidão
Esses meninos que aí andam jogando peteca não viram
nunca um escravo... Quando crescerem, saberão que já
houve no Brasil uma raça triste, votada à escravidão e ao
desespero; e verão nos museus a coleção hedionda dos
troncos, dos vira-mundos e dos bacalhaus; e terão notícias
dos trágicos horrores de uma época maldita: filhos
arrancados ao seio das mães, virgens violadas em pranto,
homens assados lentamente em fornos de cal, mulheres
nuas recebendo na sua mísera nudez desvalida o duplo
ultraje das chicotadas e dos olhares do feitor bestial. [...]
Mas a sua indignação nunca poderá ser tão grande
como a daqueles que nasceram e cresceram em pleno
horror, no meio desse horrível drama de sangue e Iodo,
sentindo dentro do ouvido e da alma, numa arrastada e
contínua melopeia, o longo gemer da raça mártir —
orquestração satânica de todos os soluços, de todas as
impressões, de todos os lamentos que a tortura e a
injustiça podem arrancar a gargantas humanas.
BILAC, O. Disponível em: www.escritas.org.
Acesso em: 29 out. 2021
Publicado em 1902, o texto de Olavo Bilac enfatiza as
mazelas da escravidão no Brasil ao
a) descrever de modo impessoal as consequências da
exploração racial sobre as gerações futuras.
b) contrapor a infância privilegiada das crianças da época
à infância violentada das crianças escravizadas.
c) antecipar o futuro apagamento das marcas da escra-
vidão no contexto social.
d) criticar a atenuação da violência contra os povos
escravizados nas memórias retratadas pelos museus.
e) imaginar a reação de indiferença de seus contem-
porâneos com os escravizados libertos.
|
Resolução:
No texto de Bilac, opera-se em contraste entre “esses
meninos que aí andam jogando peteca”, que “nunca
viram um escravo”, e a condição “daqueles [meninos]
que nasceram e cresceram em pleno horror” da
escravidão. Há uma contraposição, portanto, entre a
infância privilegiada das crianças da época e infância
violentada das crianças escravizadas.
Resposta: B
|
E assim as coisas continuaram acontecendo entre os
dois, em quase sustos, um grande por acaso com cacoetes
de gestos definitivos. Com o Nunca Mais se oferecendo
o tempo todo, bastaria dizer foi um prazer ter te
conhecido, bastaria não trocar telefones nem e-mails e
enterrar a casualidade com a cal da sabedoria — nada
poderia ser definitivo, os encontros duravam duas horas
ou duas décadas ou duas vezes isso, mas em algum
momento necessariamente seria o fim. De todos os
grandes amores, De todos os pequenos. De todas as juras,
das promessas, de todos os na-alegria-e-na-tristeza. De
todos os não amores, os desamores, os casamentos para
sempre, os rancores para sempre, de todas as paralelas
que só se viabilizam na abstração da geometria, de todas
as pequenas paixões e de todas as grandes paixões, de
tudo que para na antessala da paixão, de todos os vínculos
não experimentados, de todos.
LISBOA, A. Rahushisha. Rio de Janeiro Objetiva 2014.
O recurso que promove a progressão textual, contribuindo
para a construção da ideia de que as relações amorosas
têm um enredo comum, é a
a) repetição do pronome indefinido ‘todos”.
b) utilização do travessão na marcação do aposto.
c) retomada do antecedente pelo pronome “isso’
d) contraposição de ideias marcada pela conjunção mas.
e) substantivação de expressões pela anteposição do
artigo.
|
Resolução:
O pronome indefinido “todos” serve para indicar que
os termos o que se refere (“todos os grandes amores”,
“todos os na-alegria-e-na-tristeza”, “todos os
casamentos para sempre”) têm um caráter univesal.
Dessa forma, contribui para revelar que os
relacionamentos amorosos possuem um enredo
comum, ou seja, igual para todos.
Resposta: A
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A garganta é a gruta que guarda o som
A garganta está entre a mente e o coração
Vem coisa de cima, vem coisa de baixo e de
[repente um nó (e o que eu quero dizer?)
Às vezes, acontece um negócio esquisito
Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero
[gritar eu falo, o resultado
Calo.
ESTRELA D’ALVA, R. Disponível em: https://claudia.abril.com.br.
Acesso em 23 nov. 2021 (fragmento).
A função emotiva presente no poema cumpre o propósito
do eu lírico de
a) revelar as desilusões amorosas,
b) refletir sobre a censura à sua voz,
c) expressar a dificuldade de comunicação.
c) ressaltar a existência de pressões externas.
e) manifestar as dores do processo de criação.
|
Resolução:
Por meio da função emotiva, com a qual o enunciador
declara o seu universo interior, o eu lírico confessa sua
dificuldade de expressão, representada na metáfora
do “nó” (na garganta), na hesitação em “o que eu
quero dizer?”, no embate em “Quando eu quero falar
eu grito, quando eu quero gritar eu falo”. Todas essas
expressões têm como resultado o verso final: “Calo”.
Resposta: C
|
Era um gato preto, como convinha a um cultor das
boas letras, que já lera Poe traduzido por Baudelaire.
Preto e gordo. E lerdo. Tão gordo e lerdo que a certa
altura observei que ia perdendo inteiramente as
qualidades características da raça, que são em suma o
ódio de morte aos ratos. Já nem os afugentava! Os ratos
de Ouro Preto são também dignos e solenes — não ria —
tradicionalistas… descendentes de ratos que naqueles
mesmos casarões presenciaram acontecimentos
importantes da nossa história... No sobrado do
desembargador Tomás Antônio Gonzaga, imagine o
senhor uma reunião dos sonhadores inconfidentes, com
os antepassados daqueles ratos a passearem pelo sótão ou
mesmo pelo assoalho por entre as pernas dos homens
absortos na esperança da independência nacional! E
depois, os ancestres daqueles roedores que eu via agora
deslizar sutilmente no meu quarto podiam ter subido pelo
poste da ignomínia colonial, onde estava exposta a cabeça
do Tiradentes! E quando as órbitas se descarnaram
ignominiosamente, podiam até ter penetrado no recesso
daquele crânio onde verdadeiramente ardera a literatura,
com a simplicidade do heroísmo, a febre nacionalista...
ALPHONSUS, J. Contos e novelas. Rio de Janeiro: Imago:
Brasília: INL, 1976.
Descrevendo seu gato, o narrador remete ao contexto e a
protagonistas da Inconfidência para criar um efeito
desconcertante centrado no
a) desenho imaginativo do casario colonial de Ouro
Preto.
b) efeito de apagamento de limites entre ficção e
realidade.
c) vinculo estabelecido entre animais urbanos e literatura.
d) questionamento sutil quanto à sanidade dos incon-
fidentes.
e) contraste entre austeridade pomposa e imagem
repugnante.
|
Resolução:
Ao descrever o seu gato, o narrador incorpora um
contexto associado a aspectos solenes e dignos,
cristalizados no sobrado do desembargador Tomás
Antônio Gonzaga, onde ocorriam as reuniões em que
era tramada a Inconfidência Mineira. O aspecto
desconcertante ocorre quando o sonho dos inconfiden-
tes é vinculado à baixeza dos ratos que frequentavam
essa residência. Tal “ignonímia colonial” ganha
destaque devido à imagem repugnante de ratos do
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
século XVIII terem subido pelo poste, “onde estava
exposta a cabeça de Tiradentes”.
Resposta: E
|
Enquanto estivemos entretidos com os urubus outras
coisas andaram acontecendo na cidade. A Companhia
baixou novas proibições, umas inteiramente bobocas, só
pelo prazer de proibir (ninguém podia cuspir pra cima,
nem carregar água em jacá, nem tapar o sol com peneira,
como se todo mundo estivesse abusando dessas
esquisitices); mas outras bem irritantes, como a de pular
muro pra cortar caminho tática que quase todo mundo que
não sofria de reumatismo vinha adotando ultimamente,
principalmente os meninos. E não confiando na proibição
só, nem na força dos castigos, que eram rigorosos, a
Companhia ainda mandou fincar cacos de garra a nos
muros. Achei isso um exagero, e comentei o assunto com
mamãe. Meu pai ouviu lá do quarto e veio explicar. Disse
que em épocas normais bastava uma coisa ou outra, mas
agora a Companhia não poda admitir nenhuma brecha em
suas ordens; se alguém desobedecesse à proibição podia
se cortar nos cacos; se alguém conseguisse pular um muro
quebrando o corte de alguns cacos, ou jogando um couro
por cima, era apanhado pela proibição, nhoc — e fez o
gesto de quem torce o pescoço de um frango.
VEIGA, J. J. Sombras de reis barbudos.
Rio do Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
Sob a perspectiva do menino que narra, os fatos ficcionais
oferecem um esboço do momento político vigente na
década de 1970, aqui representado pelo
a) culto ao medo, infiltrado em situações do cotidiano.
b) sentimento de dúvida quanto à veracidade das
informações.
c) ambiente de sonho, delineado por imagens perturba-
doras.
d) incentivo ao desenvolvimento econômico com a
iniciativa privada.
e) espaço urbano marcado por uma política de isolamento
das crianças.
|
Resolução:
O momento ao qual o enunciado se refere é o da
ditadura militar do Brasil, de 1964 a 1985. Nesse
contexto, a vida cotidiana era cercada por leis que
regulavam as liberdades sociais, de expressão ou
locomoção, causando medo na população como
mecanismo de controle e de obediência.
Resposta: A
|
Migalhas
Entre a toalha branca e um bule de café
seria inapropriado dizer
eu não te amo mais.
Era necessário algo mais solene,
um jardim japonês
para as perdas pensadas,
um noturno de tempestade
para arrebentar de dor,
uma praia de pedras para chorar
em silêncio, uma cama alta
para o incenso da despedida,
uma janela
dando para o abismo.
No entanto você abaixa os olhos
e recolhe lentamente as migalhas de pão
sobre a mesa posta para dois.
MARQUES, A. M. A vida submarina.
São Paulo: Cia das Letras 2021.
Nesse poema, a representação do sentimento amoroso
recupera a tradição ‘rica, mas se ajusta à visão
contemporânea ao
a) invocar o interlocutor para uma tomada de posição.
b) questionar a validade do envolvimento romântico.
c) diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado.
d) transformar em paz as emoções conflituosas do casal.
e) condicionar a existência da paixão a espaços
idealizados
|
Resolução:
A tradição lírico é recuperado ao se afirmar que o fim
do relacionamento amoroso requer um cenário mais
dramático que o vivenciado pelo eu lírico: uma mesa
de café. Logo, o solene se dilui na banalidade do
cotidiano.
Resposta: C
|
O sol começa a descer por trás da vegetação da Ilha da
Restinga, na outra margem do rio Paraíba, colorindo o
céu de amarelo, laranja e lilás. Então se ouvem as
primeiras notas do Bolero, do compositor francês Maurice
Ravel, executadas pelo saxofonista Jurandy. É assim o
pôr do sol da praia do Jacaré, em Cabedelo (Grande João
Pessoa). Depois do Bolero, Jurandy toca Asa branca, de
Luiz Gonzaga, e Meu sublime torrão, de Genival
Macedo, espécie de hino não oficial da Paraíba.
PINHEIRO, A. Sol se põe embalado pelo Bolero de Ravel.
Disponível em: http://tools.folha.com.br.
Acesso em: 16 set. 2012 (adaptado)
A interpretação musical de Jurandy do Sax, codinome de
José Jurandy Félix, apresenta um repertório caracterizado
pela
a) inter-relação de referenciais estéticos aparentemente:
distanciados.
b) valorização de músicas que revelam mensagens de
serenidade.
c) consagração do repertório erudito como cultura
dominante.
d) iniciativa de estimulo à vocação turística da cidade.
e) divisão hierárquica entre gêneros e estilos musicais.
|
Resolução:
A inter-relação ocorre pelo fato de Jurandy do Sax
concretizar um repertório que vai do erudito, com
Ravel, até o popular, com Luiz Gonzaga e Genival
Macedo.
Resposta: A
|
TEXTO I
SEGALL, L. Eternos caminhantes. Óleo sobre tela. 138 x 184 cm.
Museu Lasar Segall. lbramMinc, São Paulo, 1919.
TEXTO II
Em 1933, a obra Eternos caminhantes ingressou em
urna das primeiras edições das exposições de Arte
Degenerada, promovida por membros do partido nazista
alemão. Nos anos seguintes, ela voltaria a ser exibida na
mostra denominada Exposição da Vergonha, promovida
por pequenos grupos abastados. Em 1937, essa obra foi
confiscada pelo Ministério da Propaganda daquele país,
na grande ação nacional-socialista contra a Arte
Degenerada”.
SCHWARTZ. J. Perseguição à Arte Moderna em tempos de
guerra. São Paulo. Museu Lasar Segall. 2018 (adaptado).
Quase cinquenta obras de Lasar Segall foram confiscadas
pelo regime totalitário alemão na primeira metade do
século XX, entre elas a obra Eternos caminhantes,
considerada degenerada por
a) representar uma estética tida como inconveniente para
o ideário político vigente.
b) manifestar um posicionamento político-cultural
concebido por grupos de oposição.
c) expressar a cultura artística por meio da representação
parcial do corpo humano.
d) apresentar uma composição que antecipa o imaginário
artístico germânico.
e) estimular discussões sobre o papel da arte na
construção coletiva de cultura.
|
Resolução:
As vanguardas modernistas que irromperam no
primeiro quarto do século XX (Cubismo, Surrealismo,
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
Dadaísmo, etc) eram demolidoras de conceitos
estéticos estabelecidos. Eram tidas como inconve-
nientes, “degeneradas” para o ideário totalitário
nazista que preconizava uma estética que exaltava os
mitos germânicos expressos numa pretensa harmonia
que mal requentava a concepção clássica.
Resposta: A
|
TEXTO I
Logo no início de Gira, um grupo de sete bailarinas
ocupa o centro da cena. Mãos cruzadas sobre a lateral
esquerda do quadril, olhos fechados, troncos que
pendulam sobre si mesmos em vaguíssimas órbitas, tudo
nelas sugere o transe. Está estabelecido o caráter volátil
do que se passará no palco dali para frente. Mas engana-
se quem pensa que vai assistir a uma representação
mimética dos cultos afro-brasileiros.
TEXTO II
Disponível em: www.grupocorpo.com.br. Acesso em: 2 jul. 2019.
No diálogo que estabelece com religiões afro-
brasileiras, sintetizado na descrição e na imagem do
espetáculo, a dança exprime uma
a) crítica aos movimentos padronizados do balé clássico.
b) representação contemporânea de rituais ancestrais
extintos.
c) reelaboração estética erudita de práticas religiosas
populares.
d) releitura irônica da atmosfera mística presente no culto
a entidades.
e) oposição entre o resgate de tradições e a efemeridade
da vida humana.
|
Resolução:
O grupo Gira, através de técnicas do balé, reelabora a
espontaneidade das práticas religiosas afro-brasileiras.
Resposta: C
|
A indústria do esporte eletrônico é um mercado que está
crescendo em um ritmo mais rápido do que a economia
mundial. Sua popularidade cresceu muito e no Brasil não
é diferente. De acordo com os dados de uma pesquisa,
mais de 64% dos brasileiros que jogam videogame já
ouviram falar de esporte eletrônico. No entanto, o que
chama a atenção é o crescimento superior a 10% do
público praticante comparado ao ano anterior, que subiu
de 44,7% para 55,4%. Trata-se de um percentual
expressivo, já que o Brasil está no top 3 dentre os países
que têm maior número de espectadores de esporte
eletrônico do mundo. Comparado ao ano anterior, em
2020, o Brasil teve um marco de crescimento de 20% na
audiência. Mundo afora, a árdua dedicação de grandes
gamers contribuiu para o reconhecimento do Comitê
Olímpico Internacional, aliado a outras cinco federações
esportivas e suas desenvolvedoras de jogos, que
direcionaram um olhar mais atento ao assunto, permitindo
dar o primeiro passo para concretizar, pela primeira vez
na história dos jogos eletrônicos, um evento olímpico
oficial.
Disponível em: https://chicoterra.com.
Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado).
O contexto em que o esporte eletrônico é apresentado no
texto demonstra o(a)
a) condição favorável à expansão dessa modalidade.
b) promoção dessa prática por jogadores profissionais.
c) impulsionamento de um processo de marketing.
d) favorecimento de fabricantes dos jogos.
e) modificação da audiência televisiva.
|
Resolução:
O aumento do público praticante, do número de
espectadores e da árdua dedicação de grandes
“gamers” são condições que favoreceram o
reconhecimento da modalidade como prática
esportiva pelo Comitê Olímpico Internacional aliado
a outras federações esportivas.
Resposta: A
|
O Marabaixo é uma expressão artístico-cultural
formada nas tradições e na identificação cultural entre as
comunidades negras do Amapá. O nome remonta às
mortes de escravizados em navios negreiros que eram
jogados na água. Em sua homenagem, hinos de lamento
eram cantados mar abaixo, mar acima. Posteriormente, o
Marabaixo se integrou à vivência das comunidades
negras em um ciclo de danças, cantorias com tambores e
festas religiosas, recebendo, em 2018, o título de
Patrimônio Cultural do Brasil.
Disponível em: http//portal.iphan.gov.br.
Acesso em: 15 nov. 2021 (adaptado).
A manifestação do Marabaixo se constituiu em expressão
de arte e cultura, exercendo função de
a) ressignificar episódios dramáticos em novas práticas
culturais.
b) adaptar coreografas como imitação dos movimentos
do mar.
c) lembrar dos mortos no passado escravista como forma
de lamento.
d) perpetuar uma narrativa de apagamento dos fatos
históricos traumáticos.
e) ritualizar a passagem de atos fúnebres nas produções
coletivas com espírito festivo.
|
Resolução:
O Marabaixo é o resultado da mescla de eventos
passados a práticas culturais. Se antes a população
cantava em homenagem aos que eram mortos, agora
associa o canto à dança, à música e aos festejos
religiosos. Há, portanto, ressignificação de episódios
traumáticos em novas práticas culturais.
Resposta: A
|
O uso das redes sociais como forma de ampliar
universos foi uma descoberta recente para o artista
Wolney Fernandes, que começou a criar quando o
ambiente em Goiás era mais árido em relação às artes
visuais. “Hoje, ser diferente é uma potência e quem sabe
o que quer com a própria arte encontra espaço”, diz. As
colagens artísticas do goiano aparecem em capas de obras
literárias pelo Brasil e exterior.
Disponível em: https://opopular.com.br.
Acesso em: 15 nov. 2021 (adaptado).
O artista goiano Wolney Fernandes busca expor seu
trabalho por meio de plataformas virtuais com o objetivo
de
a) dar suporte à técnica de colagem em Artes Visuais,
contornando dificuldades práticas.
b) aproximar-se da estética visual própria da editoração
de obras artísticas, como capas de livros.
c) oferecer uma vitrine internacional para sua produção
artística, a fim de dar mais visibilidade a suas obras.
d) enfatizar o caráter original e inovador de suas criações
artísticas, diferenciando-se das artes tradicionais.
e) trazer um sentido tecnológico às suas colagens, uma
vez que as imagens artísticas são recorrentes nas redes
sociais.
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Resolução:
O texto trata do uso que o artista Wolney Fernandes
faz das redes sociais para ampliar a visibilidade de
suas obras, expondo seu trabalho a diferentes públicos
(universos) em todo o mundo.
Resposta: C
|
O mais antigo grupo de rap indígena do pais, Brô MCs,
surgiu em 2009, na aldeia Jaguapiru, em Dourados, Mato
Grosso do Sul. Os integrantes conheceram o rap pelo
rádio, ouvindo um programa que apresentava cantores e
grupos brasileiros desse gênero musical. O Brô MCs
conseguiu influenciar outros a fazerem rap e a lutarem
pelas causas indígenas. Um dos nomes do movimento,
Kunumí MC, é um jovem de 16 anos, da aldeia Krukutu,
em São Paulo. O adolescente enxerga o rap como uma
cultura da defesa e começou a fazer rimas quando
percebeu que a poesia, pela qual sempre se interessou,
podia virar música. Nas letras que cria, inspiradas tanto
pelo rap quanto pelos ritmos indígenas, tenta incluir
sempre assuntos aos quais acha importante dar voz,
principalmente, a questão da demarcação de terras.
Disponível em: www.correiobraziliense.com.br.
Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).
O movimento rap dos povos originários do Brasil revela
o(a)
a) fusão de manifestações artísticas urbanas contempo-
râneas com a cultura indígena.
b) contraposição das temáticas socioambientais indígenas
às questões urbanas.
c) rejeição da indústria radiofônica às músicas indígenas.
d) distanciamento da realidade social indígena.
e) estímulo ao estudo da poesia indígena.
|
Resolução:
O rap surgiu como manifestação cultural urbana da
comunidade negra norte-americana. Ao ser utilizado
por indígenas para apresentar suas reivindicações,
além de explorar ritmos aborígenes, torna-se impor-
tante expressão cultural do grupo.
Resposta: A
|
A petição on-line criada por um cidadão paulista surtiu
efeito: casado há três anos com seu companheiro, ele
pedia a alteração da definição de “casamento” no
tradicional dicionário Michaelis em português. Na
definição anterior, casamento aparecia como “união
legítima entre homem e mulher” e “união legal entre
homem e mulher, para constituir família”.
O novo verbete não traz em nenhum momento as
palavras homem ou mulher — agora a definição de
casamento se refere a “pessoas”.
Para o diretor de comunicação do site onde a petição
foi publicada, a iniciativa mostra a “eficiência da
mobilização”. “Em dois dias, mudou-se uma definição
que permanecia a mesma há décadas”, afirma. E conclui:
“A plataforma serve para todos os tipos de causas, para as
mudanças que importam para as pessoas.”.
SENRA, R. Disponível em: www.bbc.com.
Acesso em: 29 out. 2015.
A notícia trata da mudança ocorrida em um dicionário da
língua portuguesa. Segundo o texto, essa mudança foi
impulsionada pela
a) inclusão de informações no verbete.
b) relevância social da instituição casamento.
c) utilização pública da petição pelos cidadãos.
d) rapidez na disseminação digital do verbete.
e) divulgação de plataformas para a criação de petição.
|
Resolução:
A mudança ocorrida no verbete “casamento”, do
dicionário Michaelis, foi impulsionada por uma
petição on-line de um cidadão paulista.
Resposta: C
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A neozelandesa Laurel Hubbard fez história nos Jogos
Olímpicos. Apesar de ter ficado de fora da disputa por
medalhas, a levantadora de peso deixou sua marca na
edição de Tóquio por ser a primeira mulher abertamente
transgênero a participar de uma competição olímpica. No
início da carreira, na década de 1990, a neozelandesa
participava de disputas na categoria masculina. Em 2001,
aos 23 anos, ela se afastou da atividade. “A pressão de
tentar me encaixar em um mundo que talvez não tenha
sido feito para pessoas como eu se tornou um fardo muito
grande para suportar”. Em 2012, Laurel começou sua
transição de gênero por meio de terapias hormonais e, em
2013, declarou abertamente ser uma mulher trans. Para o
Comitê Olímpico Internacional, a participação de
mulheres trans nos Jogos é permitida caso o nível de
testosterona, hormônio que aumenta a massa muscular,
esteja abaixo de 10 nanomols por litro por pelo menos
12 meses.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.
Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).
No texto, os limites do potencial inclusivo do esporte são
dados pela
a) dificuldade de conseguir bons resultados esportivos.
b) dependência de características biológicas padronizadas.
c) inexistência de uma categoria para pessoas trans-
gênero.
d) necessidade de afastamento temporário das compe-
tições.
e) impossibilidade de uso controlado de substâncias
exógenas.
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Resolução:
Os limites do potencial inclusivo para a participação
de mulheres trans nos Jogos Olímpicos dependem de
características biológicas padronizadas. O nível de
testosterona deve estar “abaixo de 10 nanomols por
litro por pelo menos 12 meses”.
Resposta: B
|
“Ganhei 25 medalhas em mundiais, sete em Jogos
Olímpicos, e sou uma sobrevivente de abuso sexual.” Foi
assim que Simone Biles se apresentou ao comitê do
Senado norte-americano que investiga as supostas falhas
do FBI no caso Larry Nassar. Biles e outras três atletas,
vítimas dos abusos do ex-médico da equipe de ginástica
feminina dos EUA, exigiram que os agentes da
investigação sejam processados por falta de ação prévia
contra Nassar agora preso. Biles esclareceu que culpa
Larry Nassar e “todo o sistema que o permitiu e o
perpetrou”, acusando a Federação de Ginástica e o
Comitê Olímpico dos Estados Unidos de saberem “muito
antes” que ela havia sofrido abusos. A melhor ginasta do
mundo é um ícone. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, uma
lesão psicológica a impediu de competir como previa. No
entanto, ela chegou ao topo como uma líder no trabalho
de acabar com o preconceito com os problemas de saúde
mental. “Não quero que nenhum outro atleta olímpico
sofra o horror que eu e outras centenas suportamos e
continuamos suportando até hoje”, afirmou.
Disponível em: https//brasil.elpais.com.
Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).
O fato relatado na notícia chama a atenção acerca da
necessidade de reflexão sobre a relação entre o esporte e
a) o desempenho atlético internacional.
b) a dimensão emocional dos atletas.
c) os comitês olímpicos nacionais.
d) as instituições de inteligência.
e) as federações esportivas.
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Resolução:
A história de Simone Biles sobre o abuso sexual e os
problemas de saúde mental provocou a necessidade de
reflexão sobre a dimensão emocional dos atletas.
Resposta: B
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O acesso às Práticas Corporais/Atividades Físicas
(PC/AF) é desigual no Brasil, à semelhança de outros
indicadores sociais e de saúde. Em geral, PC/AF
prazerosas, diversificadas, mais afeitas ao período de
lazer estão concentradas nas populações mais abastadas.
As atividades físicas de deslocamento, trajetos a pé ou de
bicicleta para estudar ou trabalhar, por exemplo, são mais
frequentes na classe social menos favorecida. Aqui, há
uma relação inversa e perversa entre variáveis socioeco-
nômicas de acesso às PC/AF. As maiores prevalências de
inatividade física foram em mulheres, pessoas com 60
anos ou mais, negros, pessoas com autoavaliação de
saúde ruim ou muito ruim, com renda familiar de até
quatro salários mínimos por pessoa, pessoas que
desconhecem programas públicos de PC/AF e residentes
em áreas sem locais públicos para a prática.
KNUTH, A. G.; ANTUNES. P. C. Saúde e Sociedade,
n. 2, 2021 (adaptado).
O fator central que impacta a realização de práticas cor-
porais/atividades físicas no tempo de lazer no Brasil é a
a) diferença entre homens e mulheres.
b) inexistência de políticas públicas.
c) diversidade de faixa etária.
d) variação de condição étnica.
e) desigualdade entre classes sociais.
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Resolução:
O texto trata da dificuldade de pessoas com baixa
renda familiar terem acesso a práticas corporais e
atividades físicas.
Resposta: E
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Mestre e companheiro, disse eu que nos íamos
despedir. Mas disse mal. A morte não extingue:
transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima.
Um dia supuseste “morta e separada” a consorte dos teus
sonhos e das tuas agonias, que te soubera “pôr um mundo
inteiro no recanto” do teu ninho; e, todavia, nunca ela te
esteve mais presente, no íntimo de ti mesmo e na
expressão do teu canto, no fundo do teu ser e na face de
tuas ações. Esses catorze versos inimitáveis, em que o
enlevo dos teus discípulos resume o valor de toda uma
literatura, eram a aliança de ouro do teu segundo noivado,
um anel de outras núpcias, para a vida nova do teu
renascimento e da tua glorificação, com a sócia sem
nódoa dos teus anos de mocidade e madureza, da
florescência e frutificação de tua alma. Para os eleitos do
mundo das ideias a miséria está na decadência, e não na
morte. A nobreza de uma nos preserva das ruínas da outra.
Quando eles atravessavam essa passagem do invisível,
que os conduz à região da verdade sem mescla, então é
que entramos a sentir o começo do seu reino, o reino dos
mortos sobre os vivos.
BARBOSA. R. O adeus da Academia a Machado de Assis.
Rio de Janeiro: Agir, 1962.
Esse é um trecho do discurso de Rui Barbosa na Acade-
mia Brasileira de Letras em homenagem a Machado de
Assis por ocasião de sua morte. Uma das características
desse discurso de homenagem é a presença de
a) metáforas relacionadas à trajetória pessoal e criadora
do homenageado.
b) recursos fonológicos empregados para a valorização
do ritmo do texto.
c) frases curtas e diretas no relato da vida e da morte do
homenageado.
d) contraposição de ideias presentes na obra do
homenageado.
e) seleção vocabular representativa do sentimento de
nostalgia.
|
Resolução:
Esse discurso proferido, na ocasião da morte de
Machado de Assis, contém metáforas relativas ao
harmonioso relacionamento entre Machado de Assis
e sua esposa, Carolina, e entre esse casamento feliz e a
escrita machadiana, como se nota na passagem:
“Esses catorze versos inimitáveis, em que o elevo dos
teus discípulos resume o valor de toda uma literatura,
eram a aliança de ouro do teu segundo noivado, um
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
anel de outras núpcias, para a vida nova do teu
renascimento e de tua glorificação, com a sócia sem
nódoa dos teus anos de mocidade e madureza, da
flores-ciência e frutificação de tua alma”.
Resposta: A
|
Disponível em: www.facebook.com/minsaude.
Acesso em: 13 jun. 2018.
Essa campanha publicitária do Ministério da Saúde visa
a) divulgar um conjunto de benefícios proporcionados
pela amamentação.
b) apresentar tratamentos para infecções respiratórias em
bebês.
c) defender o direito das mulheres de amamentar em
público.
d) orientar sobre os exercícios para uma boa amamen-
tação.
e) informar sobre o aumento de anticorpos nas mães.
|
Resolução:
Ao apresentar respostas para a pergunta “Por que é
tão importante amamentar?”, a campanha publici-
tária elenca benefícios que a amamentação pode
trazer para a saúde dos bebês.
Resposta: A
|
Carta aberta à população brasileira
Prezados Cidadãos e Cidadãs,
O envelhecimento populacional é um fenômeno
mundial. Infelizmente, nosso país ainda não está
preparado para atender às demandas dessa população.
Este é o retrato da saúde pública no Brasil, que, apesar
dos indiscutíveis avanços, apresenta um cenário de
deficiências e falta de integração em todos os níveis de
atenção à saúde: primária (atendimento deficiente nas
unidades de saúde da atenção básica), secundária
(carência de centros de referência com atendimento por
especialistas) e terciária (atendimento hospitalar com
abordagem ao idoso centrada na doença), ou seja, não há,
na prática, uma rede de atenção à saúde do idoso.
Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG) vem a público
manifestar suas preocupações com o presente e o futuro
dos idosos no Brasil. É preciso garantir a saúde como
direito universal.
Esperamos que tanto nossos atuais quanto os futuros
governantes e legisladores reflitam sobre a necessidade
de investir na saúde e na qualidade de vida associada ao
envelhecimento.
Dignidade à saúde do idoso!
Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2014.
Disponível em: www.sbgg.org.br.
Acesso em: 20 out. 2021 (adaptado)
O objetivo desse texto é
a) sensibilizar o idoso a respeito dos cuidados com a
saúde.
b) alertar os governantes sobre os cuidados requeridos
pelo idoso.
c) divulgar o trabalho da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia.
d) informar o setor público sobre o retrocesso da
legislação destinada à população idosa.
e) chamar a atenção da população sobre a qualidade dos
serviços de saúde pública para o idoso.
|
Resolução:
O texto apresenta um cenário “de deficiências e falta
de integração em todos os níveis de atenção à saúde”
do idoso. O objetivo do texto, portanto, é alertar a
população acerca desse quadro deficitário.
Resposta: E
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço
apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha
própria, em até 30 (trinta) linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta
de Redação ou do Caderno de Questões terá o número
de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de
linhas.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações
expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada
“texto insuficiente”;
4.2. fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-
argumentativo;
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desco-
nectada do tema proposto;
4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras
formas de identificação no espaço destinado ao
texto.
TEXTO I
O trabalho de cuidado não remunerado e mal pago
e a crise global da desigualdade
O trabalho de cuidado é essencial para nossas
sociedades e para a economia. Ele inclui o trabalho de
cuidar de crianças, idosos e pessoas com doenças e
deficiências físicas e mentais, bem como o trabalho
doméstico diário que inclui cozinhar, limpar, lavar,
consertar coisas e buscar água e lenha. Se ninguém
investisse tempo, esforços e recursos nessas tarefas
diárias essenciais comunidades, locais de trabalho e
economias inteiras ficariam estagnados. Em todo o
mundo, o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago
é desproporcionalmente assumido por mulheres e
meninas em situação de pobreza, especialmente por
aquelas que pertencem a grupos que, além da
discriminação de gênero, sofrem preconceito em
decorrência de sua raça, etnia, nacionalidade e
sexualidade. As mulheres são responsáveis por mais de
três quartos do cuidado não remunerado e compõem dois
terços da força de trabalho envolvida em atividades de
cuidado remuneradas.
Documento Informativo — Tempo de cuidar. Disponível em:
hitps://www.oxfam.org.br. Acesso em: 18 de jul. de 2023
(adaptado).
TEXTO II
Média de horas dedicadas pelas pessoas de 14 anos
ou mais de idade aos afazeres domésticos e/ou
às tarefas de cuidado de pessoas, por sexo
Brasil – 2019
Sexo Horas Semanais
Homens 11,0
Mulheres 21,4
Fonte: IBGE – Pnad contínua anual
Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br.
Acesso em: 18 de jul. 2023 (adaptado).
TEXTO III
A sociedade brasileira tem passado por inúmeras
transformações sociais ao longo das últimas décadas.
Entre elas, as percepções sociais a respeito dos valores e
das convenções de gênero e a forma como mulheres têm
se inserido na sociedade. Algumas permanências, porém,
chamam a atenção, como a delegação quase que exclusiva
às famílias — e, nestas, às mulheres – de atividades
relacionadas à reprodução da vida e da sociedade,
usualmente nominadas trabalho de cuidado.
Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br.
Acesso em: 24 maio 2023 (adaptado).
TEXTO IV
Capa da revista Pesquisa.
Disponível em: https:// revistapesquisa.fapesp.br.
Acesso em: 23 maio 2023 (adaptado).
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base
nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do
trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”,
apresentando proposta de intervenção que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa
de seu ponto de vista.
Comentário à proposta de Redação
“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade
do trabalho de cuidado realizado pela mulher no
Brasil”: este o tema proposto, a ser desenvolvido
numa dissertação argumentativa, na qual o candidato
deveria defender o próprio ponto de vista sobre a
questão apresentada.
A exemplo de provas anteriores, o candidato
contou com quatro textos motivadores, que deveriam
ser considerados como ponto de partida para sua
produção. O primeiro texto – Documento Informativo
– Tempo de Cuidar –, reconhece a importância do
trabalho de cuidado, tanto de pessoas em situação de
vulnerabilidade quanto de ambientes domésticos e
comunidades que são mantidos limpos, organizados e
abastecidos graças a mulheres e meninas que, mesmo
vitimadas por várias formas de carência e
discriminação, respondem pela maior parte dos
trabalhos de cuidado não pagos, além de comporem
boa parte de atividades mal remuneradas. Esse
fenômeno, segundo o texto, não se limita ao Brasil:
antes, é observado no mundo todo, refletindo uma
desigualdade que, embora seja histórica, sequer é
percebida. O texto dois expõe os resultados de
levantamento, feito pelo IBGE em 2019, que apontava
a média de horas semanais trabalhadas por pessoas
do sexo masculino e do feminino: respectivamente,
11,0 e 21,4 horas. Já o terceiro texto, embora registram
avanços no que diz respeito à inserção das mulheres
em espaços tradicionalmente reservados aos homens,
ressaltam atribuições exclusivamente femininas, entre
as quais a reprodução da vida e os cuidados inerentes
à maternidade. O último texto reproduz a capa de
uma edição da Revista Fapesp, trazendo os resultados
de uma pesquisa sobre os novos desafios do cuidado,
como a demanda, em vários países, por profissionais
especializados em oferecer assistência a um número
cada vez maior de pessoas que apresentam dificuldade
de se cuidar por conta própria, diferentemente do
cenário brasileiro, em que cabe às famílias a tarefa de
cuidar tanto dos filhos quanto dos pais em idade
avançada.
Após considerar as ideias e informações contidas
nos textos motivadores, o candidato deveria proceder
à própria análise de uma desigualdade de gênero que
remonta a muitos séculos, algo que poderia ser
comprovado pela diversidade de tarefas
tradicionalmente exercidas pelas mulheres, muitas das
quais envolvendo alguma forma de cuidado que, longe
de se restringir aos filhos, alcança pais idosos, pessoas
doentes ou com deficiências físicas e mentais – caren-
tes de atenção, de alimento – entre tantas outras
necessidades. Cuidados com a limpeza e conservação
da própria casa, exercidos muitas vezes sob condições
as mais precárias, também seriam apropriados para
demonstrar a onipresença das mulheres, cuja ausência
certamente geraria situações absolutamente caóticas.
Seria recomendável ainda destacar, como parte dos
atributos femininos, a capacidade de doação, de
renúncia aos próprios interesses – até mesmo de
sacrifícios – observada em mulheres que, mesmo
tendo seu trabalho desvalorizado, continuam
chefiando suas famílias, respondendo pelo sustento da
casa e cumprindo dupla ou tripla jornada.
Como proposta de intervenção, o candidato
poderia sugerir uma ação liderada pelo Congresso,
criando leis voltadas à igualdade de gênero,
convocando as escolas a contribuírem, por meio da
educação, com o princípio da igualdade entre meninos
e meninas, a fim de que, num futuro próximo, a
invisibilidade a que têm sido relegadas as mulheres
não tenha mais espaço na sociedade contemporânea.
CIÊNCIAS HUMANAS E
SUAS TECNOLOGIAS
|
Fotografia da avó bordada
SCARELI. G. A máquina de costura e os fios da memória
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, n. 18
maio-ago, 2021.
A definição de Sertão descrita no bordado associa esse
recorte espacial a
a) percursos e roteiros turísticos.
b) trajetos e movimentos holísticos.
c) vivências e itinerários socioafetivos.
d) fronteiras e demarcações territoriais.
e) profissões e interesses econômicos.
|
Resolução:
A definição de sertão no bordado mostra as vivências
da neta ao lembrar com carinho as visitas à casa da
avó no interior.
Resposta: C
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
Felizes tempos eram esses! As moças iam à missa de
madrugada. De dia ninguém as via e se alguma, em dia de
festa, queria passear com a avô ou a tia, havia de ir de
cadeirinhas. Bem razão têm os nossos velhos de chorar
por esses tempos, em que as filhas não sabiam escrever,
e por isso não mandavam nem recebiam bilhetinhos.
Novo Correio de Modas. 1853. apud DONEGÁ, A. L.
Publicar ficção em meados do século XIX: um estudo das
revistas femininas editadas pelos irmãos Laemmert.
Campinas: Unicamp, 2013 (adaptado).
Na perspectiva do autor, as tradições e os costumes
sociofamiliares sofreram alterações, no século XIX,
decorrentes de quais fatores?
a) Hábitos de leitura e mobilidade regional.
b) Circulação de impressos e trânsito religioso.
c) Valorização da língua e imigração estrangeira.
d) Práticas de letramento e transformação cultural.
e) Flexibilização do ensino e reformismo pedagógico.
|
Resolução:
O letramento feminino no século XIX, associado ao
gradual acesso à educação, desempenhou um
importante papel de transformação social perceptível
no envolvimento de mulheres em atividades literárias
e intelectuais. Notadamente, foram produzidas
modificações nos papéis tradicionalmente a elas
atribuídos nos âmbitos familiar e político,
modificando as relações de sociabilidade.
Resposta: D
|
No Cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez
mais subordinado à lógica do agronegócio. De um lado,
o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como
mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de
novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista
subordina homens e mulheres à lógica do mercado.
Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens
comuns) tornam-se propriedade privada. Além do mais,
há outros fatores negativos, como a mecanização pesada,
a “pragatização” dos seres humanos e não humanos, a
violência simbólica, a superexploração, as chuvas de
veneno e a violência contra a pessoa.
CALAÇA, M.; SILVA, E. B; JESUS, J, N, Territorialização
do agronogócio e subordinação do canpesinato no Cerrado.
Elisée, Rev. Geo. UEG. n. 1, jan -jun. 2021 (adaptado)
Os elementos descritos no texto, a respeito da
territorialização da produção, demonstram que há um
a) cerco aos camponeses, inviabilizando a manutenção
das condições para a vida.
b) descaso aos latifundiários, impactando a plantação de
alimentos para a exportação.
c) desprezo ao assalariado, afetando o engajamento dos
sindicatos para o trabalhador.
d) desrespeito aos governantes, comprometendo a criação
de empregos para o lavrador
e) assédio ao empresariado, dificultando o investimento
de maquinários para a produção.
|
Resolução:
O texto aborda a expansão do agronegócio em direção
ao Cerrado que amplia a agricultura comercial por
meio da modernização da produção. Por outro lado, a
atividade camponesa é reduzida, afetando sua
subsistência e sua condição de vida.
Resposta: A
|
TEXTO I
Com uma população de 25 milhões de habitantes (cerca
de 60% de minorias muçulmanas, principalmente da etnia
Uigur), Xinjiang é uma região estratégica para a China.
Faz fronteira com oito países, é uma artéria crucial do
megaprojeto de infraestrutura chinês Cinturão e Rota e
tem as maiores reservas nacionais de carvão e gás natural.
(NINIO, M. Disponível em: https: oglobo.globo.com. Acesso
em: 5 out. 2021 adaptado)
TEXTO II
Dentre as províncias da Região Oeste, Xinjiang se destaca
ao receber mais de 1,7 milhão de migrantes entre 2000 e
2010. O principal motivo desse fluxo migratório é que o
governo fornece subsídios à população visando aumentar
a proporção de chineses da etnia Han em relação à
população local de etnias turca e muçulmana.
ALVES. F.: TOYOSHIMA. S. Disparidade socioeconônica e
fluxo migratório chinês: interpretação de eventos
contemporâneos segundo os clássicos do desenvolvimento.
Revista de Economia Contemporânea. n 1. jan. abr. 2017
(adaptado)
A política demográfica para a província mencionada nos
textos é parte da seguinte ação estratégica do governo
chinês:
a) Promover a ocupação rural.
b) Favorecer a liberdade religiosa.
c) Descentralizar a gestão pública.
d) Incentivar a pluralidade cultural.
e) Assegurar a integridade territorial.
|
Resolução:
Em relação ao extenso território que a China
apresenta, o governo central chinês teme que, nas
áreas distantes e fronteiriças, ocupadas por grupos
étnicos diferentes da maioria han, ocorram
movimentos separatistas, como, por exemplo, no caso
da região do Xinjiang, onde predomina a etnia uigur.
Para evitar tal situação, o governo chinês incentiva o
deslocamento de grupos migrantes han em direção à
região para “diluir” uma suposta homogeneidade
étnica, assegurando, assim, a integridade territorial.
Resposta: E
|
Superar a história da escravidão como principal marca da
trajetória do negro no país tem sido uma tônica daqueles
que se dedicam a pesquisar as heranças de origem afro à
cultura brasileira. A esse esforço de reconstrução da
própria história do país, alia-se agora a criação da
plataforma digital Ancestralidades. “A história do negro
no Brasil vai continuar sendo contada, e cada passo que
a gente dá para trás é um passo que a gente avança”, diz
Márcio Black, idealizador da plataforma, sobre o estudo
de figuras ainda encobertas pela perspectiva histórica
imposta pelos colonizadores da América.
FIORATI. G. Projeto joga luz sobre negros e revê
perspectiva histórica. Disponível em: www.folha.uol.
com.br. Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).
Em relação ao conhecimento ‘sobre a formação cultural
brasileira, iniciativas como a descrita no texto favorecem
o(a)
a) recuperação do tradicionalismo.
b) estímulo ao antropocentrismo.
c) reforço do etnocentrismo.
d) resgate do teocentrismo.
e) crítica ao eurocentrismo.
|
Resolução:
Os estudos acerca da formação cultural do Brasil têm
valorizado a desconstrução do eurocentrismo,
incluindo a importância da luta e da resistência dos
escravizados. Nesse sentido, o excerto estabelece que
tais análises, “ainda encobertas pela perspectiva
histórica imposta pelos colonizadores da América”,
são imprescindíveis no avanço das pesquisas.
Resposta: E
|
Escrito durante a Primeira Guerra Mundial, o seguinte
trecho faz parte da carta enviada pelo secretário do
exterior britânico, Sir Arthur James Balfour, ao banqueiro
Lord Rotschild, presidente da Liga Sionista, em 2 de
novembro de 1917, a carta ficou conhecida como
Declaração Balfour:
“O governo de Sua Majestade vê com aprovação o
estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o
povo judeu, e fará todos os esforços para facilitar tal
objetivo. Nada será feito que possa prejudicar os diretos
civis e religiosos das comunidades não judaicas na
Palestina.”
GATTAZ, A. A Guerra da Palestina. São Paulo: Usina do
Livro. 2002 (adapiado).
A análise do resultado do processo em questão revela que
o governo inglês foi incapaz de garantir seu objetivo de
a) promover o bem-estar social.
b) negociar o apoio muçulmano.
c) mediar os conflitos territoriais.
d) estimular a cooperação regional.
e) combater os governos autocráticos.
|
Resolução:
Embora explícita na Declaração Balfour, o governo
inglês não foi exitoso em trazer o apoio da comunidade
muçulmana no processo de formação de um lar
nacional para os judeus, mas, sobretudo, na mediação
dos conflitos entre as diversas comunidades que
coabitavam a região.
Resposta: C
|
TEXTO 1
Como presença consciente no mundo não posso escapar
á responsabilidade ética no meu mover-me no mundo. Se
sou puro produto da determinação genética ou cultural ou
de classe, sou irresponsável pelo que faço no meu mover-
me no mundo e, se careço de responsabilidade, não posso
falar em ética.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
preatica educativa. São Pauio. Paz e Terra, 1996.
TEXTO II
Paulo Freire construiu uma pedagogia da esperança. Na
sua concepção, a história não é algo pronto e acabado. As
estruturas de opressão e as desigualdades, apesar de serem
naturalizadas, são sócio e historicamente construídas. Daí
a importância de os educandos tomarem consciência da
sua realidade para, assim, transformá-la.
DEMARCHI, J. L, Paulo Freire. Disponível em:
https://diplomatique.org.br. Acesso em: 6 out 2021 (adaptado)
Com base no conceito de ética pedagógica presente nos
textos, os educandos tornam-se responsáveis pela
a) participação sociopolítica.
b) definição estético-cultural.
c) competição econômica local.
d) manutenção do sistema escolar.
e) capacitação de mobilidade individual.
|
Resolução:
Ambos os textos abordam a ideia da ética pedagógica
como responsabilidade dos sujeitos para a
transformação da realidade por meio da participação
sociopolítica.
Resposta: A
|
A Cordilheira do Himalaia tem mais de 50 milhôes de
anos, sendo classificada como a maior cordilheira do
planeta. Originário da língua sânscrito, comum na região,
seu nome quer dizer “morada da neve”. Ê possível
encontrar nessa cordilheira as quinze maiores montanhas
do mundo. Ao todo, existem mais de cem picos, que
contam com altitudes bem maiores que 7000 m. O
Everest, considerado o ponto mais alto da Terra, tem nada
menos que 8 848 m de altitude, e continua crescendo,
aproximadamente, 0,8 mm a cada ano.
Disponível em: https:meioambiente.culturamix.com. Acesso
em: 12 nov. 2021 (adaptado).
Qual dinâmica natural é responsável pelo fenômeno
apresentado?
a) Derrame de lava vulcânica.
b) Encontro de placas tectônicas.
c) Ação do intemperismo químico.
d) Sedimentação de erosão eólica,
e) Derretimento de geleiras glaciais.
|
Resolução:
A Cordilheira do Himalaia é um dobramento
moderno, sua formação data do período Terciário, da
Era Cenozoica, resultado do movimento convergente
das placas tectônicas de Decã e Euroasiática.
Resposta: B
|
Eu poderia concluir que a raiva é um pensamento, que
estar com raiva é pensar que alguém é detestável, e que
esse pensamento, como todos os outros — assim como
Descartes o mostrou —, não poderia residir em nenhum
fragmento de matéria. A raiva seria, portanto, espírito.
Porém, quando me volto para minha própria experiência
da raiva, devo confessar que ela não estava fora do meu
corpo, mas inexplicavelmente nele.
MERLEAU-PONTY, M. Quinta conversa: o homem visto
de fora. São Paulo: Martins Fontes. 1948 (adaptado).
No que se refere ao problema do corpo, a filosofia
cartesiana apresenta-se como contraponto ao
entendimento expresso no texto por
a) apresentar uma visão dualista.
b) confirmar uma tese naturalista.
c) demonstrar uma premissa realista.
d) sustentar um argumento idealista.
e) defender uma posição intencionalista.
|
Resolução:
O fenomenólogo Merleau-Ponty, no texto, busca
mostrar como a raiva é uma experiência
simultaneamente do espírito e do corpo. Assim, ele
transcende a dualidade cartesiana segundo a qual o
mundo revela duas realidades: a coisa pensante e a
matéria.
Resposta: A
|
A diversão é o prolongamento do trabalho sob o
capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar
ao processo de trabalho mecanizado para se pôr de novo
em condições de enfrentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a
mecanização atingiu um tal poderio sobre a pessoa em
seu lazer e sobre a sua felicidade, ela determina tão
profundamente a fabricação das mercadorias destinadas à
diversão que essa pessoa não pode mais perceber outra
coisa senão as cópias que reproduzem o próprio processo
de trabalho.
ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do
esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar 1997.
No texto, o tempo livre é concebido como
a) consumo de produtos culturais e elaborados no mesmo
sistema produtivo do capitalismo.
b) forma de realizar as diversas potencialidades da
natureza humana.
c) alternativa para equilibrar tensões psicológicas do dia
a dia.
d) promoção da satisfação de necessidades artificiais.
e) mecanismo de organização do ócio e do prazer.
|
Resolução:
A lógica da produção industrial engloba tanto os
momentos de produtividade quanto os de “ócio”
(como é sugerido pelo texto de Adorno), levando à
formação de hábitos culturais a partir da lógica
capitalista.
Resposta: A
|
LAERTE. Disponível em: www.laerte.art.br. Acesso em: 23
nov. 2021 (adaptado).
A charge ilustra um anseio presente na sociedade
contemporânea, que se caracteriza pela
a) situação de revolta individual.
b) satisfação de desejos pessoais.
c) participação em ações decisórias.
d) permanência em passividade social.
e) conivência em interesses partidários.
|
Resolução:
Os movimentos contemporâneos mostram um amplo
desejo e luta por ações de empoderamento político,
seja nas suas manifestações, seja na vigilância da
administração pública, como forma de implementar
ações decisórias.
Resposta: C
|
Quem se mete pelo caminho do pedido de perdão deve
estar pronto a escutar uma palavra de recusa. Entrar na
atmosfera do perdão é aceitar medir-se com a
possibilidade sempre aberta do imperdoável. Perdão
pedido não é perdão a que se tem direito [devido]. É com
o preço destas reservas que a grandeza do perdão se
manifesta.
RICOEUR, P. O perdão pode curar. Disponível em:
www.lusosofia.net. Acesso em: 14 out 2019.
A reflexão sobre o perdão apresentada no texto encontra
fundamento na(s)
a) rejeição particular amparada pelo desejo de poder.
b) decisão subjetiva determinada pela vontade divina.
c) liberdade mitigada pela predestinação do espírito.
d) escolhas humanas definidas pelo conhecimento
empírico.
e) relações interpessoais medidas pela autonomia dos
indivíduos.
|
Resolução:
O tema perdão, retratado no excerto de Paul Ricoeur,
revela o amplo mundo das escolhas pessoais, pautado
na manifestação de quem pede o perdão (e cometeu a
falha), e naquele que recebe o pedido (podendo
recusá-lo).
Resposta: E
|
A Cavalgada de Sant’Ana é uma expressão da devoção
dos vaqueiros à padroeira de Caicó (RN). Nas décadas de
1950 a 1970, esse evento, então denominado Cavalaria,
era celebrado pelas pessoas que residiam na zona rural do
município de Caicó. Essas pessoas usavam os animais
(jegues, mulas e cavalos) como único meio de transporte,
sobretudo para se dirigirem à cidade nos dias de feiras,
trazendo seus produtos para comercializarem. Estando em
Caicó no período da Festa de Sant’Ana, esses agricultores
se organizavam em cavalgada até o pátio da Catedral de
Sant’Ana para louvar a santa e receber bênção para seus
animais. Por volta da década de 1970, com a chegada do
automóvel à zona rural do município, essa expressão
cultural foi extinta. O meio de transporte utilizando os
animais passou a ser substituído por carros, sobretudo
caminhonetes e caminhões, que transportavam os
camponeses para a cidade em dias de feiras e festas.
Desde 2002, um grupo de caicoenses retomou essa
expressão cultural e, em conjunto com a associação dos
vaqueiros, realiza no primeiro domingo da Festa a
Cavalgada de Sant’Ana. O evento, além de contar com a
participação dos cavaleiros que residem nas zonas rurais,
atrai também pessoas que residem em Caicó, cidades
vizinhas e amantes das vaquejadas.
FESTA DE SANT’ANA. Disponível em: http:/portal.
iphan.gov.br. Acesso em: 12 out. 2021 (adaptado).
As mudanças culturais mencionadas no texto
caracterizam-se pela presença de
a) elementos tradicionais e modernos em torno de uma
crença religiosa.
b) argumentos teológicos e históricos em consequência
de uma ordem papal.
c) fundamentos estéticos e etnográficos em função de
uma cerimônia clerical.
d) práticas corporais e esportivas em decorrência de uma
imposição eclesiástica.
e) discursos filosóficos e antropológicos em resultado de
uma determinação paroquial.
|
Resolução:
A festa da Cavalgada de Sant´Ana de Caicó (RN) é
considerada patrimônio cultural imaterial. Celebrada
há quase 260 anos no sertão potiguar, valoriza a
tradição religiosa e a importância dos vaqueiros. A
substituição da montaria por novos meios de
transporte, motorizados, quase extinguiu o evento na
década de 1970. A partir de 2002, devotos resgataram
a procissão reafirmando a importância histórica do
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
modo de vida dos sertanejos, mesmo diante da
incorporação de elementos modernos.
Resposta: A
|
Do século XVI em diante, pelo menos nas classes mais
altas, o garfo passou a ser usado como utensílio para
comer, chegando através da Itália primeiramente à França
e, em seguida, à Inglaterra e à Alemanha, depois de ter
servido, durante algum tempo, apenas para retirar
alimentos sólidos da travessa. Henrique III introduziu-o
na França, trazendo-o provavelmente de Veneza. Seus
cortesãos não foram pouco ridicularizados por essa
maneira ‘afetada” de comer e, no princípio, não eram
muito hábeis no uso do utensílio: pelo menos se dizia que
metade da comida caía do garfo no caminho do prato à
boca. Em data tão recente como o século XVII, o garfo
era ainda bascamente artigo de luxo, geralmente feito de
prata ou ouro.
ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos
costumes. Rio de Janetro Zahar. 1994.
O processo social relatado indica a formação de uma
etiqueta que tem como princípio a
a) distinção das classes sociais.
b) valorização de hábitos de higiene.
c) exaltação da cultura mediterrânea.
d) consagração de tradições medievais.
e) disseminação de produtos manufaturados.
|
Resolução:
O texto de Norbert Elias refere-se às etiquetas à mesa
e ao uso dos utensílios de alimentação que foram
adotados nas cortes dos séculos XVI e XVII. Nota-se
também que os utensílios eram artigos de luxo, feitos
de prata ou ouro, inacessíveis às classes populares.
Resposta: A
|
Negar o pedido por dinheiro indispensável para
necessidades pessoais ou comprar bens usando o nome
da pessoa sem o consentimento dela. Ameaçar o corte de
recursos dependendo de atitudes pessoais, esconder
documentos ou trocar senhas do banco sem avisar. Ou,
ainda, proibir a pessoa de trabalhar ou destruir seus
pertences. As histórias são comuns, mas às vezes não são
reconhecidas como abuso. Mas é uma das cinco formas
de conduta contra a mulher previstas na Lei Maria da
Penha.
LEWGOY, J. Conduta quase invisivel destrói a vida de
mulheres. Disponível em:
https:https://valorinveste.globo.com. Acesso em: 23 out. 2021
(adaptado)
O texto apresenta tipos de conduta sujeitos a punição,
conforme previsto na Lei Maria da Penha, porque
consistem em formas de
a) ação difamatória.
b) desvio comportamental.
c) expressão preconceituosa.
d) violência patrimonial.
e) desentendimento matrimonial.
|
Resolução:
O texto aborda formas de conduta contra a mulher
(tais como proibir a pessoa de trabalhar e destruir
seus pertences) e que estão previstas na Lei Maria da
Penha, de 2006. Todas essas condutas fazem parte da
chamada “violência patrimonial”.
Resposta: D
|
Por trás da “mágica” do Google Assistant de sua
capacidade de interpretar 26 idiomas está uma enorme
equipe de linguistas distribuídos globalmente,
trabalhando como subcontratados, que devem rotular
tediosamente os dados de treinamento para que funcione.
Eles ganham baixos salários e são rotineiramente
forçados a trabalhar horas extras não remuneradas. A
inteligência artificial não funciona com um pozinho
mágico. Ela funciona por meio de trabalhadores que
treinam algoritmos incansavelmente até que eles
automatizem seus próprios trabalhos.
A inteligência Artificial (IA) da economia freelancer está vindo
atrás de você. Disponível em: https://mittechreview.com.br.
Acesso em: 6 out. 2021 (adaptado).
O texto critica a mudança tecnológica em razão da
seguinte consequência:
a) Diversificação da função.
b) Mobilidade da população.
c) Autonomia do empregado.
d) Concentração da produção.
e) Invisibilidade do profissional.
|
Resolução:
A crítica apresentada no texto reside no fato de que
por trás da indústria da Inteligência Artificial, há o
trabalho invisível de humanos em condições isoladas e
geralmente precárias.
Resposta: E
|
Enormes alto-falantes sul-coreanos instalados na
fronteira com o Norte costumavam transmitir desde
canções em estilo K-pop (como é chamado o pop sul-co-
reano) até boletins climáticos e noticiário crítico ao
vizinho comunista. O Norte costuma praticar atividade
semelhante, transmitindo por seus alto-falantes discursos
críticos a Seul e aliados. Durante os anos 1980, o governo
sul-coreano construiu um mastro de 97 metros de altura
para hastear sua bandeira no povoado de Daesong-dong,
na fronteira com o Norte. O Norte respondeu com a
construção de um mastro ainda mais alto (160 m) na
cidade fronteiriça de Gijung-dong. “Essas demonstrações
são uma válvula de escape competitiva e importante entre
os dois lados, fora de um possível conflito militar’, diz o
analista Ankit Panda.
TAN, V. Disputa de mastros e alto-falantes com K-pop: as
pequenas picuinhas do conflito entre as Coreias. Disponível em:
www.bbc.com. Acesso em: 7 nov. 2021 (adaptado).
Os atos de competição citados têm suas origens históricas
vinculadas a um contexto de
a) domínio cultural-identitário de atores sociais.
b) disputas étnico-raciais de povos tradicionais.
c) divergências político-ideológicas de agentes estatais.
d) imposição econômico-financeira de empresas
privadas.
e) protestos ecológico-sustentáveis de entidades ambien-
tais.
|
Resolução:
As provocações entre os dois países refletem uma
disputa de natureza política-ideológica que se estende
desde o período da Guerra Fria, o que mantém a
tensão entre os dois Estados, nas quais está dividida
a nação coreana.
Resposta: C
|
Seda, madeiras aromáticas e têxteis, obras de arte, lã,
cristais e muitas, muitas peças de porcelana chegaram ao
Brasil ao longo dos séculos XVII e XVIII. A opulência
proporcionada pelo ouro fez com que esses itens fossem
ainda mais presentes em cidades mineiras como Ouro
Preto, Mariana e Sabará. Esses objetos inspiraram a
criação das chinesices, termo que designa um tipo de arte
que evoca motivos chineses, presentes em várias igrejas
barrocas de Minas Gerais. No Brasil, é bem provável que
a inspiração para as pinturas nas igrejas barrocas com
pássaros, elefantes, tigres, mandarins e pagodes tenha
sido tirada de gravuras, tecidos, móveis e, principalmente,
das porcelanas chinesas que circulavam livremente em
uma sociedade enriquecida pelo comércio do ouro e
pedras preciosas.
MARIUZZO, P. Estudos interdisciplinares ampliam
conhecimento sobre chinesice no barroco mineiro.
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br.
Acesso em: 23 nov. 2021 (adaptado).
O desenvolvimento do processo artístico descrito no texto
foi possível pelo(a)
a) representação arquitetônica.
b) intercâmbio transcontinental.
c) dependência econômica.
d) intervenção estatal.
e) padrão estético
|
Resolução:
O intercâmbio entre diversas civilizações decorrente
da Expansão Marítima europeia, ao longo da época
moderna, absorveu elementos artísticos da longínqua
Ásia e de sua riquíssima representação iconográfica.
Desse modo ficaram estabelecidas interações
econômicas e culturais exemplificadas no porcelanato
chinês e nas igrejas barrocas coloniais.
Resposta: B
|
Txai Suruí, liderança da Juventude Indígena,
profere seu discurso na abertura da COP-26
“O clima está esquentando, os animais estão
desaparecendo, os rios estão morrendo e nossas
plantações não florescem como no passado. A Terra está
falando: ela nos diz que não temos mais tempo.’
VICK, M. Quais são as conquistas do movimento indígena na
COP-26. Disponível em: www.nexojornal.com.br. Acesso em: 10
nov. 2021 (adaptado).
O discurso da líder indígena explicita um problema global
relacionado ao(à)
a) manejo tradicional.
b) reciclagem residual.
c) consumo consciente.
d) exploração predatória.
e) reaproveitamento energético.
|
Resolução:
Os chamados “povos das florestas”, entre eles, os
grupos indígenas que habitam a Amazônia, são mais
sensíveis às alterações provocadas pela ocupação
capitalista desordenada dessa importante região sul-
americana. Suas denúncias devem ser observadas com
atenção.
Resposta: D
|
Nas reportagens publicadas sobre a inauguração do
Museu de Arte de São Paulo, em 1947, quando ele ainda
ocupava um edificio na rua Sete de Abril, Lina Bo Bardi
não foi mencionada nenhuma vez. A arquiteta era
responsável pelo projeto do museu que mudaria para
sempre a posição de São Paulo no circuito mundial das
artes. Mas não houve nenhum registro disso. O louvor se
concentrou em seu marido e parceiro profissional, o
respeitado crítico de arte Pietro Maria Bardi. Passados 75
anos, a mulher então ignorada recebeu um Leão de Ouro
póstumo, a maior homenagem da Bienal de Arquitetura
de Veneza, e tem agora sua história contada em duas
biografias de peso, que procuram destrinchar uma carreira
marcada pela ousadia e pela contradição.
PORTO, W. Lina Bo Bardi tem sua arquitetura contraditória
destrinchada em biografias.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br.
Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).
As transformações pelas quais passaram as sociedades
ocidentais e que possibilitaram o reconhecimento recente
do trabalho da arquiteta mencionada no texto foram
resultado das mobilizações sociais pela
a) equidade de gênero.
b) liberdade de expressão.
c) admissibilidade de voto.
d) igualdade de oportunidade.
e) reciprocidade de tratamento.
|
Resolução:
A arquiteta responsável pelo projeto não recebeu
reconhecimento em vida, o que ficou para o marido,
por preconceito de gênero. Contudo, ela o recebeu
posturamente como fruto das mobilizações sociais
pela equidade.
Resposta: A
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
TEXTO I
Como é horrível ver um filho comer e perguntar: “Tem
mais?” Esta palavra “tem mais” fica oscilando dentro do
cerebro de uma mãe que olha as panela e não tem mais.
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São
Paulo: Atica. 2014.
TEXTO II
A experiência de ver os filhos com fome na década de
1950, descrita por Carolina, é vivida no Brasil de 2021
por uma moradora de Petrolândia, em Pernambuco. “Eu
trabalhava de ajudante de cabeleireira, mas a moça que
tinha o salão fechou. Eu vinha me sustentando com o
auxílio que tinha, mas agora eu não fui contemplada. Às
vezes as pessoas me ajudam com alimentos para os meus
filhos. De vez em quando, eu acho algum bico para fazer,
mas é muito raro. Tem dias que não tenho nem o leite da
minha bebê.”
CARRANÇA, T. “Até o feijão nos esqueceu”: o livro de 1960 que
poderia ter sido escrito nas favelas de 2021 Disponível em:
www.bbc.com. Acesso em 6 out. 2021 (adaptado).
Considerando a realidade brasileira, os textos se
aproximam ao apresentarem uma reflexão sobre o(a)
a) recorrência da miséria.
b) planejamento da saúde.
c) superação da escassez.
d) constância da economia.
e) romantização da carência.
|
Resolução:
Ambos os textos retratam a realidade de insegurança
alimentar no Brasil, tema que expressa a recorrência
da miséria.
Resposta: A
|
No sul da Bahia, desde o século XVIII, tem-se
registros de um tipo de sistema agroflorestal. Até hoje,
esse sistema é característica marcante da paisagem da
região, conhecido como cabruca, que consiste no cultivo
do cacau à sombra do dossel da floresta nativa. Esse
sistema de cultivo do cacau (graças à tolerância da
espécie à sombra) é considerado amigável para a vida
silvestre, pois apresenta superioridade em termos de
conservação da biodiversidade quando comparado com
outras plantações tropicais (monoculturas de dendê,
seringa ou café), agricultura ou pastagens.
SOLLBERG, I.; SCHIAVETTI, A. MORAES,
M. E. B. Manejo agrícola no Refúgio de Vida Silvestre de
Una: agroflorestas como uma perspectiva de conservação.
Revista Árvore. n. 2, 2014 (adaptado).
A prática produtiva apresentada é um exemplo de
a) difusão comercial de lavouras temporárias.
b) utilização sustentável dos recursos naturais.
c) ampliação tecnológica da pecuária intensiva.
d) padronização alimentar dos povos tradicionais.
e) modernização logística de plantios convencionais.
|
Resolução:
O cultivo do cacau no sul da Bahia com a utilização
de sombreamento permitiu a manutenção da
cobertura vegetal, a Mata Atlântica. Por outro lado,
cultivos em monocultura, como o dendê e o café, além
da pecuária, são atividades que desencadeiam o
desmatamento e a perda de biodiversidade.
Resposta: B
|
O masseiro, a mulher, e quatro filhos, dormindo numa
tapera de quatro paredes de caixão, coberta de zinco. A
água do mangue, na maré cheia, ia dentro de casa. Os
maruins de noite encalombavam o corpo dos meninos. O
mangue tinha ocasião que fedia, e os urubus faziam ponto
por ali atrás dos petiscos. Perto da rua lavavam couro de
boi, pele de bode para o curtume de um espanhol. Morria
peixe envenenado e quando a maré secava os urubus
enchiam o papo, ciscavam a lama, passeando banzeiros
pelas biqueiras dos mocambos no Recife.
RÊGO. J. L. O moleque Ricardo.
Rio de Janeiro. J. Olympio, 1966 (adaptado).
A aglomeração urbana representada no texto resulta em
a) conservação do meio rural.
b) crescimento da vegetação ciliar.
c) interferência do espaço geográfico.
d) equilíbrio do ambiente das cidades.
e) controle da proliferação dos animais.
|
Resolução:
O texto apresenta elementos como “tapera”,
“Lavavam couro de boi”, “peixe envenenado”, que
representam formas de ocupação do mangue e
interferem na paisagem alterando o espaço geográfico.
Resposta: C
|
Elas foram as pioneiras dos direitos das mulheres no
Afeganistão. Defensoras ferrenhas da lei, buscaram
justiça para os mais marginalizados. Mas, agora, mais de
220 juízas afegãs estão escondidas por medo de retaliação
sob o regime do Talibã. Uma delas condenou centenas de
homens por violência contra as mulheres, incluindo
estupro, assassinato e tortura. Mas poucos dias depois que
o Talibã assumiu o controle de sua cidade e milhares de
criminosos condenados foram libertados da prisão, as
ameaças de morte começaram. O país sempre foi
considerado um dos lugares mais difíceis e perigosos do
mundo para as mulheres. De acordo com estudos de
organizações não governamentais, cerca de 87% das
mulheres e meninas serão vítimas de abuso durante a
vida.
Disponível em: https://g1.globo.com.
Acesso em: 12 out 2021 (adaptado).
O texto evidencia situação representativa de
a) afronta às estruturas sociais.
b) desprezo aos valores religiosos.
c) transgressão às normas morais.
d) desrespeito à dignidade humana.
e) oposição aos princípios hierárquicos.
|
Resolução:
O texto aborda a situação de ocupação do regime
Talibã no Afeganistão o qual impõe forte repressão
por meio da violência. Contrapondo-se a essa situação,
juízas passaram a defender marginalizados devido ao
desrespeito à dignidade humana.
Resposta: D
|
No cemitério, a sociedade religiosa encarregada do
funeral, aterrorizada, apressou a cerimônia de tal forma
que a mãe de Herzog perdeu o momento em que o caixão
do filho começou a ser coberto pela terra. Quatro
jornalistas que estavam presos no DOI chegaram para
assistir ao sepultamento. Um se afastara, chorando. Dizia:
Eles matam, eles matam! Não pergunte nada. Não
podemos dizer nada. Eles matam mesmo. Falava-se
baixo. Ouviram-se dois curtos discursos. O primeiro, da
atriz Ruth Escobar: Até quando vamos suportar tanta
violência? Até quando vamos continuar enterrando
nossos mortos em silêncio? No segundo, Audálio Dantas
recitou o Navio negreiro, de Castro Alves: Senhor Deus
dos desgraçados / Dizei-me Vós Senhor Deus / Se é
mentira, se é verdade, / Tanto horror perante os céus.
GASPARI. E. A ditadura encurralada.
São Paulo: Cia das Letras. 2004.
O acontecimento descrito no texto, ocorrido em meados
dos anos 1970, atesta a seguinte caracteristica do regime
político-institucional vigente:
a) Incorporação da estética popular para justificar o ideal
de integração nacional.
b) Afirmação da estratégia psicossocial para favorecer o
objetivo de propaganda cívica.
c) Institucionalização de mecanismos repressivos para
eliminar os focos de resistência.
d) Adoção de cerimoniais públicos para controlar as
manifestações de grupos opositores.
e) Estatização de meios de comunicação para selecionar
a divulgação de atos governamentais.
|
Resolução:
A morte do jornalista Vladimir Herzog (1975) nas
dependências do DOI-Codi de São Paulo expôs a
truculência do governo contra seus opositores. O
diretor da TV Cultura, embora possuísse ligações com
o PCB, não era um ativista envolvido em ações
contrárias ao regime. A divulgação oficial da imagem
de seu suposto suicídio deixou evidente o esforço em
esconder as torturas e mortes praticadas pela repressão
mesmo no momento em que se falava em distensão.
Resposta: C
|
Alternativas logísticas estão servindo de instrumentos que
ativam os mercados especuladores de terras nas diferentes
regiões da Amazônia e constituem em indicadores utiliza-
dos por diferentes atores para defender ou denunciar o
avanço da cultura da soja na região e, com ela, a retomada
do desmatamento. É evidente que o crescimento do
desmatamento tem a ver também com a expansão da soja,
porém atribuir a ela o fator principal parece não
totalmente correto. Parto da compreensão central de que
a lógica que gera o desmatamento está articulada pelo
tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas.
OLIVEIRA. A. U. A Amazônia e a nova geografia da produção da
soja. Terra Livre. n. 26. jan-jun 2006 (Adaptado).
Na visão do autor, o problema central da situação descrita
é desencadeado pela
a) apropriação de áreas devolutas.
b) sonegação de impostos federais.
c) incorporação de exportação ilegal.
d) desoneração de setores produtivos.
e) flexibilização de legislação ambiental.
|
Resolução:
Na ocupação de áreas devolutas na região amazônica
é comum a ação ilegal de grileiros e madeireiros,
primeiramente retirando parte da cobertura vegetal,
o que favorece o avanço da pecuária. Posteriormente,
a soja passa a ser produzida na localidade recém-
incorporada pela fronteira agropecuária.
Resposta: A
|
TEXTO I
Por hora, apenas os mais abastados poderão sonhar em
viajar ao espaço, seja por um foguete ou por um avião
híbrido, mas toda a população global poderá sentir os
efeitos dessas viagens e avanços tecnológicos. Para uma
aventura dessas, as empresas tiveram que criar novas
tecnologias que podem, em algum momento, voltar para
a sociedade. A câmera fotográfica, hoje comum no
mundo, antes foi uma invenção para ser usada em
telescópios, e o titânio, usado até na medicina, foi
desenvolvido para a construção de foguetes.
ORLANDO, G. Corrida espacial dos bilionários pode trazer
vantagens para todos. Disponível em: https//noticias.r7.com.
Acesso em: 5 nov. 2021 (adaptado).
TEXTO II
CAZO. Disponível em: www.humorpolitico.com.br.
Acesso em 5 nov 2021.
Os textos apresentam perspectivas da nova corrida
espacial que revelam, respectivamente:
a) Dependência e progresso.
b) Expectativa e desconfiança.
c) Angústia e adaptação.
d) Pioneirismo e retrocesso.
e) Receio e civilidade.
|
Resolução:
Enquanto o texto I revela grande expectativa em
relação às inovações produzidas pela nova corrida
espacial, o texto II revela a sua desconfiança ao
relacionar as atuais viagens espaciais à anexação de
novos territórios pelo grande capital.
Note-se que, no texto I da questão, a expressão “por
hora” foi empregada equivocadamente no lugar da
locução adverbial “por ora”.
Resposta: B
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
Os séculos XV e XVI, quando se vão desmoronando as
estruturas socioeconôrnicas da Idade Média perante os
novos imperativos da Época moderna, constituem um
momento-chave na história florestal de toda a Europa
Ocidental. Abre-se, genericamente, um longo período de
“crise florestal”, que se manifesta com acuidade nos
países onde mais se desenvolvem as atividades industriais
e comerciais. As necessidades em produtos lenhosos
aumentam drasticamente com o crescimento do consumo
nos mercados urbanos e nas regiões onde progridem a
metalurgia e a construção naval, além da sua utilização
na vida quotidiana de toda a população.
DEVY-VARETA. N. Para uma geografia histórica da floresta
portuguesa. Revista da Faculdade de Letras — Geografia. n. 1.
1986 (adaptado).
Qual acontecimento do período contribuiu diretamente
para o agravamento da situação descrita?
a) O processo de expansão marítima.
b) A eclosão do renascimento cultural.
c) A concretização da centralização política.
d) O movimento de reformas religiosas.
e) A manutenção do sistema feudal.
|
Resolução:
No contexto da Expansão Marítima europeia, a partir
do século XV, observa-se uma demanda crescente por
madeira necessária para a construção de armadas. As
embarcações eram empregadas em atividades de
transporte de pessoas e mercadorias, com o propósito
de assegurar o controle sobre as áreas coloniais
disputadas entre as potências navais. Esse processo
trouxe enormes impactos de degradação ambiental
destruindo florestas por toda Europa.
Resposta: A
|
Tahuantinsuyu — nome do Império Inca em quéchua
— era dividido em quatro partes ou suyus: Chinchaysuyu
(noroeste do Peru e Equador), Antisuyu (parte amazônica
do império), Collasuyu (atual Bolivia) e Condesuyu
(costa do Oceano Pacífico) e tinha Cuzco, no atual Peru,
como sua capital imperial. Oficialmente, todas as etnias
dominadas pelos incas deveriam adotar a língua quéchua,
adorar o Sapa Inca e o Sol e pagar taxas em forma de
horas de trabalhos periódicos. No entanto, pode-se dizer
que o Império Inca era como um mosaico cultural em que
vários e diferentes grupos étnicos adoravam o Sapa Inca
e o Sol mas, simultaneamente, continuavam a adorar seus
deuses locais e também a falar em suas línguas nativas.
MARTINS. C. Os incas e os tahuantinsuyu: apresentação.
Disponível em:http:/antigo.anphlac.org. Acesso em 6 out. 2021
(adaptado).
Ao comparar, no texto, a vertente da dominação territorial
com os aspectos culturais, os incas tinham uma postura
a) aceitável no que alude aos direitos humanos.
b) admissível no que remete às crenças coloniais.
c) tolerável no que se refere aos regimes tributários.
d) flexível no que diz respeito aos costumes religiosos.
e) compreensível no que concerne às normas laborais.
|
Resolução:
No Império Inca, o culto ao Sapa Inca e ao deus Sol
eram centrais no politeísmo desse povo. Contudo,
havia considerável tolerância em relação às práticas
religiosas regionais, uma estratégia para a
manutenção da estabilidade e a unidade do império.
Essa ação contribuía para o controle do vasto
território, assegurando a coesão interna e a cobrança
de impostos.
Resposta: D
|
A torcida do Fluminense inicia um movimento para
mudar a letra de uma das músicas mais populares das
arquibancadas tricolores. Grupos pedem a remoção do
termo “mulambo imundo”, em uma provocação direta ao
Flamengo. Mulambo é um termo que surgiu em Angola,
na época da escravatura, e eles eram chamados de
mulambos pelos senhores de engenho, os patrões das
fazendas.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 23 nov. 2021.
Qual mudança no comportamento social a proposta
reportada no texto reflete?
a) Rejeição de costumes elitistas.
b) Repulsão de condutas misóginas.
c) Condenação do preconceito racial.
d) Criminalização de práticas homofóbicas
e) Contestação do comportamento machista.
|
Resolução:
O termo mulambo revela conotação fortemente
preconceituosa remonta a história da escravidão no
Brasil e a proposta de removê-lo resulta de uma
alteração no entendimento e comportamento social
que reflete justamente a condenação do preconceito
racial
Resposta: C
|
Fonte: IBGE
Disponível em: www.insper.edu.br.
Acesso em: 27 set 2021 (adaptado).
Qual fator foi determinante para a mudança do indicador
apresentado no gráfico?
a) Flexibilização legal da prática de aborto.
b) Envelhecimento da população brasileira.
c) Crescimento dos casos de gravidez precoce.
d) Participação feminina no mercado de trabalho.
e) Diminuição dos benefícios na licença-maternidade.
|
Resolução:
A questão aborda a fecundidade no Brasil no gráfico
desde 1960 e estimando até o ano de 2050. Há um
recorte de 1960 à 2020 onde ocorre uma redução
drástica do número de filhos de 6,3 para 1,5 em um
intervalo de 60 anos. O fator determinante para
ocorrer essa diminuição é principalmente a
participação feminina no mercado de trabalho,
alocado no alternativa d.
Resposta: D
|
Havia já muito tempo que a Europa desfrutava os
benefícios da vacina e arrancava à morte milhares de
inocentes, condenados a serem vítimas do terrível flagelo
das bexigas, e o governo de Portugal nunca se lembrara
de transmitir ao Brasil a mais útil das descobertas
humanas, quando aliás nenhum país mais do que ele
carecia deste salutar invento ou se atendesse às vantagens
da população ou ao perdimento de imensas somas na
mortandade contínua de escravos, que este flagelo
devorava, O certo é que mais ocupado de seu ouro que de
seus habitantes, Portugal, como em outros muitos casos,
esperou que o Brasil por seu próprio impulso remediasse
a este mal.
PEREIRA. J. C. 12 jan 1828 apud LOPES, M. B. POLITO, R. Para
uma história da vacina no Brasil: um manuscrito inédito de Norberto
e Macedo. História, Ciências, Saúde — Manguinhos. n 2. abr-jun.
2007 (adaptado)
Escrito em 1828, o texto expressa a seguinte ideia de
origem iluminista:
a) As leis observáveis regem o mundo material.
b) O monarca racional promove a sociedade justa.
c) O direito natural justifica a liberdade dos homens.
d) A produção da terra garante a riqueza das nações.
e) A responsabilidade dos governantes assegura a saúde.
|
Resolução:
O texto expressa a ideia iluminista apresentada na
obra Tratado sobre o Governo Civil, de John Locke,
de 1689. Nele, o autor enfatiza a responsabilidade do
governante em assegurar os direitos naturais dos
governados, dentre estes o direito à vida, garantido
pelo acesso à vacinação. O excerto deixa claro a
inépcia do monarca português no trato do combate à
epidemia de varíola.
Resposta: E
|
Os movimentos da agricultura urbana no Rio de Janeiro
vêm crescendo nos últimos vinte anos, tanto por meio de
reproduções de modelos de vida antigos, vinculados ao
resgate dos próprios costumes, como — e cada vez mais
— são revelados hábitos inventivos nos quais moradores
urbanos de diferentes classes sociais, sem nenhuma
referência anterior com o campo, passam a se dedicar a
essas atividades. Ao possiblitar o acesso ao plantio e,
consequentemente, à alimentação, permite-se uma nova
relação com o que se come, reduzindo o percurso da
cadeia produtiva e aproximando produtores de consumi-
dores, pois ambos se confundem nas experiências de
agricultura urbana.
PORTILHO, M.; RODRIGUES, C. G. O.; FERNANDEZ, A. C. F.
Cultivando relações no arranjo local da Penha: a mobilização de
mulheres a partir das práticas de agricultura urbana na favela.
Cidades, Comunidades e Territórios, n. 42. jun 2021.
A prática agrícola destacada no texto apresenta como
vantagem no espaço urbano a
a) ocupação de lugares ociosos.
b) densificação da área central.
c) valorização do mercado externo.
d) priorização de insumos químicos.
e) mecanização de técnicas de cultivo.
|
Resolução:
A questão aborda núcleos de agricultura urbana no
Rio de Janeiro. Essa prática agrícola vem ganhando
destaque pois aproveita terrenos e lugares ociosos em
áreas urbanas, apresentando como grande vantagem
econômica, com acesso ao plantio e consequente à
alimentação.
Resposta: A
|
TEXTO I
Gerineldo dorme porque já está conformado com o seu
mundo. Porque já sabe tudo o que lhe pode acontecer
após haver submetido todos os objetos que o rodeiam a
um minucioso inventário de possibilidades. Seu
apartamento, mais que um apartamento, é uma teoria de
sorte e de azar. Melhor que ninguém, Gerineldo conhece
o coeficiente da dilatação de suas janelas e mantém
marcado no termômetro, com uma linha vermelha, o
ponto em que se quebrarão os vidros, despedaçados em
estilhaços de morte. Sabe que os arquitetos e os
engenheiros já previram tudo, menos o que nunca já
aconteceu.
MARQUEZ. G. G. O. O pessimista. In: Textos do Caribe. Rio de
Janeiro: Record. 1981.
TEXTO II
A situação é o sujeito inteiro (ele não é nada a não ser
a sua situação) e é também a coisa inteira (nunca há
maisnada senão as coisas). E o sujeito a elucidar as coisas
pela sua própria superação, se assim quisermos; ou são
as coisas a reenviar ao sujeito a imagem dele. É a total
facticidade, a contingência absoluta do mundo, do meu
nascimento, do meu lugar, do meu passado, dos meus
redores — e é a minha liberdade sem limites que faz com
que haja para mim uma facticidade.
SARTRE, J.-P. O ser e o nada: ensaio de ontologia
fenomenológica, Peirópolis: vozes. 1997 (adaptado).
A postura determinista adotada pelo personagem
Gerineldo contrasta com a ideia existencialista contida no
pensamento filosófico de Sartre porque
a) evidencia a manifestação do inconsciente.
b) nega a possibilidade de transcendência.
c) contraria o conhecimento difuso.
d) sustenta a fugacidade da vida.
e) refuta a evolução biológica.
|
Resolução:
O existencialista Sartre define a condição humana
pela contingência e liberdade diante dela. O homem,
diz o filósofo, é condenado a ser livre, o que torna
capaz de transcender as condições dadas, negando,
assim, qualquer perspectiva determinista diante da
vida.
Resposta: B
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023 |
O Golpe Militar de 1964 foi implacável no combate ao
que restava das Ligas Camponesas, generalizadas na
década anterior. No entanto, em relação aos sindicatos sua
atitude foi ambígua. Por meio de acordos com os Estados
Unidos, foram concebidos centros sindicais e cursos de
liderança com base em princípios conservadores e
ministrados por membros da Igreja Católica.
DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma história da vida rural no
Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro. 2006 (adaptado)
Os sindicatos rurais foram tratados da forma descrita no
texto porque o governo pretendia utilizá-los para
a) controlar as tensões políticas.
b) limitar a legislação trabalhista.
c) divulgar o programa populista.
d) regularizar a propriedade da terra.
e) estimular a oferta de mão de obra.
|
Resolução:
Ao combater e eliminar as Ligas Camponesas
(associações lideradas por Francisco Julião na defesa
da reforma agrária), o Regime Militar procurava
errradicar as disputas fundiárias no Brasil. A
proposta governamental dos sindicatos rurais serviria
para despolitizar a luta pela terra.
Resposta: A
|
A economia das ilegalidades se reestruturou com o
desenvolvimento da sociedade capitalista. A ilegalidade
dos bens foi separada da ilegalidade dos direitos. Divisão
que corresponde a uma oposição de classes, pois, de um
lado, a ilegalidade mais acessivel às classes populares será
a dos bens — transferência violenta das propriedades; de
outro, da burguesia, então, se reservará a ilegalidade dos
direitos: a possibilidade de desviar seus próprios
regulamentos e suas próprias leis e essa grande redistri-
buição das ilegalidades se traduzirá até por uma especia-
lização dos circuitos judiciários, para as ilegalidades de
bens — para o roubo — os tribunais ordinários e os casti-
gos; para as ilegalidades de dreitos — fraudes, evasões
fiscais, operações comercias irregulares — jurisdições
especiais com transações acomodações, multas atenuadas
etc.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão.
Petrópolis: Vozes. 1987.
O texto apresenta uma relação de cálculo político-
econômico que caracteriza o poder punitivo por meio da
a) gestão das ilicitudes pelo sistema judicial.
b) aplicação das sanções pelo modelo equânime.
c) supressão dos crimes pela penalização severa.
d) regulamentação dos privilégios pela justiça social.
e) repartição de vantagens pela hierarquização cultural.
|
Resolução:
Foulcalt define as ilicitudes por bases político-econô-
micas, definidoras de mundos distintos no aspecto
cultural. A gestão de tais atos é realizada pelo poder
judicial, responsável na escola estrutudalista por
aquele que “pune”.
Resposta: A
|
Os vapores cruzavam os mares transportando pessoas,
mercadorias e ideias, e ainda carregavam a mala postal,
repleta de mensagens. Múltiplas histórias escritas atraves-
savam o oceano buscando por notcias de filhos e pais,
irmãos, maridos e esposas, noivos e noivas. As missivas
traziam boas e más novas, comunicavam alegremente
nascimentos e casamentos, também doenças e mortes;
enviavam declarações de amor e fidelidade, fotos de
família; encaminhavam conselhos de velhos, pedidos de
ajuda e de dinheiro; expediam cartas bancárias e de
chamada. Essa literatura epistolar possibilitava a
transmissão e reconstrução das tradições. Os desloca-
mentos tornaram-se um dos mais potentes produtores de
escritura ao longo da história.
TRUZZI, O.: MATOS, I. Saudades sensibilidades no espitolário de
e/imigrantes portugueses (Portugal-Brasil 1890-1930). Rev. Bras.
Hist. n. 70 jul-dez.2015.
Conforme o texto, as correspondências trocadas entre
imigrantes no Brasil com os seus paises de procedência
constituiam um dispositivo tecnológico que possibilitava
o(a)
a) disputa ideológica entre a comunidade de estrangeiros
e a de nativos.
b) circularidade cultural entre a sociedade de partida e a
de acolhimento.
c) controle doutrinário das narrativas do cotidiano de
origem e de destino,
d) fiscalização politica dos fluxos de populações do Novo
e do Velho Mundo.
e) monitoramento social dos grupos de trabalhadores da
cidade e do campo.
|
Resolução:
A troca de correspondências entre imigrantes no
Brasil e familiares em seus países de origem,
desempenhou um papel significativo de intercâmbio
cultural. Permitiu, também, a preservação de certas
tradições e do vínculo de afetividade, o que fomentava
a reconstrução dessas identidades a partir da
circulação de notícias.
Resposta: B
|
Diversos são os fatores causadores da degradação do
solo, atuando de forma direta ou indireta, mas quase
sempre a grande maioria das terras degradadas inicia esse
processo com o desmatamento, que pode ser seguido por
diversas formas de ocupação desordenada, como: corte
de taludes para a construção de casas, rodovias e ferro-
vias, agricultura, com uso da queimada, vários tipos de
mineração irrigação excessiva, crescimento desordenado
das cidades, superpastoreio, uso do solo para diversos
tipos de despejos industriais e domésticos, sem
tratamento da área que recebe esses despejos; enfim, de
uma forma ou de outra, os solos tornam-se degradados,
sendo muitas vezes difícil, ou quase impossível, a sua
recuperação.
GUERRA, A. T. Degradação dos solos: conceitos e temas. In:
GUERRA, A. T.; JORGE, M. C. O. (Org.). Degradação dos solos
no Brasil. Rio de Janeiro: Difel, 2018.
A partir da ocupação desordenada exposta no texto, o que
impede a recuperação do recurso natural destacado é a
a) elevação da biomassa.
b) redução da salinização.
c) diminuição da fertilidade.
d) ampliação da microfauna.
e) decomposição do substrato.
|
Resolução:
A intensa ocupação do solo por atividades antrópicas,
tanto em áreas rurais ou urbanas, dificulta
recuperação desse importante recurso natural,
diminuindo sua fertilidade ao longo do tempo e
possibilidade de aproveitamento.
Resposta: C
|
A partir da década de 1930, começam a ser discutidos
no Brasil os princípios de racionalização do trabalho. As
preocupações com a cozinha e o trabalho doméstico
foram introduzidas com a medicina sanitária e a oferta de
gás e eletricidade para uso doméstico no inicio do
século XX. A organização da cozinha visava atingir uma
simplificação das tarefas, com a economa de movimentos
e o barateamento dos equipamentos, a partir da produção
em grande escala. A padronização e racionalização da
habitação e seus componentes visava uma radical
transformação da casa, em especial da cozinha e apoiava-se
tanto no desenvolvimento de novos equipamentos quanto
nos estudos de racionalização do trabalho doméstico. A
principal preocupação era o desenvolvimento de um novo
tipo de habitação, que deveria induzir um novo
comportamento social.
SILVA, J. L. M. Transformações no espaço doméstico: o
fogão a gás e a cozinha paulistana, 1870-1930. Anais do
Museu Paulista, n. 2, jul.-dez. 2007 (adaptado).
No contexto descrito, as mudanças mencionadas
proporcionavam às mulheres o(a)
a) controle do orçamento familiar.
b) libertação das tradições religiosas.
c) exercício da representatividade política.
d) ampliação dos momentos de socialização.
e) afastamento das atividades especializadas.
|
Resolução:
O uso do fogão a gás, no contexto das inovações
tecnológicas aludidas, resultante do desenvolvimento
industrial com a produção em larga escala,
modificaram a organização espacial interna das casas
e contribuíram para o controle de epidemias (ao isolar
as latrinas dos locais de cocção dos alimentos). Tal
alteração, ao simplificar e agilizar as tarefas
domésticas, executadas com maior rapidez,
proporcionou às mulheres mais tempo para a
socialização com os demais membros da família. No
entanto, essa condição mantinha a sobrecarga do
trabalho feminino no espaço doméstico e fora dele.
Resposta: D
|
Produtores rurais europeus são antigos opositores de
um grande acordo com o Mercosul. Na visão deles, existe
um nítido risco de concorrência desleal, pois, na Europa,
é preciso seguir regras mais rigidas de produção, o que
encarece o processo. Assim, eles não conseguiriam
competir com os preços, por exemplo, da carne brasileira
e teriam seus negócios ameaçados. Por outro lado, o setor
industrial europeu se mobiliza a favor do acordo, uma vez
que as reduções de tarifas no comércio internacional
dariam maior acesso ao mercado sul-americano. Um
exemplo é o setor automotivo europeu, que prevê maior
participação e concorrência nos paises do Mercosul caso
o acordo siga em frente.
ROUBICEK, M. Como o risco ambiental afeta o acordo entre
Mercosul e União Europeia.
Disponível em: www.nexojornal.com.br.
Acesso em. 25 out. 2021.
No contexto do acordo citado, os dois grupos econômcos
europeus defendem, respectivamente, a
a) restrição dos fluxos migratórios e a maior atuação de
sindicatos.
b) ampliação das leis trabalhistas e a plena importação de
manufaturados.
c) proteção das florestas nacionais e a ampla transferência
de tecnologias.
d) manutenção das barreiras fitossanitárias e a livre
circulação de mercadorias.
e) remoção dos entraves alfandegários e a melhor
remuneração de empregados.
|
Resolução:
O excerto trata do acordo comercial UE-Mercosul que
prevê a eliminação de tarifas comerciais entre os dois
blocos, ampliando a liberalização do comércio, o que
encontra resistência por parte de produtores rurais
europeus em razão da entrada facilitada de produtos
agrícolas oriundos do Mercosul a preços aos quais eles
não conseguiriam concorrer. De modo contrário, o
setor industrial se mostra favorável ao acordo diante
da possibilidade de ampliar suas exportações.
Resposta: D
|
Durante a Revolução Francesa, um certo padre
Niollant escondeu-se no pequeno castelo de L’Escarbas
Pagou amplamente a hospitalidade do velho fidalgo
ocupando-se da educação de sua filha, Anaïs. A presença
da mãe em nada modificou essa educação masculina dada
a uma jovem criatura já muito inclinada à independência
em virtude da vida no campo. O padre transmitiu à aluna
sua intrepidez de opiniões e sua facilidade de julgamento
sem pensar que essas qualidades, tão necessárias num
homem, se tornam defeitos numa mulher destinada aos
humildes afazeres de mãe de família. Embora o padre
recomendasse continuamente à aluna ser tanto mais
graciosa e modesta quanto seu saber era mais extenso, a
senhorita de Négrepelisse ficou com excelente opinião de
si mesma.
BALZAC. H. Ilusões perdidas. São Paulo: Penguin Classics;
Cia. das Letras 2011 (adaptado).
O comportamento desenvolvido pela personagem
evidencia uma postura de
a) abandono de laços afetivos.
b) negação da ideia de subjetividade.
c) aceitação da hierarquia de gênero.
d) consolidação da estratificação social.
e) ruptura de valores institucionalizados.
|
Resolução:
O excerto apresentado evidencia a distinção da
educação e do papel social atribuídos a homens e
mulheres na França durante as últimas décadas do
século XVIII. Associa-se aos homens o espaço público
e a política, enquanto às mulheres vincula-se o lugar
doméstico e de submissão em relação ao masculino. A
"senhorita de Nègrepelisse" rompe com estes papéis
sociais no texto de Balzac.
Resposta: E
|
TEXTO I
Oriunda da Romênia, Genny Gleizer aportou no Brasil
em 1932. Assim como milhares de judeus do Leste
Europeu, sua vinda para o Brasil ocorreu em um
momento de ascensão do antissernitismo na Europa que
tornava precárias suas vidas. O Brasil se colocava como
uma possibilidade na busca por condições de
sobrevivência e desenvolvimento.
ANTÃO, A. C. C. B. Gênero, imigração e política: o caso da judia
comunista Genny Gleizer no Governo Vargas (1932-1935).
Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz, 2017 (adaptado).
TEXTO II
A presença judaica no Brasil foi criando aos poucos
certas desconfianças que se refletiram em órgãos da
imprensa e em círculos intelectuais e políticos Em parte
essa imagem negativa adviria da onda nacionalista
surgida no final dos anos 1910, que concebia imigrantes
como concorrentes dos trabalhadores brasileiros, ou como
seres improdutivos, exploradores da mão de obra e da
riqueza autóctone. Além disso, as elites políticas da época
acreditavam que os estrangeiros eram portadores das
doutrinas anarquista e comunista, estranhas à “índole do
povo brasileiro”. Esses “indesejáveis” seriam um mal
externo que corromperia a nação.
MAIO, M. O.; CALAÇA, C. E. Um balanço da bibliografia sobre o
antissemitismo no Brasil. In: GRINBERG, K. (Org.). Os judeus no
Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005 (adaplado).
Conforme descrito nos textos, o tratamento dispensado
aos grupos mencionados se fundamentava em
a) preceitos teológicos e religiosos.
b) aspectos socioeconômicos e ideológicos.
c) regulamentações territoriais e alfandegárias.
d) orientações constitucionais e estatutárias.
e) decretos legislativos e internacionais.
|
Resolução:
O texto I aponta para a ascensão do antissemitismo na
Europa, o qual surgiu diante de forte instabilidade
econômica que assolava o continente, alimentado por
discursos ideológicos que culpabilizavam os judeus
pelas mazelas no mundo.
Já o texto II aponta que os imigrantes seriam uma
ameaça ao emprego de brasileiros, estimulado por
discursos fundamentados em ideologias nacionalistas,
anticomunistas e anti-anarquistas.
Resposta: B |
Concorrer e competir não são a mesma coisa. A
concorrência pode até ser saudável sempre que a batalha
entre agentes, para melhor empreender uma tarefa e obter
melhores resultados finais, exige o respeito a certas regras
de convivência preestabelecidas ou não. Já a compe-
titividade se funda na invenção de novas armas de luta,
num exercício em que a única regra é a conquista da
melhor posição. A competitividade é uma espécie de
guerra em que tudo vale e, desse modo, sua prática
provoca um afrouxamento dos valores morais e um
convite ao exercício da violência.
SANTOS. M. Por uma outra globalização: do pensamento único a
consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2006.
De acordo com a diferenciação feita pelo autor, que
prática econômica é considerada moralmente
condenável?
a) Adoção do dumping comercial.
b) Fusão da função administrativa.
c) Criação de holding empresarial.
d) Limitação do mercado monopolista.
e) Modernização da produção industrial.
|
Resolução:
A prática de dumping comercial (comercialização de
produtos a preços abaixo do custo de produção) é
considerada moralmente condenável por se
fundamentar em supressão do grande capital sobre o
menor capital, comumente praticada por grandes
corporações, visando dominar novos mercados
eliminando ou enfraquecendo a concorrência.
Resposta: A
|
Simulação de mudança da temperatura média anual
em relação ao periodo pré-industrial em três
cenários de aquecimento global
Simulação de mudança da pluviosidade média anual
em relação ao período pré-Industrial em três
cenários de aquecimento global
Fonte: IPCC
PIVETTA. M. O clima no Antropoceno. Revista Pesquisa
Fapesp, n. 307, set. 2021
Qual medida é capaz de minimizar as mudanças
apresentadas nas simulações?
a) Expandir o transporte marítimo.
b) Incentivar os fluxos migratórios.
c) Monitorar as atividades vulcânicas.
d) Controlar as emissões de carbono.
e) Priorizar a utilização de termoelétricas.
|
Resolução:
O aquecimento global é reflexo do aumento da
emissão de gases do efeito estufa claramente eviden-
ciados no período pós-industrial dentre eles o dióxido
ENEM - 1.O DIA - NOVEMBRO/2023
de Carbono (CO2). Dessa forma o controle de emissões
de CO2 visando sua redução contribuiria para
minimizar as mudanças apresentadas nas simulações.
Resposta: D
|
Não tinha outra filosofia. Nem eu. Não digo que a
Universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu
decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto.
Tratei-a como tratei o latim; embolsei três versos de
Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções morais
e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os
como tratei a história e a jurisprudência. Colhi de todas as
cousas a fraseologia, a casca, a ornamentação.
ASSIS. M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Belo
Horizonte: Autêntica, 1995
A descrição crítica do personagem de Machado de Assis
assemelha-se às características dos sofistas, contestados
pelos filósofos gregos da Antiguidade, porque se mostra
alinhada à
a) laboração conceitual de entendimentos.
b) utilização persuasiva do discurso.
c) narração alegórica dos rapsodos.
d) investigação empírica da physis.
e) expressão pictográfica da pólis.
|
Resolução:
O personagem de Machado de Assis mostra que o que
lhe interessa é fazer uso de frases rebuscadas de
autores clássicos, tendo em vista o convencimento,
mais do que o saber em si, o que, por sua vez, o
aproxima dos sofistas.
Resposta: B
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